# Encurralados e Desencontrado
-- V-vamos -- Pediu Lupin, ainda trêmulo com o que acabara de acontecer, segurando o braço de Tonks e olhando alucinado para baixo, no escuro. Os dois imediatamente entraram no quarto, e jogando a cautela pela janela, arrumaram todas as suas coisas com alguns gestos de varinha. Em dois minutos, estavam descendo a escadaria rumo ao térreo, Tonks muito mais pálida do que o normal.
-- Pretende chamar ajuda? -- Perguntou Tonks, aparentemente no primeiro momento em que sua voz conseguiu sair.
-- Extremamente arriscado, estamos em minoria e o pessoal da Ordem demoraria a chegar -- Arfou Lupin, enquanto chegavam na recepção. O bruxo se precipitou à bancada, pronto para fechar a conta, mas Tonks chegou primeiro.
-- Eu não mencionei a Ordem. Jean! -- Tonks apertou insistentemente a campainha de mesa do balcão do hotel, afim de chamar o moço -- Jean!
-- O ajudante? -- Perguntou Lupin, abismado. Não estava entendo - ou pelo menos não achava que seus pensamentos eram possíveis.
-- Mas qu...? Senhorite! -- Jean saiu assustado por uma porta semi-escondida na parede, trajando pijama e um longo casaco. -- Mademoiselle! Que há?
-- Você se lembra dos homens... daqueles homens? -- Perguntou Tonks, falando baixo. O queixo de Lupin descia uns dois centímetros a cada palavra.
-- Oui, oui... madame... els estão...? -- Adivinhou Jean, com um olhar apavorado.
-- S... sim, estão. Por favor, ajude-nos. -- Pediu Tonks, com um olhar suplicante. Jean imediatamente aprumou-se, olhou para os lados e sussurrou:
-- Sigam-me, e não me perrcam de viste. -- Jean começou a caminhar tão rápido pelo chão lustroso que parecia patinar; Tonks e Lupin tinham que correr para alcançá-lo.
-- Não me diga que esse homem é um bruxo e sabe sobre os Comensais da Morte -- Disse Lupin, chocado.
-- Ele nunca entendeu a morte do pai. -- Explicou Tonks, explicando enquanto corria -- Naquele dia enquanto eu tomava café, conversamos. Ele é filho do Dipwitberry, o Auror. A mãe, francesa e trouxa, o trouxe para cá quando ele era ainda muito pequeno, por segurança.
-- Dipwitberry? -- Agora, positivamente, a boca inteira de Lupin se abriu -- Esse... garoto... filho do Dipwitberry? -- O Auror era conhecido por suas memoráveis batalhas contra os Comensais da Morte, sendo tão destemido a ponto de infiltrar-se no meio deles. Era uma pessoa tão desprendida que não aparentava ter filhos ou esposa, ou qualquer laço mais forte com pessoas, já que se arriscava demais. De fato, aqueles que admiravam Dipwitberry jamais podiam fazê-lo em público: era perigoso.
-- Sim, é absurdo. Quando descobri, resolvi explicar tudo para ele. Jean é um bom rapaz - uma pena que não herdou o sangue do pai. Uma pessoa de confiança, realmente.
-- Aqui! -- Sussurrou impaciente o francês, e Lupin observou-o admirado. De fato... os olhos eram bastante parecidos com os do antigo Auror. Remus sentiu-se impelido a falar alguma coisa para ele - qualquer palavra de apoio ou conforto serviria... Mas não conseguiu. Aparentemente o moço não queria abrir brechas para conversa. Lupin limitou-se a dar um sorriso, mas Jean não o imitou. Abriu uma nova porta, também escondida na parede, e indicou:
-- Sigam até o fim do túnel, encontrrarão uma saída até a estrrada de ferro. -- Alguém batia na porta principal do hotel -- Vão logo. -- O atendente recomendou, tenso.
-- Jean, muito obrigada por tudo... -- Agradeceu Tonks, à beira das lágrimas. -- Tome cuidado...
-- Muito obrigado mesmo, Jean. E... seu pai foi um grande homem, saiba disso. -- Conseguiu dizer Lupin, sem jeito.
-- Obrrigado eu, Tonks... e, oui, mon pére foi um grrand homem. Eu semprre soube. -- Respondeu Jean, irritadiço, praticamente empurrando Tonks e Lupin para dentro do túnel, bastante baixo, por sinal. Durante alguns bons minutos correram agachados, até Lupin, que estava na frente, avistar por entre uma pequena brecha na parede um pedaço de trilho.
-- Estamos chegando! -- Ele sorriu, e apertou as passadas, praticamente tropeçando nos próprios pés antes de afastar uma fresta da porta. Estava praticamente saindo do buraco quando ouviu um som. Passos.
-- Há alguém aí. -- Sussurrou o bruxo, e Tonks, que não esperava uma abrupta parada de Lupin, quase colidiu com ele, mas conteve-se a tempo. Sentou-se no chão do túnel, preocupada.
-- Não saia. -- Ordenou Tonks, ao perceber que Remus parecia ajeitar-se para averiguar o local, esticando as pernas como podia e estalando os braços um tanto endurecidos por causa da marcha estranha que fizera pelo buraco.
-- Fique aí, eu vou ver o que está acontecendo. Pode não ser nada.
-- Não! Que burrice, vamos juntos! -- Sussurrou Tonks, porém irritada, preparando-se para levantar. -- Ou você vai comigo, ou ninguém vai.
-- Você anda muito temperamental e esquisita ultimamente, Tonks. -- Confessou Lupin encostado à porta, também sentindo-se estranhamente corajoso e sincero. Aquilo não era nada bom.
-- Ora essa, e você? -- Grunhiu a bruxa. -- Fazendo declarações, comportando-se como um perfeito idiota...
-- EU? Você que anda toda nervosinha, fazendo indiretas que não parecem com você!
-- Não me fale de indiretas! Quem faz indiretas aqui é você! E ainda oculta fatos!
-- Como assim, "oculta fatos"?
-- SIRIUS! Você nem ao menos mencionou que andava falando com ele! -- Replicou Tonks, cruzando os braços.
-- Eu... ah! -- Aquilo causou um estalo na cabeça de Lupin. Sirius. Só podia ser. -- É... é claro! Sirius, seu cachorro! -- E Lupin olhou para cima, esperando que o sorriso brilhante de Sirius aparecesse, explicando tudo sem palavras. Era tudo culpa dele! As discussões mentais, os sentimentos atribulados, o excesso de franqueza... era Sirius que o instigava! E agora... estava se comportando... como um maluco! Era isso! Estava enlouquecendo! Por causa daquela droga de carta estúpida que carregava em seu bolso! E... bem, de Tonks. Sirius sabia como ele gostava de Tonks. Sirius sabia igualmente que o bruxo jamais conseguiria falar naturalmente com ela sobre seus sentimentos. Era isso!! Sirius estava, como ele dizia em ocasiões especiais e desagradáveis sempre, "dando uma mãozinha"!
-- Será que você pode voltar ao normal, por favor? -- Pediu Tonks, aborrecida, voltando a se sentar na base fria do túnel enferrujado.
-- De... desculpe. -- Remus imitou-a, e prosseguiu -- Eu não... estou... exatamente... me controlando como deveria, como é esperado de mim. Estou sendo um idiota, de fato.
Tonks arregalou os olhos, mas por uma fração de segundo - abaixou levemente a cabeça logo em seguida.
-- Eu não tenho sido também exatamente uma boa companhia... E tenho alguns motivos estranhos, realmente, para estar chata, você sabe, eu...
Um novo barulho fez a moça calar-se. Os dois amigos se entreolharam, e Remus espiou por entre a fresta que deixara aberta; os barulhos continuaram, fortes, tremendo de leve o chão do buraco onde estavam. Algumas vozes surgiam lentamente - gargalhadas, outras, escancaradas, apareciam de supetão, deixando os dois amigos de cabelo em pé.
-- Comensais -- Susurrou Tonks, preocupada, e recolheu-se até mais fundo do túnel. Remus estranhou a atitude - a moça jamais se acovardara na frente dele - até que ouviu a voz da amiga reboando de leve pelo metal da tubulação:
-- Veja se Bellatrix está aí.
-- Quê? -- Perguntou Remus, estupefato.
-- Por favor... -- A voz de Tonks pedia e ordenava ao mesmo, e Remus voltou a espreitar. Não, a parente direta de Sirius não parecia estar pela redondeza. Agora, os Comensais já pareciam mais soltos - alguns rugiam, outros lançavam fagulhas ameaçadoras no ar. Lupin colou os ouvidos na porta fria de metal para compreender melhor o que diziam.
-- Você ouviu o chefe, eles estão por aqui. Não demora muito, a gente encontra. -- Grunhiu um, descabelado e com uma grande cicatriz próxima ao olho. Parecia muito jovem.
-- Voldemort andou recrutando mais alguns -- Cochichou Lupin para o fundo do túnel - Tonks havia desaparecido na escuridão.
-- Ela está aí? -- Tornou a perguntar a bruxa, tensa. Remus voltou ao posto frente à fresta.
-- A louca já foi embora? -- Perguntou outro rapaz ao homem da cicatriz.
-- Já, foi consolar o Mestre de novo. Desde o fim do ano passado, não pára de lamber os pés do Lorde. Acho que está muito deprimida com o que aconteceu, com o tal Potter. Mulherzinha idiota.
-- Ela não está aí, Tonks. Acabei de ouvir. -- Informou Lupin, aos murmúrios.
-- Tem certeza? -- Perguntou a jovem, mais calma, com seu tom de voz habitual, o que alivou Remus.
-- Sim. Absoluta.
-- Ótimo, então. Eu... eu arranjei um jeito de sairmos daqui. -- E a moça voltou à parte mais iluminada do túnel, banhada pela luz da lua que Remus deixava entrar com a fresta. Ao observar Tonks, teve automaticamente que conter um grito. Substituiu-o por um sorriso trêmulo e um "Meus parabéns, ficou perfeita".
-- Ah, não diga isso, vou chorar -- Riu Tonks, voltando ao seu bom humor e definitivamente fazendo Lupin sorrir mais calmo. Com exceção da voz e do olhar amedrontador e fixo, Tonks era a perfeita imagem de Bellatrix Lestrange. O nariz fino, os cabelos negros e longos e até mesmo as marcas de cicatrizes que adquirira em Azkaban estavam estampados em suas feições, e fizera tal feitiço em suas roupas que imitara até mesmo o modo de se vestir da bruxa, trajando dessa vez um longo vestido de saias rodadas, de veludo preto, bastante justo e aparentemente incômodo para a jovem bruxa.
-- Vou sair. -- Dizendo isso, Tonks desembainhou sua varinha do bolso da saia do vestido, desenhou com ela um círculo na parede do túnel e ordenou: "Deletrius permanens", antes que Lupin pudesse gritar e protestar veementemente contra a idéia maluca da bruxa.
A grande roda de metal desapareceu silenciosamente e Tonks passou por ela sem grandes perigos. Esperou um ou dois segundos, relanceou um olhar sério para Lupin e disse, sem som, apenas com o movimento dos lábios: "Fique aí, não se arrisque", fazendo o bruxo sorrir, uma vez que ele ensaiara dizer isso para ela. A bruxa astuciosa afastou-se, e Remus permaneceu no túnel, pensando ainda por que cargas d'água permitira que a amiga saísse. Lupin ouvia atento a tentativa de conversa de Tonks, e a moça parecia realmente ter incorporado a personagem: gritava e mandava com voz muito dura, fazendo gestos bruscos que podiam ser parcialmente vistos de dentro do túnel improvisado.
-- E se você quer saber, a culpa não é minha, é daquele maníaco defeituoso. -- Grunhiu Sirius na mente do bruxo, indignado, algum tempo de silêncio depois.
-- Você concordou com ele. -- Argumentou Lupin.
-- Todos concordamos, éramos jovens e imbecis. Jamais deveríamos ter aceitado tudo isso, inventado essas bobageiras todas. A gente já tinha inventado até um mapa anti-Ranhoso! Nada seria mais inteligente do que aquilo, pode apostar. -- Riu Black.
-- E por causa disso, Harry está em perigo. -- Sofregou Remus.
-- Você pode evitar, basta entregar a carta. Mais dia, menos dia, ele vai saber, e talvez não por nós. Talvez... pelo outro lado. E eu não confio muito neles, sabe? De vez enquando dá a louca em algum deles e empurram você para um arco confuso espaço-temporal e sem saída.
-- Remus... -- uma voz muito fraca saída do nada sobressaltou o bruxo.
-- Tonks? -- Gritou Lupin, histérico momentaneamente, falando bem mais alto do que devia. A bruxa falara com ele, tinha certeza absoluta disso. Olhou ao redor, no túnel, e não enxergou nada, a escuridão parecia ainda mais imensa do que o natural. A voz da moça continuou a falar.
-- Você vai desaparecer, você vai pra Londres. Provavelmente vai acabar em algum rio, eu terei que mover o túnel junto. Só saia quando perceber que é seguro, não hesite, corra para a Ordem assim que possível. Eu consegui.
-- Tonks, o que você conseguiu? -- Perguntou Lupin, com urgência.
-- Eles. Segure-se.
E ainda compreendendo muito menos do que deveria, Remus viu-se balançando loucamente em um túnel de procedência duvidosa, e tentou se agarrar nas paredes odiavelmente lisas do duto, conseguindo apenas cair de modo horrível na outra base do cano, e rodopiar, e balançar, e girar até ficar seriamente enjoado.
O sacolejo parou poucos minutos depois, sendo substituído por uma não mais confortável sensação de estar boiando. Lupin colocou a cabeça para fora do cano e percebeu, com o queixo caído, que estava suavemente sendo levado pelas ondulações leves de um rio.
-- Bellatrix, você não vai patrulhar droga nenhuma? Porque, senão, a gente volta agora. -- Resmungou um Comensal da Morte bastante jovem, pelo jeito um novo afiliado. Tonks sentiu o sangue subir às bochechas, mas não hesitou em dizer, com a voz falsamente áspera:
-- Espere um momento, eu posso jurar que vi algum daqueles desgraçados malfeitos. -- Nem se reconhecia, xingando e insultando a si mesma com tanta violência, mas precisava disfarçar.
-- Ela está paranóica -- Sussurrou o Comensal para um outro, ao seu lado, e Tonks não pode deixar de conter um sorriso.
-- Não, eu não... ora, vamos logo, me ajudem a procurar os panacas. -- Precisava ganhar tempo, precisava desviá-los; não poderia cumprir seus planos se a verdadeira Bellatrix estivesse no quartel-general dos Comensais da Morte. Sim, ela iria se infiltrar no meio deles. Mas precisava se safar primeiro.
-- Eu não... -- Reclamou um dos Comensais, e Tonks pressentiu perigo no tom de voz do Comensal; fingiu, então, ter visto algum movimento e ordenou:
-- Ali, eu sei que vi, estupore depois do três! -- Tonks apontou para um lugar inventado, atrás de uma moita, contou até três muito alto e lançou o feitiço. Os outros dois homens, que também lançaram o feitiço, olharam para Tonks com uma expressão de dúvida. A metamorfomaga não pestanejou: foi até atrás da moita e, fingindo ser atacada por algum possível bruxo "panaca", se estuporou, não sem antes dar um grande grito desesperado, para chamar a atenção.
-- Cara, ela conseguiu ser estuporada por alguém enfeitiçado? -- Perguntou um dos Comensais, abismado.
-- Sei lá... vamos levá-la até o esconderijo. O Mestre não ia ficar feliz sabendo que a gente largou ela aqui.
-- Não iria? -- Respondeu o outro Comensal, com um tom irônico de sua voz. O outro riu.
-- Você ouviu a idiota: "Fui mandada por ordens expressas do Mestre, que teve certeza de que aconteceu alguma coisa por aqui" -- Imitou o Comensal, com uma voz afinada e irritante que fez o outro rir.
-- Tá, então, vamos. -- Resmungou um.
-- Vamos. -- O outro encarou a falsa Bellatrix com desprezo. Cada um da dupla de Comensais agarrou com violência um braço e uma perna da bruxa, deram um rodopio malfeito e, em questão de segundos, aparataram diretamente para o refúgio de Lord Voldemort.
Demorou, mas chegou! O quinto capítulo da fic, que era para ser mais longo, mas alguns detalhes acabaram ficando para o sexto capítulo, que promete! Mil desculpas pela demora - eu tive festas, segunda fase de vestibulares e mais um vestibular pela frente para pensar bastante na fic .___.' Vou tentar não deixar isso acontecer mais, e já estou tomando minhas providências - o sexto capítulo já foi iniciado, hoje mesmo ;D Espero que tenham gostado - uma pequena explicação sobre o Lupin já foi dada, mas ainda há MUUUUUITO o que explicar, como a carta, um pouco do passado e o bendito carinha, sem contar os dilemas da Tonks =P Meio desanimador, mas certamente promissor, vão dizer XD Eu fico realmente feliz pelo interesse de vocês, e juro que vou fazer o meu melhor para não dar mais mancadas e não ter que fazer todos vocês, como disse muito bem a Carol Schneider Lestrange, lerem a fic toda umas cinco vezes para não esquecerem até a chegada do próximo capítulo x__x"
Agradeço de coração ao pessoal que ainda não desistiu da minha fic ;D e que ainda não me mandou cartas-bomba ou antraz via correio por causa do atraso das postagens XD Brincadeirinha XD Não tenham idéias XDDD
Bjooos,
Mary Granger.
PS: No próximo capítulo, respondo TOOOODOS os comentários, desde o primeiro. Eu tenho que fazer isso, um dia o_O
Comentários (1)
Por favor, oste o resto, estou louca para ver no que vai dar.
2012-11-09