capítulo dois.
Capítulo dois.
Os tempos são outros.
- Auch. – a dor de cabeça fisgou quando ele ergueu-se de supetão.
- Sirius? – Remo estava do seu lado.
Ele franziu a sobrancelha, e coçou a cabeça. Estava doendomuito. O que estava acontecendo? Porque havia sol?
- Hey... o que aconteceu?
- Você apagou depois da cacetada de ontem, cara.
- Cacetada?
- É! Você meio que se...
- Senhor Black! – a enfermeira vinha pelo corredor.
Ela conferiu sua temperatura, checou seus batimentos e olhou dentro de seus olhos e de sua boca com um aparelho super estranho. Mas não tinha nada mais estranho do que o que Sirius estava sentindo. Uma dor de cabeça que chegava a fazer pressão em seus ouvidos.
- Sirius, o seu nariz. – Remo disse, quando a enfermeira gorducha estava quase se mandando.
- O que tem ele?
Antes que Remo respondesse, ele levou os dedos até lá e sentiu um líquido pegajoso. Estava sangrando.
- Oh, senhor Black! Está se sentindo bem, filho? Não posso te dispensar com sangue saindo pelo nariz, meu Merlin!
- Eu estou bem, estou bem mesmo.
- Tome, tome isso. – ela lhe estendeu um frasquinho verde.
Enquanto tomava, percebeu que Remo estava diferente, um olhar diferente. A enfermeira logo já estava longe.
- Remo! Você cortou o cabelo?
O outro ergueu as duas sobrancelhas para ele.
- Já faz dias.
- Eu não me lembro.
Remo revirou os olhos e levantou-se. Sirius fez o mesmo, sentindo uma leveza estranha em si mesmo e olhando para as próprias roupas. Estava com uma camiseta branca e uma calça surrada.
- Aqui, seus tênis. – Remo chutou para ele as peças que estavam embaixo da cama.
- Droga, eu perdi a festa? Como foi? – ele foi amarrando os cadarços.
- Que festa?
- Você anda se drogando, Remo? A de ontem, depois do jogo!
- Você está mesmo bem, Sirius? Não fazemos festas há tempos, desde aquela vez.
- Depois de... que vez?
- Ah, sinceramente...
Remo foi andando na frente, passou pela porta vai-e-vem da Enfermaria, e Sirius o seguiu.
- O que aconteceu, Aluado?
- Alu... ado? – ele separou as sílabas de uma maneira estranha – de onde você desenterrou essa?
- Oras, ontem mesmo te chamei de Aluado.
- Não, ontem você me chamou de Nerd Mordidinho. Você tem me chamado assim há tempos, qual é o seu problema?
- Quê? Ah, cala essa boca – Sirius riu. Remo não o acompanhou, sério, e Sirius se empertigou: – eu te chamei disso?
- Chamou, Black. Acho que a pancada de ontem foi muito forte.
Sirius riu e deu um soco em seu ombro. Era pra Remo rir, mas ele continuou sério, e pareceu levemente irritado. Decidiu não tentar mais interagir com ele, já que estava nervoso.
- Temos aula de Poções agora. – Aluado disse.
- Ok, haam, bem, eu era um enfermo, então... Vou atrás da Marlene. – e abriu-lhe um enorme sorriso de todos os dentes brancos e perfeitos.
- Cara...
- Ah, Remo, qual é, eu estava enfermo!
- Ah, você é quem sabe, vai. Só não pense que ela vai se comover com isso.
- E porque ela deveria? – ele riu.
Remo deu de ombros. Seu olhar parecia mais distante que o normal, e isso deixou Sirius um pouco deprimido. Um pouco, não o suficiente para não se animar com a idéia de esparramar os materiais de Marlene pelo chão de algum corredor vazio e beijá-la.
Remo disse boa sorte, e ele não entendeu, mas o amigo virou para outro corredor antes que ele lhe perguntasse. Sirius deu de ombros, passou a mão pelos cabelos, conferiu o gosto na boca. Estava perto do pátio e o movimento começou a aumentar. Quando um grupinho de garotas passou por ele, instintivamente, sem ao menos perceber, deu uma piscadela para elas, que caíram em risadinhas histéricas.
Ele já havia cruzado o pátio, desviado de vários estudantes, quando viu James. Ele parecia estar com os cabelos mais claros, o olhar mais duro, mas mesmo assim sorria, para uma garota de cabelos escuros enrolados e olhos verdes que estava sentada na sua frente. Sirius percebeu que ele estava flertando com ela, então decidiu falar rápido.
- Pontas!
James se virou. Olhou para os lados, como se procurasse alguém. Sirius sorriu, apertou a mão do amigo e deu umas palmadinhas em seu ombro, dizendo:
- Então, não vai apresentar? – brincou.
James não riu. Coçou o nariz, olhou para baixo e disse:
- Hey, Black, esta é Lizzie. Minha namorada. – terminou com um olhar significativo.
Sirius entendeu aquilo como um “suma daqui”. Mas, desde quando James namorava? Ele não tinha olhos, corpo e mente só para a ruivinha?
- Ok... namorada? Ah, me desculpe. Prazer, eu sou o Sirius Black. – e apertou a mão da garota, que riu.
- O que você está fazendo? – James perguntou-lhe entre os dentes.
- Oras, enturmando! Depois você vai me contar direito esta história de namoro e...
- Liz, vou dar uma palavra com esse cara, eu já volto, ok? – ele avisou, e segurou Sirius pelo braço, arrastando-o para alguns metros dali.
- O que você quer, Black?
- O que você tem, James? Eu só ia te perguntar onde a Marlene estava, qual é o seu problema?
- O meu problema é você. Eu já te disse pra não se aproximar dela de novo, cara. Eu falei sério da última vez. Você está querendo me provocar, certo?
- Quê? James, eu achei que tínhamos resolvido essa parada de que a Marlene era sua prima e tal e...
- Ah, sim – James riu, sarcástico – isso nós resolvemos, há muito tempo atrás, os tempos são outros, camarada.
Sirius raciocinou um pouco. James não devia estar em perfeito estado mental, estava falando com ele como se falasse com alguém que não convivesse; ou pior: nem simpatizasse. E eles eram como irmãos.
- E... então... está querendo me dizer que... – ele balbuciou, confuso.
- Foi tudo escolha sua, tudo. – o outro acusou.
- O que foi minha escolha, Pontas?
James ficou vermelho, e coçou o nariz de novo, aproveitando para ajeitar os óculos. Estava vermelho de raiva. Por um segundo, Sirius esperou, mas ele apenas disse entre os dentes, antes de dar as costas e voltar para a namorada:
- Eu prefiro que continue me chamando de Potter, Black.
Sirius ficou estático, pensativo, o cenho se franzindo lentamente, se concentrando no ataque que James tinha acabado de dar. Ok, agora as coisas estavam bem estranhas. Primeiro aquela história de Nerd Mordidinho, e agora o fato de James lhe chamar de Black e o tratar daquela maneira.
Ele tinha que ir atrás de Marlene. Ela teria alguma resposta, lhe diria alguma coisa que se encaixaria ou algo assim. E saiu em busca dela, pensando que se avistasse uma cabeleira ruiva, a acharia. E foi isso que aconteceu, perto dos jardins. Aliviado, ele foi até ela, que estava de costas com Lílian, indo em direção do lago, onde havia um grupo de corvinais. Ele colocou as mãos de modo que tapasse seus olhos, e instantaneamente ela riu, erguendo as mãos para tocar as dele.
- Er, quem é? – Marlene perguntou.
- Qual é, não pode ser tão difícil... – ele se inclinou para falar em seu ouvido.
Lílian virou-se e o viu. O sorriso que a ruiva tinha antes desapareceu, e ela cutucou o braço de Marlene, para que saísse da brincadeira, mas ela já estava fazendo aquilo, porque havia reconhecido a voz. Ela se afastou quando Sirius quis segurar sua cintura.
- Haam... oi, Sirius.
- Lene. – ele sorriu, radiante.
Lílian não o cumprimentou, apenas o fitou com os olhos verdes duros e julgadores. Sirius lhe lançou uma olhadela significativa, mas ela não se mexeu.
- O que foi? – Marlene perguntou.
- Ah, é que... – ele coçou a nuca, meio desconfortável com o olhar de Lily – eu preciso falar com você.
A ruiva deu uma risada irônica e começou a olhar para os lados, como se não acreditasse naquilo. Marlene a olhou, e depois desviou os olhos para o chão.
- Bem, eu... posso?
Ela hesitou durante alguns instantes, abrindo a boca e fechando, olhando de Sirius para Lily várias vezes. Depois, quando ia se dirigir à ruiva, ela a interrompeu:
- Qual é, Lene... você não vai fazer isso.
- Ah, Lily, dois minutos, não saia da beira do lago, ok? Já eu vou.
A ruiva suspirou e ele teve a impressão de que ela desceu o jardim balançando a cabeça negativamente, reprovando. Sirius pegou a mão de Marlene para puxá-la para dentro do castelo, mas ela puxou-a de volta e não começou a andar com ele.
- O que foi, Lene?
- Sirius, o que você quer?
- Ah, é que... ah, Lene... eu tive uma conversa estranha com James, sabe, ele parece bem estressado, sabe o que aconteceu?
Os olhos dela pareceram se arregalar por um instante, incrédula.
- Você... não foi atrás de James, não é?
- Fui. Qual o problema com isso?
- Ah, Sirius, você só faz besteiras!
- O que foi?
- James não lhe avisou que não queria você por perto? Não bastaram as últimas brigas pelo salão comunal pra você?
- Ham... brigas?
- Ah, sinceramente! – ela bradou, nervosa - Me diz, o que você quer?
Sirius refletiu. Ele a queria. Queria arrastá-la para um corredor, e tomar os lábios dela entre os seus, e sentir a maciez da sua pele, os seus arranhões nas suas costas.
- Eu quero você.
Ela estancou, como se não esperasse aquela resposta. Seus olhos se moveram rapidamente, procurando qualquer saída que não fossem os olhos dele. Durante aquele intervalo curtíssimo de tempo, Sirius finalmente percebeu que alguma coisa havia acontecido.
- O que aconteceu? – perguntou, a voz meio rouca.
Lene soltou uma risadinha, e mexeu nos cabelos. Sirius teve vontade de tocá-los, mas conteve-se.
- Você não vai me fazer dizer, de verdade, vai?
Ele entendeu – afinal, não podia ser tão idiota assim. Havia ferido Marlene; pelo modo que ela olhava para ele, ou apenas desviava seu olhar. Pelo modo como Lílian olhava para ele, como um cachorro furioso, pronto para defender seu parceiro. Pelo modo como James o olhou, ameaçador. “Mas que porra é essa que tá acontecendo?”, ele pensou sob o olhar dela.
- Que merda eu fiz, Lene?
- Eu não vou dizer. Se você não tem nem ao menos a capacidade de lembrar, é um bom sinal. Talvez esteja esquecendo de tudo, de uma vez por todas?
Não havia sido realmente uma pergunta, e Sirius não se preocupou em respondê-la, pois a garota virou-se de costas e foi andando jardim abaixo, e ele não impediu. Apenas passou as mãos pelos cabelos, sentindo a dor de cabeça enuviar sua visão. Quando a visão voltou, ele notou que Marlene estava lá embaixo, com Lily e o grupo de corvinais. E um cara estava com o braço sobre o ombro dela, sorrindo bem sedutor. Mesmo assim, os olhos dela encontraram furtivamente os dele, que apenas se deixaram desviar.
Se qualquer coisa que aquele maldito gênio do mau tempo ou seja lá quem ele era tivesse dito fosse verdade, então Sirius estava realmente encrencado.
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- Sirius, você está me dizendo que... a última coisa que se lembra é de... um mês atrás?
- Droga, isso não pode estar acontecendo, Remo! – ele falou entre os dentes – ok, lembra, cara. O que aconteceu, depois do jogo contra a Sonserina? Aquele que a gente regaçou?
Remo concentrou-se em algum ponto nas prateleiras da biblioteca, mas não estava realmente prestando atenção. Parecia mais estar em outro planeta.
- Cara, muita coisa aconteceu. Muito mesmo.
- E se eu te disser que a última coisa que eu me lembro é que eu estava conversando com este cara na beira do lago quando fui buscar as cervejas?
- Não pode ser. Sirius, eu me lembro de você.
Remo começou a voltar para o mundo, gesticulando o dedo indicador na direção dele.
- Você... você voltou com as bebidas flutuando, e ficou um tempo com a Marlene. Depois disse a ela e a todo mundo que ia sair pra tomar um ar, e só depois a gente ficou sabendo que você beijou Bertha Jorkins, e ela e o namorado terminaram por isso. Bem... você e a Lene começaram a namorar e...
- E o quê?
- Ah, você sabe. Vocês ficavam juntos... o tempo todo. Isso durou umas duas semanas, só. E você a traiu com, sei lá, umas trinta gurias? Bateu o recorde.
- O quê?! Como eu poderia fazer isso, cara? Ela é a Marlene!
- Não se faça de cínico. Todo mundo sabe das suas, e ela ficou arrasada. Você não pareceu ligar muito. James ficou furioso, muito, muito, terrivelmente furioso. Vocês brigaram aos socos, eu lembro como se fosse ontem, porque eu apartei e fiquei com isso – ele ergueu a camiseta, e Sirius pôde ver um corte em sua barriga, um novo, vermelho, que se sobressaltava como se a pele sobre o músculo tivesse sido queimada.
- A minha...
- A sua faca, Sirius. Você estava com ela.
- Jesus Cristo.
Sirius caiu na cadeira atrás de si. Aquilo só podia ser um pesadelo. Havia machucado Remo, Marlene, James e Lily. E quantas mais pessoas? Tudo por causa daquele maldito gênio. Bem, só podia ser, não era? De que outra maneira ele acordaria simplesmente um mês no futuro, e a sua vida estaria completamente mudada? Ah, aquilo soava totalmente estranho.
- Me... desculpe. – pediu, sincero, erguendo os olhos para ele – oh, droga, Remo. Que merda eu fui fazer?
O outro apenas o olhou, parecendo hesitar. Estava decidindo entre acreditar ou não nele.
- Como você espera que eu acredite nisso, Sirius?
- Bem, eu mesmo não acreditaria. Será a minha sorte.
- Ou não.
- Você só tem que... pensar.
- Pensar? Sirius, você traiu a todos nós. Você destruiu os Marotos.
Sirius tornou a erguer os olhos, e esfregou as mãos uma na outra.
- Não fala isso. Não me culpe sem saber.
- Saber o quê? Um dia você decidiu que o seu ego é o maior do mundo e saiu beijando quem quer que fosse! Qualquer garota, e mesmo assim todos podiam ver que era apaixonado por Marlene! Mas você é o protegido Sirius Black, ninguém ousaria duvidar de você... não aconteceu o que você esperava, não é? Nós nos afastamos de você, Sirius, e eu me afastei de James por te defender, coisa mais estúpida que eu fiz na vida, porque eu ainda poderia, pelo menos, ter um amigo de verdade, agora.
Sirius afundou a cabeça nas mãos. Ouvir aquilo era simplesmente... duro demais. E como ele poderia dizer a Remo que foram os malditos sonhos? Que ele havia desejado e permitido aquelas coisas? Inevitavelmente, as coisas foram se encaixando. Os agarramentos com as garotas nos sonhos, aquilo era o que mais tinha acontecido. Tinha machucado Marlene, a única pessoa que iluminava seu dia e noite só com um sorriso. De tabela, James, o primo ciumento, o amigo leal. Terrivelmente machucado. E de novo, Remo, que não tinha nada a ver com nada, mas era amigo demais também. Se parasse para pensar, não se lembrava de algum sonho no qual os três estavam juntos e bem.
Apertou mais os olhos. James estava com outra garota. Havia desistido de Lily por uma garota com os olhos da mesma cor que os dela. “Arrrrght... cara, desiste dessa garota! A Evans já te deu quantos foras?”.
- Talvez... haja uma maneira... de...
- Voltar no tempo? Oh, sim, você é o Sirius Merlin Black, qual é o truque que vai fazer hoje?
- Pare de falar assim!
- Você quer que eu tenha pena, agora? Nessa altura? Sinceramente, o papel de inocente está no fim da lista dos que você deve fazer.
- Eu não sou inocente, ok?
Remo limpou a garganta e mexeu um pouco nos cabelos. A madame Pince olhava-os tão frustrada e ameaçadora que parecia capaz enfeitiçá-los apenas com a força do olhar. Ele continuou:
- Isso eu sei e todo mundo sabe.
- Eu preciso da sua ajuda.
- Esqueceu que eu não sou mais seu amigo?
- Então que diabo estava fazendo naquela Enfermaria? – Sirius se levantou, irritado, e suas bochechas ficaram vermelhas.
- Não era por você. - ele respondeu entre os dentes, tão raivoso quanto o outro.
Sirius apertou os olhos, sentindo uma dor de cabeça dos infernos atingi-lo, como se alguém enfiasse uma faca bem no topo de sua cabeça.
- Wooa, merda. – ele levou o punho aos olhos, apertando-os mais.
- O que é? O que foi, Sirius? – Remo estava bem ao seu lado.
Ajudando-o. Sirius esqueceu a dor latejante por alguns instantes. Nem percebeu que seu nariz estava sangrando. Quando se virou para fisgar o olhar de Remo, deixou-se murmurar:
- Eu nem lembro o que aconteceu comigo, Remo. Eu nem me lembro como diabos fui parar na enfermaria, nem me lembro de ter pedido Marlene em namoro. Não queria ter perdido isso, mas pode por um momento, acreditar que eu sou o Sirius de um mês atrás?
O outro estreitou os olhos, e endireitou-se, oferecendo um lenço para Sirius. Ele pegou e limpou o nariz.
- Isso é muita loucura. – ele falou.
- Você não sente...
- Sim. Eu sinto falta. E por mais estranho que seja, você não parece nada com o Sirius de ontem, o que levou uma cacetada do Chase.
- Chase?
- Stanford. Namorado da Cassandra, ele ficou meio furioso que além de ganharmos o jogo contra eles e a taça, você ainda a beijou na frente de todo mundo, então pegou um taco e meteu na sua cabeça. Não foi muita gente que ficou com dó, sabe, sua popularidade tem caído muito.
Sirius começou a rir. Riu até a barriga doer, baixinho, controlando-se. E Remo começou a acompanhá-lo a partir da primeira fungada para puxar mais ar para voltar a rir. Foram expulsos da biblioteca sob os impropérios da Madame Pince, mas pelo menos, alguém levou alguma coisa à sério sobre Sirius naquele dia.
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Remo não obrigou Sirius a ir às aulas, primeiro porque sabia que ele poderia acabar dando algum fora, e segundo que, segundo ele, suas notas estavam altas demais para quem só vivia zanzando pelos corredores. Sirius lembrou-se, e falou, rindo:
- O que você queria? Que eu tivesse um irmão azul? Isso seria um escândalo!
Neste mesmo dia, mais tarde, no dormitório, Remo estava gargalhando de alguma idéia idiota que Sirius tivera para voltar no tempo, e de repente, no fim do riso, soltou:
- Cara... eu senti sua falta.
Sirius foi até ele e o abraçou, pedindo desculpas pela milésima vez. Estava se sentindo estranho. A dor de cabeça ainda não havia passado, uma dor que latejava logo acima de sua nuca com uma pressão. Só havia uma coisa que poderia ajudá-lo agora; uma coisa de bom maroto. Saltou sobre a cama de Remo e foi até um fundo falso que havia embaixo do malão de James. Não achou o uísque de fogo.
- Remo?! Quem o tirou daqui?
- Eu garanto que o novo Sirius não o deixou intacto durante um mês.
- Que merda! Preciso de alguma...
- Ah, eu acho... Embaixo da sua cama.
Ele franziu o cenho com uma careta engraçada, e foi até lá. Sirius encontrou várias revistas eróticas, pacotes de cigarro e duas garrafas de um uísque barato.
- Eu estou... Fumando?
- Ah, sim, isso é uma novidade.
- E isso resolve? – ele pegou um dos pacotes entre os dedos e jogou para cima uma vez – dizem que é relaxante.
- Vá mexer com as suas coisas fedidas fora do dormitório, Black – era James que entrava, batendo a porta.
Sirius observou os passos dele, duros no chão de madeira, até que ele tirou o casaco e o pendurou ao lado de sua cama. Um silêncio tenso se fez entre eles. James nem o olhou. Simplesmente tirou os sapatos e se enfiou no banheiro.
Sirius trocou um olhar cúmplice com Remo, que meneou afirmativamente com a cabeça.
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- Gênio do mau tempo? Tem certeza que ele te disse isso? – Remo já havia revirado quase todos os livros da biblioteca. Só não todos porque não tinham mais a capa da invisibilidade para fuçar nos da Seção Reservada.
- Qual é, tem que ter alguma coisa, qualquer pista.
- Nada. Não tem nem mesmo referência, nem é usado como exemplo. O que mais esse cara te disse? Quer dizer, detalhes.
Sirius já havia contado toda a conversa para Remo, desde o momento em que se assustou até a parte em que tudo ficou branco, branco demais, e ele acordou na Enfermaria um mês depois. Ele só descobriu que havia se passado um mês depois de conferir o calendário, apesar de não querer acreditar muito naquilo; mas as provas estavam todas ali. Os cabelos cortados de Remo. Os cabelos mais claros de James. A própria aparência no espelho. Estava tudo... diferente de apenas um mês atrás.
- Ok. Pense. – Remo começou a andar de um lado para o outro, gesticulando com uma mão, falando como um professor: - um gênio é... o quê? Um fantasma? Uma criatura psíquica? Um animal?
- Ele parecia um homem – Sirius falou – gordo e baixo. Não acho que possa ser um fantasma, eu perceberia pela luz. Não sei o que é.
- Só há uma maneira de saber.
n.a: ooi gente :) ah, que bom que vocês não ligaram pro tamanho do primeiro, porque esse também não saiu exatamente... pequeno. anyway, MUITO obrigada por todos os comentários, e tomara de verdade que vocês gostem deste capítulo! ham, mudando totalmente de assunto, o Ashton Kutcher já ganhou algum prêmio de cara mais gato do mundo? ele deveria! hahaha beijo beijo gente, continuem comentando que eu adoro gente que se expressa :D enfim.
Nah Black.
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