Epilogo Separados
Para Lucius Malfoy;
Acabou Lucius, e escrevo-te esta carta, passados três anos, três longos anos de guerra, dor e destruição, não sabes o quanto o meu coração se apertou todas as vezes que vi os que amo a lutarem, que via o homem que amo quase morrer as mãos dos que consideras amigos, as mãos daqueles que nunca iriam possuir um coração, porque um coração não é apenas um órgão que nos mantém vivos, ter coração é amar, é desejar, é passar por cima de preconceitos para ser feliz. Feliz, uma palavra que é tão simples e ao mesmo tempo comporta uma das maiores razões para nós ser humanos não caia-mos numa anarquia de repressão e dor, uma anarquia pela qual lutaste Lucius, mas agora acabou, e nós ganhamos, sei que não é definitivo mas dar-nos há um tempo de paz e reflexão para procuramos entender esta guerra, embora saibamos que isto é impossível de compreender.
Escrevo-te esta carta embora saiba que nunca a vais receber, e espero que sim, não porque ache que mereces o destino que vais ter, porque o meu coração diz-me que não o mereces, mas porque mataste, porque mataste por prazer, e isso, fez me ver nunca me amarias como dizias, eu sei que nunca me mentirias mas acredita que aquilo que dizias sentir por mim não era amor se seria obsessão? Não, seria desejo? Talvez, seria carência? De certeza.
Hoje sorriu, por entre as lágrimas? Sim, mas sorriu e isso é o mais importante, porque por cada sorriso que nasça no meio de dor e perda é um sinal que ainda nada esta perdido.
Foi isso que te fez falta Lucius, sorrir. E sei que neste momento a única coisa que deve povoar a tua alma é de facto o ódio, o rancor e dor, dor porque perdeste o único que te deu uma razão para viver, o Lord, mas enquanto tu choras a morte dele e sorrio a morte dele, e sorrio de todas as maneiras.
Sei que já deves saber mas mesmo assim digo-to, vou me casar, vou me casar com o homem que todos os dias me faz feliz, vou me casar com o pai da minha filha, com o homem que desistiu de todo por mim e que não me pediu para desistir de tudo por ele, eu vou me casar com o Regulus porque o amo e não porque convém a minha família.
E sei que vou ser feliz, mas do que tu podes algum dia experimentar, porque a minha felicidade está acima disso, está acima de qualquer tipo de ideal, de qualquer tipo de compromisso egoísta a que a sociedade insiste em chamar de “casamento entre sangues
puros”.
Agora escrevo esta carta e olho a minha volta e sorrio, porque vejo a minha filha brincar com o pai no chão, ela manda gargalhadas para o ar tamanha é a felicidade de estar com o pai e o Regulus sorri ao ver a filha de apenas dois anos sorrir daquela maneira. E eu sorriu ao observa-los, sorrio porque eles são a minha vida, porque aquelas menina de cabelos loiros e cacheados e olhos azuis cor do céu é a minha vida e faço qualquer coisa para que ela mantenha aquele sorrio para toda a vida.
Numa das cartas que me mandaste dizias que aqueles que acalentavam o meu coração iriam morrer e eu acreditei, nunca disse nada a ninguém mas acreditei, vocês eram mais e mais fortes, mas eu esqueci-me de algo essencial, de algo que vocês, devoradores da morte nunca sentiram, amor, sim amor Lucius, agora entendo o que o Dumbledor queria dizer com “O amor é a mais forte das magias.” E é bem verdade, foi isso que nos fez manter a sanidade enquanto, tu lutavas por desejo de sangue, foi isso que nos fez ver sempre o que era mais certo enquanto tu lutavas com quem vias por ódio, foi isso ou melhor foi por tu isto que ganhamos.
Foi por todas as noites que chorei junto a Andrômeda com medo que a nossa irmã ou os nossos primos não chegassem vivos à casa, eu chorei com medo que o pai da minha filha nunca a chegasse a ver, mas graças a Merlim ele este lá quando ela nasceu, ele esteve lá quando ela agarrou pela primeira vez a mão do pai com os seus dedinhos pequeninos, ele esteve lá quando ela foi baptizada juntamente com a prima, sim Lucius, sempre é verdade o que o profeta diário tanto apregoava, “Os Black mantiveram a descendência pura”, ridículo, não?
Bem as minhas cartas não mais tendem a ter o cumprimento ou a profundidade de outrora mas deixa-me que te diga que isso me alegra e me deixa feliz, feliz como nunca fui e perguntas-me se me arrependo de ter deixado a vida de “boneca de porcelana” e ter abraçado a vida de mulher e mãe de família que tenho agora, não! Não me arrependo e sabes que mais, foi a melhor coisa que alguma vez fiz.
Despeço-me agora e para sempre.
Narcissa Black.
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