Prólogo
Floresta Negra, França
Dez pessoas. Oito homens, uma mulher e duas crianças. Um dos homens encontrava-se de joelhos. A mulher e as crianças, deitadas no chão. Sem se mexerem.
Detrás dos arbustos, a menina assistiu, também se mexer, enquanto um dos homens de pé levantava a varinha e a apontava para o homem de joelhos.
- Avada Kedavra! - Ela tremeu quando o raio de luz verde atingiu o homem - o seu pai - no peito, tal como acontecera com a sua mãe e irmãos. O homem virou-se na direcção em que ela estava escondida, e por um segundo Megan pensou que ele a descobrira. Mas ninguém se aproximou, e ela respirou outra vez. Os segundos passaram enquanto os homens trocavam algumas palavras e se desmaterializavam de seguida. Meg continuou sem se mexer, temendo que se o fizesse, eles voltassem para acabar com ela também. Encolheu-se sobre si e esperou.
Permaneceu assim até ao dia seguinte. Quando o sol nasceu, a menina espreguiçou-se e levantou a cabeça, antes de se lembrar de onde estava. A cena era a mesma da do dia anterior, excepto que as pessoas dos raios verdes tinham ido embora. Um pouco hesitante, Meg aproximou-se dos corpos deitados no chão.
- Mamã? - Perguntou, ao agachar-se junto da mulher e tocar a sua bochecha fria. - Mamã, acorda! - Começava a entrar em pânico, e o seu medo aumentou ao entender que por mais que os abanasse, tanto a mãe como ao papá e a Will e Renard, nenhum se mexia.
O que é que eu faço? - Pensou Meg, percebendo de alguma forma que a sua família não acordaria nunca mais. - Tenho quatro anos. A mamã disse que as meninas de quatro anos não sabem nada. O papá diz que as meninas não sabem nada. Will e Renard dizem o mesmo que o papá, e que tenho de fazer o que eles dizem. Nenhum deles está acordado para me dizer o que fazer. E agora?
Por mais que pensasse, não lhe ocorria nada, nem sobre como despertar os pais nem sobre o que faria a partir daí. Uma coisa era certa. Embora estivesse em pânico, Megan era inteligente, e sabia que se ficasse ali as pessoas podiam voltar, e mandá-la iam dormir tal como tinham feito com o resto da sua família. Por isso, tinha de sair dalí. Era lógico.
Com um último olhar para trás das costas, Meg fugiu, misturando-se com as árvores.
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