A Última Batalha



Harry ergueu Hermione com cuidado. Ela estava pálida, e Harry temia que ela se sentisse mal ou desmaiasse.


Tendo sempre um de seus braços enlaçado na cintura dela, Harry a conduziu com delicadeza para dentro do castelo, tendo uma atenção especial pela sua condição de saúde, uma vez que era ainda não estava completamente recuperada.

Apesar disso, Harry pensava, a reação de Hermione fora melhor do que previra.


Ele tinha medo que ela não conseguisse resistir. Que sua saúde fosse abalada. Mas parecia que ela resistiria. Ela era forte, isto este sabia. Mas isto?


Ele lembrava-se quando descobrira que seu fim terminaria sendo o assassino ou a vítima de Voldemort. Aquilo fora um choque... que Harry custou a recuperar. O que aconteceria se ele descobrisse que o famoso James Potter não fosse seu pai e que a querida Lily Potter não fosse sua mãe? E que, pior, muito pior, Voldemort fosse seu pai?


Seu mundo, ele tinha certeza, iria desabar.


Harry resolveu levar Hermione nos braços quando as escadarias começaram a cansá-la. Ela não replicou, pelo contrário, aconchegou-se nos seus braços, como se quisesse se proteger daquele mundo cruel.


Quando chegava ao corredor do quadro da mulher gorda, porém, Harry foi surpreendido pela figura fantasmagórica de Malfoy que levantou-se depressa do último degrau da escada quando viu Harry se aproximar.


- Harry! O que aconteceu com a Mione? – perguntou Malfoy se aproximando para acariciar os cabelos de Hermione que se afundava cada vez mais no peito de Harry.


- Ela não está bem, agora, Malfoy! – Harry levemente aborrecido. Apesar do ciúme que o corroia cada vez que via Malfoy, sabia que ele só estava preocupado com a mulher que convertera seu coração. – Vou levá-la para dentro! – disse, indicando para o quadro, com a certeza de que Malfoy sabia onde era a entrada da Grifinória. – Quer... quer vir junto? Acho que a sua presença pode ajudar! – Harry perguntou, não acreditando nas próprias palavras.


- Não! Acho que ela precisa de você, agora! – Malfoy disse, muito preocupado, o rosto marcado por uma expressão pálida.


Harry não esperou pelo arrependimento de Malfoy para entrar na sala comunal, que, àquela hora, estava vazia.


Hermione escapou dos braços de Harry e começaria a subir as escadas para dormitório feminino se Harry não agüentasse sua mão.


- Preciso ficar sozinha, agora, Harry! – Hermione falou. Ela estava bem aparentemente. Sua respiração estava normal, mas mesmo assim, Harry não queria deixá-la sozinha.


- Não acho que deva ficar sozinha, agora! – Harry exclamou, com um tom evidente de preocupação.


Hermione virou-se para ele e sorriu.

- Estarei bem... mas agora eu preciso pensar... e preciso estar sozinha para isto.


Harry deixou a mão de Hermione escapar enquanto a via subir escada acima.







Quando Harry acordou no outro dia, a maioria dos alunos já havia levantado. Harry vestiu-se rapidamente e desceu as escadas do seu dormitório esperando encontrar Hermione entre os alunos que se preparavam para descer.


- Gina! – disse ao encontrar com a amiga – Onde está Mione?


- Bom... acho que ela já desceu...


Harry não esperou duas vezes para descer da torre da Grifinória.

Quando chegou ao salão principal, a maioria dos alunos já estava bem alojada em seus lugares. Hermione brincava com uma torrada como se esta fosse uma colher no seu café. Quando ela o viu, ela treinou um meio sorriso e depois voltou a se concentrar na refeição. Do outro lado da sala, na quase deserta mesa da Sonserina, Malfoy olhava para Hermione com preocupação.


Rony, que estava sentado do lado de Hermione não notou que ela estava estranha e conversava animadamente sobre seu progresso nos feitiços de defesa contra as artes das trevas.


- Que bom, Rony, fico feliz por você! – Harry escutou Hermione dizer quando se aproximou deles. Mas, ao contrário do que Rony e Hermione pensaram, ele passou reto e subiu a bancada onde estava a mesa dos professores para ficar a frente de Dumbledore que o analisava através dos oclinhos de meia lua.


- Professor... eu montei um plano de defesa no caso de ... bom... no caso de Voldemort atacar o castelo.


- Que bom, Harry... que bom! – disse o professor, e depois disso desviou o olhar para Hermione e retornou para Harry. – E sobre o quadro de Helen...?


- Hermione está sabendo!


- Hum.... sei.... e como foi...?


- Acho que ela está bem, senhor... Acho que está forte para.... bom... o senhor sabe.


- Então quer expor o seu plano.... hoje?


- É o que estou pensando, senhor... não há tempo. Agora que Voldemort obteve sucesso no Ministério, eu acho que ele vai tentar em breve obter sucesso sobre Hogwarts...


- Sim, Harry... é o que penso também. Hoje a noite, então?


- Sim... os treinamentos continuarão... falta alguém ainda a chegar?


- Bom... o restante dos Weasleys com a mercadoria que você pediu... mas algumas pessoas que também disseram que nos ajudariam devem chegar também...


- Ótimo... eu espero que eles cheguem até a noite.


- Certo! – Dumbledore concordou...




Harry retornou a mesa, sentando-se ao lado de Hermione. A esta altura, o senhor Weasley que havia passado a noite na ala hospitalar, havia chegado também para o café da manhã. Ele estava um pouco abatido, mas parecia bem melhor do que na noite passada.


- Schakebolt ainda está mal, infelizmente! – Arthur Weasley falava – Ah! Alô, Harry! Tudo bom?


- Quando os gêmeos chegarão? – Harry perguntou, muito sério.


- À tarde! Mas Molly já chegou! Ela está no saguão de entrada conversando com Madame Bones.


- Mamãe está aqui? – Gina levantou-se animada e correu para fora.

A expressão de Rony também se iluminou, mas ele conteve-se quando viu a expressão de Harry.


- Tudo bem, Harry?


- Volte logo, Rony. Dumbledore vai fazer um aviso e quero que esteja aqui quando acontecer.


- Ta... – disse Rony, levantando-se e caminhando para fora.





Meia hora depois, Dumbledore levantou-se.


- Caros estudantes, amigos, dignos membros do Ministério da Magia! Como todos vocês devem estar sabendo neste momento, o Ministério da Magia foi destruído ontem. Os feridos foram trazidos para cá. O sr. Cornélius Fudge está na ala hospitalar com os demais membros que ainda necessitam de cuidados especiais, o que quer dizer que o Ministério não mais está na liderança da guerra contra Voldemort.


“Meus caros,”, continuou Dumbledore “é preciso estarmos preparados para um ataque que pode acontecer a qualquer minuto. Mesmo agora, podemos estar em perigo mortal. Mas, se sofremos uma derrota na noite passada, não quer dizer que vamos nos ceder. Harry Potter, o menino que sobreviveu, como todos sabem vai tomar a liderança desta guerra com um plano que, creio, será bem sucedido contra as artes das trevas. Mas para que tudo dê certo, quero que todos reconheçam seu comando, sua liderança, suas ordens e as obedeçam. A primeira ordem dada por Harry Potter foi a de que os treinamentos continuaram. Durante a manhã e durante a tarde, os treinamento serão rigidamente cobrados. E a noite, antes do jantar, quero que todos, sem nenhuma falta, reúna-se no saguão de entrada para que Harry possa explanar seu plano. Por agora, só o que podemos dizer, é: Se o pior acontecer, nos veremos num outro mundo que, creio, é tão mais incrível do que este.... ”.


Harry viu a voz de Dumbledore se perder enquanto falava e os olhos já cansados e velhos lacrimejaram.


Era a segunda vez que Harry via Dumbledore chorar em toda a sua vida. E ver a pessoa que mais emanava força e determinação chorar desanimado fazia um grande peso cair sobre as suas costas. “Não há mais o que fazer... começou....”, Harry pensou. E ele estava absolutamente certo!

Dumbledore conseguiu se refazer e recomeçou o discurso dizendo que a presença de todos era muito importante e que todos deveriam estar preparados.


Harry não conseguia escutar mais. Ele olhou para Hermione, e segurou em sua mão, pressionando-a levemente, para que ela olhasse para ele.


- O que foi, Harry? – ela perguntou fitando seus olhos verdes e os dois compartilharam um olhar de solidariedade.


- Esta noite – começou Harry – enquanto eu estiver falando sobre o plano, eu quero que você esteja do meu lado!


- Eu estarei, Harry, eu prometo!




A manha e a tarde passaram como um raio na opinião de Harry que tinha tanto o que fazer. Em determinado momento, quando ele soube da chegada dos gêmeos Weasleys, Harry deixou o comando dos treinamentos com Hermione e saiu do salão principal.


Jorge e Fred Weasley o esperavam no saguão de entrada, tendo por companhia somente a sua mãe e seu pai, uma vez que Harry não liberou Gina e Rony do treinamento.


- E aí, mano? – disse Fred, tirando os óculos escuros para fazer uma mesura a Harry.


- Tudo em cima, ministro júnior? – Jorge falou em seu habitual tom informal.


- Chegaram tarde! – Harry reclamou num tom formal que ele mesmo desconhecia – Trouxeram o que eu pedi?


- Claro, Harry! – os dois responderam em coro – Vai ser a maior festa que você já viu na sua vida!.


- ÓTIMO! Venham.... me acompanhem até a sala dos troféus... eu quero dizer o que eu quero que façam....





Quando eram sete horas em ponto, todo o saguão de entrada e isto incluía o enorme salão e as escadarias em volta, estava lotado de pessoas. Harry foi o último a chegar e se posicionou entre Hermione, Dumbledore, Draco e os Weasleys que estavam no primeiro andar de onde se tinha uma visão geral do lugar.


As pessoas sussurravam, mas não deixavam de olhar para o grupinho principal. Harry olhou para todos, com todo o seu plano correndo por sua mente quase sem controle.

Hermione olhou para ele e sussurrou no seu ouvido.

- Eles estão esperando por você, Harry – disse Hermione, o seu bom-senso confortava a Harry que estava nervosíssimo – Fale, e eles irão te escutar, lidere-os e eles te seguirão...

- Obrigado, Mione! – Harry falou baixinho para a amiga que deu um sorriso meigo.



Harry deu um passo a frente e começou a falar de modo que todos o ouviam:

- POVO MÁGICO!!! TODOS VOCÊS SABEM O QUE ACONTECERÁ.... VOLDEMORT NOS ATACARÁ... E SE NÃO CONSEGUIRMOS VENCER ESTA BATALHA...NINGUÉM MAIS NO MUNDO MÁGICO OU NO MUNDO DOS TROUXAS SERÁ CAPAZ DE SEGURÁ-LO. EM NOSSOS BRAÇOS RESIDE A RESPONSABILIDADE DE SALVAR O MUNDO. E NÓS O FAREMOS... SE TODOS NÓS AGIRMOS EM EQUIPE E UNIRMOS AS NOSSAS FORÇAS.

Harry fez uma pausa e olhou para Draco que estava um pouco atrás.

“DRACO MALFOY ESTAVA NO OUTRO TIME E HOJE, JOGA DO NOSSO LADO... DO LADO DO BEM” – Malfoy olhou surpreso para Harry. Hermione percebeu que Malfoy piscava os olhos lacrimejados – “E SE DRACO MALFOY ESTÁ CONOSCO ESTE É O PRIMEIRO INDÍCIO DE QUE HÁ ESPERANÇA. A UNIÃO É A ÚNICA FORMA DE VENCERMOS. E COMO VAMOS FAZER ISTO? ISTO EU LHES DIREI AGORA....



Harry falou durante uma hora explicando todos os detalhes de seu plano.

Quando acabou de falar, a maioria das pessoas encaminhou-se para o salão principal onde o jantar estava servido. Algumas pessoas, no entanto, ficaram para trás para obter mais detalhes do plano que Harry não se aborrecia em repetir.

Hermione estava apoiada no corrimão da escadaria, tentando se refazer do discurso de Harry. Pessoa por pessoa que passava a cumprimentavam como se lhe dessem condolências.

- FORÇA, Hermione! – disse uma menina da sonserina que nunca foi sequer amigável com Mione.

- VOCÊ VAI CONSEGUIR! – um outra pessoa falou da multidão.

- Hermione é forte, vai conseguir....

- Nossa, quem diria...

- É suicídio... – uma outra pessoa falava.

- Harry Potter é louco...

- Harry Potter é nosso líder... e se ele sobreviveu uma vez... sobreviverá de novo...





Enquanto ouvia o murmúrio das pessoas que passavam, Hermione sentiu a pressão de uma mão sobre seu ombro.

- Draco? – Mione disse, ao se virar.

- Eu... não sabia! Eu juro!

- Tudo bem – Hermione disse sorrindo.

- No fim, Harry é muito mais digno do que eu jamais pensei que ele pudesse ser.

Hermione fez que sim com a cabeça, não sabia que poderia falar.

- E... bom... ele deu mais valor para mim do que minha família jamais fez...

De novo, Hermione balançou a cabeça, tentando desesperadamente controlar as lágrimas.

- E tudo o que ele falou pode ser bobagem, mas existe uma coisa que é a mais certa do mundo.

- É? E o que é? – Hermione perguntou, surpresa com as próprias palavras.

- Que você é a bruxa mais poderosa deste mundo!






Harry foi guiado por Dumbledore, Draco e os Weasleys para dentro do salão principal.

Quando chegou lá, no entanto, percebeu que Hermione não estava.

- Draco? – Harry perguntou, pois vira Hermione conversando com Draco enquanto ainda discursava com as algumas pessoas – Onde está Hermione?

- Ela disse que não estava com fome e subiu.

- Hum.... obrigado.

Harry virou-se e subiu rapidamente para a torre da grifinória.

Mesmo antes de cruzar o quadro da mulher gorda, Harry escutou uma vozinha de dentro da sala comunal dizer:

- Casa dos Granger.

Harry apressou-se para passar pelo buraco da Grifinória e entrar na sala comunal. No entanto, quando pisou os pés na sala, a última coisa que viu foi os cabelos de Hermione sumindo em labaredas esverdejantes no meio da lareira.

- Hermione! – Harry gritou, mas já era tarde: Hermione já havia sumido. – Droga!

Harry sabia aonde Hermione estava indo e sabia que era um grande risco. Harry subiu as escadas para o seu dormitório de dois em dois degraus.

Procurou feito louco no seu malão um pequeno recipiente.

Desceu mais rápido do que subira e retirou a tampa do recipiente onde havia uma etiqueta: Pó de Flu e repetiu o Hermione dissera:

- CASA DOS GRANGER! – disse Harry atirando o pó dentro da lareira e avançando sobre as chamas.

Harry saiu do outro lado da lareira numa sala muito aconchegante.

- Hermione? - perguntou quando viu que o aposento estava deserto.

Ninguém respondeu.

- Mione, por favor? – Harry perguntou em voz alta, mas ninguém respondeu.

Harry tentou cruzar a casa, mas como estava muito escuro, esbarrou em alguns móveis até encontrar a escada para o próximo andar.

Ele começou a subir, degrau por degrau, tranqüilamente, mas quando escutou um pequeno gemido, Harry sacou a varinha, segurando-a firmemente.

- Hermione? – Harry perguntou de novo, já imaginando que não obteria resposta.

Harry alcançou o segundo andar e seguiu por um corredor, abrindo a primeira porta que encontrou.

- Lumus! – Harry encantou a varinha para clarear o quarto.

Era um quarto de menina claramente: a cama, as cortinas e os móveis tinham tons de rosa claro e era milimetricamente organizado.

Harry divisou sobre a cômoda um retrado. Nele, a sua figura e a de Hermione apareciam sorrindo um para o outro. Ele desejou muito poder viver naquele retrato, onde tudo parecia estar feliz e tranqüilo.

Ainda investigando o quarto, Harry descobriu um canto muito mais parecido com o que conhecia de Hermione. Poções, calderões, pergaminhos e livros sujos, negros e empoeirados formavam um contraste absurdo com o restante do quarto.

Sobre alguns livros empilhados estava um pergaminho, escrito com a caligrafia caprichada de Hermione.

Nele, estava escrito:



“O que foste na vida

A última esperança

Encontrar-te me fez criança

Por que já eras meu sem eu saber, sequer.

Por és o meu homem e eu tua mulher

Por que tu me enxergaste

Sem me dizer que vinhas

E tuas mãos foram minhas com calma

Por que foste em minha alma

Como um amanhecer

Por que foste o que tinha de ser.....”.



Harry escutou um novo gemido e virou-se assustado.

- Hermione? – gritou a espera de qualquer indício da amiga.

- Harry? – escutou a vozinha chorosa de Hermione.

Harry saiu correndo a procura daquela voz que o guiava. Hermione? Minha mione?, ele pensava enquanto alcançava o corredor.

Só havia mais um quarto naquele corredor.

Ele abriu a porta e iluminou o quarto.

Hermione estava no chão, encolhida como se estivesse desmaiada.

- Mione? – Harry disse, ajoelhando-se e segurando a cabeça de Hermione com a mão.

- Harry? – Hermione perguntou, abrindo os olhos devagarzinho para contemplar o amigo. – Eu estou bem! – ela disse, tentando convencer a si mesma. – Eu queria ficar perto dos meu pais...

- Seus pais estão...

- Eu sei, Harry, eu sei e não estou louca ou coisa parecida. Eu só queria ficar quietinha perto de onde eles estiveram. Eles foram a minha vida até agora, e saber que Voldemort é...

Ah Deus... eu preciso tanto do apoio deles agora!

Hermione apontou para o retrato imóvel sobre a mesinha de cabeceira, ao lado da ernome cama.

- Eu não pensei que a sua casa pudesse ser acessada através da rede do Flu.

- Eu mandei conectar a rede assim que meus pais morreram. Ah, Harry, eu estarei bem.... deixe-me só... eu preciso ficar só....

- Não! – Harry disse, numa tom que dizia que ele não queria ser desobedecido. Harry levantou Hermione nos braços e a depositou com carinho sobre a cama, cobrindo-a com um confortável edredom.

- Harry... por favor...

- Não! – Harry disse novamente e entrou nas cobertas, puxando Hermione para bem perto do si. – Você precisa do meu apoio. E eu estarei aqui do seu lado, durante a noite inteira. Eu não vou fazer nada, eu prometo. Eu não faria nenhuma canalhice neste momento.

- Oh, Harry – Hermione disse, deixando-se sobre o braço de Harry que a envolvia. – Eu não me importaria se você fizesse esta canalhice agora ...

- Não! – Harry puxou acariciou os cabelos de Hermione. – Eu sou seu amigo antes de qualquer coisa, Mione. Chore! Você precisa chorar... e eu preciso estar aqui para lhe dar todo o apoio que quiser...

Por mais que Hermione quisesse controlar as lágrimas, os olhos verdes e penetrantes de Harry sobre os seus, a faziam desmoronar contra a dor que sentia no peito.

Eles se abraçaram e ficaram juntinhos de modo que o calor de um passasse para o outro, descongelando todas as magoas que ainda resistiam em ambos e fazendo a energia transpassar seus corpos e unir às suas almas.

O último conforto antes da desgraça final!









Hermione acordou durante a noite. Ela estava nos braços de Harry que ainda dormia tranqüilamente. Ela voltaria a dormir no aconchego da proteção de Harry, mas havia alguma coisa errada. Um vento! Um vento, uma brisa fria, gelada passou pelo quarto e varreu seu rosto. E um pressentimento cruzou sua alma, aturdindo-a.

- Harry! Harry! Acorde!

Harry acordou assustado, sacando a varinha.

- O que aconteceu? – Harry perguntou olhando para todos os lados, esperando ver alguma coisa.

- Precisamos voltar ao castelo, Harry! Começou, Harry, Começou!





Quando Harry e Hermione cruzaram a lareira para a sala comunal da Grifinória. Os alunos que estavam ali olharam espantados para eles.

- Harry, Mione! – escutaram Gina que abria caminho entre os alunos – Os dementadores estão atacando... veja!

Harry correu para a janela, lá fora... mesmo na escuridão da noite, Harry podia ver uma nuvem negra se levantando no horizonte.

O professor Snape, o professor Flitwick e o professor Dumbledore conjuravam patronos poderosos, mas conforme a nuvem negra ficavam mais densa menos tempo duravam os feitiços de defesa.

- Gina, Corra, avise Hagrid para fechar o castelo. Precisamos de tempo agora!

Gina e um bando de alunos saíram desabalados sala comunal a fora.

Os outros alunos corriam de um lado para outro, tentando vestir suas roupas e verificando suas varinhas.

- PREPAREM-SE E DESÇAM LOGO!

Harry gritou para que os alunos se preparassem logo.

- Hermione! Vá ver se ainda tem alguém no dormitório feminino.... eu vou ver no dormitório masculino.

- Ta! – Hermione concordou e subiu as escadas. No entanto, ao invés de subir as escadas para o dormitório masculino, Harry virou-se e saiu para fora da sala comunal.

Quando alcançou as escadarias, Draco vinha correndo apavorado!

- Ah, Harry! Que bom que já está aqui! Eu vim avisar que os dementadores estão atacando!

- Eu já sei, Malfoy! – Harry disse, cortando o amigo – Mas eu quero que faça uma coisa para mim agora.

- O que é? – Draco perguntou, confuso.

Harry enfiou as mãos nos bolsos e tirou o mapa do maroto que tirara do malão enquanto procurava o pó de flu.

- Tem uma passagem secreta para fora de Hogwarts que cai bem embaixo da Dedos de Mel. – Harry explicou mostrando no mapa. Draco estava de queixo caído ao saber que Harry possuía aquele mapa. “Então foi assim?” Draco pensava, sem entender bem o que Harry queria. – Eu confio em você, Malfoy!

- Obrigado, Harry, mas...

- A Hermione logo estará aqui fora. Eu não me importo com o que você tiver de fazer. Apenas tire ela daqui, está bem? Tire, Hermione daqui e fuja, mas não deixe que nada de mal aconteceça a ela, sim, promete, Malfoy?

- Eu... eu.... bom... eu prometo, Harry... mas... e sobre o plano... sobre a parte em que Hermione....

- O plano nunca funcionaria de qualquer jeito. – Harry sentenciou. Harry sabia perfeitamente que poderia funcionar, mas ao ver o perigo iminente diante de si, Harry não tinha a coragem de arriscar a vida da mulher que amava, sim ele a amava! De um modo que não conseguia controlar.

- EU A AMO! – Harry confessou. – EU AMO HERMIONE MAIS DO QUE QUALQUER COISA NESTA VIDA. E NÃO POSSO DEIXAR QUE ELA MORRA!

- Está bem, Harry! – Malfoy disse, parecendo decepcionado. – Eu vou cuidar dela.

- Ótimo! Bom.... talvez nos vejamos um dia! – disse Harry, virando para descer a escada.

Harry não sabia porque, mas sentia que era a última vez que falava com Malfoy. Uma dor de ressentimento surgiu em seu coração. No fim... Malfoy provara ser mais forte do que ele! E ser merecedor do amor de Hermione!





Harry desceu as escadas e alcançou o saguão de entrada.

A pesada porta de entrada principal no castelo estava fechada, mas retumbava sobre a força de quase mil dementadores que faziam tudo para entrar.

Dumbledore jazia inconsciente no chão, ao lado de Snape que tentava trazer-lhe a vida. Hagrid, perto da porta, segurava firmentente sua sombrinha na mão.

- PREPAREM-SE! – gritou Harry fortemente, enquanto as centenas de pessoas se retesavam em posições de ataque.

Harry tentou não olhar para Dumbledore.

A porta retumbou novamente. Os travadores nas costas da porta começavam a rachar e não resistiriam muito. Estava muito perto agora. Era o fim, iria acontecer... não havia como retornar.

- Onde está Hermione? – Algumas pessoas se perguntavam.

- Harry! – Gina gritou de um outro ponto no meio da multidão desesperada a espera pelo pior. – ONDE ESTÁ HERMIONE?

- HERMIONE NÃO VIRÁ! – Harry gritou para que todos ouvissem – O PLANO MUDOU! QUANDO ESTA PORTA SE ABRIR, NÓS VAMOS ATACAR COM TUDO QUE NÓS TIVERMOS.

As pessoas se olharam confusas. Era a pior coisa que poderia fazer. Mudar o plano a uma hora dessas estava deixando todos com medo. Eles perderiam. Harry sabia disso. E estava pronto. Ele sacrificou a vida de todas aquelas pessoas pela vida de Hermione.

“Eu não me importo!”, Harry pensou. “Ela viverá, Hermione viverá! É só o que me importa agora”.





Hermione foi a última a sair da sala comunal. Ela estava desesperada para chegar a tempo no saguão de entrada. Sabia que a sua presença ali era urgente, mas quando quis tomar fôlego para correr, um braço a agarrou.

- Malfoy! Que susto! – ela disse. Malfoy tinha um estranho brilho em seu olhar. – Vamos, Draco, nós temos que ir.

Draco a puxou com violência para outro lado.

- Draco! Draco! – Hermione reclamou. – O que está fazendo? Eu preciso ir.

- Não! Harry me deu ordens para tirar você daqui! Ordens que eu pretendo seguir – Draco disse, puxando Hermione com ele.

- Não! Ele não faria isso! – Hermione reclamou, mas viu no olhar de Draco que ele falava a verdade. – Me solte, Draco, Me solte, agora!

- Eu não vou soltar... preciso tirar você daqui!

Draco a puxava cada vez mais para longe de onde ela deveria estar. Ela lutava contra ele, mas ele era incrivelmente mais forte do que ela.

- Está bem, então! – Hermione disse com calma, parecendo que ia desistir, mas quando Draco virou-se, Mione concentrou seus olhos nos olhos do garoto – LEGITIMENS!

Malfoy dobrou-se e caiu no chão, ambas as mãos na cabeça, gritando de dor.

- Você pediu por isso! – disse Hermione, sem nenhum senso de humor.

Hermione correu escadas abaixo sem acreditar naquela última traição de Harry. Fosse o que fosse, era tarde demais para ele. Se ele pensava que poderia tira-la da jogada, ele estava enganado.






O saguão de entrada oferecia a pior visão que alguém podia ter. E se um trouxa entrasse ali naquele momento, diria que era o fim do mundo: centenas de Dementadores sobrevoavam o local e entre as pessoas que sucumbiam desesperadas com suas próprias tristezas. E para aqueles que tentavam resistir, havia os comensais da morte que atacavam ferozmente. Pessoas caiam mortas ao chão, raios disparavam a qualquer parte destruindo não só pessoas, mas muitos dos móveis que havia e parte das paredes.

No meio da multidão havia Harry, duelando contra Voldemort. O garoto havia conjurado um escudo que perdia as forças diante do poder do Lord das Trevas.

Com uma última rajada de seu feitiço, Voldemort desintegrou completamente o escudo de Harry e jogou o garoto a alguns metros de distância.

- É o fim para você, HARRY POTTER! – disse o LORD DAS TREVAS, com aquela voz rouca e sibilante, como uma serpente prestes a dar o bote.

Voldemort ergueu a varinha diante dos olhos de Harry. Harry sabia que era o fim!

- AVADA QUEDAV....

- PAPAI, NÃO! – Hermione surgiu no alto da escada!

Tanto Voldemort quanto Harry olharam para ela. Mesmo as outras pessoas pararam de duelar para olhar para ela. Ela se endireitou.

- EU MESMO QUERO MATÁ-LO! – respondeu Hermione, surpreendendo a todos.

Ela começou a descer a escada lentamente. Agora, mesmo os dementadores que sobrevoavam agitados fizeram uma compassada mais lenta, como que acompanhando os passos da garota.

Hermione emanava uma autoridade, que mesmo Harry desconhecia. Ela, agora, lembrava Voldemort como nunca: os olhos dilatados fixos nele.

- UM TRAIDOR MERECE MORRER! – berrou Hermione e apontou a varinha para Harry, ameaçando-o.

- ENTÃO, VOCÊ SABE? – Voldemort disse, olhando para ela – VOCÊ SABE QUE EU SOU SEU PAI?

- EU SEI! DE CERTA FORMA EU SEMPRE SOUBE, MAS DUMBLEDORE E HARRY POTTER CONSPIRARAM CONTRA MIM, CONSPIRARAM PARA QUE EU NÃO SOUBESSE E AGORA, HARRY ME FEZ A ULTIMA TRAICAO... ELE ME AFASTOU DESTA BATALHA SABENDO QUE EU QUERIA MAIS DO NUNCA ESTAR AQUI.... ESTAR PERTO DO MEU PAI!!!! MEU PAI!

Voldemort deu uma gargalhada que ecoou por todo o castelo.

Hermione sentiu uma forte pressão em sua mente. Sabia que Voldemort a estava tentando legitimentá-la. Ela conseguiu segurá-lo em sua mente, prendendo-o nos seus mais profundos sentimentos.

Harry não podia acreditar no que estava acontecendo. Hermione se aproximava cada vez mais e mais. Mas ele olhou em seus olhos e viu: ela estava fingindo. Um fingimento que ele, Harry Potter e somente ele poderia ver. Pois ele a conhecia melhor do que ninguém. E quando seus olhares se cruzaram, Harry pode escutar nitidamente em sua mente: “Agora, Harry, chegou a hora!”.

Hermione virou-se rapidamente para Voldemort que foi pego de surpresa: - LEGITIMENS!

Hermione sentiu que invadia a mente de Voldemort ao mesmo tempo que ele caia de joelhos com fortes dores na cabeça. Não era o mesmo que legitimentar Malfoy. Ela também sentia dores e tentava resistir. Sabia que ele estava tentando contraataca-la.

Harry não hesitou e levantou-se de um pulo.

- ARMADA! PREPAREM-SE.... PRIMEIRA LINHA: AGORA!

Rapidamente, uma linha se formou somente com alunos da Corvinal.

- EXPECTO PATRONUM! – O coral da Corvinal entoou junto para conjurar patronos, enquanto Hermione lutava mentalmente com Voldemort, mantendo-o como seu prisioneiro.

Se apenas um patrono já seria o suficiente para espantar os dementadores, quinhentos alunos conjurando patronos fizeram com que os dementadores tentassem escapar, encurralados contra a parede.

- ARMADA! PREPAREM-SE... SEGUNDA LINHA: AGORA!

Agora foi a vez dos lufa-lufa. Uma clarão forte alcançou todos os limites do saguão. Pouco a pouco os dementadores começaram a se dissolver. A claridade era tão forte, que mesmo os comensais estavam confusos.

Harry olhou para Hermione que agora fraquejava. Suas pernas tremiam, embora ela ainda olhasse fixamente para Voldemort.

Harry sabia que ela logo sucumbiria. Ele precisava ser rápido.

- WEASLEYS! AGORA! – Harry gritou.

FRED E JORGE WEASLEY do outro lado da multidão fizeram uma bomba explodir com milhões e milhões de fogos filibusteiros que recocheteavam na parede, assustando os comensais que foram pegos de surpresa.

Voldemort tremia, mas conseguiu se libertar do feitiço de Hermione.

- SUA! SUA.... SANGUE-RUIM! ACHOU QUE PODERIA ME VENCER! VOCÊ É PARTE DO MEU SANGUE... MAS DEVE TER HERDADO O SANGUE RUIM DA SUA MÃE VAGABUNDA! VAI TER O QUE MERECE... CRUCIOS!

Harry sentiu nele mesmo, quando o feitiço atingiu Hermione em cheio e ela começou a se contorcer de dor. Mas ele não podia parar! Não agora, faltava o último comando... o comando que havia planejado.

- ARMADA... PREPAREM-SE ! TERCEIRA LINHA! AGORA!

Os alunos da Lufa-luta, bem como os da Corvinal se afastaram para dar espaço aos Grifinórios e Sonserinos que tomavam a primeira linha. Enquanto isso os Weasleys começaram a jogar a mais nova invenção: uma névoa que criava protuberância na face bem em cima dos comensais.

Os grifinórios começaram a atacar fortemente com feitiços pesados de ataque, enquanto os detrás (Lufa-lufa e Corvinal) faziam feitiços de defesa, criando um escudo muito forte sobre os guerreiros.

Harry correu para ajudar Hermione, mas um raio o atingiu jogando-o para trás.

- Agora é minha vez, Potter! – Lucio Malfoy atacou-o com um sorriso maldoso no rosto.

Tudo o que Harry menos queria no momento é alguém para atrasá-lo enquanto tentava chegar em Hermione. Olhando para Voldemort, Harry viu que ele tentava um bote contra a garota que resistia a maldição que Voldemort invocava.

- Deixe comigo, Harry! – Harry escutou Draco Malfoy atrás de si.

Lucio fez uma careta, surpreso com a presença do filho.

- UHM! PARECE QUE HOJE É O DIA DAS TRAIÇÕES FILIAIS! – Malfoy disse apontando Voldemort com a cabeça.

Draco olhou para Hermione preocupado. Estava claro que ele queria fazer alguma coisa por ela, mas sabia que o melhor era deixar Harry fazer.

Harry deixou os Malfoys para trás para correr em direção a Voldemort. Quando estava muito perto, Voldemort apontou a varinha para ele e gritou: FIO VITAE!

Um raio amarelo veio na direção de Harry. Harry sabia que o atingiria, mas quando a maldição iria lhe tocar, Hermione se jogou a sua frente. A choque do feitiço foi tão forte que jogou Hermione e Harry há muitos metros para trás.

Harry se sentia todo dolorido, mas levantou-se rapidamente para ver o que havia acontecido com Hermione que recebera todo o impacto. Ela estava de bruços.

Harry a levantou e se assustou com o que viu.

Um corte veio na testa, escorria o sangue por seu rosto, mas o pior era o abdômem. Ali, havia uma ferida que jorrava sangue.

Harry apertou a ferida, tentando fazer o sangue estancar, mas Hermione gritou de dor.

Ele tirou a camisa e colocou sobre o ferimento.

- Meu Deus, meu Deus, por favor... você não pode morrer. POR FAVOR! ALGUÉM ME AJUDE! ALGUÉM ME AJUDE, POR FAVOR! – Harry não conseguiu mais sustentar as lágrimas, enquanto via Hermione gemer de dor e escutava VOLDEMORT gargalhando.

- Harry.... meu amor.... – Hermione balbuciava... o sangue escorrendo de seus lábios.

Harry segurou Hermione nos braços, trazendo-o para mais perto de si.

- Não fale! Não fale mais, você precisa descansar...

- Harry... meu amor.... você sabia que era isto o que iria acontecer... você sabia.... este era o meu destino... um destino que eu cumpri... meu amor... agora é a sua vez... a sua vez...

- HERMIONE, NÃO!

- Eu amo você... sempre amei... e sempre amarei... e haja o que houver... eu serei sua... para todo o sempre....

Hermione desfaleceu em seus braços, escorregando para o chão os braços sem vida.

- NAÕ!!!!!! – aquele grito de dor explodiu no peito de Harry, ecoando por todo o castelo.

- ELA TEVE O QUE MERECEU! – Voldemort gargalhava - ACHOU QUE PODERIA ME SUBESTIMAR, ELA É UMA TOLA, SANGUE-RUIM, ASSIM COMO A MÃE.

Harry a abraça fortemente, querendo postergar a vida em seus braços, enquanto não conseguia controlar as lágrimas que se misturavam aos cabelos de Hermione.

- O BEBEZINHO POTTER ESTÁ CHORANDO PORQUE PERDEU A AMIGUINHA! ÓH! QUE PENINHA! MAS SAIBA QUE ESTOU RESERVANDO O PIOR PARA VOCÊ, POTTER... VOCÊ VAI GRITAR COMO A SUA MÃEZINHA GRITOU. – Voldemort se aproximava, com aquele ar zombeteiro - EU TINHA GRANDES PLANOS PARA A GRANGER... ELA SERIA O MEU BRAÇO DIREITO ASSIM COMO BELA O FOI. E AGORA VOCÊ DESTRUI TUDO. VOCÊ ME FEZ MATAR A CARNE DA MINHA CARNE.

Ele contemplava o rosto de Hermione, chamando por ela, rezando para ela. Ela não respondia. Harry não queria acreditar, mas era verdade. Não havia mais o que fazer... ela estava....

Harry deitou Hermione com carinho no chão. Em seu coração, uma mistura de dor e ódio o consumia, crescendo cada vez mais.

Seus ouvidos agora se concentravam em Voldemort que agora estava muito perto, esperando a qualquer momento que ele o atacasse.

- AGORA É A SUA VEZ, POTTER!





Continua....









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