Para Lucius Malfoy



Para Lucius Malfoy


Como já esperava a tua carta carrega o desprezo que por mim sentes, e não te condeno por isso, apenas tenho pena, não porque tu sejas digno de pena, porque não o és, mas porque a sentiu, porque sinceramente tenho pena que de alguém que no coração apenas transporta rancor, agonia e acima de tudo ódio, sim, é isso que tu sentes em relação ao mundo, é por favor não o negues, não negues o obvio, eu sempre soube que não me amavas, e o facto de o dizeres agora por carta não altera o que sinto por ti, não me vai fazer voltar atrás com a minha decisão, não, desta vez não Lucius, eu não vou voltar atrás, eu vou lutar, e podes ter a certeza que vou ganhar, porque como tu dizeres, os Black’s são mais que tudo e mais que todos, e é por isto, é por ser mais que tu, e desculpa dizer isto assim, mas sou, e sabes porque, não é por ter mais dinheiro ou por o meu nome ser mais prestigiado que o teu, que o é, é pelo simples facto de nós, os Black sermos impulsivos, uma impulsividade que não é má, bem pelo contrário esta impulsividade é boa, mostra que temos sentimentos e que somos pessoas, sim Lucius, eu sou humana, assim como toda a minha família, ou pelo menos como as minhas irmã e como o meu primo, lembro-me de tu dizeres, imponente e prepotente, quando a Andrômeda saiu de casa e para casar com um nascido-muggle, de que ela era a desonra para os feiticeiros de sangue puro, e quando a Bellatrix e o Sirius fugiram de casa tu chamas-te lhes idiotas, mas sabes que mais, eles são a prova, todas as suas acções, todas as suas escolhas, deram-me força, força para amar, força para escolher e coragem, coragem para renegar aquilo que me foi ensinado, ensinado de uma forma tão concisa e tão inquestionável, deram-me coragem para renegar o Toujour pur.


E aqui estou eu, a escrever-te uma carta ao lado do homem que amo, com tudo o que preciso, podes estar agora a ler esta carta a pensar quanto mimada ou idiota estou a ser, mas pelo contrário, eu estou a ser aquilo que tu me disseste para ser, estou a lutar por aquilo em que acredito, que não é mais que o amor, e desculpa-me se te estou a magoar, mas não posso, não posso nem quero voltar, porque agora eu já escolhi, e apesar de gostar da minha escolha e de querer honra-la, ao ouvir-te dizer que me amavas, mesmo sabendo que não passavam de meras palavras simplesmente escritas numa impecável folha de pergaminho, não deixei de repensar tudo isto, se seria certo, e sabes que mais, bastou olhar a minha volta e perceber que sim, que valia a pena, valia porque a Andrômeda esta a brincar com a filha, valia por que o Sirius beijava a Bellatrix e valia, porque acima de tudo, ali esta o Regulus, aquele menino com quem eu cresci, aquele rapaz que me ajudava no deveres de poções, aquele homem que me ama e que desistiu de tudo por mim, e percebi que valia a pena, e que eu era pela primeira vez feliz.


Dizes que os Black’s são frios, que os repugnavas, e que sentiste revoltado ao saber que estavas noivo de uma. Mas tu sabes, não sabes quantas noites chorei, de medo de ti, do que me podias fazer, a incerteza de saber como era assustava-me, porque não te conhecia, e sei que nunca te conheci verdadeiramente, alias, é como tu dizeres, ninguém conhece os Malfoy a não ser eles próprios. Foi ai, foi numa dessas noites que o Regulus me prometeu, me prometeu que ficaria comigo desse por onde desse, e ele cumpriu, ele salvou de uma vida, de uma vida que eu não quis, salvou-me de algo que me iria destruir, é por isto que eu o amo, por ele ser verdadeiro, honesto e assim de tudo por ter sentimentos, tu até me podes prometer riqueza, ouro do mais fino, roupa das mais caras, tudo… mas nada de isso me importa, o que me importa mais.


Aquilo que eu quero tu não me dás, não o podes, aquilo que eu alguma vez poderia querer de ti, seria o teu amor, o teu verdadeiro amor, algo que tu dizes não possuir, algo que para ti, segundo as tuas próprias palavras “não passa do desejo pelo corpo do outro, do contacto de duas epidermes”, mas isso não é amor Lucius, o amor é aquela vontade inexplicável de beijar alguém só por beijar, é aquele friozinho na barriga quando o vês, e o medo inexplicável de que lhe aconteça algo sempre que ele não esta ao teu lado, é isso, ou melhor é uma parte, porque o amor não pode ser posto numa simples folha de pergaminho, porque ele é mais que isso, ele é a mais poderosa magia, porque ele é feito de contrário, porque o amor move mundos, porque consegue o impossível, porque acima de tudo o amor é a capacidade de acreditar no transcendente, amar é tudo isto e muito mais.


Despeço com desejo que sejas feliz


Narcissa Black

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