Reencontro



Rony deixou que a água escorresse por suas costas largas e... doloridas. Por trás do vidro embaçado , podia divisar o contorno dos companheiros de time. Todos estavam mesmo muito preocupados. Rony apalpou o abdômen, sentindo uma dor agoniante se espalhar por aquela região.
-- Você está bem? Perguntou W. Robinson, o famoso artilheiro do Chudley Cannons.
-- Estou. Sussurrou Rony, envolvendo o corpo com uma toalha antes de sair do banheiro.
No momento em que encarou os colegas do time, viu seu próprio rosto espelhado nas feições preocupadas. Rony não estava nada bem. Atingido por um balaço durante um treino, caiu de uma distância de quase quinze metros, tendo seus reflexos completamente comprometidos. Não defendia nada há três partidas consecutivas, ficando no banco enquanto se recuperava. Isso era humilhante demais. Ora, não seria uma dorzinha à toa que o impediria de jogar... mas ao que tudo indicava, a dorzinha à toa tinha lá seus efeitos.
-- Acha que consegue jogar cara? Perguntou Telly, a bonita batedora do time. Ela estava preocupada com Rony. Ele não dormia, tinha dores musculares muito fortes, e se recusava a ir ao médico, além do estresse que a temporada causava em todos os jogadores. Mas ela conhecia Rony bem o suficiente para afirmar que ele estava acabado.
-- Claro que consigo. Respondeu o ruivo, vestindo o uniforme de goleiro com esforço.
Todos olharam para ele, receosos. Ninguém queria dar a palavra final.
-- O que foi? Eu estou bem! Ele disse, raivoso. -- Vamos jogar essa porcaria de partida...
-- Não. Respondeu uma voz grossa e autoritária.
Rony se virou, sentindo a cabeça oscilar feito um pêndulo. Seus olhos desfocados encararam o técnico Frank. O homem maciço de vozeirão poderoso causava medo em qualquer um. Ele vinha, trajando seu uniforme gasto de sempre, com a barba azulando o queixo e uma prancheta nas mãos grossas como salame.
-- Estamos no Canadá Weasley. Disse Frank, salpicando o rosto pálido de Rony com gotas de saliva. -- No campeonato. Ficamos agradecidos por sua contribuição, mas nem eu nem o sr. Smith achamos que o senhor esteja preparado para jogar.
-- O que?
Rony não podia acreditar. Tinha batalhado tanto por aquilo... era seu sonho desde que era um garotinho. Saíra de Londres há um ano, desde que a guerra terminara, para seguir seu sonho e agora o via se estilhaçar nas palavras daquele homem prepotente.
-- Volte para Londres Weasley, descanse um pouco. Tire umas férias a longo prazo. Quem sabe você possa voltar a jogar...
-- Eu estou sendo despedido? Perguntou ele, sem acreditar.
-- O senhor está sendo somente afastado, se preferir assim. Quando voltar à forma, pode nos contatar... suas malas estão no hotel. Esperamos que você vá buscá-las logo.
Rony encarou o técnico, tremendo de ódio. Naquele momento, se não fosse a dor em seus braços, ele saltaria e esmagaria o crânio daquele sujeito em seus dedos. Mas ficou parado, como sempre fazia, louco de raiva enquanto recebia as palmadinhas dos ex colegas de profissão. Em dois minutos, estava sozinho no vestiário do grande estádio do Canadá. As pessoas lá fora, nas arquibancadas, iam à loucura. Ele sozinho, lá dentro, sentia uma dor enorme. Era solidão.


-- Srta Granger, deseja alguma coisa?
Hermione contemplou o criado, com o olhar perdido nos campos verdes que passavam como borrões pelas janelas do vagão. Depois de um ano, não acreditava que estava voltando. Parecia tudo tão... diferente.
-- Srta? Insistiu o homezinho de colete.
-- Um café. Bem Britânico.
Ele sorriu, se retirando. Ela ficou sozinha, acariciando a cesta onde Bichento estava deitado. Seu fiel gato estava velho, mas ainda era o mais leal de seus amigos. Pensou em várias coisas, sem saber se aquilo que sentia era pesar ou alegria. Tinha sido em péssimo estado que ela deixara o país, logo depois da guerra, depois que venceram. Achou que um emprego na França lhe faria bem, iria restaurar sua saúde emocional, iria cicatrizar as feridas abertas. De certa forma, tinha sido bom. Tinha construido uma carreira respeitável, mas agora... nada mais fazia sentido. Ela estava tão longe de casa, que não podia perder nem mais um minuto em um lugar como aquele que tinha deixado para trás.
Bebericando a xícara de café que o criado trouxera, ela tentava reter as imagens dos amigos. Sentia tanta saudades deles... Harry. Eles sempre trocavam correspondências. O amigo estava finalmente feliz, o que também a deixava. Casado com Gina, os dois tinham Lily, uma linda menina de um ano. Hermione já não podia dizer o mesmo de Rony. A última vez que vira o amigo, tinha sido no dia do nascimento de Lily. Depois disso, suas vidas tinham sido mudadas de curso. Sem dizer uma palavra, eles se afastaram. Sem dizer uma palavra, eles fingiram que não haviam nada.
Ainda pensava nele. Ela sabia que ele tinha sido contratado pelo Chudley, mas nada além disso. Poucas eram as cartas com o nome dele no rementente. Hermione tentava esquecer, mas a lembrança ainda jazia vívida em seu íntimo. Talvez o gosto amargo que sentia fosse arrependimento, saudades talvez... ou quem sabe fosse a eterna dúvida. Do que podiam ter sido e não foram.
Mas ela não queria se aterrorizar com os fantasmas do passado. Tudo que ansiava era voltar para casa.

REENCONTRO
N\A: A musik que está nessa fic é do Catedral.

Hermione abriu os olhos, bocejando. Nunca tivera uma noite de sono tão ótima em sua vida. Talvez fosse a sensação de estar em casa. Ela ainda ficou deitada, ouvindo o som dos carros passar pela rua defronte à casa de seus pais. Se ficasse ali mais um pouco, poderia jurar que tinha voltado no tempo.
Mas então, lembrou-se de que tinha muitas coisas para resolver. Não podia se dar ao luxo de ficar deitada.
-- Hermione? Ainda está na cama querida?
-- Já vou me levantar mamãe. Ela sussurrou, sorrindo. Definitivamente, estava em casa.
-- Essa carta chegou para você hoje. É daquele hospital, St. Mungus. Aquele que você se transferiu.
Ela assentiu, apanhando a carta.

“ Prezada sra. Granger,
É com muita satisfação que anunciamos seu ingresso como curandeira no hospital St. Mungus. Devido à suas boas indicações, esperamos que a Sra. possa começar o mais rapidamente possível.
Atenciosamente,
Angelina Jonhson”

-- Preciso ir. Consegui o emprego. Murmurou Hermione, sentindo seu peito estalar de contentamento.

-- Rony, querido, você tem que se levantar.
Ele rolou na cama, olhando para a mãe que, parada no portal com uma braçada de roupas, o mirava com uma expressão preocupada.
-- Eu estou bem. Ele resmungou, puxando a coberta velha que mal cobria seus pés.
Estava de volta. Depois de um ano dormindo em quartos de hotéis, a volta para casa parecia ser algo muito estranho. Seu quarto estava exatamente como o deixara e nada parecia ter mudado, a não ser o fato de que sua cama parecia ter encolhido, assim como o teto. Quando chegara, na noite anterior, vira que seus pijamas pareciam ter sofrido o mesmo processo.
Pelo menos, agora estava em casa. Desempregado, com uma dor crucial nas costelas, mas ainda assim em casa.
-- Acho melhor você se levantar. Disse Molly, abrindo a janela para que os raios de sol penetrassem no quarto laranja. Rony sentou-se, apertando os olhos azuis.
-- O que tem para o café da manhã? Ele perguntou, bocejando.
-- Oras, como assim? Já está na hora do almoço!
-- Ah... estou morto de fome.
-- Imagino. Vejo que andou comendo muitas besteiras com aquele seu time.
-- Ex- time.
-- Então, Rony querido, quando vai procurar outro emprego?
Ele bufou, esquivando-se da mãe.
-- Quem sabe Harry pode te arrumar alguma coisa no quartel general dos aurores...
-- Mãe, eu sou goleiro. O cannons só me dispensou por causa da minha dor, mas quando eu estiver melhor, vou conseguir algo em outro time.
A sra. Weasley soltou um muxoxo, arrumando as calças do filho na cômoda. Na verdade, não sabia se ficava feliz, por ter o filho de volta, ou triste, por ele ser o único que restara. Todos os outros tinham se casado, e moravam bem longe. A Toca só se enchia novamente nos fins de semana e feriados, quando todos se reuniam, trazendo seus queridos netos. Jacques, filho de Gui,os pequenos Henry e Humbert, gêmeos de Fred, e Lily, a filhinha de Gina.
Rony não. O único que não tinha se casado, nem estabelecera uma vida certa. Vivia daquelas viagens, com aquele time de quadribol. Como fora dura a partida do seu querido menino! Mas agora, ele estava de volta. E ela via que não estava bem. Mãe nunca se engana.
-- O que pretende fazer? Perguntou a mãe.
-- Não sei. Visitar Harry e Gina.
-- Nada disso. Você vai no hospital, antes disso.
Ele soltou um grunhido.
-- Eu estou bem! Disse, disfarçando uma careta de dor enquanto se levantava.
-- Rony, não me faça...
-- Tá, tá. Não precisa dizer mais nada. Vou para St. Mungus.


O saguão do hospital estava apinhado de gente naquele começo de tarde. Rony andava, meio desconcertado, procurando algum curandeiro, evitando esbarrar em alguém. Mas havia tanta gente, andando tão depressa, que ele se sentia perdido naquele emaranhado de gente precisando de ajuda.
-- Com licença... Murmurou, tentando abordar um curandeiro apressado que não parou para atendê-lo.
Ele praguejou, procurando um anúncio, ou coisa que o valha. Lembrava muito bem da última vez em que estivera ali, e não fora nada feliz. Fora quando Harry estivera internado, oscilando entra a vida e a morte, depois de derrotar Voldemot. Naquelas salas, agora cheias, ele passara minutos de agonia ao lado de Hermione. Agora, voltando àquele lugar, sentia-se como se tudo não passasse de um sonho antigo.
-- Senhor, posso ajudá-lo?
Ele se virou, com vontade de abraçar a recepcionista baixinha do outro lado do balcão.
-- Sim. Eu sou, quero dizer, eu era goleiro, caí...
-- Perai... eu acho que estou te reconhecendo! Murmurou a baixinha – Você é Rony Weasley, do Cannons!
Metade do hospital parou, aglomerando-se em volta dele, confirmando sua identidade, dando lhe palmadas nas costas.
-- Nossa, amei seu desempenho contra o Puddlemore... que defesa espetacular!
-- Pode autografar minha camiseta?
-- Eu realmente achei uma pena sua queda... mas você vai voltar né?
-- Posso tirar uma foto? É para meu filho, ele tem dez anos e é...
-- Tenho que dizer que o sr barra o goleiro da Inglaterra!
Rony tentou sorrir, esmagado pela multidão que o cercava. O sucesso pesava em suas costas. Nenhuma daquelas pessoas sequer desconfiava que ele não passava de um fracasso retumbante agora. Não era mais goleiro. Não tinha mais carreira.
No entanto, aquela gente se lembrava. Aquela gente ainda gostava dele. Pela primeira vez em muitos dias, ele se sentiu melhor.
-- Eu não estou mais no Cannons. Disse ele, fazendo com que todos se calassem subitamente-- Não sou mais goleiro. Eu fui... dispensado.
-- Ah, mas que pena sr. Weasley... de qualquer forma, em que posso ajudá-lo?
-- Eu preciso ver um curandeiro. Acho que fraturei algumas costelas quando... bem, você sabe. Dise Rony, olhando para os próprios pés.
A lembrança daquele jogo fatal ainda ardia amarga em seu íntimo. Algo que ele queria, de todas as formas, esquecer. O ápice de seu fracasso.
-- O senhor está com sorte. Falou a recepcionista, tirando-o de seus devaneios.-- É só seguir por esse corredor, segunda porta à direita. Temos uma ótima curandeira disponível, ela com certeza resolverá seu problema....
Rony agradeceu, seguindo para a direção que a mulher encantada lhe apontara. A segunda porta estava fechada, ele bateu antes, mas não recebeu nenhuma resposta. A abriu lentamente.
A sala estava vazia, e parecia ter sido ocupada recentemente. Indeciso, ele se sentou, esperando que a curandeira que a recepcionista tinha lhe indicado chegasse logo.
Ficou ali, parado, por longos minutos, até ouvir uma voz na porta.
-- Sim, tenho certeza que seria muitíssimo competente Angelina! Murmurou a voz. Rony sentiu que a conhecia, mas estava distraído demais olhando para seus próprios sapatos.-- Obrigado novamente.
A porta se abriu, varrendo o barulho do saguão para dentro da salinha. A curandeira entrou, sorrindo, consultando uma prancheta.
-- Então, em que posso ajudá-lo? Ela perguntou, sentando-se na frente dele, ainda olhando para as anotações na prancheta. Mas quando ela ergueu os olhos e viu quem era seu novo paciente, deixou a prancheta cair.
Rony foi despertado pelo barulho do objeto caindo de encontro ao chão. Ele ergueu os olhos, curioso, e o choque que teve foi suficiente para fazer com que perdesse a voz. Hermione. Era Hermione quem viera atendê-lo.

Eu
Não entendi
Porque nunca consegu
Te responder
Se tudo que eu queria
Era você
Não sei o que dizer

Estava diferente, sem dúvida, mas ainda era Hermione. Embora tivesse um ar maduro, uma postura diferente, e usasse um novo corte de cabelo novo, ainda era Hermione. Ele não podia acreditar. O que sentiu em seu peito, naquele instante, foi indescritível. Talvez fosse surpresa, ou consequência do choque.
Talvez fosse saudades.
-- Ron? Ela balbuciou, sem acreditar.
Como ele estava diferente! Mais alto, mais forte... Tinha deixado os cabelos crescerem, e a barba ruiva por fazer realçava seu charme. Hermione conteu as lágrimas que vieram aos olhos. Quanto tempo que não o via!
-- É você mesmo? Ela indagou, sorrindo.
-- Sim. Sou eu. Ele assentiu, olhando para ela sem piscar.

Eu
Não percebi
que a razão era maior
e adormeci
No momento mais difícil
Te perdi
Mas nunca desisti...

-- Faz tanto tempo que nós não... que nós não nos víamos... Ela disse, quebrando o silêncio constrangedor. Não conseguia desviar o olhar.
-- Faz mesmo. Rony concordou, tentando se lembrar de quando tinha visto Hermione pela última vez. No casamento de Harry e Gina, se não se enganava. Então, por causa de sua covardia, ele tinha ido embora, sem desabafar o que sentia na época. Sem poder lhe dizer o que queria.
Não que Rony fosse apaixonado por Hermione. Afinal, ele nunca tinha visto as coisas por esse ângulo. Ele nunca tinha sido muito de assumir seus sentimentos, e quando recebera aquela proposta de emprego, sacrificou o que quer que seja que sentia por ela. Pensou que com o tempo, iria esquecer.
E esqueceu. Não fora?
Ele se preocupava com o time, estava constantemente exausto. Sequer tinha tempo para pensar nas consequências de seus atos. Mas também nunca conseguira ter um relacionamento duradouro com uma mulher. Nunca em toda sua vida.
E tinha esquecido Hermione.
Mas o que restara dela em seu peito, era suficiente forte para impedí-lo de se casar, de ter filhos, de fazer algo do tipo. Lembrou-se das cartas que escrevia a ela, quando a saudade batia, mas que nunca enviava. Perguntou-se se ela tinha casado, mas não viu nenhuma aliança no dedo.
-- Como vai? Ele perguntou.

Quem disse que o amor
Pode acabar?
Quem foi que disse que o amor
Pode acabar?
Quem disse que o amor
Pode acabar?
Quem foi que disse que o amor
Pode acabar...

-- Bem. E você?
-- Não muito. Estou em um hospital afinal.
Ela não riu. Continuava fitando-o daquela maneira que fazia quando eles ainda eram adolescentes. Tentou conter o turbilhão de sensações que invadia seu coração. E ela que pensou que estava protegida contra Rony, contra a presença dele.
E ela que pensou que já não sentia mais nada, que tinha esquecido-o. Que agora estava livre, que tudo que tinha por ele era carinho e tristeza, por não terem seguido o rumo que pareciam destinados a seguir.
Vã ignorância.
Apesar da maturidade, das técnicas de “esquecimento”, ela sentiu o peito estalar feito o de uma colegial enquanto ele a fitava daquela maneira encantada.
“ Sinto saudades”
Ela queria dizer.
Ela queria chorar.
Ela não fez nada disso.



Eu não percebi
que a razão era maior
e adormeci
no momento mais difícil
Te perdi
Mas nunca desisti...

“ Por Merlin, ela está linda”
Pensou Rony, sentindo um sentimento amargo preencher sua boca. Como se chamava aquilo? Arrependimento?
E ele que pensou que nunca ia se arrepender de nada, porque sempre tomava as decisões que queria.
-- O que houve? Ela perguntou, balançando a cabeça ligeiramente, voltando a si.
-- Eu fui embora... eu nunca deveria ter te deixado...
-- Não, Rony, o que você tem. Afinal, você deve ter um motivo para vir ao St. Mungus. Ela disse, amargurada.
Ele despertou de seu transe.
-- Ah... bom, eu cai. E desde então sinto uma dor muito forte, nas costelas. Explicou, apontando para o corpo.
-- Bem, vamos ver.

Quem disse que o amor
Pode acabar?
Quem foi que disse que o amor
Pode acabar?
Quem disse que o amor
Pode acabar?
Quem foi que disse que o amor
Pode acabar...

Ela deu a volta na escrivaninha, aproximando-se dele com a varinha. Pediu delicadamente que ele erguesse os braços, para que ela pudesse dar uma olhada. O que viu não foi nada animador.
-- Você poderia... hum, tirar a camisa? Ela pediu, tentando parecer o mais profissional possível. Tentando agir como se fosse apenas a amiga de outrora. Tentando disfarças o rubor em seu rosto.
Rony obedeceu, exibindo o tórax malhado cheio de hematomas.
-- Me fala se doer. Ela sussurrou, tentando não olhar para o contorno dos músculos.
Encostou a ponta da varinha próximo à região abdominal. Ele soltou um grunhido, esquivando-se dela.
-- Rony, eu preciso de sua ajuda... Ela murmurou, e ele voltou à posição inicial.
Foram minutos de tensão absoluta. Hermione tentava, a todo custo, imaginar que aquela era apenas uma consulta normal, mas seu coração continuava batendo em ritmo descompassado. A mágoa que sustentava por Ron ainda estava ali, afinal, mas se recusava a aparecer. Ela lutava contra si própria. E estava indo bem. O único indício de seu nervosismo eram as pernas trêmulas.
-- Você está com duas costelas fraturadas. Vou consertar. Aviso que vai doer um pouco.
Rony concordou, sem ouvir muito o que ela dizia. Tudo que podia sentir era o perfume dela próximo à suas narinas. Ela usava o mesmo perfume de um ano atrás. Se deu conta da quantidade de perguntas que precisava fazer a ela, de tudo que ainda ansiava por saber. Se deu conta do quanto estava feliz por vê-la e soltou um grito quando ela executou o feitiço que acabou com a dor nas suas costelas.
Ela conteu um sorriso, vendo-o berrar de dor. Ele ainda era o mesmo Rony de outrora. O Rony atrapalhado, sorridente, por quem um dia ela se apaixonara. O Ron que a deixou, sem explicar nada, sem dar um final à tudo que tinham vivido. Ele estava agonizando de dor. Aqueles feitiços contra fraturas doiam um bocado mesmo. Ela sabia, porque tinha fraturado o pé durante a guerra.
Mas depois de três minutos, ele parou de gritar, quando a dor cessou.
-- Pronto. Você agora está novo em folha. Ela disse, sem conseguir se afastar dele. Não é que ele tinha crescido mais ainda?
Então, exausto, ele fez algo que a surpreendeu. Enlaçou os corpos em um abraço carinhoso.
-- Rony? Ela murmurou, retribuindo o abraço.
-- Senti saudades sua Mione. Eu te devo desculpas. Eu nunca devia ter... ido. Eu senti tanto a sua falta...
Ela estava decididamente surpresa com aquela demonstração de sentimento. Rony nunca tinha sido o tipo de pessoa que admite o que sente. Ela conhecia bem. Mesmo assim, não conseguia deixar que as lágrimas aflorassem.
-- Você me magoou Rony. Porque você foi embora? Porque não deu uma chance, a nós? Você fingiu que tudo tinha sido nada. Porque?
-- Porque eu tinha medo. Ele sussurrou – Medo do futuro. Eu queria... ser alguém. Eu nunca me perdôo pelo que fiz Mione. Eu fingi mesmo que você não era nada para mim. Mas ao que parece, eu me enganei. Tudo pelo que eu lutei durante um ano foi embora. Eu perdi tudo. Inclusive você. Mas me responda, é tarde demais?
Ela olhou para ele, sentindo os olhos queimar.
-- Tarde demais para que? Perguntou, sem entender.
-- Para dizer que eu te amo. Ou melhor, que eu amei você. Eu queria que você soubesse disso. Assim, pode me odiar à vontade mas...
Ele sentia um sentimento negro de quem escolheu o caminho errado se espalhar pelo peito. Vestiu a camisa, agradecendo a ela pelo trabalho, e foi saindo lentamente do consultório.
-- Pelo menos agora você sabe que eu tinha um motivo. Ele sussurrou, saindo pela porta que Hermione mirou, soluçante.
-- EU TAMBÉM TE AMAVA!
Ela berrou alcançando-o no corredor. Todos ao redor olharam para os dois.
-- E ainda amo. Continuou, aproximando-se. -- Mas você fez a sua escolha Ron. E nós estamos seguindo rumos diferentes agora. É tarde demais.






-- Não. Ele disse.-- Nunca é tarde demais para recomeçar.


N\A: Nossa, essa saiu enorme. Eu sei que muita gente não gosta de pós Hogwarts, mas tem q respeitar qm gosta tb... rsrs
logo posto novamente.
Agradeço a quem comenta, e agradeço tb a vcs todos, que ajudaram a fic a ficar no terceiro lugar de mais lida na pag principal!!!
Obrigado!!

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Comentários (1)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    #MORRI  A-M-E-I <3 <3 <3  MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.* CHOREI AQUI :) Owwwwwwwwwwwwwwwwwwwwnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn RONALD PERFEITO WEASLEY <3 <3 <3  LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO... <3 <3 <3   

    2012-12-25
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