Laços de Amor
Harry continuou olhando embasbacado para o diretor. Este último por sua vez sustentava um olhar já abatido, cansado. Rony pouco entendia o que estava acontecendo, mas a última frase pronunciada por Dumbledore, impactou bastante na sua expressão. Os olhos de Rony, muito azuis, começaram a encher-se de água.
- O senhor acha mesmo que Hermione está... – Rony começou a falar.
- Não! Ela não está morta! – Harry afirmou com toda a sua convicção. – Ela está viva.
- Harry, se você está dizendo então acredito que possa ser verdade.
- Então... porque o senhor disse antes que acreditava que ela estivesse morta? – Harry perguntou, sentindo o sangue ferver dentro de si.
Dumbledore levou alguns segundos para responder. O velho aproximou-se muito de onde os meninos estavam sentados e levou a mão até o peito de Harry, para o lugar onde estava seu coração. Depois levantou a mão e, tirando alguns fios de cabelo, encostou na cicatriz em sua testa.
- Harry. Você bem sabe que esta cicatriz criou um laço muito forte entre você e Voldemort. Um laço que lhe conferiu algumas habilidades que você mesmo já notou. Um laço que provou ser uma benção e uma maldição. Você e Voldemort compartilharam alguns pensamentos, e o Lord das Trevas usou você para apanhar a profecia. Voldemort ainda não sabe o que diz na profecia, mas sabe que não pode subjugá-lo sem estar certo de seus poderes. Mas há ainda um laço mais forte do que qualquer coisa. Um laço que só pode ser criado com o amor verdadeiro. Você sabe a força que este laço tem, pois sua mãe, ao morrer por você, criou uma ligação tão forte com você que o tem protegido durante toda a sua vida.
O diretor parou de falar por uns segundos. Olhou em volta, os olhinhos miúdos pareciam querem absorver as palavras certas.
- Então você veio a Hogwarts e conheceu Rony e Hermione e tornaram-se bons amigos. Vocês passaram por muitas coisas juntos, Harry e criaram um laço de amizade verdadeira. No ano passado, quando Hermione foi atacada, ela, na verdade, deu a vida por você, porque o amor dela por você é verdadeiro, Harry. Quando você teve medo de a perder no passado, seu coração se abriu para o amor que ela estava te oferecendo. Isto criou um laço entre vocês dois, muito mais forte do que o laço entre você e Voldemort e o laço entre Voldemort e ela, uma vez que aquele feitiço que a azarou no ano passado serviu para isto.
- Então, Hermione e eu podemos nos comunicar? Compartilhar pensamentos? – perguntou Harry esperançoso.
- Creio que sim. Tenho certeza que sim. Por isso fiquei muito preocupado quando você disse que não conseguiu sentir mais nada depois de sentir uma dor muito grande.
Era verdade! Harry não sentira mais nada. E se Hermione tivesse realmente morrido? Ele jamais se perdoaria! Mas, apesar de tudo, Harry tinha no fundo do peito uma sensação de que ainda veria Hermione uma vez mais. Ela esta viva! Está viva!, disse para si mesmo tentando convencer-se.
- Só estou lhe dizendo isto, Harry – continuou o professor Dumbledore – porque, se existe uma pessoa no mundo que pode descobrir o paradeiro de Hermione neste momento, este alguém é você. Você treinou Oclumencia desde as férias e conseguiu bloquear a invasão de Voldemort, Harry. Chegou o momento agora de abrir a mente para escrutar os pensamentos de Hermione. Não cometa o erro de sair a procura de Hermione imprudentemente. Siga os exemplos que ela mesma preconizou.
Harry e Rony saíram da sala de Dumbledore com um peso incrível nas costas. Por mais que os conselhos do diretor tivessem lhe dado um luz, a verdade era, por demais, aterradora. Tentava sentir alguma coisa mas não conseguia, mas estava tão concentrado que nem escutou os apelos de Rony ao seu lado.
- HARRY! ESTÁ ME OUVINDO? – Rony gritou, finalmente tirando Harry de seus devaneios.
- O que é, Rony? – Harry perguntou, irritado.
Rony abaixou a cabeça, parecia muito aborrecido.
- Fala, o que é Rony – indagou Harry novamente num tom mais ameno.
- E se ela estiver morta, Harry. Eu a acusei injustamente. Nós a tratamos mal, nós a ignoramos. Ela foi se juntar àquele fuinha do Malfoy por nossa culpa!
- Malfoy! – Harry pensou. – Ela estava conversando muito com Malfoy, ultimamente. Talvez ele saiba alguma coisa. Vamos até as masmorras.
- Harry, espere eu queria dizer...
Mas Harry não esperou e começou a descer as escadarias correndo. Rony, desolado, e derrotado, apressou os passos para alcançar o amigo.
Harry e Rony começaram a circular os corredores das masmorras sem ver ninguém. Já tinham estado uma vez na sala comunal da Sonserina, mas não podiam fazer isto novamente, teriam que esperar até Malfoy aparecer. Mas isto não demorou muito a acontecer. Logo, Malfoy, junto com um grupo de sonserinos surgiu na esquina de um corredor.
- O QUE É QUE O SANTO POTTER E O RONYQUINHO ESTÃO FAZENDO AQUI? – Perguntou Malfoy num tom ameaçador.
- Queremos falar com você em particular, Malfoy!
- AÉ? E VOCÊS ACHAM QUE EU SOU IDIOTA!
- Não vamos fazer nada com você, seu tolo. Precisamos conversar sobre a Granger.
Malfoy mudou de comportamento automaticamente, apesar de muitos dos seus companheiros ainda fazerem expressões gozadas.
- Esperem aqui. – falou para o resto da sua turma e acompanhou Harry e Rony até uma sala abandonada ali perto.
- O que querem comigo? – perguntou Draco, nervoso, fechando a porta da sala.
- Você estava muito em contato com ela, ultimamente. Queremos saber se você sabe onde ela está.
- Não sei onde está aquela sangue-ruim.
- SEU IDIOTA! – disse Rony avançando sobre Malfoy, mas foi impedido por Harry.
- Espere, Rony. – Harry falou segurando o robe do amigo. – Draco. Eu estou apelando, diga-me onde Hermione está.
- Não sei, já disse! – Malfoy afirmou irritado e virou-se para abrir a porta, mas quando tocou a maçaneta, ficou paralisado.
- Eu nunca pensei que chegaria a gostar de uma sangue-ruim – Malfoy começou a falar, sinceramente. Depois virou-se para encarar Harry – Eu nunca pensei que um dia gostaria da pessoa a quem mais odiava dentre vocês. Eu nunca gostei de você, Potter, mas não o odiava. Mas eu odiava a Granger. Ela era tudo o que meu pai queria que eu fosse. Por isso quando minha mãe pediu para colaborar num plano eu colaborei. Eu teria que conquistá-la. Fazê-la confiar em mim. Salvá-la quando minha mãe matou os Granger era parte deste plano.
- O que? – perguntou Harry boquiaberto com a revelação de Draco.
- Sim. Foi tudo um plano. Nunca gostei da Granger, mas fingi que gostava para conquistá-la.
- Se não gostava dela, então porque está me revelando isto.
- Só hoje descobri o quanto eu a amo. Só hoje, quando a entreguei nos braços do Voldemort.
- Então ela está viva. Vocês poderiam tê-la assassinado antes, quando invadiram a casa dos pais dela nas férias, mas não o fizeram porque tinham outros planos para ela, não é. Ela está viva, não está? – Harry, desesperado, aproximou-se de Malfoy e começou a sacudi-lo com violência – Onde está ela, Draco? Diga. Onde está ela? Onde?
- Este é o plano, Harry! – Draco revelou sem se abalar com a truculência de Harry. – O plano é levar você até Voldemort. Mas se eu fizer isto, então ela morrerá. Enquanto você não for ao encontro de Voldemort, ele a conservará viva!
Comentários (1)
OMG!
2013-10-05