Chocolat Eyes



Não sei se estamos num jardim
Ou numa avenida movimentada
Você está aqui, assim como eu

Talvez milhões de pessoas tenham ido
Mas todas se ausentam deste olhar
E eu só tenho olhos pra você


 


I only have eyes for you


 


Já era possível ver os primeiros raios do dia passando pela janela do quarto quando Eliza acordou. Virou varias vezes na cama, socou o travesseiro, mas nada de conseguir voltar a dormir. A garota desistiu de tentar voltar a dormir e foi tomar banho.


 


A água queimava a pele de Eliza, deixando a vermelha, mas ela nem ligava pra isso. Estava perdida em seus pensamentos.


 


Elizabeth Frémond já tinha passado por varias situações difíceis na vida. Daquelas onde a dor se tornar tão insuportável que o simples ato de respirar parece tornar a dor ainda pior. Já tinha passado por perdas, abandonos...


 


A garota balançou a cabeça no chuveiro, tentando afastar as lembranças.


 


Os apuros pelos quais Eliza passara, deixaram a garota mais forte. Não se abalava facilmente com coisa alguma. Afinal já tinha vivido quase de tudo um pouco. Outra coisa que aprendera com suas experiências era sorrir. Não o sorriso falso que muitas pessoas davam após passar por uma situação difícil, para mostrar aos outros que era forte, mas por dentro morria lentamente, Eliza sorria sinceramente. Não havia tempo ruim para a garota, que sempre procurava alegrar os que estavam a sua volta. Tentava ver o lado bom das coisas, mesmo que às vezes parecesse impossível encontrar um.


 


Eliza, por ser assim, era muitas vezes chamada de louca por seus amigos. Por seus amigos. Pelo jeito ousado e carismático da garota, Eliza conquistava amigos em muitos lugares e inimigos também, que se incomodavam com seu jeito.


 


É que meu brilho ofusca eles.


Era o que Eliza sempre dizia a seus amigos quando alguém fazia um comentário maldoso sobre sua personalidade forte e marcante.


 


Mas agora era diferente. Estava em uma escola nova, em tempos difíceis. Eliza na sabia o que esperar.


 


Desligou o chuveiro e foi para o quarto onde ficara ate o fim do ano letivo. Por sorte tinha ficado no mesmo quarto da garota que conheceu no Expresso de Hogwarts: Gina. Foi só então que a garota se deu conta que não sabia o sobrenome de Gina. Não que fizesse diferença para Eliza, a arvore genealógica de seus amigos.


 


Estava colocando o uniforme quando percebeu que sua colegas começavam a acordar. Eliza se perguntou mentalmente quanto tempo teria ficado no banho, perdida nos seus pensamentos.


 


-Nossa, já ta de pé? – perguntou Gina ainda sonolenta


 


-É, perdi o sono. – Eliza respondeu com simplicidade


 


Depois que Gina já tinha tomado banho as duas desceram para a sala comunal, rumo ao salão principal.


 


Ao passar pelos corredores o fantasma do Nick Quase Sem Cabeça vinha vindo em direção delas. Eliza por um momento parou. Gina deu uma leve risada do seu lado.


-Não havia fantasmas na sua escola?


 


-Não e ainda me assusta ver um assim do nada. – disse prontamente a garota que ainda não se acostumara com os fantasmas da escola.


 


-Bom dia senhorita Weasley. Bom dia senhorita ... – Nick fez um aceno com a cabeça como se tentasse lembrar o sobrenome de Eliza.


 


-Frémond. Sou nova aqui.


 


-Ah sim, seja bem vinda senhorita Frémond. Tenham um bom dia – disse Nick indo embora.


 


-Weasley – repetiu Eliza confusa e logo percebeu que Gina abaixou a cabeça – por um acaso não foi você e seu irmão que estiveram no ministério, há um tempo atrás junto ao Potter?


 


-Foi. Foi sim – Gina olhava para os próprios pés. Eliza percebeu que a ruiva não queria prolongar o assunto, que logo começou a falar sobre os sustos que ainda levava com os fantasmas do castelo, tentando distrair Gina.


 


De fantasmas, a conversa se estendeu aos outros seres que viviam no castelo e foi avisada por Gina sobre um tal poltergeist que era realmente odiado pelos estudantes.


 


Na porta do salão principal se encontrava a professora McGonagall entregando os horários para os estudantes.


 


Após pegarem os seus, Eliza e Gina foram para a mesa da grifinoria. O café da manhã já esta servido.


 


-Acredita nisso? Estudo dos Trouxas é obrigatório agora Simas – disse o garoto que Eliza reconheceu da noite anterior, era Neville Longbottom.


 


-Vamos passar horas ouvindo sobre como os trouxas são vermes imundos e essas porcarias todas – disse Simas com cara de desprezo


 


-É meu amigo, agüenta agora.


 


-Deixa eu ver o seu horário – falou Gina, tirando a atenção de Eliza da conversa dos dois garotos, entregando o papel que estava nas suas mãos – Nos temos um tempo de transfiguração juntas agora e um de herbologia depois do almoço. Você tem feitiço hoje também, sorte a sua, tenho historia da magia.


 


-Em Beauxbatons, eu nunca gostei de historia da magia.


 


-Pode ter certeza que não vai ser aqui em Hogwarts que você vai gostar.


 


-Nossa Gina, muito obrigada pelas palavras motivadoras – Eliza disse sorrindo.


 


-De nada – Gina retribuiu o sorriso – sempre que precisar de um incentivo já sabe onde procurar.


 


As duas garotos riram e saíram do salão principal em direção a sala da professora McGonagall.


 


Ao entrar na sala pela primeira vez, Eliza percebeu que teria gostado muito de estudar em Hogwarts, se não fosse pelas circunstancias ...


 


Quando todos alunos já estavam em seus lugares, a professora McGonagall tomou a palavra.


 


-Bem, como sabem, a situação não esta nada fácil para nós. No atual momento a ultima coisa que queremos são eventuais problemas com nosso novo diretor e os novos “professores” – Eliza percebeu que a professora McGonagall relutava em chamar os comensais de professores – Sei que será difícil, mas eu vos peço que não os confrontem. Eles não teriam piedade na hora de castigá-los.


 


Em Beauxbatons os castigos não passavam de detenções e trabalhos a mais, nunca nada físico. Eliza tinha certeza que em Hogwarts também era assim. Era. Agora com os Carrow, com certeza as punições seriam bem piores. Algo como a maldição Cruciatus era mais o perfil deles.


 


A aula de transfiguração correu normalmente. A maioria dos alunos estava se não apavorados, muito perto disso.


 


-A gente se vê no almoço – disse Gina na saída da aula de transfiguração, indo a caminho da aula de historia da magia. -  E tente não aprontar nada viu ?


 


-Certo. Vou tentar mas não garanto nada – disse Eliza enquanto se afastava de Gina rindo com o comentário da garota.


 


Não foi muito difícil encontrar a sala do professor Flitwick. Era um andar a abaixo da sala da professora McGonagall. A concentração de alunos ali era visivelmente menor do que a que havia na aula de transfiguração.


 


-Vamos, vamos se ajeitem logo, não temos tempo a perder – disse uma voz bem fina ao topo de vários livros empilhados, ali estava o professor Flitwick – Aos seus lugares, por favor.


 


Todos os alunos já estavam sentados, obedecendo a ordem do professor, que se adiantou a falar quando alguns alunos tiraram os livros da bolsa.


 


-Hoje a aula será pratica. Sei que temos o costume de ter algumas aulas teóricas nos primeiros dias, mas acho que nas atuais circunstancias – o pequeno professor respirou fundo – será muito importante saberem esse feitiço.


 


Um murmurinho tomou conta da classe, fazendo o professor pedir a atenção de todos mais uma vez.


 


-A aula de hoje será sobre o Feitiço do Patrono. Sei que esse feitiço vocês aprenderiam em Defesa Contra a Arte das Trevas mas – o professor voltou a respirar fundo.


 


“Mas como agora essa matéria foi reduzida a apenas Arte das Trevas” completou Eliza mentalmente.


 


-Mas acho que será melhor eu mesmo ensinar o Feitiço do Patrono a vocês. – disse enfim Flitwick. – O feitiço serve para afastar dementadores é não fácil de ser executado, vocês precisam ter concentração e lembrar um momento muito feliz do qual tenham vivido. Tem que falar claramente: Expecto patronum.


 


Como um coro, os alunos repetiram o feitiço junto com o professor.


 


-Agora vamos, pratiquem!


 


Os alunos se apressaram em levantar de suas cadeiras. Vários conseguiram no maximo, fazer sair de suas varinhas faíscas prateadas. Nada a mais que isso.


 


Eliza foi uma das ultimas a começar a praticar. Nunca tinha tentado executar um feitiço como esse. Respirou fundo e tentou se lembrar de alguma lembrança feliz. Logo se lembrou de uma tarde, a garota deveria ter no maximo sete anos, mas se lembrava nitidamente, era noite de natal e todo a sua família estava reunida, os primos que Eliza adorava e que considerava como se fossem seus irmãos tinham vindo da Irlanda passar a natal com ela. Seria essa a lembrança.


 


Fechou os olhos e lembrou com toda a clareza que pode daquele natal. Pronunciou as palavras fortemente.


 


-Expecto patronum!


 


Ao abri os olhos Eliza viu, conjurado da ponta de sua varinha, um tigre prateado. Ela havia conseguido. A menção que o tigre avançava , a garota se assustou com sua proeza e recuou alguns passos, o suficiente para se chocar com alguém.


 


Eliza virou tão rápido para se desculpar que acabou perdendo o equilíbrio. A garota teria se espatifado no chão se não fossem pelos braços fortes que a seguraram, protegendo-a da queda. Levantou o rosto para pedir desculpas, mas as palavras morreram na sua garganta quando viu quem era.


 


Era Mathew Melyncourt. O rapaz que tanto tinha chamado a sua atenção na noite anterior.


 


Mathew ainda a segurava em seus braços, quando Eliza se viu impossibilitada de desviar o olhar. Os olhos cor de chocolate do rapaz a puxavam e a garota olhava fixamente como se daquilo dependesse sua vida. Com certeza Eliza teria olhado a boca do rapaz, seus traços e muito provavelmente baixaria seus olhos pra mirar o peitoral definido do rapaz, mas nada a fazia desviar daqueles olhos.


 


Mathew a olhava como a mesma intensidade fazendo as faces de Eliza corarem. A garota não fazia idéia do tempo que ali estava, mas não queria perder os olhos chocolates de seu alcance. Definitivamente não queria.


 


Apenas quando um gato patrono passou pelos dois, fazendo ambos se sobressaltarem foi que Eliza conseguiu desviar seu olhar.


 


A sala já estava cheia de patronos e ninguém parecia perceber o que havia acontecido entre Eliza e Mathew.


 


-Me ... me desculpe – falou Eliza olhando para os pés, a intensidade dos olhos parecia ter desestruturado a garota.


 


-Tudo bem – Mathew tinha uma voz grave que fez Eliza estremecer e torcer para que o rapaz não tivesse percebido.


 


Antes que pudesse pensar em alguma coisa para dizer, o professor Flitwick falou:


 


-Muito bem! Muito bem! E aos que não conseguiram, não desanimem! Esse feitiço requer pratica e ...


 


O professor Flitwick foi interrompido pelo barulho da porta de abrindo. Era Amico Carrow.


 


-Ora, ora Filio – disse a voz fria do comensal – esta passando o Feitiço do Patrono aos nossos estudantes? Ah, mas se não me falha a memória, esse feitiço deveria ser passado por mim não? Já que agora sou professor de Defesa Contra a Arte das Trevas.


 


O pequeno professor parecia ter sido petrificado. A julgar pela vermelhidão em que se encontrava o rosto do professor quando a porta bateu e Amico foi embora, era fácil perceber o ódio dos professores pelos Carrow.


 


O professor Flitwick pediu que todos os alunos voltassem aos seus lugares e abrissem na pagina 12 do livro. Durante todo o resto da aula Eliza não teve coragem de virar o rosto a procura de Mathew. Permaneceu ali, lendo o capitulo.


 


Quando todos os alunos foram dispensados para o almoço, Eliza demorou mais que o normal para guardar seus livros. Simplesmente não tinha coragem de encarar aqueles olhos de novo. Também não entendia o que estava acontecendo, jamais tinha se sentido assim. Nunca tivera problemas com os garotos, apesar de ultimamente achar que muitos não valiam a pena, apenas queriam mais uma pra lista. Mas a revolta com certas espécies do sexo masculino era uma coisa e a sensação de querer fugir de um rapaz que nem conhecia era outra.


 


Entrou no salão ainda absorta em seus pensamento. Sentou-se silenciosamente perto de Gina que se assustou com a garota ali.


 


-Nossa, o que aconteceu? Porque essa cara?


 


-Nada não.


 


-Ah nem vem com essa. Hoje de manhã você saiu pra aula de feitiços pulando!


 


-Eu só estou ... me sentindo um pouco mal.


 


-Como você mesma uma vez me disse: Eu conheço desculpas melhores.


 


Eliza queria contar a alguém sobre a estranha sensação que havia sentido, mas não sabia nem explicar o que havia sentido. Nunca tinha acontecido nada nem parecido com a garota antes.


 


-Esta bem Gina, você ganhou. Eu estava na aula de feitiços e – ao se lembrar do acontecido, Eliza parou de falar, foi sugada pelas suas lembranças e não tinha forças para voltar.


 


-Eliza? Ta ai?


 


-Ãh? Oh sim – a garota tinha conseguido voltar a realidade – Na aula de feitiços – Eliza lutou para não se perder nas lembranças mais uma vez – eu estava praticando o feitiço do patrono quando desequilibrei e alguém me amparou. Era ele. Mathew – o nome saiu em um sussurro.


 


Ok. Uma versão super editada da história tinha sido melhor do que entrar em detalhes e deixar se levar mais uma vez pela sua memória.


 


-Quem? Ah! O rapaz de quem você não desgrudou os olhos ontem no jantar? Mas não era isso que você queria? Que ele olhasse para você?


 


Foi somente nesse momento que Eliza saiu do transe em que estava a uma hora e conseguiu reassumir o controle sob sua personalidade.


 


-Sim, era o que eu queria! Mas quando eu vi que era ele, eu fiquei muda. Muda! É claro que eu teria me desculpado pelo meu jeito desastroso, feito cara de coitada e puxado um assunto qualquer para manter uma conversa! Depois falado que eu ainda não conhecia ninguém na escola e tal. O de sempre, você sabe. Mas não!Absolutamente não. Eu não consegui falar nada. Nem consegui desviar o olhar dos olhos dele.


 


Eliza falara tudo tão rápido como se fosse a única chance de entender o que era aquela sensação estranha.


 


-Parecia que alguém tinha derrubado alguma coisa gelada em mim, por dentro. Eu não conseguia nem pensar.


 


-Acho que alguém esta encantada por um 1,80 de ombros largos. – disse Gina entre risinhos.


 


-Não fala besteira. Não to encantada por ninguém. Ninguém. – Eliza disse em voz baixa, tentando se convencer, embora fosse em vão.


 


 


*            *            *


 


n/a: Pessoinhas, parei por aqui esse capitulo porque se continuasse, podem ter certeza, que ele ficara muito cumprido e sei que desanima – experiência própria. Por isso o enorme resto que estava planejado para o cap 2 virá no cap 3. Acho que dividindo ficara melhor para a leitura de vocês.


Quando eu vou postar o próximo capitulo? Comentários animam muito a escritora para postar logo!


Espero que gostem e comentem!


 


Agradecimentos Especiais:


 


Ginny M. W. Potter: Obrigada por estar acompanhando a fic e espero que esteja gostando. Sempre achei que o povo de Hogwarts era sempre muito certinho, faltava alguém descarado (666). Foi bom essa amizade pra Gina, porque ela estava mal por causa da ausência do trio. Espero que goste de capitulo. Beijos


 


Vanessa Vianna e Bo Weasley: Eu amo vocês demais suas bestas! Obrigada por me ajudar a ter inspiração e não me deixar desistir de escrever. Perguntinha: Vocês acham a Eliza parecida com alguém que vocês conhecem? Kk. E só mais uma coisa: assistir HP 6 com vocês é foda!

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