Misturando Fatos e Sentimentos

Misturando Fatos e Sentimentos



N/A: demoreei muito pra escrever esse capítulo --' espero que gostem :D e comentem, sim? Próximo capítulo teremos a história sendo contada do ponto de vista da Mione. E tem uma parte grande em negrito, na aula de Poções, mas é só porque a formatação deu pau e não quer arrumar =*


 


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Fairy Tales and Castles - Lifehouse


'Cause he lives inside a fairytale and castle now and there's room inside for false expectations and illusions


 


“Okay…” Pensou o loiro depois de 15 minutos, o tempo em que seu adorável tio ficara ali lhe passando instruções. “O Lord tem seus meios de vigiar Potter... fora que, Snape está em Hogwarts em tempo integral...”


Draco sentou em sua cama para pensar melhor.


“Pra que diabos eu tenho que vigiar o nojento do Potter? Seria inútil...”


Por mais que pensasse em argumento pra se livrar disso, ele não achava nenhum suficientemente convincente. E se não o fizesse, talvez morresse dessa vez. Passou muito tempo ali, ainda concentrado no que deveria fazer até que seus pensamentos foram interrompidos por uma coruja que estava parada em sua janela. Desanimado, levantou-se e fora pegar a carta.


- Selo de Hogwarts...


Olhou pra carta, colocou-a no bolso e saiu de seu quarto, com a esperança de que esse seja apenas mais um ano comum em Hogwarts, como alguns outros que passaram.


 


He says he looks in the mirror


(Ele disse que olha no espelho)



And he can't tell anymore


(E não pode mais dizer)



Who he really is and who they believe him to be


(Quem ele realmente é e quem eles acreditam que ele seja)



And he says he walks a thin line


(E ele diz que anda numa linha tênue)


 


Ao chegar à estação, percebeu rostos conhecidos, mas não quis parar para conversar. Alguns Sonserinos ainda insistiam em pará-lo para cumprimentar, ou apenas davam tapinhas em seu ombro. Draco era popular entre eles. Sem dizer nas grotas. Ao passar por um grupinho de segundanistas da Ravenclaw, poderia jurar que ouviu alguns suspiros. Não ligou, apesar de aquilo só contribuir para o aumento de seu ego.


Embarcou no Expresso e foi logo procurar uma cabine vazia. Não demorou muito a achar, já que a maioria dos estudantes ainda se encontravam do lado de fora, se despedindo de seus parentes. Draco deu uma olhada pela janela e viu que Potter se encontrava ali. Não fora difícil de achar o garoto já que ele estava bem perto de sua janela e estava se despedindo dos Weasley.


- Babaca. - Resmungou Draco, saindo da janela e sentando-se em um dos bancos da cabine. Também não demorou muito ate alguém abrir a porta, para o desagrado do loiro, que realmente queria ficar sozinho.


- Draaaco – Ouviu uma voz estridente chamar seu nome. Era Pansy Parkinson. Draco bufou e virou a cara quando Pansy se jogou em seu pescoço.


- O que você quer? – Perguntou ele ríspido.


- Nada, tava com saudades Draquinho – Disse enquanto passava as mãos nos cabelos sedosos de Draco. Este respirou fundo, retirou Pansy de cima dele, sem muito cuidado, levantando e indo em direção à porta.


– Draco! – Protestou.


- Preciso sair – E fechou a porta deixando Pansy de cara amarrada no banco.


Enquanto andava, encontrou dois garotos que pareciam ser do primeiro ano, parados no corredor, conversando.


- Seus pivetes, saiam da frente e parem de obstruir a passagem! – Encarou os garotos, sério.


- N-Não encontramos uma cabine – Falou um deles, o mais baixo e gorducho, que estava decididamente com medo.


- E por acaso esse corredor tem cara de cabine, seu trasgo?


- N-Não, não tem – Falou o outro, mais alto e magro.


- Ótimo, então saiam daqui agora se não... – Mas fora interrompido por uma voz mandona, firme, feminina e que ele conhecia muito bem.


- Se não o que, Malfoy? – Hermione estava parada atrás dos dois meninos, com os braços cruzados, já com o uniforme da Grifinória e um distintivo de Monitora-Chefe brilhando do lado direito de sua capa preta. Estava encarando Malfoy, bem séria.


- Granger... – Falou com um sorrisinho cínico aparecendo no canto de sua boca – Monitora-Chefe é?


- Exatamente Malfoy, então é melhor tomar cuidado com o que vai fazer e falar daqui pra frente, porque to de olho em você!


- Eu sei que eu sou irresistível, Granger, mas não sou pro seu bico – Eles agora estavam um pouco mais perto. A essa altura os dois garotos já tinham saído do caminho.


- Claro que não é. Você é pro bico da Parkinson com aquela cara de buldogue amassado – E devolveu o sorriso cínico, quando Malfoy fechou a cara.


- Ora sua... – Começou ele


- Se irritou porque ofendi a sua namoradinha? – Perguntou ainda sorrindo daquele jeito.


- Me irritei por você ter dito que eu mereço algo daquele nível – Respondeu o garoto, com cara de nojo.


- Ela vive grudada em você, Malfoy... – E sorriu da cara que Draco estava fazendo. – Agora se me der licença – Foi em direção de Draco com a intenção de seguir sua ronda no expresso. Quando passou pelo garoto, este a segurou pelo braço.


- Isso não vai ficar assim, Granger... – E encarou os olhos intensos da castanha, mais uma vez. Os dela estreitaram e também encararam o acinzentado dos olhos do loiro.


- To louca pra ver como vai ficar Malfoy – Fechou a cara, se soltou de Draco e seguiu bufando pelo corredor.  


 


O resto da viagem fora tranqüila. Draco conseguiu tirar, a muito custo, Pansy de sua cabine, e deixou bem claro pra todos que queria ficar ali sozinho. Ninguém mais o perturbou até chegarem a Hogwarts. Pensou muito durante o caminho... Aliás, era o que ele mais fazia ultimamente: Pensar.


 


A cerimônia da escolha das casas não era nada animadora. Sempre o deixava com tédio, e não foi diferente dessa vez. O garoto gorducho que havia encontrado nos corredores do expresso tinha sido selecionado para a Hufflepuff, o mais alto e magrelo e mais alguns foi parar em Gryffindor, duas irmãs gêmeas acabaram indo pra Slytherin e mais alguns em Ravenclaw.


Após a Cerimônia, Snape foi apresentado como novo diretor de Hogwarts. Draco pode ouvir manifestações rápidas da mesa de Gryffindor, principalmente de Potter e seus amigos. Achou graça daquilo, mas sabia muito bem porque estavam revoltados.


Não durou muito a reclamação, pois o novo Diretor se pôs a falar.


- Silêncio – Ordenou Severo Snape. Sua aparência não havia mudado muito, continuava com aquelas vestes negras, seu cabelo oleoso emoldurando o rosto, com um nariz em formato de gancho. Talvez houvesse algumas rugas a mais e uma palidez maior, mas fora isso, estava exatamente o mesmo. 


- Serei seu novo Diretor, sim, como foi me solicitado. – Aquela voz calma e arrastada agora ecoava no Salão Principal – A professora Minerva continuará sendo a vice-diretora.


Pode ser ouvido sussurros de aprovação por parte da mesa de Slytherin. Draco observou o olhar de ódio que Potter lançara para o novo diretor.


- A nossa única mudança no quadro docente será a professora Néftis, uma bruxa egípcia que veio dar aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.


Nesse instante uma mulher muito bonita levantou-se de seu lugar na mesa dos professores, para que todos a vissem. Era alta, corpo bem definido, cabelos longos, lisos e negros e olhos expressivos.


Todos bateram palmas. Os garotos mais entusiasmados. Draco não pode deixar de notar a beleza de sua nova professora. Olhou para algumas garotas no salão e percebeu expressões estranhas se formarem. Pansy parecia ter torcido a cara, ficando realmente estranha, algumas da Ravenclaw olhavam com ar de superiores, Gina Weasley se pôs a conversar com outra Gryffindor enquanto Hermione fechou a cara, revirou os olhos e encarava as mãos descansadas na mesa, enquanto os meninos de todas as casas continuavam a bater palmas. Draco riu.


Passado o momento de euforia, o novo diretor voltou a falar.


- Muito bem, vejo que a nova professora agradou. – Falou sem expressar nenhuma emoção – Vamos ao jantar.


 


Between what is and what could be


(Entre o que é e o que poderia ser)



He's getting closer


(Ele está chegando perto)



To something he can't understand
(De algo que não pode entender)



'Cause there's a crack in his plastic crown


(Porque há uma rachadura na sua coroa de plástico)



And his throne of ice is melting


(E seu trono de gelo está derretendo)


 


Não acordou muito disposto aquela manhã. Saiu da sala da comum da Slytherin e foi direto pro Salão Principal. Estava muito cedo, achou que não encontraria muitas pessoas por ali. Aliás, Draco estava se isolando cada vez mais, não que estivesse exatamente ligando pra isso. Os corredores que levavam ao Salão estavam totalmente vazios e não se escutava quase nenhum barulho no castelo. Sentir aquele silêncio lhe fazendo bem, deixando-o calmo e tranqüilo, melhor do que quando levantou. Sentiu como se aquele ano fosse ser diferente.


Não demorou a chegar ao Salão, que, como ele previa, não tinha muita gente. Alguns de Hufflepuff, três ou quatro de Slytherin e a maioria se encontrava na mesa de Gryffindor.


- Porque eles têm que ser tão irritantes acordando mais cedo do que o normal? – Perguntou o loiro a um garoto do sexto ano, do time de quadribol de Slytherin que se chamava Thompson McCrea.


- Você também acordou cedo – Respondeu McCrea calmamente.


Draco olhou de lado para o garoto como se quisesse arrebentar seu nariz de bola ali mesmo.


- Sorte sua que sabe jogar Quadribol, se não poderia se considerar fora do time – respondeu com mau gosto.


- Que? – Perguntou McCrea e pela primeira vez encarou Draco, esta manhã.


- Ta falando com seu novo Capitão, cabeça de lesma – Draco havia recebido o título de Capitão de Quadribol esse ano e ficou muito satisfeito por poder finalmente mandar no time. Thompson ficou totalmente sem reação enquanto Draco se servia de suco de abóbora.


Olhou mais uma vez pro Salão e percebeu que Granger estava lá sem seus amiguinhos. Seu cabelo castanho ondulado e volumoso, solto, uniforme grifinório, distintivo de monitora-chefe na blusa do uniforme já que estava sem a capa e a cabeça baixa lendo o Profeta Diário. Draco ficou observando a garota por algum tempo. Talvez por tempo demais já que Hermione pareceu se incomodar com a sensação de estar sendo observada e levantou a cabeça, dando de cara com Malfoy.


- Perdeu alguma coisa aqui, Malfoy? – Perguntou ela, alto o suficiente para que boa parte dos presentes ali escutasse. O Salão já estava começando a ficar mais cheio há essa hora. Draco ficou sem reação por alguns segundos e piscou duas vezes antes de responder.


- Do que você ta falando, sua louca? – Draco a encarou, mas não se moveu.


- Do simples fato de você esta me olhando descaradamente há muito tempo – Respondeu a castanha calmamente também sem se mover.


- Não me faça rir, Granger. Não tem nada ai que me interesse – Alguns Sonserinos riram. Decididamente agora todo o salão voltou sua atenção aos dois, que mesmo de lados opostos do local, continuavam a discutir.


- AH! Claro, esqueci que o que te interessa são buldogues raivosos – Respondeu a garota, agora arrancando risada dos companheiros de casa. Ninguém ali imaginava ver aquela cena, onde Hermione Granger arrancava risos das pessoas, deixando um Draco furioso.


- Tudo bem Granger, talvez eu estivesse olhando mesmo. É que seus peitos estavam pedindo pra serem olhados, sabe? Com essa blusinha e tudo mais... – Agora quem ria mais ainda eram alguns garotos de Slytherin. Podia ouvir ate alguns concordando com Malfoy.


Hermione ficara vermelha, mas Draco não pode identificar se era de raiva ou vergonha. Talvez fosse os dois, mas o fato era que ele por pouco não sente as conseqüências disso. Hermione, num movimento inesperado, jogou em sua direção um cálice que estava ao alcance de suas mãos, e se Draco não tivesse reflexo, aquilo com certeza atingiria sua testa bem no meio. Crabbe não teve a mesma sorte e levou o cálice bem no nariz e começou a gritar. Draco riu e percebeu Minerva se aproximando.


- Queria me acertar, Granger? – Perguntou cinicamente.


- Quero te matar, seu pervertido, asqueroso, inseto arrogante – Falou ela ofegante e decididamente vermelha. Draco riu mais ainda e teve a impressão que se McGonagall não tivesse segurando o ombro da castanha, ela teria subido na mesa só pra cortar caminho ate ele.


- Que baderna é essa aqui a essa hora da manhã, senhores? – Perguntou horrorizada enquanto observava a cara de Crabbe que continuava a gritar, porque estava sangrando.


- Malfoy que começou! – Exclamou Hermione exasperada.


- Eu? Você que começou a jogar objetos na minha cabeça, sua neurótica! – Falou ele se defendendo.


- Menos 20 pontos para Slytherin e Gryffindor – Falou Minerva – E saiam daqui antes que eu aplique uma detenção para os dois. E Sr. Crabbe, pare de gritar como uma mocinha e vá à enfermaria! – Malfoy sentiu que aquela resistência a dar detenção era muito mais pela Granger - certinha do que por ele. Mesmo assim resolveu obedecer. Atravessou a porta do salão com Hermione atrás dele, logo depois que Crabbe saiu correndo para a enfermaria.


- Nunca mais faça isso, Malfoy! – Falou ela com autoridade.


- O que? – Perguntou com sinceridade.


- Fazer... Fazer o tipo de comentário que você agora! – Parecia a coisa mais óbvia do mundo quando ela colocava daquela forma.


- Que comentário? Sobre seus peitos? – E La estava novamente o sorriso cínico em seus lábios.


- Malfoy! – Hermione se aproximou perigosamente de Draco com a mão levantada, mas ele não ia apanhar de novo. Não daquela vez. Segurou o braço da garota no momento em que ela o levava em direção ao seu rosto.


- Dessa vez não, Granger. – Puxou ela pra mais perto e aproximou seu rosto ao dela e percebeu sua respiração acelerar – Uma sangue-ruim como você não deve tocar em alguém como eu, entende? É questão de princípios...


- Coisa que você não tem. – respondeu nervosa – E me solta!


- Pede “por favor” – Ele ainda a encarava


- Cala essa sua boca nojenta e me solta agora antes que eu mesma providencie uma detenção pra você, seu atrevido. – Agora ela tentava se soltar das mãos do loiro com mais veemência. Mas Draco aproximou seu rosto mais perigosamente do que antes e pouquíssimos centímetros os separavam.


- Você ainda vai me pagar por aquele tapa, Granger – E dizendo isso num sussurro, soltou o seu braço, se afastando dali enquanto Hermione o encarava incrédula.


 


Conseguiu chegar a tempo para a primeira aula do dia: DCAT. Coisa que Granger também fez.


 Sentou-se ao lado de Goyle e quando este fez menção de fazer uma pergunta, Draco levantou a mão como se pedisse pra ele não falar nada. Ainda ouvia o barulho das conversas já que a professora ainda não tinha chegado. Ouviu o ‘’agora não’’ da Granger pra Potter e imaginou que seu querido amigo quisesse saber de detalhes do que aconteceu hoje mais cedo.


- Draco... – Começou Goyle, mas fora interrompido pela professora Néftis, que acabara de entrar na sala.


- Bom dia! – Cumprimentou a todos enquanto se deslocava para sua escrivaninha, que tinha uma espécie de caixa, tampada com um manto.


- Bom dia – Houve resposta de todos, apesar de os meninos terem sido mais eufóricos.


- Bom, como já fui apresentada, meu nome é Néftis. Professora Néftis para todos você – Falou ela com calma, mas incisiva. – Antes de começarmos, um aviso: Exijo respeito de todos os meus alunos. Não abro exceção nem para o estrelinha da turma – Nesse momento, a professora olhou para Harry e Malfoy riu. – Nem para o palhaço da turma – Falou agora se virando para Draco, que parou de rir instantaneamente. – Nem para nenhum de vocês. Saibam lidar comigo que eu saberei ser generosa com todos. – E seguido de suas palavras, veio o silêncio total.


- Ótimo, falaremos hoje sobre a Mortalha-Viva. - Anunciou enquanto retirava o manto que cobria a caixa, uma caixa de vidro, e dentro tinha uma coisa parecendo outro manto, e era negro.


- Alguém poderia me dizer... Srta. Granger? - Hermione já estava com o braço levantado antes mesmo de a professora terminar a pergunta.


- Mortalha-Viva é uma criatura muito rara. Ela lembra um manto negro que rasteja pelo chão durante a noite, aproveitando que as pessoas estão dormindo para atacá-las... Nunca tinha visto uma de perto – Comentou, admirando a criatura.


- Exatamente – Falou a professora impressionada – 5 pontos para Gryffindor, devo dizer. E ainda bem que nunca cruzou com um desses, senhorita. Mortalha-Viva mata as pessoas sufocando-as, tampando-lhes todas as vias respiratórias. Depois de morta, a pessoa é engolida e digerida por essa criatura que acaba ficando um pouco mais gorda do que antes do ataque.


Fez uma pausa enquanto alguns faziam cara de pânico por estar próximos a algo tão perigoso.


- Alguém sabe como se acaba com esse ser? Srta. Granger? – Hermione novamente havia levantado o braço.


- Expecto Patrono.


- Corretíssimo. E será esse feitiço que faremos hoje. – Draco ficou nervoso, olhou para Granger que sorria, juntamente com Weasley e Potter.


- Usaremos contra a Mortalha-Viva? – Perguntou Rony e todos olharam surpreso. Pela primeira vez o Weasley fazia uma pergunta em sala. O garoto ficou da cor de seus cabelos.


- Não, senhor Weasley. Hoje apenas tentaremos o Patrono. Só quando conseguirem fazer um patrono corpóreo colocarei os senhores para enfrentar isso aqui – Com um movimento de varinha, a Mortalha-Viva fora coberta novamente. – Levantem-se.


Todos levantaram e com mais um movimento de varinha, as carteiras foram arrumadas de uma forma a deixar um grande espaço na sala para todos treinarem seus patronos.


- O Patrono é um ser de luz que protege o bruxo de Dementadores e Mortalhas-Vivas. Expecto Patrono é o feitiço que se utiliza e o bruxo precisa estar com uma lembrança muito feliz para conseguir criá-lo. Será a representação da felicidade desse momento, entenderam?


Todos balançaram a cabeça e concordaram. Então a professora mandou prosseguirem. Não demorou nada para que os patronos corpóreos de Harry, Rony, Hermione e Simas aparecesse. Um veado, um cão, uma lontra e uma raposa respectivamente. A professora pareceu encantada com tamanha demonstração. Draco olhara com raiva para a cena e bufava.


- Como posso ter alguma lembrança feliz nesse momento? – Se perguntava enquanto balançava a varinha e falava ‘Expecto Patrono’ em vão. Apenas o que saía era uma linha fina prateada. Para a sua alegria não fora o único que conseguiu reproduzir um Patrono Corpóreo.


- Bom, por hoje já está bem – anunciou a professora. – Quero que treinem esse feitiço exaustivamente. Será importantíssimo para nossos próximos encontros. Quanto mais tentarem, mais chance terão. Um bom dia para todos, podem ir. 


Próxima aula era de Poções e antes do almoço teriam feitiços. Quando acabaram, Draco foi direto pro Salão almoçar.


- Por culpa daquela louca, não pude comer direito e... – Parou instantaneamente, pois havia uma multidão impedindo a passagem, todos muito interessados em qualquer coisa que se encontrava pregada na porta. Draco foi passando pelos alunos sem pedir licença enquanto escutava reclamações. Lá estava um papel pregado onde se lia em letra muito bem desenhada e vermelha:


 


Reunião Importante com todos os alunos do 6º e 7º ano.


Hoje, às 16h30min no Salão Principal


Atenciosamente,


Professora McGonagall


 


- Ta legal! – Gritou enquanto todos que se empurravam para poder ler o bilhete – Isso aqui só está dizendo que terá uma reunião importante pros alunos do 6º e 7º ano, hoje às quatro horas aqui ok? Parem com essa baderna, seus trasgos raivosos – E saiu empurrando as pessoas para poder entrar no Salão, enquanto pouco a pouco todos faziam o mesmo.


 


He climbed his ladder


(Ele subiu a escada)



And there was nothing there


(E não havia nada lá)



And now it's a long way down


(E agora é um longo caminho para descer)



It's a long way down


(é um longo caminho para descer)


 


16h29min e Draco ainda estava deitado no sofá da Slytherin e tinha se esquecido completamente que teria a tal reunião, até Goyle aparecer e o lembrar do compromisso.


- Não vai pra reunião, Draco? – Perguntou distraído, indo em direção a porta. Como uma anta daquela que foi lembrar Draco do que deveria fazer? O loiro olhou desconfiado e murmurou um ‘’já vou’’ enquanto observava um garoto sem jeito saindo.


 


Chegou atrasado e percebeu todos os olhares vindo em sua direção enquanto se acomodava ao lado dos seus companheiros de casa. Pareceu que havia interrompido alguma fala de McGonagall por que essa havia parado subitamente e também o olhava.


- Ótimo que se juntou a nós, senhor Malfoy – Falou com sua voz calma – Mesmo que atrasado.


- Perdi a hora, professora – Respondeu com sinceridade.


- Muito bem, mas o assunto não é o seu atraso. Estamos aqui, como eu estava prestes a explicar, para um comunicado muito importante para os 6º e 7º anos. – Começou a explicar. Draco percebeu que Snape também estava lá, juntamente com todos os outros professores e imaginou que seria tão importante assim pra ser comunicado.


- Queremos a colaboração de todos para fazer uma espécie de semana cultural em Hogwarts.


Ouviram-se sussurros e perguntas a qual ninguém, além dos professores, poderia responder com certeza. Harry Potter parecia o mais revoltado.


- Como assim uma semana cultural? Temos uma guerra lá fora, professora! – Exclamou o garoto, agora já de pé e com os pulsos fechados. Draco viu Hermione olhar assustada para o amigo enquanto puxava sua capa pra baixo, na tentativa de fazê-lo sentar.


- Sr. Potter, quer fazer o favor de sentar e prestar atenção nas explicações? – Pediu a professora McGonagall calmamente, enquanto com muita dificuldade o moreno voltou a se sentar em seu lugar, mas se podia ver a cara fechada que ele fizera.


- Estamos em guerra, mas a vida não acabou senhor Potter. Se vieram até Hogwarts é porque estão dispostos a cumprir o currículo escolar de acordo com o planejado, independente do que esteja acontecendo lá fora.


- Estamos todos correndo riscos, professora, não da pra se distrair... – Começou Harry novamente, fazendo menção de se levantar, mas dessa vez foi segurado por Ronald. Já podia se ver o nervosismo nos rostos presentes.


- Não é se distrair, Potter. Essa semana que acontecerá, não vai ser para os senhores brincarem ou se divertirem. Se o senhor fizer o favor de se calar e deixar que eu explique, ficarei muito grata. – McGonagall mostrava agora certa impaciência com o aluno de sua casa. Ao ver que Harry se calara, ela prosseguiu.


- Será uma semana que exigirá muito empenho de todos. Sem exceção. E deverão mostrar domínio em todas as matérias que os senhores cursam. Todas.  Esse ano os alunos do 7º ano terão um modo diferente de avaliação dos N.I.E.M’s.


Todos pareceram reagir àquela informação. Mudança na avaliação dos N.I.E.M’s, poderia significar que teriam que estudar o dobro pra conseguirem passar com notas pelo menos significativas. McGonagall apenas esperou todos fazerem silêncio o que demorou alguns minutos a mais do que o esperado, na opinião de Draco, que viu a professora ficar impaciente.


- Muito bem, como devem estar imaginando, a avaliação de vocês será exatamente nessa semana. Mas não pensem que vai ser fácil. Muito pelo contrário. Vão ser exigido mais empenho de todos. Vou lhes explicar.


Nesse momento McGonagall abriu o pergaminho que estava em sua mão o tempo todo e começou a ler o que estava escrito nele.


v  Os alunos serão Divididos em quatro grupos, mesclando o 6º e 7º anos, com membros de todas as casas;


v  Será nomeado um líder para cada grupo. Esse líder terá total controle sobre os membros e sobre o que será apresentado;


v  Nenhuma ordem desse líder deverá ser contestada, no entanto se algo der errado, o mesmo será o principal responsável, arcando com a maior conseqüência;


v  A escolha do líder será feita por magia; será retirado o nome de um cálice enfeitiçado;


v  A escolha dos grupos também será feita pelo cálice, mas quem irá tirar os nomes será o líder do respectivo grupo; Uma vez tirado o nome, não poderá ser mudado, portanto continuarão no grupo em questão mesmo que isso não agrade;


v  Não será aleatória a escolha; será de acordo com o líder que for retirar os nomes;


v  O tema das apresentações será livre, conseqüentemente o tipo que será apresentado no dia marcado;


v  Haverá apresentações individuais;


v  Os alunos deverão fazer uso de todos os recursos das matérias que cursam. De todas, sem exceção;


v  Funcionários do Ministério juntamente com os professores, farão a avaliação final.


Após ler o pergaminho com as instruções, McGonagall deu espaço para que Snape tomasse a palavra. Ele foi para o centro, onde antes McGonagall se encontrava e falou com sua voz arrastada enquanto mostrava um cálice ao lado.


- Todos conhecem esse cálice, ou melhor, a maneira como sortear nomes em cálices, do Torneio Tri bruxo...


Draco abaixou a cabeça e a encostou nos braços apoiados na mesa e não ouviu muito bem o que Snape estava explicando. Estava cansado e teria que participar de uma semana cultural idiota e seu ânimo não ajudava. Não sabe quanto tempo ficou, mas só levantou a cabeça quando ouviu alguém chamar seu nome.


- Draco Malfoy, Slytherin – McGonagall estava novamente com a palavra e dessa vez com um pequeno papel na mão.


- Hein? – Perguntou o garoto confuso.


- O senhor foi o terceiro líder a ser escolhido, senhor Malfoy – Respondeu McGonagall com impaciência. Draco olhou surpreso enquanto todos os presentes lançavam olhares curiosos em sua direção. Levantou-se e foi em direção onde estavam os dois primeiros líderes escolhidos: Gina Weasley e Stephen Cornfoot, da Ravenclaw. Draco colocou em dúvida a capacidade daquele cálice de escolher líderes. Observou McGonagall chegar perto do cálice e esperá-lo expelir mais um pedaço de papel anunciando o quarto e último nome.


- Wayne Hopkins, Hufflepuff – Anunciou McGonagall categoricamente.


Draco fechou os olhos por instantes, balançou a cabeça negativamente e voltou a observar a euforia da garota e de seus amigos e riu.


“Se for pra entrar nisso com essa gentalha, faço questão de ser o melhor e de ter o melhor grupo” pensou.


Foi o primeiro a se manifestar a tirar os nomes do grupo.


- Harry Potter – Ficou em choque ao ler o que acabara de sair do Cálice – Que?


- Continue senhor Malfoy – Ordenou Snape olhando firmemente para todos no Salão.


- Mas... – Começou a contestar o loiro ate ser interferido pelo diretor.


- Senhor Malfoy, apenas retire os nomes sim?


- O-Ok... – Continuou a contragosto - Dafne Greengrass... Teodoro Nott... Ronald Weasley... – Torceu o nariz ao ler o nome do ruivo – Megan Jones... Emília Bulstrode... Vicente Crabbe... – E foi retirando mais nomes por alguns instantes ate ler o último.


- Hermione Granger.


 


He climbed his ladder


(Ele subiu escada)



And there was nothing there


(E não havia nada lá)



And now it's a long way down


(E agora é um longo caminho para descer)

On and on and on he goes


(Porque ele continua)



Dancing on the grave


(Dançando na sepultura)



Of what he thought was still alive


(Do que ele pensou que ainda estava vivo)


 


Não sabia o que era pior: participar de uma semana cultural que ele não queria ou participar dessa semana cultural que ele não queria na companhia de Potter. No mesmo grupo que Potter, não dava nem pra competir com o garoto. Malfoy ficou de cara fechada, ainda segurando o ultimo pedaço de pergaminho na mão, enquanto os outros líderes tiravam os nomes. Não prestou atenção, apenas viu Dino Thomas indo pro grupo da Weasley, juntamente com Pansy e Luna Lovegood. Goyle, Longbottom e Zabini acabaram indo para o grupo do Cornfoot.


Potter parecia tão revoltado quanto o próprio Malfoy. Suas feições também eram fechadas, assim como as de Pansy, Goyle e Zabini. Olhou para Granger que não expressava nada, apenas continuava observando os líderes ali em cima.


- Muito bem, os senhores irão se reunir agora para decidirem coisas básicas. Como irão se comunicar, quando irá acontecer,a freqüência... Enfim. Queremos tudo isso decidido ainda hoje e quando iremos definir qual será o professor responsável por casa grupo – Explicou Snape sendo claro e rápido. – Podem fazer isso aqui mesmo, separem-se.


Draco foi andando para o fundo, sentando-se na mesa de Slytherin enquanto observava o grupo indo ao seu encontro. Potter parecia ter feito questão de se sentar bem em frente ao seu líder. Hermione estava em pé, à esquerda do moreno e Weasley à direita. Os outros foram se aproximando e se acomodando como era possível.


- Ótimo, o trio fantástico comigo – Falou ele esnobe.


- Cala a boca, Malfoy – Enfrentou Rony, batendo a mão na mesa. No mesmo instante Draco levantou e, com a cara fechada, encarou o ruivo.


- Eu sou o líder, Pobretão, então é melhor ir baixando essa sua crista e mudando esse tom de voz quando for falar comigo, se não vai ter problemas.


- Ora seu... – Mas fora interrompido por McGonagall que provavelmente já previa a confusão.


- Muito bem, tenho certeza que teremos problemas com esse grupo – Anunciou ela, fazendo todos se virarem.


- Não teremos se o Weasley parar de enfrentar o nosso líder – Falou presunçoso Teodoro Nott.


- E se o nosso líder não for um ditador insano – Decretou Hermione, encarando Draco, que agora sorria.


- Muito bem, não tem como eu e nem outro professor ficar controlando as brigas de vocês o tempo todo e muito menos observar se as atitudes do Senhor Malfoy serão abusivas, por tanto abrirei uma exceção para vocês e... – Parou se virando exclusivamente para Hermione – A senhorita irá se comportar como uma vice-líder. Irá controlar essas discussões e não permitirá que o senhor Malfoy abuse de seu poder. Entendido? – Agora olhava a todos, principalmente para Rony, Harry e Draco.


- Sim – Responderam em uníssono, desanimados.


- Tudo bem professora – Falou uma Hermione mais animada enquanto Minerva dava as costas para os estudantes ali.


- Porque ela escolheu você? – Perguntou Rony indignado.


 - Talvez porque eu seja a mais sensata de vocês – Respondeu com uma pontada de raiva pela pergunta do amigo.


- Ta, ótimo, vamos parar com isso aqui então – Draco sentou-se novamente e encarou a todos – Como vamos nos comunicar? Corujas?


- Moedas? – Sugeriu Hermione sorrindo – São mais rápidas.


- Ta falando do método que usamos na AD? – Perguntou Harry agora olhando para a amiga.


 - Exato. Tocamos nas moedas com nossas varinhas e pronto. Saberemos que temos que nos reunir – Disse ainda sorridente olhando para os outros. Alguns pareceram assustados, como Draco.


- Isso ta me parecendo... – Mas não precisou completar a frase.


- Mas é esse o princípio. Só não estarei marcando nada em vocês – Falou uma Hermione empolgada – Ou melhor, você irá marcar essas reuniões. Os outros só terão essas moedas para saberem quando isso irá acontecer.


Draco sorriu. Podia ser bizarro, anormal, estranhamente não-Draco, mas de alguma forma ele sentiu uma pontada de orgulho pela inteligência da castanha. Só não deixou ninguém perceber isso.


- Muito bem então – Falou finalizando – Eu marcarei nosso próximo encontro pelas moedas que a Granger irá nos dar e é só.


- E qual será a freqüência que vou ter que agüentar esse seu arzinho cínico? – Perguntou Rony fechando a cara.


- Isso vai depender do que vamos decidir para apresentar, Pobr... – Parou instantaneamente ao ver o olhar que Hermione lançou – Weasley.


- Ótimo – Falou Harry se levantando, sendo seguido por todos os outros que estavam sentados.


- Vejo que os senhores terminaram – Snape ia se aproximando juntamente com a professora Minerva. – A professora McGonagall será a responsável por vocês já que ela tem mais firmeza e saberá lidar com os futuros e enfreáveis problemas que haverá neste grupo.


- Ok – Respondeu Malfoy. Harry e Rony fizeram questão de ficarem de costas.


 - Terminaram tudo? – Perguntou o diretor desconfiado.


- Sim, graças à inteligência da Granger – Falou uma empolgada Megan Jones. Snape levantou uma sobrancelha e riu desdenhosamente.


- Talvez nossa sabe-tudo aqui devesse ser a líder e... – Mas foi repreendido pelo olhar severo de Minerva. – Muito bem, então podem ir. – Finalizou seco.


 


Deitar em sua cama, depois de um dia tenso como aquele, fez todos os seus músculos relaxarem. Fechou os olhos, mas os abriu tão rápido quanto os fechou. Sentiu um pedaço de papel na mão e não queria acreditar que ainda tinha aquilo com ele. Elevou a mão direita até a altura de seus olhos e abriu o pedaço de pergaminho, agora um pouco úmido.


- Hermione Granger.


Seu coração deu um salto e sua boca ficou seca. Aquele nome tava começando a perturbar sua cabeça e ele não sabia como aquilo poderia acontecer. Era uma sangue-ruim, amiga do Poti Pateta, do Pobretão cabeça de fogo e de toda escória que ele conhecia. Ela própria faz parte desse grupo que Malfoy sempre detestou. Por que então uma sensação estranha lhe invadia o corpo quando a via? Vontade de chamar sua atenção... Era isso que ele queria agora.


- Há, não é como se eu quisesse realmente ela... – Falou com a voz falhando. Estava sozinho no dormitório e isso lhe trazia algum conforto para divagar. – Não é isso que eu quero... Eu tenho um nome a zelar...


Amassou o pedaço de papel e jogou em baixo da cama. Não era exatamente o momento que ele se daria ao luxo de se perder em seus pensamentos com Hermione Granger. Ele não podia. Não era exatamente aquilo que seu pai esperava dele. Nada ia a favor do que Draco estava sentindo naquele momento. Estava tudo errado. O mundo estava de cabeça pra baixo e ele não iria piorar ainda mais a situação se deixando levar por impulsos hormonais. Pelo menos era o que ele achou.


Sentindo seu corpo pesado demais para se levantar e sua mente mais pesada ainda, se deixou levar pelo cansaço e adormeceu profundamente desejando não sonhar.


 


Seria mais um dia comum se não fosse o pequeno bilhete que recebera através de um garoto do segundo ano de sua casa, que na opinião de Draco, estava ótimo como pombo correio dos alunos mais velhos.


A letra parecia ser de alguém que estava com pressa e tinha apenas uma frase escrita e um nome:


 


Encontre-me depois das aulas, perto do Lago Negro.


Granger.


 


Novamente aquela sensação lhe invadira o corpo. Seu coração ficou apertado e sua mão começou a suar. O que ela queria, afinal? Olhou para a mesa de Gryffindor, mas a garota não estava mais ali. Estava na hora da aula de Transfiguração e seria com os grifinórios. Ele não queria encarar a castanha. Ele não podia.


Balançando a cabeça para afastar aqueles pensamentos, guardou o bilhete no bolso e foi em direção à sala da Minerva antes que chegasse atrasado e levasse algum tipo de sermão da professora.


Entrando naquela sala quase cheia de alunos que não paravam de conversar, procurou, instintivamente, um cabelo castanho, encaracolado e volumoso, que pudesse estar ali, no meio de todo mundo. Demorou um pouco para identificá-lo, já que hoje, ele estava dividido em duas belas tranças. Malfoy piscou duas vezes antes de se sentar perto de onde ela estava, metodicamente, com Potter e Weasley.


- Bom dia Senhores – Cumprimentou a professora, que estava em sua mesa com sua típica forma animaga de gato e voltando a ser Minerva McGonagall. – Hoje faremos uma transfiguração interessante. Isso é, se os senhores conseguirem, claro.


Todos estavam em silêncio observando a professora


- Bem em frente aos senhores tem uma bola feita de lã. O que farão será bem simples: Transfigurá-la em um pequeno gato. Assim. – Minerva apontou sua varinha para uma bola de lã em cima da mesa – Feles


No mesmo instante apareceu um pequeno gato, de cor marrom. As meninas sussurraram um ‘OHH’ e ficaram admirando o pequeno brincar com a varinha de Minerva.


- Muito bem, é a vez dos senhores. Podem tentar. – Disse McGonagall se postando no centro da sala enquanto seus alunos se preparavam para fazer o feitiço. Não era tão fácil quanto parecia. Todos se atrapalharam nas primeiras tentativas. Dino Simas conseguiu transfigurar um ser estranho. Quase um protótipo de gato. Tinha duas orelhas e três patas saindo da bola e tentando andar. Draco não se lembrava de ter visto uma cena mais bizarra que aquela. Não que os outros tenham obtido mais sucesso. Nem Granger tinha conseguido algo muito bom, apesar de ter sido o mais próximo de um gato que qualquer outro tenha conseguido ali.


- Feles – Repetiu Draco nervoso com o feitiço, já que ele não via muita utilidade nele – Feles, Feles, Feles, FELES!


Para a surpresa de todos, ali na frente do loiro, havia um pequeno gato cinza, com manchas pretas, se enroscando e miando. Nem ele acreditou que tinha conseguido transfigurar a bola de lã em um gato. Granger parecia surpresa. Os outros pareciam mais dispostos a tentar e conseguir.


- Muito bem, senhor Malfoy – Falou Minerva próxima ao garoto, avaliando o resultado de seu feitiço – Muito bom. Estão vendo? Não é tão difícil quanto parece, o senhor Malfoy conseguiu...


- O que a senhora quer dizer com isso? – Questionou o garoto lançando um olhar cortante para a Professora, que pareceu ligeiramente embaraçada.


- Bem... A aula terminou, podem ir. Mas antes, quero que treinem e me mostrem que conseguiram, na nossa próxima aula. – Encerrou, dispensando seus alunos e saindo de perto de Draco, que se levantou revoltado, pegando seu gato e passou batido pelos colegas sem olhar pra ninguém


 


O dia estava passando lentamente, para o garoto. As aulas pareciam ter tomado um tempo maior do que de costume e isso o deixou inquieto. A última seria agora, de Poções, com a Ravenclaw. O Professor Slughorn já estava à espera de seus pupilos na sala. Draco estava literalmente com preguiça daquela aula, mas precisava assistir, já que teria uma apresentação pela frente e tinha que saber executar com precisão os ensinamentos dos seus professores. Não demorou nada para todos os alunos chegarem e se acomodarem para assistir a primeira aula de poções do ano.


- Boa tarde – Falou um sorridente e barrigudo Slughorn. – Bom, vou adiantar logo do que falaremos hoje.


Na opinião de Draco, o professor parecia muito ansioso para conhecer ou ver o que seus alunos aprimoraram em poções, durante as férias. Quem sabe ele iria conseguir uma nova potência ali para convidar a entrar no seu grupo. O loiro fez um careta.


- Poção para Confundir – Anunciou Slughorn olhando cada rosto ali como se esperasse que a qualquer momento saltasse alguém e falasse que conseguiria fazer aquela poção com a mão nas costas. Isso não aconteceu. Mas não desanimou o professor – Alguém pode me dizer seu efeito?


- O efeito produz inquietação e quentura na cabeça – Anunciou um aluno da Ravenclaw, de cabelos enrolado e loiro, alto e magro - tendo também uma melhor eficácia na inflamação do cérebro.


- Muito bem, senhor Entwistle – Slughorn agora se balançava para frente e para trás, ainda parecendo muito simpático – Os ingredientes usados nessa poção são cocleária, lingústica e botão-de-prata. Podem começar e boa sorte. As instruções estão no livro, na página 13.


 Todos se colocaram à frente dos ingredientes e caldeirões que iriam usar e começaram a trabalhar. Não era uma poção difícil de fazer, então não demorou muito para que os caldeirões começassem a exalar uma forte fumaça. O cheiro era bom, na opinião de Draco. Mas depois de algum tempo, começou a deixá-lo enjoado. Era doce demais.


Minutos depois, Draco terminou sua poção. Estava na cor púrpura e ele achou que não estava exatamente certa, o que se confirmou com a chegada do professor, que analisou e balançou a cabeça negativamente.


- Precisa de um pouco mais de técnica, meu jovem – E deu um tapinha no ombro de Draco – Está vendo? Deveria ficar vermelha. Mas não desanime – E sorriu alegremente para o loiro, que tentou retribuir, sem muito sucesso.


Não demorou para que Slughorn liberasse todos seus alunos, alertando para aqueles que não conseguiram (e foram praticamente todos), que treinassem a poção e mandou todos fazerem uma redação de 2 pergaminhos para entregarem na próxima aula.


Draco saiu da sala, tentando respirar ar puro. Aquele cheiro doce havia lhe enchido os pulmões e não era nada agradável. Ao respirar fundo se lembrou do que tinha que fazer depois das aulas. Então mais uma vez sentiu seu coração apertado e ficou nervoso. Pegou o pedaço de pergaminho do bolso e leu novamente. Passou o dia inteiro querendo saber o que ela queria e finalmente havia chegado a hora.


Foi andando a passos largos ate chegar à parte exterior da escola. Parou novamente para rir da situação. Estava indo encontrar Hermione Granger e isso definitivamente parecia muito estranho. Suspirou e seguiu seu caminho, mais calmamente.


- Espero que ela já esteja lá – Falou enquanto passava pela cabana de Hagrid – Se não eu vou embora. Não preciso ficar plantado, esperando a sangue-ruim aparecer... 


Não demorou a estar à margem do Lago Negro, e sem nenhum sinal de Hermione.  Pensou em dar meia volta e ir embora, como havia dito, mas a curiosidade, e a vontade íntima de falar com ela, venceram. Escolheu uma árvore próxima e se sentou, com uma das pernas dobradas, descansando a mão no joelho e encostando a cabeça no tronco. Ficou a observar o lago. Sua mãe voltou a invadir sua mente. Pensou em como ela havia sido morta friamente. Pensou no pai e em como ele estaria agora. Ele não poderia ter fugido se não estaria no Profeta Diário. Queria falar com ele. Queria sair daquela situação, mas não sabia como. Foi quando ouviu seu nome ser chamado por uma voz conhecida e que o agradava. O vento bateu em seu rosto e um cheiro bom de canela lhe invadiu as narinas e de repente percebeu que estava de olhos fechados. Não queria abri-los. E então ouviu mais uma vez seu nome e dessa vez foi tocado no braço. Ele estremeceu e enfim mostrou o acinzentado de seus olhos. Ajoelhada ao seu lado estava Hermione, que o olhava com uma expressão estranha no rosto. Parecia que queria rir, mas estava se controlando.


- Achei que não ia acordar mais – Falou a menina, se levantando e ainda olhando Draco com aquela expressão.


- Não estava dormindo... – Falou meio confuso, apoiando na árvore para se levantar também – Você que demorou demais, eu estava apenas descansando e... O que você quer? – Voltando seu tom para algo um pouco mais arrogante.


- Bom... – Ela parecia calma. Não estava com uma cara de quem iria ofender alguém. Draco observou uma mecha de seu cabelo, que estava solta da trança, escorregar para seu rosto – Quero lhe entregar a moeda que você vai usar para se comunicar com todos.


Nisso ela tirou uma moeda de seu bolso e estendeu a mão para Draco. Ele pegou e começou a analisar. Parecia uma moeda comum, não via nada demais nela.


- Então é só eu tocar com a varinha no dia que vai haver a reunião e pronto? – Perguntou um pouco desconfiado.


- Exato – Confirmou a castanha com um sorriso. Era estranho vê-la sorrindo para ele.


- Todos podem fazer isso?


- Na verdade não. Só você fará isso, se não podemos ter alguma confusão, se alguém quiser fazer alguma gracinha... – Explicou prontamente parecendo orgulhosa de tudo aquilo.


- Nem você? – E olhou fixamente pro rosto dela. ‘’Droga, ela não é feia... Não’’.


- Bom, acha necessário? – Ela pegou uma segunda moeda do bolso e a analisou da mesma forma de Draco.


Ele poderia parar por ai. Poderia falar arrogantemente para ela que ele não achava necessário porque apesar do que McGonagall havia dito, ele era o único líder. Ela ia ter que obedecer tudo o que ele iria mandar. Agora ela iria seguir ordem de seus superiores de sangue puro, ela estava a mercê dele. Sim, ele poderia ter falado...


- Acho.


- Então vou fazer com que a minha tenha conexão apenas com a sua, para evitar confusões... – Declarou Hermione, ainda analisando a moeda, parecendo querer achar alguma solução para aquilo.


 


Ele segurou o impulso de levar a mão ate o rosto da garota e colocar para trás aquela mecha que teimava em não ficar no lugar. Fechou a mão o máximo que pôde. O vento mais uma vez bateu e o cheiro de Hermione voltou a ficar mais forte e preencher seus pulmões. Ela levantou os olhos para olhar Draco e ele segurou o ar, sem perceber. Tinha que sair de perto dela, era seu dever fazer isso. Sua mente o ordenava a falar mal e implicar com a garota, mas seus sentidos não seguiam a mesma lógica. Travava uma guerra interior e Hermione pareceu perceber isso.


- Você ta bem, Malfoy? – Perguntou levantando uma sobrancelha, desconfiada da cara que o garoto fazia.


- Melhor do que nunca, Granger e isso não lhe diz respeito e... Sai da minha frente. – Falou o mais rápido que pôde após soltar o ar e saiu andando em direção ao castelo, deixando Hermione com um olhar confuso para ele.




On and on and on he goes


(Ele continua)


Dancing in mansions made of twigs


(Dançando em mansões feitas de galhos)


And castles made of sand


(E castelos feitos de areia)


 


Correu depois que tomou uma distancia considerável do Lago. Precisava sair de perto dela, e se tivesse demorado um pouco mais ao seu lado, teria feito algo que ia se arrepender depois, provavelmente.


Foi sem rumo pra dentro do castelo e suas pernas o levaram para uma torre que estava vazia. Estava próximo ao Corujal.


 Apoiando as mãos na parede, puxou o ar como se nunca tivesse percebido que precisava daquilo para viver. Sua cabeça doía agora e o cansaço estava começando a dominar seu corpo.


“O que você está pensando seu idiota?”


Seu coração estava acelerado e parecia que ia sair pela boca. Tentou controlar a respiração o máximo que lhe era permitido ate seus sentidos voltarem ao normal. Estava suado. Olhou a moeda que ainda estava em sua mão, que agora doía e estava avermelhada, porque havia apertado mais forte do que imaginava. Guardou o objeto no bolso e olhou pela sacada da torre, o lago. Uma leve brisa bateu em seu rosto e ele se acalmou. Estava seguro ali em cima, longe de todos os seus problemas, preocupações, compromissos, pessoas indesejáveis... Estava longe dela, e em sua mente, essa era a maior segurança que ele poderia conseguir. Mas não iria durar para sempre.




A semana não demorou a passar e a temperatura mais fria do Outono deixava os ares de Hogwarts mais agradáveis, apesar de tudo o que acontecia fora dos limites da escola. Já corria boatos sobre ações de cada grupo para a semana cultural e o que cada grupo já havia feito ate então. Nada de consistente o que se falava por fora, mas deixou Draco “preocupado”. Seu grupo ainda não havia se reunido sequer uma vez e ele queria fazer melhor que todos ali, mas desse jeito não ia conseguir nada. Na verdade ele andara querendo evitar o encontro com Hermione, apesar de ter tentado se convencer de que o que sentiu naquela tarde tinha sido um grande engano.


Era sábado e todos dormiam ainda quando colocou seus pés no chão frio do dormitório masculino de Slytherin. Na verdade era cedo demais para um sábado, mas ele não conseguia dormir. Sua cabeça andava pensando demais e isso estava lhe deixando cada dia mais isolado dos outros companheiros de casa. Antes que desistisse, revolveu sair e ir ao Salão Principal.


Como havia imaginado o Salão estava praticamente deserto exceto por um pequeno grupo de Lufanos que se encontravam em sua respectiva mesa, todos muito animados. Draco evitou olhar para eles enquanto ia se sentar, sozinho naquela enorme mesa da Slytherin. E foi assim que se sentiu ao apoiar o braço naquela mesa fria. Suspirou e se serviu de suco de abóbora.


Enquanto fazia seu desjejum ouviu um barulho de asas acima de sua cabeça e logo percebeu que o correio estava chegando. Sua grande coruja negra havia pousado à sua frente e ele olhou desconfiado para o envelope que a mesma trazia consigo. Deixou seu copo de lado e pegou a carta e no mesmo momento, a coruja levantou vôo.


Não tinha nome, e dentro do envelope, havia um pequeno pedaço de pergaminho, com uma letra fina e desenhada que lhe pareceu familiar, mas que o deixou em choque por muito tempo. Talvez mais do que ele pudesse imaginar. Fitou aquele pergaminho como se esperasse respostas que não viria. Foi despertado somente quando alguém o chamou. Pansy estava do seu lado, cutucando o garoto com a ponta contrária de um garfo e parecia em dúvida.


- Hey Draco... – Falou mais uma vez a menina. Draco apenas a observou com um olhar distante e, sem dizer uma palavra, se levantou levando com ele apenas o pedaço de pergaminho escrito.


Saiu dali totalmente atordoado e não reparou se o salão tinha muita ou pouca gente, o fato é que ele queria sair dali o mais depressa possível. Estava se sentindo sufocado, cansado e seus olhos começaram a arder loucamente.


Mal cruzou a porta do salão e deu de encontro com Hermione que vinha distraída, tomar o café-da-manhã. Não podia ser seu dia de sorte. Ela levantou a cabeça para se desculpar, mas quando viu quem era, parou de súbito. Ele a encarou e uma onda de desespero invadiu cada centímetro de seu corpo.


- Ah! Era com você mesmo que eu queria falar, Malfoy... Quando é que você pensa em... – Mas parou e largou seu tom irritante de superior quando focou o rosto do garoto. Malfoy imaginou que ela havia reparado nos olhos vermelhos dele e virou o rosto – Malfoy?


- Agora não, Granger... – E com muito esforço se afastou dela, indo para o único lugar que foi capaz de lhe trazer paz, em toda aquela escola.


A torre próxima ao Corujal estava vazia como sempre e isso o fez sentir um pequeno alívio. Encostado na parede, devagar foi escorregando ate chegar ao chão. Não queria acreditar em tudo aquilo que estava acontecendo. Deixou o papel de lado porque olhar para aquilo doía demais. Passou a mão no rosto, seus olhos ainda ardiam e controlar as lágrimas que brotavam deles, era praticamente impossível. Agradeceu a Merlin por estar sozinho agora.


- Que inferno... – Sussurrava ele, enquanto limpava o rosto molhado.


Novamente o garoto perdeu a noção do tempo e não fazia idéia do quanto ficou ali. Mas não estava se importando com nada. Com ninguém. Pensou que poderia ter ficado ali por muito mais tempo, se não fosse o fato de alguém ter chegado. Ou melhor, ter passado por ali e por segundos, ele pensou que a pessoa não havia visto ele no chão. Mas Draco não tinha tanta sorte.


Ouviu passos da pessoa se aproximando novamente, mas não tinha forças para se recompor e fingir que estava tudo bem. Conseguiu passar a mão no rosto novamente para limpar as lágrimas e viu um pedaço de capa aparecendo da entrada da torre. Uma das mãos da pessoa também apareceu num gesto que pareceu de alguém que estava se escondendo. E fios de cabelos ondulados castanhos também se puseram a vista logo em seguida e Draco viu que se tratava de uma garota. Daquela garota. Não demorou muito ate ela mostrar o rosto e ficar em choque ao ver Draco ali, sentado daquele jeito. O garoto não conseguiu demonstrar nenhuma reação. Ficaram se encarando por algum tempo ate ela resolver esboçar movimentos de quem iria falar. Abriu e fechou a boca algumas vezes, se aproximando.


- Dra... Malfoy? – Mas só teve o silencio em resposta – Eu... Eu ia te mandar uma coruja agora... Você não parou pra me escutar hoje mais cedo e...


- O que você quer Granger? – Perguntou com uma voz fraca, quase inaudível. Levantou-se para parecer um pouco mais digno, mas achou que sua aparência não era nada agradável já que a menina deu um passo para trás e fez uma cara estranha... Talvez de pena e confusão.


- Ah... É sobre a reunião do grupo e... – falou muito hesitante.


- Você acha que eu tenho alguma condição pra pensar nisso agora? – Perguntou encarando a castanha. Ela se aproximou mais do garoto que não tinha espaço para recuar. Seu cheiro estava novamente invadindo seus pulmões e ele voltou a ficar tenso. O sol batia no rosto dela e seus olhos castanhos se estreitaram. Draco acompanhou cada movimento.


- O que te aconteceu? – Perguntou em um tom calmo, vendo como o loiro estava acabado.


- Eu... Eu não... – Respirou fundo e tentou novamente pegar o controle de seus sentidos para si. Fechou o punho e ao desviar o olhar daquele rosto, acabou vendo o pergaminho que tinha deixado de lado, no chão e sentiu seus olhos arderem novamente.


- Malfoy, você ta... – Começou a falar, ainda estando próxima ao garoto, mas foi interrompida por ele.


- Me deixa, Granger – Draco estava totalmente encostado na parede da sacada.


- Mas...


- Vai embora – Tentou ser rude o máximo que pode, não obtendo o resultado esperado.


- Só vou embora quando você der uma desculpa plausível pra não marcar essa reunião! – Agora ela o olhava firme e com uma expressão fechada.


- Não te interessa, sua... – Não completou a frase. Não havia conseguido completar.


- Olha aqui Malfoy, eu não vou me ferrar por causa de uma irresponsabilidade e capricho seu, entendeu? – Draco sentiu uma pontada de raiva invadindo sua mente. Afinal, ele tinha um motivo sério pra não estar ligando para essa reunião idiota.


- Se você considera a morte do meu pai, uma irresponsabilidade ou um capricho, ótimo. Problema seu – Falou com a voz fria beirando a indiferença e viu a expressão de surpresa aparecer no rosto dela.


 


He says his head is filled with


(Ele diz que sua cabeça está cheia de)



Cartoons and fairy tales


(Desenhos e contos de fadas)



And he's trapped inside a dungeon of dolls


(Porque ele está preso dentro de uma masmorra de bonecas)



With smiles on their faces


(Com sorrisos nos seus rostos)



He's built a pretty cage


(Ele construiu um linda gaiola)



His shows on a beautiful stage


(Os shows dele num lindo palco)


 


With candy coated prison bars


(Com grades de prisão cobertas de doce)



And chains that look like jewelry


(E correntes que parecem jóias)


 


 


Ele viu a garota ficar sem reação e isso o deixou satisfeito. Pelo menos assim ela ia parar de falar besteiras e tirar aquele ar de superior, fazendo dele o maior dos irresponsáveis. Voltou a encarar aqueles olhos castanhos, mas a dor veio junto. Queria chorar, mas ele iria parecer fraco na frente dela?


- Eu... Sinto muito. – Sussurrou Hermione, parecendo estar ligeiramente envergonhada. É claro que ele sabia que ela não sentia muito. Seu pai era uma das muitas pessoas que ela queria ver morta. Lembrar disso o fez ficar angustiado.


- Não se faça de solidária, você queria ver meu pai morto, Granger! – Vociferou o loiro, de uma maneira que nem ele esperava. Ela olhou para o chão enquanto ele se virou para olhar a vista da sacada. Estava completamente só agora, e apesar de tudo, aquilo o afetou. Não poderia contar com ninguém a não ser com ele mesmo. Ele estava totalmente perdido.


- Seu pai era um inimigo, Malfoy... Queria ele fora do caminho tanto quanto ele desejava o mesmo para nós. É assim que funciona uma guerra não é? – Uma brisa voltou a bater em seus rostos e ele percebeu que já não estava mais observando nada, além de um ponto qualquer no horizonte. – É isso que você deve querer também não é? – Ela perguntou e Draco notou sua voz pesada, cansada.


- Deveria ser... – Respondeu sem se voltar para Hermione – De qualquer maneira, eu não tenho cabeça para pensar em mais nada, porque não sei se você notou, mas por trás do seu inimigo, está o meu pai e eu sinto uma dor enorme por saber disso. E por saber que ele está morto. Você não deve nem imaginar como é essa dor, mesmo que não acredite em mim. – Respirou fundo e soltou o ar. De algum modo, mesmo que estivesse sendo uma conversa estranha, ele estava menos desesperado, apesar dos olhos ainda arderem e a vontade de chorar não passava.


- É por isso que digo que sinto muito... – Falou finalmente a menina, ainda perto dele. – Pelo seu pai, não por Lúcio Malfoy. Perder alguém querido não é fácil, e eu já vivi isso... – Parou um pouco para pegar ar. Ele sentiu a respiração dela. – Não alguém tão próximo quanto um pai, mas sei que dói, então... Sim, eu sinto por sua perda...


Draco continuou em silêncio fitando o ‘nada’ enquanto desfrutava da silenciosa companhia de Hermione. Estava enfrentando dois tipos de sentimentos naquela hora, era estranho como isso não o deixava confuso.


- E porque continua aqui? – Perguntou depois de perceber que Hermione fora para o seu lado, também olhando para um ponto qualquer que ele não sabia o que era.


- Como é bonita a vista daqui... – Comentou apoiando o cotovelo na parede da sacada e por sua vez, a cabeça em sua mão. – Você achou um belo lugar para se esquecer dos problemas, Malfoy.


- Não ouse tomá-lo de mim! – Falou em um tom descontraído que o fez ficar encabulado consigo.


- Vou tentar. - A garota deu um leve sorriso ainda sem o encarar – Bom, acho que o deixarei sozinho, então. – Falou se afastando da sacada e se virando para ele. Draco fez o mesmo e outra vontade estranha de abraçar a castanha lhe tomou. Mas ele não se deixou levar.


- Tudo bem... – Concordou com ela. Precisava mesmo ter um tempo sozinho, agora mais calmo.


- Não achei que diria isso algum dia, mas... Fica bem – Falou rindo e indo em direção a porta. Draco não a abraçou, mas fez algo maior e que nunca havia lhe passado pela cabeça ate aquele momento.


- Obrigado – Agradeceu com sinceridade.


Hermione parou na entrada como se tivesse levado um choque. Provavelmente ela também nunca esperaria uma coisa daquelas, mas não fez nenhum comentário, apenas se virou rapidamente e deu um sorriso ante de ir embora, deixando Draco completamente zonzo com aquele gesto.


 


Ele estava novamente sozinho. Mais sozinho do que jamais esteve e isso estava o deixando desesperado. Teria que encarar todos aqueles problemas sozinho e isso não estava animando-o. Abaixou para pegar o pergaminho e com um movimento de varinha, o fez pegar fogo, depois se dirigiu a saída. Não tinha idéia do que iria fazer, mas andar parecia mais reconfortante do que ficar ali parado com os esperasse algo que não viria.


Andando meio sem rumo pelo castelo, acabou encontrando Potter, Weasley e Granger em um corredor próximo a biblioteca. Não estava com ânimo de implicar com Potter e nem chamar o Weasley de pobretão, então tentou passar direto, mas Weasley resolveu chamar sua atenção.


- Olha só se não é nosso líder... – O tom era de desdém e ironia. Draco parou de súbito. - Quando vai criar coragem pra reunir a gente hein?


- No dia que sua mãe parar de parir uma ninhada de idiotas... – Respondeu o loiro calmamente.


- Ora seu... – Neste instante uma luz vermelha cortou o corredor em direção a Draco, que se protegeu com um Protego.


- Não tem medo de morrer não, Weasley? – Perguntou Malfoy dominado pela raiva. Seus olhos estreitaram e focaram no garoto sardento à sua frente.


- Você que provocou Malfoy, fica na sua... – Falou Harry indo para o lado de Rony também com a varinha empunhada na direção do loiro.


- Seu filho da mãe, acha que vai ofender minha família dessa maneira e sair assim? – Perguntou Rony que estava quase tão vermelho quanto seus cabelos.


- Não mexe comigo hoje, Weasley, se você tem amor à vida... – Ameaçou Draco ainda cego de raiva por ter sido atacado tão repentinamente.


- Ta insinuando o que, Malfoy? – Perguntou Harry desafiador.


- Nada, Potter, to afirmando. Então fiquem longe de mim hoje. – Draco olhou para um ponto atrás de Harry e viu Hermione quieta, encostada na parede, olhando para a parede defronte a ela, parecendo angustiada. O garoto abaixou a varinha e foi andando na direção em que o trio estava a fim de seguir seu caminho. Quando passou por Harry, Draco soltou seu sorriso cínico e sussurrou de um modo que só o moreno pudesse ouvir um “Melhor se cuidar, Potter”. Viu o rosto de Harry se contrair. Passando por Hermione, o garoto só teve tempo de ouvir Potter urrando um “Sectumsempra” enquanto a castanha gritava. Apagou.




Abriu os olhos incomodado com a claridade que batia em seu rosto. Tentou se mover, mas sentiu uma dor aguda com a tentativa. Encarou o teto por alguns minutos e tentou se lembrar do que aconteceu, sem sucesso. Percebeu aos poucos que estava na Ala Hospitalar. Queria chamar por alguém, mas se ate respirar estava difícil, imagina falar. Nesse momento sentiu uma mão quente encostar-se ao seu ombro e seus olhos encontraram os de Hermione. Sentiu seu coração acelerado e sua respiração ficando mais forte, o que lhe causou algumas dores nas costas. Tentou buscar respostas sem fazer perguntas.


- Harry te atacou com o Sectumsempra novamente... – Começou a falar entendendo que ele queria saber o que tinha acontecido. – Eu te trouxe pra Ala Hospitalar, mas demorei pra encontrar o professor Snape e... Sinto muito. – Falou baixando a voz e tirando a mão de seu ombro.


- O que... – Tentou falar, mas ainda doía.


- Bom, como demorei pra achá-lo e só ele sabe o contra-feitiço para o Sectumsempra, acredito que não tenha sido tão eficaz quanto da última vez.. Você deve sentir algumas dores nos próximos dias e... Bom, vai ficar com algumas cicatrizes nas costas...


Draco fitou a janela atrás da menina e ficou pensativo. Iria se vingar de Potter seria só questão de conseguir sair dali o mais rápido possível. Viu que Hermione trazia consigo alguns pergaminhos e tentou fazer algum gesto para que ela lhe desse um pedaço e emprestasse uma pena e tinta. Levou alguns minutos para ela entender o que ele queria.


- Ah! Quer o pergaminho? – Draco suspirou, virou os olhos e pensou ‘’finalmente’’ e então concordou com um leve balanço da cabeça. A garota pegou o que ele pediu e lhe entregou. Agora não era tão difícil movimentar o braço, só alguns instantes quando sentia fisgadas na mão. Escreveu o que queria e entregou para Hermione ler.


‘’Por quanto tempo fiquei desacordado?’’ Leu a garota em voz alta.


- Bom, desde ontem de tarde. – Respondeu, lhe entregando o pergaminho de volta. Draco escreveu outra pergunta.


“Você ta aqui desde ontem?”


- Não, te trouxe aqui e chamei o professor Snape e ele cuidou de você e me mandou sair porque não ia adiantar ficar aqui, já que você não ia voltar a acordar tão cedo... Então eu voltei hoje, na hora do café-da-manhã... Harry ficou revoltado, mas ele foi muito imbecil! – Hermione suspirou e entregou o pergaminho novamente.


“Porque você me socorreu?”


- Eu não ia negar socorro... Foi errado o que Harry fez, por mais que tenha sido com você... E não ia deixar você morrer e... – Draco sorriu e pareceu deixar Hermione sem graça por alguns instantes. Ela lhe entregou o pergaminho de novo.


“Mas não é assim que funciona uma guerra?”


Hermione o encarou parecendo encabulada. Se levantou e foi para a janela. Draco ficou sem resposta para aquela pergunta do pergaminho, pois a garota lhe fizera outra.


- Você ta bem? – Não teve que se virar para ver a resposta de Draco já que essa veio instantaneamente.


- Você me salvou... Duas vezes... No mesmo... Dia – Ele falava com muita dificuldade, pois a dor era aguda e intensa – Não vou poder... Pagar isso. – E sorriu de canto.


- Um dia ainda te cobro – Falou a menina rindo enquanto ele adormecia.


 


Cause he lives inside


(Porque ele vive dentro)



A fairy tale sand castle now


(De um castelo de areia num conto de fadas agora)



And there's room inside


(E há lugar lá dentro)



For false expectations and illusions


(Para falsas expectativas e ilusões)

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