Aprendendo a Amar



A AGUA ESCORREU pela borda da tina e Gina quase perdeu o equilíbrio. Harry a segurou pela cintura, girando-a para que ficasse sentada em seu colo de costas para seu peito. Ela sentiu a ereção pressionando suas costas, e isso reavivou o medo.


Gina ficou tensa, tentando reunir coragem. Este era Harry, não Draco. Ele não a machucaria.


Depois de um instante, decidiu se encostar, o cabelo caindo dentro da água. Os braços dele a envolveram, um pouco acima dos seios, e Harry a beijou na cabeça.


— Todos os banhos deveriam ser assim — ele disse.


— Não acha que está apertado?


— Nem um pouco. — Ele baixou as mãos, roçando nos seios antes de afundá-las na água. Gina tocou os joelhos dele, deslizando as mãos pelas coxas, depois até as panturrilhas e os pés. Explorava a pele de Harry, tão diferente da sua. As pernas eram fortes, os músculos desenvolvidos depois de anos cavalgando. Quando ela alcançou os dedos, ouviu uma risada abafada as costas.


— Você sente cócegas — ela acusou. Como Harry não respondeu, Gina Ihe fez cócegas na sola dos pés, e ele se sacudiu tentando conter a risada. Mais água espirrou para o chão.


A risada dele a deixou relaxada. Buscou-lhe o pé novamente, mas desta vez Harry Ihe agarrou as mãos, colocando-as sobre seus seios. A sensação de tocar a si mesma a deixou consciente do próprio corpo.


— E você? — Os dedos dele conduziam as mãos de Gina numa leve carícia sobre os mamilos, despertando-lhe o desejo. — Isso faz cócegas?


Harry a virou de frente para si, colocando as pernas dela ao redor de sua cintura. Tomou um dos mamilos na boca, fazendo Gina ofegar. A língua circulava o bico rígido, sugando ate fazer o sangue dela disparar pelas veias.


— E isso?


Com a respiração acelerada, Gina sentia um afluxo de calor entre as coxas.


— Minha vez — ela murmurou.


Encorajada com as carícias dele, Gina baixou as mãos na água para lhe afagar o membro. Harry estremeceu, o rosto se contorcendo no esforço de manter o controle. Gina deslizou as mãos sobre o peito dele, beijando cada cicatriz, os lábios descendo lentamente até alcançarem a água.


Harry a deteve e ficou de pé. Gotas d'água escorriam por seu corpo enquanto Gina se ajoelhava. Percorreu com a boca uma cicatriz na coxa de Harry. Ele estremeceu.


— Vê o que faz comigo? — ele perguntou num rouco murmúrio.


A masculinidade estava completamente ereta, e Gina voltou a ficar apreensiva. Harry saiu da tina, sem se importar com os respingos d'água, e pegou uma toalha. Gina se levantou, deixando que ele a enrolasse.


Num rápido movimento, Harry a ergueu nos braços e a carregou para a cama. Ele a deitou de costas, beijando-a intensamente, as línguas se procurando. Nunca se sentira assim com uma mulher, nem mesmo com a esposa. Por que pensava em se negar o prazer de ter Gina?


Puxou Gina para ficar por cima, sentada sobre seus quadris. A pele clara estava arrepiada, os mamilos eretos e úmidos do banho. Harry abraçava-lhe a cintura com as mãos, acariciando quadris e nádegas.


Ela ficou paralisada, observando-o. Harry esperava que ela visse o quanto a desejava, o quanto queria que fosse bom para ela.


— Você tinha razão — disse Gina. — Estou com medo.


— Não tenha medo. — Harry ergueu-lhe os quadris até ficarem suspensos sobre sua masculinidade. Um pequeno gemido brotou dos lábios de Gina ao aceitar uma fração dele dentro de si. Harry se forçou a ficar parado, deixar que ela tomasse a decisão de continuar ou não.


Deus! Não sabia se poderia suportar aquela doce tortura. Seu corpo estava prestes a explodir, contudo Gina se moveu com excruciante lentidão. Mais fundo.


A quente umidade de seu corpo apertava-lhe o membro. Ainda mais fundo.


A respiração estava entrecortada, mas Harry mantinha contato visual, deixando que ela continuasse no comando. Gina se moveu mais uma vez, até ele sentir a barreira de sua virgindade. Por fim estava mergulhado por completo dentro de Gina, que soluçou ao ser deflorada. Harry quase se derramou dentro dela de tão intenso o prazer de sentir sua masculinidade comprimida dentro de seu sexo.


Gina começou a se mover, delicadas penetrações que o atiçavam, deixando-o ainda mais excitado. A respiração falhava, os cabelos úmidos deslizando pelo peito dele. Ao ver a expressão de profundo prazer no rosto dela, Harry não conseguiu mais suportar.


Pensou que ensinaria a Gina as maneiras de amar. Mas era Gina que Ihe ensinava o que era ter nos braços uma mulher que se entregava por completo. Nos olhos dela via desejo e amor, enquanto ela parava na iminência da saciedade.


Ela precisava dele, assim como ele dela. Nunca a deixaria partir.


As mãos dele agarraram os quadris de Gina, aumentando a velocidade e a pressão. Ela gemeu, as costas se arqueando para recebê-lo mais fundo. Harry se movia no ritmo contrário às investidas dela, o prazer tomando o controle até não existir mais nada além de Gina.


Queria que ela o amasse. Chegou a imaginar que Cho o amava, mas ela nunca o fitava da maneira como Gina o observava.


Ergueu-se para tomar-lhe o seio na boca, lambendo o mamilo enquanto ela pressionava os quadris contra ele. Harry o sugava cada vez mais, e Gina gritou. Neste momento ele se derramou dentro dela, abraçando-a enquanto os espasmos tomavam conta de ambos num inebriante êxtase.


Harry a aninhou no peito, os corpos ainda unidos. Era tão bom ter Gina nos braços.


E foi esse pensamento que o assustou.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


Quando o cinzento céu da manhã se tornou lavanda, o amanhecer abrindo caminho no horizonte, Gina estava aconchegada às costas de Harry. Inclinou-se para Ihe beijar o ombro.


— Bom dia — ela murmurou. Porque era uma bela manhã, a melhor que tinha depois de muito tempo.


Mas Harry não disse nada, apenas rolou para sair da cama. A súbita frieza a espantou, especialmente depois de terem se amado mais duas vezes naquela noite. Harry a levou a beira da loucura antes que gritasse em êxtase. Era como se quisesse vê-la se despedaçando.


— Esta tudo bem? — ela perguntou, subitamente se sentindo insegura. Era preocupante que ele estivesse se tornando distante outra vez.


— Sim — ele disse enquanto se vestia. — Mas preciso ver meus homens. Já é tarde.


Gina deixou o lençol deslizar pelo corpo e se levantou da cama. Esperando reverter o mau humor de Harry, ela o abraçou pela cintura.


— Esta com fome?


Surgiu certo interesse nos olhos dele, mas Harry meneou a cabeça.


— Não, agora não. — Ele afastou as mãos dela e lhe beijou distraidamente a testa. — Eu a vejo depois.


Gina escondeu o desapontamento. Inquieta, se enfiou na roupa íntima e colocou o véu e o vestido. O contentamento de antes tinha desaparecido. Um pensamento sombrio Ihe ocorreu: Harry devia estar arrependido da noite anterior.


Tentou fingir que não havia nada de errado.


— Prometi ajudar Luna com o tingimento da lã.


— Que bom. — Mas ele não se despediu ao deixar o quarto. Quando a porta se fechou, seu olhar procurou a cama. Harry tinha realmente banido suas lembranças de Draco. Gina sempre seria grata por isso.


Ao terminar de arrumar o quarto, colocando os lençóis no lugar, ela respirou fundo.


Talvez nunca tomasse o lugar de Cho. Mas se sentia inteira outra vez, capaz de perseguir o futuro que queria. E embora o caminho adiante se curvasse numa direção que ela não conseguia enxergar, Gina queria acreditar que ainda havia esperança para eles.


Como a água que lentamente desgasta as beiradas de uma rocha, Gina pretendia lutar pelo coração de seu guerreiro.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


GINA ENCONTROU Luna em uma das dependências usadas para tingir lã. O cheiro fétido de lã molhada ardeu em suas narinas. Sacos de lã tosquiada esperando pela tintura estavam empilhados contra uma das paredes, perto do pesado caldeirão de soda, que era usada para encharcar a lã e assim remover seus óleos naturais. Ficou surpresa por encontrar Pomfrey, separando as quantidades de lã a ser tingidas.


— É bom revê-la — comentou, reconhecendo a velha que havia cuidado do pequeno Teddy em Hogwarts.


O rosto enrugado de Pomfrey exibiu um sorriso, embora a mulher parecesse cansada. Os cabelos grisalhos estavam presos num apertado coque, os olhos possuíam um tom turvo de azul.


— Godric sempre foi meu lar — disse Pomfrey. — Embora eu tenha partido quando aquele sonserino apareceu. Eu me neguei a trabalhar para um monstro como ele. Sinto-me feliz por estar de volta.


Gina concordava com a opinião que Pomfrey tinha de Draco. Ajudou a velha a colocar outra pilha de lã para encharcar no caldeirão de soda. Lembrou de como Pomfrey cuidara bem do pequeno Teddy, tratando-o como se fosse um neto.


— Estamos felizes com seu retorno.


Pomfrey mexeu o caldeirão, sem responder. Gina cumprimentou Luna, que estava ocupada preparando raiz de garança para outro caldeirão de lã fervendo.


— Posso ajudar?


Luna assentiu.


— Sim, pode. — Com uma rápida olhada no rosto de Gina, ela acrescentou: — Vejo que ele finalmente se deitou com você.


Gina corou.


— Do que esta falando?


— Você esta com um ar satisfeito. Só um Potter faz uma mulher ficar assim num dia frio como este. — Com um sorriso malicioso, Luna despejou a raiz de garança na água fervente.


Gina quis protestar, mas percebeu que não valia o esforço.


— Você estava certa — ela disse. — Ele é um bom homem.


Luna bufou, mas um instante depois Gina deu uma risada. Era bom relaxar da tensão. Enquanto ajudava Pomfrey a acrescentar mordente ao corante, pensava na próxima noite, quando compartilharia a cama de Harry novamente. Seu corpo se aqueceu com o pensamento, embora não soubesse se ele a receberia ou a rejeitaria.


A dupla trabalhou por longas horas, assistida por Pomfrey, até terem tingido a lã de vermelho forte com as raízes de garança. Outro saco de lã tinha sido tingindo numa magnífica cor escura, com folhas e raízes de dente de leão, enquanto uma terceira adquirira um vivo tom laranja com cascas de cebola.


A nobreza grifinória usava todas as cores imagináveis, algumas em combinações que maravilhavam os olhos. Pareciam acreditar que quanto mais cores, melhor.


Depois, naquela tarde, Gina parou perto da área de treinamento. Apesar da baixa temperatura, os homens enfrentavam uns aos outros, praticando o manejo com a espada e aperfeiçoando da mira. Harry andava entre eles, desafiando seus homens a aprimorar a técnica.


Encostado numa parede distante, Colin observava os homens. Podia vê-lo realizando mentalmente os mesmos exercícios, verificando a menor falha. A vontade de ser um deles era evidente nos olhos de Colin, o que fez Gina se condoer. Sabia que ele iria para a sala de armas quando todos já estivessem na cama, para praticar sozinho. Gina rezou para que um dia ele aprendesse as perícias que não desenvolvera naturalmente.


Harry parecia, de alguma forma, diferente hoje. Havia mais energia, mais rapidez na sua maneira de se mover. Ele derrotou um soldado, então girou e rechaçou a espada de outro. Ele se movia com a graça de um lutador experiente.


Pareceu perceber o olhar dela, então baixou a arma, saindo da luta e sinalizando para que os homens continuassem. Gina pôde ler os pensamentos dele quando Harry concentrou a atenção nela. O cabelo estava preso por uma corda e ele vestia uma armadura de couro que acentuava sua estrutura musculosa. Ela visualizou Harry penetrando fundo dentro dela, as mãos segurando suas nádegas enquanto a boca Ihe atacava a garganta.


Sem que percebesse, Harry tinha cruzado o pátio e agora estava diante dela.


— O que foi?


Gina corou dos pensamentos licenciosos que turvavam sua mente.


— Não é nada. Melhor eu ir ver a comida.


— Vou com você. Já terminei por hoje. — Harry caminhava ao lado dela, mas quando ela estendeu a mão, ele aumentou o passo para evitar o contato.


Surpresa com a rejeição, Gina se deixou ficar para trás.


Uma serva trouxe bacias, toalhas e óleo perfumado para a lavagem dos pés. Harry se sentou num banco e tirou as botas. Mergulhou os pés na água, mas Gina o interrompeu.


— Permita-me — ela disse. Ajoelhando-se diante dele, pegou uma toalha e um frasco de óleo perfumado. Lavou os pés dele, massageando as solas.


Ao toque das mãos dela, Harry ficou tenso. Desde que se deitara com Gina não pensava em outra coisa senão repetir a experiência.


Repreendeu a si mesmo, tentando afastar a mente das exigências de seu corpo. Já tinha sido tolo uma vez, apaixonando-se pela esposa. Não havia lugar para amor no casamento, e ele não deixaria que Gina o enfraquecesse desta maneira.


Ela despejou óleo na palma da mão para depois massagear os tornozelos, as solas e os dedos. Quando ela finalmente secou seus pés e Ihe calcou as botas, Harry ergueu-lhe o queixo. A mão dele mergulhou nos cabelos sedosos antes de capturar a boca de Gina num beijo feroz, até perceber que precisava sentir a pele dela na sua.


Sem dizer nada, Harry tomou-lhe a mão e a levou para o quarto. Já dentro, baixou a trava.


Deus mas ele não conseguia dominar o desejo por ela. Ainda não tinha sido suficiente, não depois de tanto tempo. Adorava estar com Gina em seus braços, por baixo ou por cima dele. Não existia vazio nos olhos dela quando ele a abraçava na escuridão do quarto. Pelo contrário, Gina o fitava ansiosa de emoção, mesmo que ele fechasse o coração para ela.


Harry tentou trazê-la para seus braços, mas viu que a atenção dela estava fixa na lareira atrás dele.


Lá, em cima das pedras, jazia um colar de ouro com safiras.


— O que é isso? — perguntou Harry.


Gina meneou a cabeça, apertando os dedos sobre a boca.


— Foi um presente que Draco me trouxe. Mas eu o recusei.


Ouvir o nome do cavaleiro sonserino inflamou o temperamento de Harry. A intrusão havia alertado seus instintos para qualquer perigo em potencial.


— Como ele entrou em nosso quarto?


— Não sei. Ele mandou a primeira mensagem há uma semana. — Gina olhava para a jóia como se ela fosse um lembrete vivo de Draco. — Era uma fita que ele me deu de presente certa vez. Draco tentou me cortejar novamente.


Os pêlos de Harry se eriçaram por Gina não ter confiado nele. Ainda o julgava incapaz de defendê-la do maldito sonserino?


— Deveria ter me contado. — Harry a tirou do quarto, pois ambos sabiam da passagem secreta que conduzia para o subsolo além da fortaleza. Sem saber se Draco conhecia ou não a passagem, Harry não duvidava de que ele estivesse nos arredores.


— Colin deve saber quem esteve perto do quarto.


Harry rejeitou a idéia imediatamente. Embora o garoto idolatrasse Gina e fizesse qualquer coisa para ajudar, não queria envolvê-lo em algo tão perigoso.


— Não. Mandarei que alguns de meus homens procurem respostas.


— Harry, de uma chance a Colin. Ele quer tanto ajudar. Que mal fará isso? — Gina pos a mão sobre o ombro dele, implorando com os olhos. — Pode designar seus homens e Colin para a tarefa. Se tiverem sucesso, isso dará a ele um senso de propósito. Não vê o quanto ele é indócil? O quanto deseja ser um de seus soldados?


— Colin não é, e nunca será, um bom soldado. Durante todos estes anos, nunca mostrou aptidão natural.


— Mas ele se esforça muito — argumentou Gina. — Ele tenta.


— Tentar não é o bastante numa batalha — retrucou Harry. — Um homem deve derrotar o oponente, ou será morto. — Ele abrandou o tom. — Não quero que ele morra, Gina. Ele devia escolher outro caminho para seguir.


— Este é o caminho que ele quer. Duvido que consiga demovê-lo. Melhor continuar treinando Colin até que ele se saia bem.


— Não treinarei meu irmão para que morra nas mãos do inimigo. Se ele não lutar, não será ferido.


Ele bem sabia o quanto o irmão caçula o idolatrava. Mas Harry o protegeria a todo custo. Mesmo que isso significasse ganhar o ódio de Colin.


— Até essa pessoa ser encontrada, quero que fique aqui. Não visite os arrendatários, nem deixe a fortaleza. Fique com um guarda o tempo todo. — Harry começava a formar um plano. Que homens interrogaria primeiro? Depois disso, as mulheres. Não descansaria ate descobrir como Draco tinha penetrado suas defesas.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


DEPOIS DE ficar confinada na fortaleza por quase três meses, Gina estava prestes a gritar de frustração. Colin tinha descoberto que um criado fora subornado para deixar o colar no quarto. Mesmo depois que o homem foi punido pelo ato, Harry ordenou que Gina nunca fosse deixada sozinha. Ela não tinha privacidade, nenhum momento para si mesma.


Embora compreendesse por que Harry estava sendo tão superprotetor, o ressentimento por ser tratada como uma prisioneira se tornava mais forte a cada dia. Gina mordia a língua sempre que era barrada nos portões, mas não sabia como convencer Harry de que este tratamento era desnecessário.


Muitas vezes teve ímpetos de bater nele, exigir liberdade. Mas então, a noite, ele parecia querer compensar os dois anos de celibato. Harry Ihe oferecia prazer, momentos cheios de intensidade e paixão, abraçando-a como se quisesse absorver sua pele na dele. Nestes momentos, Gina se sentia amada.


No entanto, quando amanhecia, Harry se tornava distante, a atenção sempre concentrada em sua gente.


Suas esperanças de ser mãe, de aninhar uma criança nos braços, naufragavam no desespero. A lua tinha passado por suas fases mais duas vezes, mas os esforços de ambos não haviam rendido frutos.


Gina trabalhava no tear naquela manhã, deixando que o ritmo contínuo do trabalho tranqüilizasse seus pensamentos agitados. As cores se combinavam, criando uma tapeçaria de flores viçosas. Gina ansiava pela primavera, quando a neve derreteria e cederia espaço para colinas e campos verdejantes.


Hoje estava sendo pior do que de costume, pois o tempo quente havia derretido um pouco do gelo. Queria caminhar lá fora, para se distrair um pouco. Dando uma olhada para trás, viu que o guarda estava tão irritado quanto ela, obrigado a acompanhá-la em suas tarefas. O homem era musculoso, de ombros largos, com reputação de ser um dos melhores lutadores de Harry. Suas habilidades estavam sendo desperdiçadas por ficar trancado naquele cômodo com ela.


— Estou cansada deste lugar — ela disse. — O dia está muito bonito para se ficar aqui dentro.


— Harry deu ordens de que ficasse dentro dos muros da fortaleza — o guarda a lembrou.


— Sei das ordens dele. E o seu dever é me proteger. Mas agora pretendo sair para encontrar Harry.


Ela vestiu a capa e o manto, enrolando a longa peça de roupa nos ombros. Lá fora, Gina aspirou o ar fresco, tomado pela fumaça de turfa das pequenas fogueiras que aqueciam as dependências. Levou quase uma hora, mas encontrou Harry supervisionando os reparos de um dos muros internos. Ele trabalhava junto aos homens, passando para eles as grandes pedras que estavam sendo usadas para fortificar a madeira. Gina lembrou que ele pretendia substituir toda a madeira por pedra.


— O que foi? — O tom dele era impaciente.


— Quero sair para cavalgar nos campos — ela informou. — O sol está brilhando e faz calor. Já estou cansada desta fortaleza.


— Não. Você tem que ficar aqui, onde podemos protegê-la.


Gina cerrou os punhos e dominou a indignação. Suavizando o tom, disse:


— Estou cansada de ver estes muros. Não seria seguro se você viesse comigo?


Harry pretendia recusar, mas ela insistiu.


— Não gostaria de passar alguns momentos juntos comigo, sem tantos olhos nos observando?


A voz era sedutora, cheia de promessa.


— Sim, mas...


— Então venha — ela disse. — E pode levar quantas armas conseguir carregar, se isso o fizer se sentir melhor.


Quando Harry hesitou, Gina viu que tinha conseguido.


— Já faz meses, Harry. Não acontecera nada. — Ela segurou-lhe a mão enluvada. — Vamos aproveitar o dia juntos.


Ele se deixou arrastar para os estábulos. Quando os cavalos ficaram prontos, ele colocou Gina sobre a sela. Ela sorriu para Harry, contente por finalmente estar livre do confinamento. Sua montaria era um burrico castanho, enquanto Harry cavalgava um corcel negro.


A espada de Harry estava pendurada à cintura, enquanto sobre a túnica ele carregava uma aljava com flechas, o arco pendurado no ombro. Uma besta estava presa à sela. Gina só queria provocá-lo dizendo que poderia carregar quantas armas desejasse, mas ele parecia ter levado suas palavras a sério. Virando-se para trás, Harry ordenou que um pequeno grupo de soldados os acompanhasse á pouca distância.


Desceram a colina num passo calmo. O sol projetava seus dedos dourados sobre a neve, manchas esparsas de verde cobriam o cenário.


Assim que cruzaram a muralha externa, Gina incitou o burrico num galope. O vento queimava suas orelhas e bochechas, mas ela se deliciava com a liberdade.


Harry a alcançou, agarrando as rédeas do burrico.


— Fique comigo, Gina.


— Não há nada a temer, Harry. Não acontecerá nada de ruim — ela protestou.


— Não, mas quero que fique perto.


Obrigou Gina a reduzir o passo do animal, rumando na direção de um bosque. Gigantescos carvalhos e sempre-vivas se amontoavam ao redor de uma clareira, protegendo-os de olhares curiosos. Com um sinal para que os homens continuassem mantendo distância, Harry desmontou.


Tirando Gina da sela, ele a puxou pela mão na direção de um agrupamento de rochas. Os monólitos de granito exibiam manchas de musgo morto. Outras rochas fragmentadas jaziam no chão. Isso dava ao cenário um ar pagão, como se ali fosse solo sagrado.


— Nunca tinha visto este lugar — exclamou Gina. Tojos e urzes rodeavam as rochas e ela ficou imaginando o mar roxo e amarelo que floresceria na primavera.


Harry a puxou para perto e os dois caminharam até se abrigarem debaixo de uma das rochas. Era mais alta que um homem, fazendo Gina se perguntar como os antigos tinham construído o circulo.


O marido acabou fazendo com que ela ficasse com as costas apoiadas na pedra. Os olhos dele brilhavam maliciosamente.


— Sabe o que dizem sobre essas rochas?


Gina meneou a cabeça, mas o corpo ficou quente quando os braços dele a encurralaram contra o granito. Harry tocou o nariz dela com o dele, mordiscando-lhe os lábios.


— Os antigos reverenciavam estes locais por conceder fertilidade às mulheres. — A mão dele deslizou pelo pescoço, sobre os seios, ate parar sobre o ventre de Gina. Os lábios dela se abriram, então Harry a beijou, a boca quente contrastando com o ar frio.


O coração de Gina se alegrou com a promessa de um bebê, então ela sorriu contra a boca de Harry.


— Quero Ihe dar um filho.


Ao dizer isso, ela viu uma sombra tomar os olhos dele.


— Não quer me falar sobre sua filha?


— Ela nasceu no dia de Santa Catarina. Cho desejava um menino, mas quando segurei minha filha nos braços pela primeira vez, vi que seria como a mãe. Linda.


Gina entrelaçou os dedos nos dele, tentando não deixar o ciúme invadir seus pensamentos. O rosto de Harry se tornou atormentado.


— Se fosse viva, teria cinco anos agora.


— O que aconteceu com ela?


— Morreu de febre. Eu não estava em Godric quando aconteceu. Tinha saído com Ronald numa incursão contra os Goyle’s. Antes de eu partir, ela estava rindo e correndo pela fortaleza. Ela me abraçou e me fez prometer que Ihe traria um presente.


A voz dele ficou melancólica.


— Quando ela ficou doente, dizem que Cho não permitia que ninguém a visse, exceto Pomfrey. Ficou ao lado dela dia e noite, enquanto Lílian sofria com a febre. Então enterrou nossa filha sozinha, sem ninguém para ajudar.


Gina segurou o rosto dele entre as mãos.


— Não é sua culpa, Harry. Você não podia fazer nada.


— Por que ela não deixou mais ninguém chegar perto? — ele perguntou, a voz cheia de lamento. — Poderiam tê-la salvado.


— Não sei. — Percebendo que ele não queria dizer mais nada, ofereceu o calor de seu abraço. Inclinando-se, deu-lhe um beijo. A reação dele foi contida a princípio, mas em poucos instantes se tornara urgente.


Trocando as posições, Harry ergueu Gina, colocando-a de costas para uma das rochas. Uma das mãos levantava as saias, a outra abria a calça antes de Ihe agarrar as nádegas. Em poucos minutos, Harry se unia a Gina, invadindo seu corpo quente.


Os olhos, escuros com uma promessa sensual, inflamavam os dela. Harry a mantinha suspensa como se não pesasse nada, mergulhando nela até deixá-la úmida de desejo. Mesmo enquanto a conduzia ao maravilhoso prazer, suas bocas cálidas se juntando, não falava de seus sentimentos. Gina se perguntava se um dia ele pensaria dela o mesmo que pensava da primeira esposa.


Cingindo as pernas ao redor da cintura dele, Gina o incitou a se mover mais rápido, até o anseio dentro dela se tornar febril. Ela tremia, atingindo quase a loucura. Apertou-se a ele com toda a força, arqueando o corpo numa maneira que sabia dar a ele incrível prazer.


Harry gemeu e Gina viu o momento em que ele encontrou o alívio se derramando dentro dela. Ele a protegia, ele a abrigava. Mas Gina temia nunca obter de Harry o que mais queria: o coração.

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