# O homem, a terra



Lupin ajeitou-se imediatamente no assento e olhou para os lados, nervoso; certamente ouvira um grito, alto, talvez da cabine ao lado. Olhou para o assento em que Tonks estivera a segundos atrás, e descobriu-o vazio; a bruxa provavelmente se levantara para ver o que tinha ocorrido. A porta divisória entre a cabine e o corredor estava entreaberta, mas só por alguns segundos; Tonks imediatamente voltara, parecendo aflita.



– O que houve? – Perguntou Lupin, imediatamente preocupando-se. Bastava alguém parecer nervoso para imediatamente o sentimento do outro se transferir para Lupin, devido a tantos acontecimentos estressantes em sua vida.



Tonks olhou ao seu redor e precipitou-se a falar, quando um homem entrou pela porta de vidro. Vestia um casaco empoeirado e esfarrapado que avançava seus joelhos, e seus longos e ralos cabelos negros pareciam grudados na cabeça, contrastando fortemente com sua pele estranhamente esverdeada e marcada por cicatrizes profundas. Seus olhos, sem cílios, eram saltados e de cor indefinida, que variava entre o cinza e o verde, porém o mais tenebroso na aparência do homem era sua boca; não tinha lábios, e no único momento em que abriu-a levemente, visando respirar melhor (até as narinas do homem pareciam problemáticas, muito pequenas em relação ao nariz adunco), revelou dentes negros e asquerosos, pendurados precariamente em sua gengiva muito escura.



Tonks vislumbrou o homem, tremendo involuntariamente, e sentou-se ao lado de Lupin, segurando a manga da veste do bruxo sem encará-lo diretamente, numa demonstração de tensão. Lupin observou-a, e imediatamente relacionou o grito da cabina ao lado ao homem. Virou discretamente a cabeça para analisá-lo; o estranho imitava seu gesto, astuto como um gato.



– Comensal... da Morte – sussurrou Tonks, tão baixo que Lupin imaginou estar ouvindo coisas. A bruxa repetiu, lentamente, sem mover os lábios, a frase, e afundou ainda mais o rosto na manga de Lupin, que não reagiu. Conhecia aquele homem. Sabia quem era.



David Hittlesburry. Um ano mais velho que Lupin, o bruxo era um brilhante estudante da Corvinal, e jamais demonstrara qualquer interesse pelas Artes das Trevas, pelo contrário; era ferrenho defensor das ligas anti-Trevas de Hogwarts, usando seu conhecimento para auxiliar movimentos contra Voldemort antes mesmo de sair de Hogwarts. Ninguém saberia explicar como se transformara dessa maneira. Comensal da Morte. Tornara-se tudo o que repudiava antes. Hittlesburry fora preso há dez anos atrás, ao ser pego pelo Ministério durante um ato de tortura a trouxas, e fora absolvido há menos de dois meses. Sim, era outro mistério da vida de David que ninguém sequer se atrevia a tentar desvendar.



Para a extrema surpresa de Lupin, o homem dirigiu-se até ele; o bruxo estremeceu ligeiramente, ao ouvir a voz sub-humana do outro:



– Remus Lupin?



Tonks encarou Lupin com ansiedade, gesto que o amigo retribuiu, antes de responder, de certa forma confiante.



– Sou eu mesmo.



– Lembra-se de mim? David Hittlesburry, de Hogwarts. Um ano mais velho. – Sua expressão era amigável, o tom de voz bastante receptivo para um ex-presidiário e Comensal da Morte amargurado.



– Sim, certamente me lembro de você, David. – Disse Lupin, cauteloso. Algo em sua voz deve ter transparecido, pois David se aproximou de Lupin, curvando-se do assento, e disse, para o assombro de Tonks, que assistia a cena absolutamente nervosa, destruindo a manga da veste de Lupin de tanto segurá-la:



– Eu não sou quem pensam, meu velho. Sei que errei no passado, mas meu futuro pode ser diferente. Acredite em mim, e me ajude. Não tenho a menor condição de sair dessa sozinho.



Remus observou-o incrédulo. Um Comensal da Morte, pedindo arrego? Certamente não era algo que se via todo dia; e Remus, de alguma maneira, não conseguiu sentir um ódio absoluto por aquele homem. Talvez suas lembranças sobre o colega, dos tempos de Hogwarts, ainda prevalecesse sobre sua imagem de mau-caráter. Talvez por isso Remus tenha sido tão sincero:



– Você é um Comensal da Morte, David. – Por sorte a cabine encontrava-se vazia; a simples menção dessas três palavras seriam capazes de desencadear o pavor generalizado, não importando o número de ouvintes que havia por ali.



– Eu sei. Eu fui. Não sou mais, ele me dispensou. – David não parecia sequer entristecido; aliás, não demonstrava qualquer emoção. – Eu sei o meu lugar, Lupin, e não precisei que o Lord das Trevas o apontasse para mim. Aliás, nunca fui lá um exemplo de Comensal, fui capturado em uma missão simples, se quer saber. Ele se desfez de mim de bom grado, e devo dizer que a recíproca era verdadeira. E provavelmente não sabe que ainda estou vivo.



– Como?



– Fui perseguido por antigos colegas, a mando do Lord, que queria se livrar de mim e do meu nome de Comensal. Uma emboscada. Lembrou-me uma espécie de reunião escolar, nada agradável, se quer saber. Não deveria ter sobrevivido ao ataque deles. Mas... algumas coisas mudaram nesse tempo em Azkaban – ele ergueu uma sobrancelha, a expressão vaga, o tom misterioso –, e posso lhe garantir que serei um bom aliado para o lado que me tiver como aliado.



– Você quer... se unir? Aos inimigos de Voldemort?



– Como nos velhos tempos, Remus – Sorriu o homem. Seus dentes eram realmente negros. Ao perceber a hesitação no rosto de Lupin, acrescentou uma frase que causou um impacto relativamente forte em Remus – Lembre-se que você, assim como eu, é visto com maus olhos pela sociedade bruxa. Eu e você somos criminosos, deveríamos ser expurgados, nossa raça, extinta. Mas você é inocente. Por que eu não poderia ser, também?



– Remus nunca foi pego em flagrante torturando um homem – Disse Tonks, baixinho. Os olhos de David saltaram ainda mais das órbitas, e durante uma fração de segundo, encarou Lupin com um olhar desdenhoso, fazendo o estômago de Lupin desmanchar; em seguida, voltou a observar Tonks.



– Para o Ministério, não faz a menor diferença se efetivamente matou ou não um homem. Ele é criminoso apenas pelo seu passado.



– Você já distorceu minhas palavras. Eu não disse matar, disse torturar – Falou Tonks, brava, mesmo temerosa. Um largo sorriso formou-se no rosto de David, mas ele não disse absolutamente nada de construtivo, exceto uma frase, que fez os olhos de Lupin revirarem de tensão:



– Eu entendi o que você falou. Só fiz alguma adaptação necessária.



– O q...? – Ia perguntando Tonks, mas Lupin interrompeu-a bruscamente; tinha que desviar o rumo daquela conversa.



– O que pretende? Espera que aceitemos você com sorrisos no rosto e boa vontade súbita? Acha que é muito fácil infiltrar-se em planos? Sejamos francos, você não é um exemplo de pessoa confiável, Hittlesburry – Não saberia explicar o porquê de estar sendo tão franco com um homem que não merecia sequer um olhar indulgente. Aquela frase despertara em Lupin um sentimento – um sentimento de alerta, com relação aquele homem.



– Admito que sou tudo isso, e até um pouco mais, velho Remus – Confessou o homem, rindo, os dentes aparecendo mais do que nunca. – Cabe a você tomar essa decisão, não a mim. Mas espero que se lembre dos velhos tempos... e de como somos, de fato, parecidos. Talvez você seja um pouquinho mais bem-apessoado, mas, convenhamos, nem é tanto assim – Riu, demorando seu olhar em um dos bolsos furados do casaco de Lupin, que o encarou.



– A questão não é a veste, e você sabe disso. – Comentou, sério.



– Sei, sim. E nem queria levar a questão a este ponto, Remus. Aliás, acho que não tenho mais nada a acrescentar aqui, para vocês. Só vou pedir para pensar no assunto, Remus. Qualquer coisa, me contate, eu ainda uso os velhos meios de comunicação – e deu uma risadinha cansada, piscando um olho. – Até mais. – E saiu pela porta de vidro, mais alguns gritos assustados acompanhando seus passos.



Tonks encarou Lupin, temerosa:



– Você não vai escutá-lo, vai? Não vai abrir uma brecha para um possível Comensal da Morte se infiltrar na Ordem, não?



Sem responder, Lupin virou-se, encostando a cabeça da parede fria e metálica, e posicionou-se em formação fetal deixando Tonks irritada, cruzando os braços.



*




O trem sacolejava e tremia a cada curva, e não foi possível dormir tanto quanto Lupin gostaria. Acordou bruscamente, ao bater a cabeça com força na parede fria. Por um momento, Tonks pareceu não se importar, mas não evitou um olhar nervoso.



– Você está bem? – Perguntou, ao ver o amigo massagear o cocoruto da cabeça com força com os nós dos dedos.



– Estou – resmungou Lupin, observando a amiga. Estava morena, agora, e as pontas dos longos cabelos lisos terminavam em grandes cachos. Os olhos também estavam castanhos.



– Hm, que bom – Disse a bruxa, tentando parecer indiferente. Lupin ajeitou-se no assento e disse, calmo:



– Eu não vou fazer nada estúpido. Jamais colocaria a Ordem em risco, prefiro antes arriscar a minha vida. E você sabe disso – Comentou, ligeiramente ofendido, retomando o assunto que evitara antes de dormir.



Tonks calou-se por alguns segundos, mas logo em seguida abraçou o amigo, sem encará-lo.



– Sim, eu sei. E acho que você estará disposto a me perdoar – Disse, rindo.



– Vou pensar nisso com carinho, prometo – Disse Lupin, engrossando o coro de risadas de Tonks. Naquele momento, ficou muito claro que, à exceção de um senhor de bengala que dormia no canto mais escuro da cabine, o lugar estava vazio. Remus e Tonks continuaram abraçados - a pequena fresta da janela da cabine permitia a entrada de uma brisa gélida vinda do dia lá fora.



Diga-se "dia" por força de expressão, pois a tarde já avançava; gordas nuvens brancas espalhavam-se pelo céu colorido que acompanhava o sol poente, que já escondia-se por trás de uma ou duas montanhas mais altas.



Lupin virou a cabeça para falar com Tonks, qualquer assunto banal e irrelevante, mas percebeu que a amiga já estava dormindo, ainda abraçada em seus ombros. O bruxo suspirou levemente e resolveu olhar para o céu multicolorido lá fora.



O tempo transcorreu suavemente até o fim da viagem, sem grandes alterações; somente a noite lá fora, que avançava cada vez mais rápido, aos olhos do bruxo. Olhou para o pulso, em busca do relógio, querendo situar-se no tempo, mas não encontrou-o. Podia jurar que o tinha colocado, mesmo na pressa em sair da Ordem.



O trem reduziu subitamente a velocidade, fazendo Lupin levantar do banco devido ao impulso, movimento que acordou Tonks.



– Já chegamos? – Perguntou a metamorfomaga, ansiosa, ao ver Lupin sentar-se novamente no banco e bater a cabeça, pela segunda vez naquele dia, na fria sustentação metálica do trem.



– Espero que sim. – Respondeu o bruxo, mal-humorado.



O atrito dos trilhos do trem com o metal do transporte provocou um barulho quase ensurdecedor, mas que, de alguma forma, alegrou Lupin. Chegaram.



As cabines começaram a se abrir, uma a uma, automaticamente. Com um assomo de alívio, Lupin levantou-se apressado, agarrou as alças do malão com alguma afobação e observou Tonks fazer o mesmo, sorridente. Com alguma dificuldade devido às enormes malas, saíram da cabine apressados, e em pouco tempo, seguindo a rápida multidão, encontravam-se em uma rua de pedras.



La France – Apresentou Tonks, sorrindo mais do que nunca, agarrada às malas. Lupin não conseguiu manter-se irritado por muito tempo; o clima da cidade era acolhedor, mesmo que alguns dos transeuntes o encarassem com desconfiança. Amava Paris e, sobretudo, Lyon, e tinha belas lembranças do lugar. Flagrou-se saudoso, por algum momento. Quase não percebeu que Tonks tomou sua mão e conduziu-o com suavidade pelas esquinas de Paris.



– Nosso hotel é inacreditavelmente perto da estação! – Comentou a bruxa, parando por um momento no meio da rua para analisar um mapa, retirado da bolsa às pressas. – Acho que só teremos que andar um quarteirão. – Concluiu, satisfeita, apertando os passos e levando Lupin consigo. Não soltara a mão de Lupin. E o bruxo realmente não se incomodou com o gesto, ou melhor, a ausência de algum gesto.



Caminharam em silêncio durante algum tempo, apreciando a lua nova e as estrelas pontilhando o céu quase negro, e a brisa suave. Passaram por um cheiroso restaurante, cujas mesas ficavam sob o luar, para o contentamento dos clientes, que comentavam em francês a beleza do céu, e Lupin lembrou-se o que era fome.



– Vamos deixar as nossas coisas no hotel, depois voltamos – Sugeriu Tonks, apesar de observar as mesas fartas de comida com os olhos brilhando. Então, piscou, balançou a cabeça e continuou caminhando, resoluta. Sem alternativa, Lupin seguiu-a.



Por sorte, o hotel era realmente próximo à estação, de modo que em poucos minutos já estavam deslizando os malões em superfícies suaves de mármore, até um grande balcão de madeira lustrosa. Um homem empertigado, de bigode linear e fino tão preto quanto seus cabelos grudados e brilhantes, os atendeu prontamente, encarando Lupin com seus olhos verdes e miúdos cheios de desconfiança.



- Bonjour - Cumprimentou Tonks, arranhando francês, porém cheio de sotaque. - Meu nome é... bem, este é Remus Lupin. Temos dois quartos reservados.



- Bonjour, meu senhor, minha dama. Estejam à vontade em nosso hotel La Placê, dedicado aos mais variados turistas! Creio que não esteja errado em afirmar que são da nossa laia, não é? Bruxos? Sim, sim, sei reconhecê-los de longe, e ainda poderia afirmar que são os nobres ingleses, não seria isso mesmo? Ah, eu sabia... bem, vejamos... encontrei, de fato, um Remus Lupin aqui, em nosso sistema, senhora... quarto 403 - dizia o francês, falando rápido, enquanto revirava listas e mais listas cheias de nomes. - Mas precisaria do nome da senhorita, também...



- Tonks.



- Tonks? Han, vejamos... - O francês começou a revirar as listas, páginas e páginas de nomes assinados a ouro - A senhorita teria um segundo nome, talvez?



- Ah, não é necessário! - Tonks estava afobada, e Lupin compreendendo a relutância da moça em dizer o primeiro nome - Veja bem, eu comprei a estadia em um dos quartos do hotel como presente para o meu amigo, o sr. Lupin aqui, e creio que o meu nome não esteja na lista... não esperava que ele me trouxesse como acompanhante, sabe? - E deu um sorrisinho nervoso ao gerente, que ergueu uma sobrancelha negra.



- Ainda assim, mademoiselle, precisamos dos nomes para efetuar o cadastro do hotel. Sabe, gostamos de manter alguma ordem no lugar, e termos noção do número de hóspedes, bem como se, caso a senhora quiser prolongar sua estadia, não poderia, se não tivesse cadastro, ou se o seu cadastro estivesse no nome do seu amig..



- Compreendendo perfeitamente - Disse Tonks, contrariada. - Meu nome é Ninfadora Tonks.



Lupin observou o gerente, nesse momento. O homem estava escancaradamente se segurando para não cair na gargalhada.



- O... seu cadastro... já foi feito, ma.. demoiselle - engasgou o homem, com os olhos cheios de lágrimas.



- Muito obrigada. - Disse Tonks, friamente. O gerente, ainda chorando de riso contido, ordenou (com alguma dificuldade, é claro) que o auxiliar de gerenciamento levasse as malas dos dois bruxos para o quarto registrado. Os três subiram as escadas do hotel em silêncio, Tonks com a expressão ainda fechada. Lupin, imediatamente, passou o braço pelos ombros da amiga, fazendo com que a moça sorrisse levemente.



- Hm, Remus - Falou Tonks, um sorriso um tanto malandro pousado no canto do lábio -, tem uma coisa sobre o hotel que eu não lhe falei, exatamente...



- E o que seria? Algo relacionado a dragões, por exemplo? Se for, irei anotar o endereço daqui, e recomendá-lo a Hagrid.



- Ham, não é exatamente isso - Tonks estava à beira de um ataque de riso, agora. O auxiliar de gerenciamento até olhou para a moça com estranhamento, balançou a cabeça e continuou subindo, uma mala em cada mão.



- Não deveríamos ajudá-lo? - Perguntou Lupin, esquecendo-se por um momento do assunto de Tonks, ao ver uma das malas balançar perigosamente das mãos do jovem.



- Acho que sim... - Disse Tonks, e adulou Lupin para subirem a escada com mais rapidez. Assim que emparelharam com o moço, Tonks retirou gentilmente sua mala das mãos do auxiliar, explicando brevemente em francês o porquê de pegar a mala. O moço estacou, abismado, e sorriu nervosamente para Tonks, em um ato exagerado de gratidão, os olhos cheios de lágrimas. Lupin imitou Tonks, e o auxiliar pareceu, no entanto, aborrecido desta vez.



- Merci, merci, mademoiselle! - Agradeceu o moço, exasperado. Tonks até riu da animação do garoto, mas Lupin sorriu do gesto; provavelmente eram poucos os bruxos que ajudavam, ou até mesmo se importavam, com os auxiliares de hotel.



- Só precisa nos levar até o quarto 403, por favor... qual é o seu nome? - Perguntou Tonks, ainda em francês.



- Jean Louis, senhor...ite. - Ele respondeu, arriscando inglês pela primeira vez naquele dia.



- Você fala inglês! Excelente - Disse Tonks, em inglês, e naquele momento, Lupin teve a sensação de que Tonks era quem estava conduzindo aquela viagem.



- Só un peau, madame. Pouco. Falo errado.



- Para mim está bom. - Disse Tonks, simpaticamente, e os olhos de Jean brilharam.



Alguns poucos degraus depois, pararam em frente a uma porta, totalmente dourada, com exceção da maçaneta, cor de bronze. Jean abriu-a com um meneio de cabeça, e afastou-se para permitir a visão total do cômodo o que, por algum motivo, incomodou Tonks, que se pôs imediatamente em frente à porta.



- Obrigada pela ajuda, Jean. - E sorriu cheia de simpatia. - Vamos continuar agora.



Jean lhe enviou um olhar fervente. Sem falar mais nada, largou a mala no chão e desceu as escadas rapidamente, sem esquecer-se de esbarrar com gosto em Lupin, que quase caiu alguns degraus.



- Que houve com ele...? - Perguntou, confuso, reestabelecendo-se. Tonks corou e sorriu.



- Sabe, Remus... Eu realmente não esperava que você me convidaria para essa viagem... pensei, pensei que.. sei lá...



Remus meramente encarou-a, decididamente nervoso.



- Tonks...?



Ela ria, agora. Muito alto. Preocupantemente alto. Assustadoramente alto.



- As encomendas... o quarto do hotel... eu... - Apoiou-se na parede para não escorregar pela escada. Lupin agora confirmara sua ansiosidade. Abriu a boca para falar, mas Tonks fez um brusco gesto e agarrou a maçaneta. Lentamente, abaixou-a, e, com um olhar misterioso, começou a empurrar a porta, fazendo revelar, aos poucos, o interior do quarto. Quando terminou, riu da expressão de Lupin, absolutamente estupefato.



Sirius iria irritá-lo eternamente por causa disso.



O quarto era gigantesco, arejado e aconchegante; a luz abrangente e natural que iluminava o ambiente era controlada por longas cortinas floridas. Tinha até frigobar e um respeitável banheiro, pelo que conseguia ver. A cama, belíssima e de dossel, era grande o bastante para comportar, folgadamente, quatro pessoas. Mas era destinada para duas.



- Eu pensei que você tinha uma namorada! - Explicou Tonks, vermelha e risonha. Lupin sorriu.



- Você sabia que não - Fazendo a moça corar ainda mais.



- Bem... é um bom quarto, não tem como negar... mas se você quiser trocar, pedir dois individuais lá embaixo, eu vou enten...



Impulso é uma coisa interessante. Faz pessoas sóbrias, racionais, até mesmo estóicas em sua essência profunda, mostrarem suas verdadeiras garras. Não que Lupin tenha mostrado as suas - felizmente para a maioria das pessoas, porque um lobisomem mostrando as garras não é uma cena muito apreciável -, mas, no mínimo, ele colocou manguinhas de fora, seja lá de onde tenha vindo essa associação, quando abraçou Tonks e lhe deu - oh!, vocês já esperavam por isso, admitam - um inesperado - para eles - beijo.



- Remus! - Disse Tonks, assustada, depois que se separaram.



Porém, para pessoas que não costumam ser impulsivas o tempo todo, como Lupin, tal exceção comportamental pode ser assustadora, ainda mais quando é acompanhada de uma reação de surpresa, como a de Tonks. Logo, acabam, muitas vezes, fazendo bobagens, ou comentendo verdadeiras catástrofes, como...



- De... desculpe.



O resultado disso?



*****




>=D Saiu, enfim =D Depois de algumas doses de trilhas sonoras excelentes de filmes melhores ainda, ela andou =D Fiz mistério? XD~



Nem muita coisa a declarar. Comentem! >xD =***

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