O regresso de Voldemort



- AVADA KEDAVRA!!!
As duas maldições chocaram no ar e anularam-se. Tom baixou-se quando os restos da sua lhe vieram devolvidos, e Megan fez o mesmo. Os dois levantaram escudos ao mesmo tempo que mandavam uma carga gigantesca de maldições, feitiços e contra-feitiços um ao outro. As doze horas tinham passado há cerca de trinta segundos atrás, e a trégua terminara.
Meia hora e centenas de raios coloridos depois, os dois estavam de pé em cantos opostos do quarto de Tom, ofegantes e com a reserva de magia nas últimas. Tom limpou uma linha de suor da testa, ao mesmo tempo que Meg recuperava o fôlego.
- Acho que é justo dizer - exclamou ele, com um pouco de dificuldade - que pelas barbas de Slytherin, tu és a pessoa mais difícil de matar que já conheci!
- Igualmente. - Atirou-lhe Meg, juntamente com um raio verde que ele desviou. - Vamos acabar isto depressa, e ralhar com o basilisco por tentar comer-nos!
- Acho que só um de nós poderá fazer isso. - Respondeu Tom. - Já que o outro não sairá daqui. - Meg fez uma careta, e suspirou.
Mais dez minutos depois, até Tom teve de se dar por vencido. Não tinha forças sequer para levantar o braço, enquanto que Meg mal se aguentava de pé.
- Está bem. - Acabou ele por conceder, de má vontade. - Empate. - Pelo tom em que o disse, poderia estar a admitir que ela ganhara.
- Até que enfim. - Suspirou Megan. Deixou-se deslizar para o chão, sabendo que Tom estava tão mal que não a poderia amaldiçoar mesmo que quisesse. - Acho que isto significa que vais ter de desistir de me matar, pelo menos nos próximos tempos.
Tom contorceu-se à ideia.
- E deixar que tu me assassines pela calada? -Cuspiu. Megan abriu muito os olhos, indignada.
- Desculpa? Foste tu quem tentou primeiro, e eu de qualquer maneira não faria isso! - Ignorava porque ainda tentava convencê-lo. Ele não confiava nela. E ela nunca confiaria nele, excepto...- Tom! - Gritou ela, de repente, sobressaltando-o. - Sabes o que é um juramento inquebrável?
Tom fez um som de desprezo.
- D., poupa-me. Lemos os mesmos livros, é claro que sei o que é um juramento inquebrável. - Percebeu de repente qual a ideia dela, e começou - Mas é que nem penses!
- É a única maneira. - Megan poderia estar a falar com uma criança birrenta. - Não confiamos um no outro, por isso a única maneira de assegurar que não passamos a vida a olhar por cima das costas na expectativa de sermos mortos, é sabendo que o outro não nos vai matar à traição porque não pode.
Tom não gostava muito daquele plano. Aceitar significava que temia o que Meg lhe podia fazer, e recusar significava que se arriscava a ser esfaqueado pelas costas. Acabou por dar a única resposta que poderia.
- Eu aceito jurar não te matar à traição, se fizeres o mesmo. - Disse. - Mas não aceito deixar de te tentar matar. - Assim, ainda se podia livrar dela. Apenas teria de o fazer às clara e assumidamente, o que não podia ser assim tão mau.
- Está bem. - Meg soltou a respiração que trazia presa. - Só acho que vamos ter de esperar um pouco com isso.
Tom levantou uma sobrancelha.
- Porquê? - Em resposta veio um ruído sibilante do outro lado da porta, e ele entendeu. - Ah, sim. Ele. - Meg suspirou, antes de o corrigir.
- Ela.

Aos quinze anos, Megan Despaire era a feiticeira mais poderosa de todo o mundo mágico, muito mais que Albus Dumbledore ou Lorde Voldemort, tal como era desde a idade de treze. A única mudança visível nessa posição era a de que o seu poder crescera imensamente, e de que agora partilhava esse titulo com o rapaz que um dia seria o novo Lorde Voldemort, Tom Riddle.
Meg estava acostumada a mudanças na sua vida, mas nenhuma até aí, nem mesmo quando passara da casa dos Gerand para o acampamento cigano, tinha sido tão drástica como a que se operara na câmara dos segredos alguns dias depois de Tom  a tentar matar, e de horas depois os dois terem jurado pela sua vida não se atraiçoarem. Demorou algum tempo a habituar-se à noção de que embora o futuro lorde negro ainda a tratasse com desconfiança, a sua atitude para com ela era agora de algum respeito.
Agora os planos de ambos eram traçados juntos, debaixo da estátua de Slytherin. Tom finalmente entendera exactamente o que Meg pretendia, e esta confirmara a sua ideia daquilo que ele desejava. Tom planeava ser o supremo governante do mundo mágico, a começar por Inglaterra, dominando depois a Europa e de seguida o mundo. Depois de deixar bem claro que não pretendia dividir o poder, perguntou-lhe a ela o que queria. E finalmente ficou a saber qual o desejo de Meg.
- Podes ficar com o resto do mundo, desde que deixes a França para mim. - Dissera ela.
Tom olhara-a por uns instantes, após o que dissera que também não precisava de ser tão modesta na sua escolha. Desde que o titulo de governante do mundo mágico fosse dele, ela poderia escolher todos os países que quisesse para governar. Megan sacudira a cabeça ao escutá-lo.
- Eu não estou a planear dominar o ministério da magia francês. Estou a planear destruí-lo, erradicar todos os mágicos de França e matar os que não tiverem o bom senso de desaparecerem. Quanto aos sangues de lama que forem aparecendo, destruí-los ei também.
Foi esse o dia em que Tom Riddle descobriu o ódio de Megan pelos feiticeiros. Depois de ficar boquiaberto durante mais de um minuto, um recorde para ele, perguntara, em tom incrédulo:
- Tu tens preconceito contra feiticeiros? - Pela primeira vez também, ele descobria algo que não entendia. - Mas tu és uma sangue puro!
- Tu tens preconceito contra Muggles, e o teu pai era um. - Ripostara Megan. - Tudo o que os feiticeiros me fizeram foi destruir a minha vida.
E, peça por peça, nesse dia Tom conseguiu tirar dela toda a história do assassinato da sua família, e depois o relato de tudo o que ela passara com os Gerand. Quando Meg terminou de falar, ele não sabia exactamente o que dizer, principalmente quando ela lhe revelou que as únicas pessoas por quem tinha sentido afeição eram Muggles.
- Tu não sabes o que estás a dizer. - Murmurara ele. E assim, aquele acabou também por ser o dia em que Megan ganhou um relato completo da infância de Tom no orfanato Muggle em que este crescera, da troça das outras crianças e dos maus tratos que o tinham levado a odiar toda a raça não mágica em geral.
No fim, acabaram a olhar um para o outro por cima de um mapa-múndi gigante, tentando descobrir quem conseguira convencer quem do seu ponto de vista. Megan acabara por suspirar.
- Pelo menos os dois odiamos sangues de lama! - Concluiu, e Tom decidiu que aquilo era melhor do que nada.
Mesmo com essa paz aparente, ele continuava a pensar que era demasiada fraqueza mantê-la por perto. Nos últimos tempos, começara até a ter ilusões de começar a confiar nela, e isso tinha de acabar. Assim, pelo menos uma vez por mês, ele procurava Megan, e quando a encontrava, gritava-lhe algo como " D., prepara-te para morrer!", dando-lhe depois alguns segundos para interiorizar que seria atacada antes de começar a lançar maldições na sua direcção. Essas disputas normalmente acabavam com os dois demasiado cansados para lançar mais feitiços, e empatados. Depois de alguns meses, Tom finalmente digerira que nunca conseguiria vencer a jovem. Consolava-se com o facto de saber que ela também nunca o venceria a ele. Mesmo assim, continuava a tentar.
Passaram meses de planos de estratégia. Entretanto, Meg começava finalmente a aborrecer-se no interior da câmara. Tom dizia-lhe repetidamente para ser paciente, mas ela não conseguia. Ardia por sair e começar a cumprir os planos que tinham traçado. Além disso, ela tinha a impressão de que qualquer coisa estava para acontecer. Algo que, se não agissem depressa, deitaria todos os seus planos por água abaixo.
E aconteceu. Numa noite, Meg acordou para encontrar os olhos amarelos de Kazeila à sua frente. A cobra deslizara para dentro da sua cama e cabeceara no seu braço até a acordar. Meg esfregou os olhos, ensonada. Esquecera-se de que mandara a cobra espiar o que se passava na escola. Ela e Tom tinham escutado barulho vindo do campo de Quidditch horas antes, quando tinham ido invisíveis à cozinha para o roubo semanal de comida, e desconfiada de que se poderia estar a passar algo de grande, enviara a espia.
- Kazeila, o que se passa? - Perguntou, em serpentês. A cobra sibilou a resposta, e a jovem abriu muito os olhos, pestanejando sem parar, já completamente acordada. Sem barulho, saiu da cama, vestiu-se e correu até a câmara onde se encontrava a estátua. Lá, dirigiu-se à parede que levava ao quarto de Tom. Só então se lembrou de que não conhecia a passe de acesso - ele estava sempre a mudá-la. Começou a bater na pedra, esperando que o rapaz não estivesse profundamente adormecido.
- O que é que se passa? - A porta de pedra deslocou-se e Tom apareceu, com todo o aspecto de acabado de acordar. O seu cabelo estava desgrenhado, e vestia um pijama verde. Só os seus olhos estavam alerta, e estes registaram o ar de preocupação da jovem.
- O que foi, D.? - Perguntou. Meg hesitou, sem saber como lhe explicaria o que Kazeila ouvira no escritório de Dumbledore.
- Alguém que nós dois conhecemos está de volta. - Acabou por dizer. Tom bocejou.
- Quem? - Desta vez Megan respirou mais fundo ainda.
- Tu!

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