Caminho da Morte e Astrolábio
- Então meus filhos retornaram àquele castelo maldito. – Lord Demien recostou-se no trono em que se sentava, olhando cuidadoso para a figura que se escondia nas sombras das árvores. – É muita audácia daquele garoto. Mas se eles procuram de fato o que estou pensando, será uma mão na roda para mim e para você, meu caro.
- Foi como pensei. Naturalmente, eu não teria vindo pedir sua colaboração, Demien, se não fosse o impasse de que nenhum dos meus pode entrar lá. Conseguimos uma vez, ano passado, mas creio que não voltará a se repetir.
Lord Demien meneou a mão de maneira a calar o seu convidado. Uma brisa amena balançou as folhas nas árvores da Floresta Negra, na Alemanha. Uma clareira particularmente não explorada pelos humanos. Um dos últimos refúgios das Colônias.
- Não se preocupe, darei um jeito nesses dois. Os Caçadores já estão atrás deles faz alguns anos, já está na hora de acabarmos com essa brincadeira de gato e rato.
O outro, escondido nas sombras, deu um leve sorriso, acariciando algum ser que se movimentava pelo seu pescoço.
- Porém. – Ele disse. – Existe um pequeno impasse. Seu filho está atrás de um artefato mágico capaz de ensinar um bruxo à encontrar o caminho para a imortalidade, além de dar poder o bastante para que ele não se canse desse fardo, além de ser o único objeto capaz de trazer de volta ao poder toda a raça draconiana de sua terrível queda. – O rei dos dragões apertou com força o braço da cadeira de bronze, criando pequenas calosidades no mesmo. – Agora, o nosso pequeno impasse é: quando conseguirmos o Maleficarum, com qual de nós ele ficará?
Demien franziu o cenho. De fato, não houvera pensado nisso quando o bruxo lhe fizera a proposta. Como era de se esperar, ele acreditou que o Maleficarum ficaria em suas mãos, nem pensou na possibilidade do outro também querer ficar com o artefato, como definitivamente queria.
Ambos eram mesquinhos demais e ambos sabiam que se o outro pusesse as mãos no Arkanum, seria para destruir seu inimigo, que no caso do dragão era os bruxos, o que incluía o próprio ente que fez a proposta. Mas, se o bruxo pusesse as mãos no Maleficarum ficaria absorto com tanto poder e destruiria não só os trouxas, como ele revelara ser seu objetivo, mas também os próprios dragões, para que eles não obtivessem de volta a fonte de tanto poder.
- Creio que não chegaremos a lugar nenhum, se começarmos a discutir esse ponto, meu caro. – Seus olhos se estreitaram, acusadores. – Ambos sabemos aonde quereríamos chegar.
O outro assentiu.
Em algum lugar na floresta os arbustos começaram a se mover, como se algo veloz estivesse atravessando as árvores numa corrida desenfreada.
Lord Demien levantou os olhos para as estrelas calmamente, essa reunião teria de ser breve, ele tinha outras coisas para fazer.
- Sinto ter de terminar nossa conversa aqui. Tenho outros afazeres a que cuidar e, como você pode ver – Ele apontou para os dois tronos que ladeavam seu próprio, só que eram mais baixos. – Como os outros sacerdotes estão ausentes, procurando um certo rapaz, eu mesmo terei de assumir os problemas que eles deveriam resolver. Portanto, peço que se retire. Porém, nos veremos novamente, tenho certeza.
O homem nas sombras acenou com a cabeça, virando-se e indo embora. Enquanto ele fazia isso, Nagini, pousada ao redor de seu pescoço, virou-se e sibilou algo para o rei, que repousava tenso em seu trono.
- Demetrius, Ignium, Lux. Apareçam. – O rei falou, quando Lord Voldemort estava longe o bastante para não ouvir.
Das sombras das árvores, três jovens dragões em forma humana apareceram. O primeiro, Demetrius, aproximou-se do trono e ajoelhou-se em frente à ele, ladeado pelo rapaz Ignium e pela jovem Lux.
- Milord. – Disse Ignium, ajoelhando-se.
- Milord. – Repetiu a jovem, imitando o gesto do outro.
- Meu pai. – Disse Demetrius com uma voz profunda.
- Meus fiéis generais. Tenho uma pequena missão para vocês. Especialmente para você, meu filho. – Ele pôs a mão sobre a cabeça de Demetrius. – Os outros dois ao qual tenho o desprazer em ainda chamar de filhos se escondem está noite num castelo povoado de bruxos e planejam roubar o nosso maior tesouro que lá está escondido. O Arkanum Maleficarum. Quero que vocês os impeçam. Na verdade, ficaria muito satisfeito se houvesse uma cova com o nome daquele bastardo inscrito assim que possível.
Demetrius assentiu, pesaroso.
- Mas, tomem cuidado, não o matem antes do tempo, peguem primeiramente o Maleficarum, quando ele o encontrar e depois façam o trabalho sujo. Quanto à garota, bem... tragam-na para mim. Acredito que sei o que fazer com ela. Agora vão.
- Sim, senhor. – Falou Ignium, levantando-se e sumindo na floresta.
- Sim, senhor. – Lux também sumiu num instante.
- Sim... – A mão do Lord dos Dragões pousou sobre o ombro do terceiro. – Meu pai, sei que eles quebraram com nossa Família e com nossa Ordem, mas peço que poupe-os.
O mais velho sorriu para seu filho.
- Sei o quanto os ama, meu nobre filho, mas não há o que fazer, seus irmãos quebraram as Regras. A Ordem dos Caçadores decretou morte para seu irmão, então é como deve ser. Sei o quanto o ama e sei como não gostaria de vê-lo morto pela mão desses bruxos nojentos. Por isso prefiro mandá-lo, pois sei que dará a ele uma morte digna.
O outro abriu a boca para retrucar, o cenho franzido em contestação, porém Lord Demien pôs um dedo em seus lábios, selando as palavras em sua boca.
- E lembre-se, olhe cuidadosamente, não confie em ninguém, especialmente nos Comensais e nesse falso Lord. Eu não confio nele meu filho, sei que ele não me dará o Arkanum se pegá-lo, tal qual eu não daria se eu mesmo pegasse. Agora vá. Vá para Hogwarts. Faça os Rituais. Quero que seu irmão saiba que estão chegando.
Demetrius assentiu, caminhando lentamente para as árvores.
- E Demetrius... Não falhe, ou seu destino será o mesmo que aguarda seu irmão.
Com um impulso rápido, Demetrius sumiu dentro da floresta, deixando o velho Lord dos Dragões sozinho, pensativo sobre se fizera o certo em mandar seu filho para a morte pelas mãos do próprio irmão gêmeo.
...
Os primeiros raios de sol da manhã não encontraram Katherine em sua cama. Na verdade, ela estava a observá-los do alto do Corujal, na torre mais alta do castelo, com um sorriso no rosto, sentindo o abrasar ameno em sua pele, as mãos delineando o parapeito de pedra da janela em que se apoiava. O nascer do sol era bonito ali e fazia ela se lembrar de sua casa, com os montes ao longe, o sol nascendo entre eles...
- Sonhando acordada, minha irmã? – Kate virou-se e viu Peter encostado ao umbral da porta do Corujal, vestia um suéter preto e uma calça de lã da mesma cor, luvas cinza e verde adornavam sua mão. Ele sorriu, mas dessa vez sem cinismo, sem sarcasmo, como o Peter que ela adorava. – Imaginei que pudesse estar aqui, observando o nascer do sol, como nós fazíamos quando éramos pequenos. – Ele abraçou-a por trás, repousando a cabeça sobre seu ombro, suas mãos se entrelaçando.
Ela beijou o rosto do irmão, deixando que os pensamentos voltassem para a Grécia, muitos e muitos anos antes dali.
Ela então sentiu um volume no peito do irmão, como se uma corda atravessasse transversalmente seu busto. Ela franziu o cenho e virou-se, um sorriso indagador no rosto.
- O que houve? – Ele perguntou, ainda sorrindo.
- O Astrolábio, você o trouxe. – Ela olhou para o grande tubo oco de carvalho que atravessava as costas do rapaz. Se ela bem lembrasse, dentro dele haveria um rolo de pergaminho muito valioso. – O Leitor das Estrelas.
Peter assentiu, ajeitando a tira de couro que prendia o tubo sobre seu peito.
- Nossa primeira aula é de Adivinhação. Nada melhor para adivinhar o futuro que o Astrolábio. – Ele deu uma piscadela marota. – Ah, sim! Encontrei isto, no lugar onde havíamos deixado. – Ele entregou a irmã uma caixa do tamanho de seu antebraço, que ele havia guardado junto ao Astrolábio. – Nossas antigas varinhas... espero que faça bom uso delas.
Ela abriu a caixa e lá dentro duas varinhas, quase idênticas, repousavam. Por serem dragões, nenhum dos dois precisava de varinha, pois sua mão era o canalizador da magia e um meio de transporte para o meio externo era desnecessário, mas da outra vez que estiveram em Hogwarts, Dumbledore pediu para que ambos as usassem, de modo a se passar por bruxos normais, porém, antes de ir embora e após todas as despedidas, eles guardaram a caixa com as varinhas em um lugar secreto, para caso precisassem novamente. Surpreendentemente, esse dia chegara.
- Peter, as outras coisas... – Ela balançou a cabeça quando o irmão tirou o sorriso do rosto. – Esqueça, eu não quis dizer nada.
- Ainda estão lá. – Ele falou, olhando para o chão. – Suas coisas ainda estão lá... e as minhas também.
Katherine sorriu. Os presentes de James e Sirius ainda estavam lá! Ela mal esperava para ver tudo de novo!
Ela retirou a sua varinha e estendeu a caixa, com a outra dentro para seu irmão.
- Não. Não usarei isso de novo. Já foi humilhação demais uma única vez.
Ótimo! Lá se vai meu dia tranqüilo. Kate pensou enquanto revirava os olhos.
- Peter, por favor, eu não quero mais problemas para o nosso lado... ou melhor, para o seu lado. Já cansei de ficar indo de lugar para lugar por causa da sua imprudência e idiotice. Além disso, você me deve algumas. Agora pegue. – Ela aproximou mais a caixa do rosto do irmão. – Ou eu terei de usar a força... garanto que você não está afim de me ver com raiva, afinal, eu estou com fome.
Contrariado e resmungando coisas incompreensíveis, Peter segurou o cabo da varinha, retirando-a da caixa. Ela faiscou algumas vezes, feliz por relembrar o contato com o jovem dragão.
- Obrigado por colaborar. – Sua irmã sorriu gentilmente, mas logo o sorriso sumiu, dando lugar à feições preocupadas. – Sobre os meus presentes... você...
- Não fiz nada... estão intactos... Eu te devo algumas, lembra? – A garota voltou a sorrir. – Mas não me deixe ver eles de novo, ou eu vou cumprir a promessa de incinerá-los. – Ele virou-se, indo na direção da porta do corujal. – A aula logo começará... não se atrase. – Ele virou e sumiu por trás da parede, descendo as escadas.
Kate olhou para fora novamente, para os campos de Hogwarts, até o Salgueiro Lutador. Será que daria tempo de ir até o esconderijo antes de ir à aula? Não, seria melhor não arriscar, mas depois da aula, à noite, ela iria reaver suas lembranças.
Com esse pensamento em mente, ela saiu do corujal, rumando em direção ao Grande Salão.
...
Ainda estava escuro quando Harry acordou, virando-se e vendo uma fresta da noite através da cortina que cobria a janela. Seus olhos forçavam para fechar novamente à medida que o sono e seu corpo cansado faziam força sobre suas pálpebras. Mas havia algo errado, algo que chamava sua atenção, mesmo não estando ali, presente. Alguma coisa em seu interior mandou-lhe se trocar e descer, havia algo lá embaixo, no Salão Comunal, que ele precisava ver.
Ele desceu as escada do salão, prestando atenção em vozes que não chegou a ouvir.
A lareira crepitava com o fogo brando, quase que apenas cinzas, mas forte o bastante para iluminar a sala.
A fraca luz da lua que atravessava a janela iluminava os sofás dispostos em meia-lua onde ele sentara alguns momentos antes de dormir para conversar com seus amigos.
Pensando bem... ele mal falara. Estava mais atento em ouvir o que Kate dizia, hipnotizado pelos movimentos da sua boca enquanto ela contava-lhes como era sua vida na Grécia, quando era pequena, contando coisas sobre seu irmão, embora acreditasse que ela contara apenas as partes boas do rapaz.
Havia algo com aquela garota que chamava sua atenção, que fazia seu coração bater mais rápido quando ele olhava em seus olhos azuis, com as pupilas formando duas pequenas fendas...
Fendas. Ele sabia que tinha notado alguma coisa errada.
Mas não teve muito tempo de pensar nisso, sons de passos ecoavam no corredor de pedra que subia ao dormitório feminino.
- Harry, acordado tão cedo? – Katherine sorriu, radiante. Acabara de acordar e decidira descer para esticar as pernas, se esquentar no fogo da lareira, até ver o nascer do sol, quem sabe. – Achei que fosse eu que tivesse problemas de insônia.
Harry corou, não que soubesse exatamente o porquê de estar fazendo isso, mas parecia muito conveniente naquele momento que o fogo da lareira estivesse tão próximo.
- Oi. – Ele disse, sua voz titubeando por não ter pensado em nada melhor.
- Olá. – Ela sentou-se no sofá, estendendo a mão para o fogo, que pareceu se aproximar ao movimento, mas depois voltou ao seu lugar comum.
Harry aproximou-se, sentando-se numa poltrona vaga à direita da garota, olhando as sombras que a chama fazia em seu rosto pálido.
- A noite vai acabar logo. – Ela disse, sem olhar para o rapaz.
- Sim.
- Você é sempre articulado assim, ou é só minha presença?
Ele olhou-a confuso, enquanto ela ria feliz.
- Não... quer dizer... eu... – Ele disse quando entendeu o que ela quis dizer. – Eu não...
Ela se levantou sem dar muita atenção ao garoto, ainda pensando no que seu irmão dissera no dia anterior. Além disso, pensa que eu não notei a semelhança? Ela sabia que seu irmão estava certo, sem dúvida. Havia mais coisas sobre almas do que os próprios dragões entendiam. Se Harry fosse realmente a reencarnação dele então...
Não... Peter tinha de estar errado... Harry não podia... mesmo que a profecia dissesse que... Droga... Profecias nunca falham... seu coração também não.
Distraída a garota murmurou uma despedida meio melancólica e se dirigiu à saída, deixando Harry a olhar o quadro se fechando, sem muita escolha a não ser franzir o cenho.
Afinal, quem era aquela garota e qual o mistério que parecia correr ao redor dela?
...
Todos os alunos corriam cada um para suas salas, os Corvinos iam para a aula de Feitiços, os Lufanos para a de Poções e os Grifinórios e Sonserinos rumavam para a mesma torre, a Torre Norte, sua primeira aula seria em conjunto.
A professora Trelawney olhava através de um telescópio para as estrelas enquanto os seus alunos se organizavam sentando separados, formando uma massa verde de uma lado e outra vermelha, no lado oposto. Peter, entretanto, sentou-se ao lado de sua irmã, retirando o Astrolábio das costas e pondo aos seus pés.
- Esta manhã, meus queridos, eu li nas estrelas que em breve alguém, sentado aqui, em uma dessas cadeiras, irá morrer. – A professora falou, num tom soturno. Alguns alunos da Grifinória abafaram as risadas, enquanto os da Sonserina nem se incomodaram em fazer o mesmo. – Não, não, não riam. É verdade! A morte está aguardando alguém aqui e será de uma maneira dolorosa. Você, será você, meu querido? Oh, mas que pena, sim, é você mesmo. – Neville se encolheu enquanto o dedo da professora avançava alguns centímetros até seu rosto.
Ela é uma falsa vidente, não tem o dom da Visão. Peter falou diretamente na mente de Kate, enquanto Sibila declamava as quinze maneiras diferentes como o grifinório iria morrer. Patético.
Dumbledore deve ter um bom motivo para mantê-la. Katherine disse, embora seu cenho franzido confessasse a descrença em relação à professora.
Dumbledore não consegue ver nada além do próprio nariz. Ele espantou uma mosca imaginária.
A professora aproximou-se dele, atraída pelo movimento brusco.
- Oh, os dois novos moradores do castelo. – Todos silenciaram das risadas e se viraram, prestando atenção. – Minha querida, você é tão bonita. – Ela segurou a mão de Kate, depois soltou bruscamente, abraçando a si própria e caminhando para trás. – Meu Deus! Sinto muito minha querida, muito, muito mesmo. Seu futuro não é nada apreciável.
- Sabe, estou bastante curioso... O que você viu? – Peter perguntou, cheio de desdém.
A professora lançou-lhe um olhar apiedado, cheio de covardia e insegurança disfarçados.
- Ora, meu bem. Você não consegue ver o dom que eu possuo. Sim, deve ser por nunca ter vindo aqui em Hogwarts. Meu nome, meu jovem, é Sibila Trelawney, sou Tetraneta de Cassandra Trelawney, uma famosa...
- Isso é uma piada, certo? – A testa de Peter se franziu. – É impossível, você não pode... Pode? Cassandra era uma das maiores videntes que já se teve notícia, não era de se esperar que ela tivesse uma charlatã como tetraneta. – Kate deu um murro no ombro de Peter, fazendo ele resmungar alguma coisa.
Por trás dos enormes óculos que faziam seus olhos parecerem maiores do que já eram, Sibila piscou, confusa.
- Desculpe pela grosseria do meu irmão professora, ele não quis dizer o que disse.
- Não se preocupe querida, naturalmente seu irmão não tem o talento para a Visão Futura e não consegue entender o desconhecido que encontra em frente à seus olhos, mas eu entendo, nem todos nasceram prontos para a Arte da Adivinhação, é extremamente necessário que ela nasça com o dom, ou esteja pronto para lutar para adquiri-lo, ou simplesmente aceitar que nunca irá conseguir ver nada além do que é comum aos olhos de todos.
Peter abriu a boca para retrucar mais alguma coisa de maneira sarcástica, mas sua irmã apertou sua mão, despejando em sua mente uma repreensão exagerada.
- Portanto, acho que deveríamos de fato começar nossa aula – Passando os olhos pelos grupos separados ela abriu um sorriso. – Acho que estamos com as auras um pouco esparsas aqui. Se não se importam irei reorganizar para que formem pares com a pessoa de afinidade astral mais próxima para que a leitura seja o mais correta possível.
Houveram algumas reclamações vindas do grupo da Grifinória quando tiveram de se sentar com alguém da Sonserina, tal qual Pansy Parkinson que formara par com Parvati Patil, entre outros pares muito irregulares. Ronald Weasley com um Draco muito estupefato, Harry Potter com uma Katherine Draconiam muito sorridente e...
- ...Você, rapaz, com a mocinha aqui.
Monique McFusty se levantou de sua cadeira, próxima à Neville, seu primo, que havia se sentado com Simas Finnigan, e dirigiu-se para a cadeira do rapaz moreno que parecia indignado com a idéia de se sentar perto daquela...
Maldita bruxa. Peter amaldiçoou todas as gerações da família Trelawney. Se algum de seus olhos pode de fato ver o seu futuro, provavelmente ele está cego. Ele bufou e afastou a cadeira quando a garota sentou-se ao seu lado. Reorganização Astral, mas que idiotice é essa?E por que ela está sorrindo?
Monique sorria, sem dúvida. A pequena discussão havia de fato a divertido.
Olhando um pouco mais atentamente e de modo que a garota não percebesse, Peter conseguiu desfrutar do sorriso que fazia algum tempo ele sentia certa falta, antes de ser tragado pela voz da professora.
- Comecemos, então. – Ela passou em cada mesa, entregando um rolo de pergaminho a cada estudante. Neles haviam desenhados pequenos pontos e várias ligações entre eles, embora as interpretações pudessem levar em outra direção, cada aluno agora possuía uma representação em menor escala da Via Láctea e suas constelações. – Como vocês podem ver, aqui temos a posição das principais estrelas e planetas como foram vistos está manhã, no momento do sol nascente, de modo que quero que vocês façam uma interpretação de como o dia será para o seu parceiro até o fim do dia, baseado no dia, mês e ano do nascimento do seu parceiro de mesa, então... comecemos.
A professora sentou-se, enquanto a maioria dos alunos fazia caras de confusão e se perguntava o que faria com tantas linhas e pontos em seu pergaminho.
- Então, Peter, quando exatamente você nasceu? – Ela apoiou a cabeça nas mãos, que já estavam apoiadas na mesa, aproximando-se do rapaz, seu olhar curioso e brincalhão brilhava no rosto, como se não esperasse uma resposta sincera, embora estivesse se divertindo bastante com tudo aquilo.
O rapaz balançou a cabeça, com um sorriso nostálgico nos lábios, quase apiedados da garota que pouco sabia sobre a pessoa à sua frente.
- Você não acreditaria, mesmo que eu dissesse a verdade. – Com o pé por baixo da mesa ele alcançou a alça do tubo onde guardava o Astrolábio, aproximando-a da mão, que a agarrou e puxou para cima, fazendo o recipiente repousar em seu colo.
- Me surpreenda, então. – Ela fixou seus olhos nos do rapaz.
Peter manteve seu olhar no dela por um instante, toda sorte de pensamentos passando em sua mente, até se dar conta que seu corpo começava a reagir só, sem controle, atravessando a distancia da mesa com a mão direita, aproximando-se do corpo da garota, perigosamente próximo.
- A data, então, seria?
Acordando do transe que o olhar dela induzia, ele percebeu o que estaria prestes a fazer. Tocá-la, apenas para sentir a maciez da pele da mulher que a muito tempo ele... Não, melhor esquecer essa palavra. Amor. Já fazia tempo demais que ele não sentia nada disso e estava muito bem ate agora.
- Eu nasci... – Ele piscou e balançou a cabeça, tentando concentrar-se na informação que estava prestes a revelar. – Cerca de três mil anos atrás, perto do monte Olimpo, na Grécia. Durante cerca de trezentos anos fui cultuado pelos cidadãos de um vilarejo local, como uma divindade menor. O dia exatamente me escapa a memória, mas por ser um dia de culto à Saturno, então acredito que tenha sido um Sábado, meados de Novembro. Sinto não lembrar exatamente a data. Espero que isso seja o bastante.
Ela apenas manteve o sorriso no rosto, buscando em sua pasta, que estava em sua bolsa, pelo pequeno caderno de anotações onde qualquer informação importante seria anotada por ela.
Escrevendo a data no canto de uma folha em branco, ela voltou sua atenção à tarefa que deveria fazer.
- Acho que nós devíamos nos ater ao que estamos fazendo nesse momento, certo? – Ele apontou para o pergaminho que ainda permanecia encima da mesa. – Óbvio, se você quer fazer algo decente, ao menos faça com material decente.
Com um movimento de sua mão, o pergaminho que ainda estava ali, assumiu vida própria e voou para longe, consumido em chamas verdes, atraindo o olhar de mais da metade dos alunos ali, a outra metade, praticamente composta de meninos, simplesmente estava muito aturdida com a presença de Katherine Draconiam para ligar para qualquer outra coisa.
- Rapaz, mas o que está havendo... – Sibila Trelawney estancou ao ver o pergaminho que o rapaz tirava de dentro do estojo de madeira. – Como você...?
O Astrolábio desenrolou-se com uma facilidade incrível. Com, pelo menos, meio metro quadrado, a folha de pergaminho cobriu toda a mesa com pontos e listras, embora, diferente dos mapas astrais comuns, esse possuía, muito mais variedade que o primeiro, chegando até a mostrar os movimentos estelares desde a era em que as próprias estrelas haviam nascido. O movimento era tão perfeito que se você permanecesse alguns minutos a mais do que o devido, você perceberia seu corpo caindo em direção à escuridão do espaço e as estrelas brilharem ao seu redor.
Os olhos da professora de Adivinhação cresceram mais do que qualquer um julgasse ser possível, aparentando querer fugir da órbita a qualquer momento.
- Existiram em Terra apenas três mapas como este, um foi queimado durante Inquisição, o segundo perdeu-se há muitos anos e o terceiro foi dado de presente à Hogwarts a mais de trezentos anos. – As mãos estendidas da professora aproximavam-se do mapa, pedindo, clamando para pôr as mãos no objeto. – Os Mapas de Copérnico! O Astrolábio!
Com um único olhar de Peter, a professora parou à centímetros do Mapa, seus dedos abrindo e fechando, necessitados do contato com objeto tão estimado e tão valioso.
- Esse artefato é poderoso demais para que qualquer um que seja medíocre e idiota como você e sua raça toquem nele. Você não entenderia sequer o poder que astros e estrelas impõem sobre você todos os dias, ditando as profecias que Videntes de verdade iriam proferir. Naturalmente, você não se encontra nem aos pés de uma vidente, seja ela medíocre ou poderosa. Logo: Este mapa está fora dos limites de sua existência.
A boca aberta, uma gota de suor descendo pela lateral da testa, e os olhos marejados, seriam provavelmente assim que você encontraria Sibila, se tivesse entrado nesse momento em sua sala de aula. Os dedos longos e finos retiraram as poucas lágrimas que pretendiam escorregar pelo seu nariz, impedindo o sorriso que aparecia no rosto do moreno de se alargar.
Mas o que você pensa que está fazendo, sua lagartixa mutante superdesenvolvida? Katherine invadiu sem pudor algum a mente do irmão, destruindo os pensamentos mais sórdidos que pululavam na mente dele.
Naturalmente, minha irmã, devo lembrá-la de que somos da mesma família, logo nós podemos interpretar a sua fala como uma auto-colocação na sociedade, que tal?
Eu acho que podemos interpretar meu pé no seu traseiro como uma ótima descrição de como eu estou no meu estado de espírito atualmente, então... Uma imagem da garota com uma expressão muito irritada ficou passeando a mente do rapaz. Tenha um pouco de dignidade e honre a educação que nossa mãe nos deu.
Devo lembrar-lhe que, nossa mãe, para assumir o trono do nosso Clã, matou todos os seus irmãos mais velhos e casou-se diretamente com o príncipe do nosso clã rival, apenas para unir as tribos e mostrar que é capaz de ser poderosa e bela, reinando acima da maior comunidade de lagartixas mutantes superdesenvolvidas de toda a Europa.
Pois é, talvez eu deva começar a agir como ela. Ao menos comporte-se.
Com essa frase ela tornou a conexão entre os dois inexistente e inacessível ao irmão, de modo a concentrar-se no que estava fazendo.
-...O que foi isso? – Harry olhou surpreso para as fagulhas verdes que se perdiam no ar. – Como ele?
- Ele é só um completo idiota, deixa ele pra lá, Harry. – Ela hesitou um momento, depois voltou a falar. – Qual é mesmo a data do seu nascimento?
Harry sorriu por um instante antes de responder. Mais alguém ali tinha percebido ou era só ele que reparara que se tornava um garotinho perto dela?
- 31 de julho... – Ele sussurrou. Ela se pôs a trabalhar antes que ele tivesse tempo de perguntar algo sobre a idade dela. Com o olhar fugaz, ele virou-se para a mesa ao lado da sua, onde Peter estendera o pergaminho, onde pequenos pontos de tinta se movimentavam, ele não sabia exatamente porquê, mas tinha a sensação de que aqueles pontos lhe falavam e as coisas que ele mais ouvia sussurradas eram caminho e morte.
- Você conhece o significado da palavra discrição? – Monique perguntou, o sorriso sumindo de seu rosto.
- Sim, conheço, em pelo menos 37 línguas diferentes, mas seu uso não me apetece em nenhuma delas.
Monique voltou a sorrir, ele era muito engraçado. Não, não era. Na verdade a única coisa que ele conseguia era fazê-la sorrir, embora de vez em quando, não houvesse um motivo muito concreto.
- Então, será que a bruxa medíocre aqui poderia ter a honra de analisar o seu glorioso artefato? – Cada palavra saiu muito bem mastigada, cada qual com sua ironia perfeitamente aparente, para que o rapaz não tivesse problemas em digeri-las.
Sim, é claro que ele pretendia dizer não. Porém, seu cérebro clamava pela sua boa ação anual e, por mais que ele não gostasse da ideia da garota tocando no Astrolábio, seu impulso foi mais forte.
- Pode. MAS...! – Ele olhou diretamente para o mapa nas mãos dela, como ela fora tão rápida? Os seus olhos brilhavam como uma criança com um potencial altamente destrutivo e um brinquedo novo e frágil nas mãos. Alguma coisa ia dar errado. – Lembre-se que esse artefato é velho e frágil, devendo então tomar o maior cuidado possível cuidando para tratá-lo como.... Você está me escutando?
Sem nem levantar os olhos a garota murmurou, como quem não está ligando a mínima para a reação seguinte.
- ...cuidando para tratá-lo como...?
- ...como o objeto velho e frágil que ele é!
Com um movimento lento de cabeça os seus olhos se encontraram. Com uma sobrancelha levantada, Monique falou:
- Você percebeu que acabou de repetir o que você havia dito no começo da frase? Não seja chato!
O olhar assassino que ele lançou-a pareceu não surtir nenhum efeito na garota, que voltou os olhos e a atenção para o pergaminho agora a sua frente.
Pelo fogo sagrado, como eu fui me meter nesse antro de seres nojentos?
Com os pés. Agora cala a boca e presta atenção no astrolábio, sua anta. Eu acho que as estrelas vão nos mandar uma mensagem. Kate invadiu sem nenhum pudor a mente do irmão, fazendo-o sobressaltar-se.
O que aconteceu com toda a amabilidade de hoje de manhã?
Se esvaiu quando eu lembrei que somos da mesma família.
...ou não, hein.
Enquanto os dois irmãos discutiam suas diferenças, sem que o próprio rapaz percebesse, a garota sentada a sua frente sussurrara palavras inaudíveis ao pergaminho e, as estrelas, como se entendessem suas palavras, começaram a se mover cada vez mais rápido, se reorganizando no mapa, obedecendo ao ciclo ao qual elas anteriormente pertenciam, muitos e muitos anos antes.
Consumida pelo movimento das estrelas, a garota mal lembrou-se mais tarde por quanto tempo ela ficara ali, olhando os pequenos pontos brilhantes que foram tomando vida em frente a seus olhos. Por um instante pareceu que as estrelas nunca iriam parar de se mover, entretanto, quando no rodapé do pergaminho a data que havia sido escrita a mão, numa caligrafia secular, alterou-se e as estrelas bruscamente interromperam seu ciclo.
E lá estavam, todas as linhas indicando o destino do rapaz a sua frente, não que houvesse um motivo, além de curiosidade, que a instigasse a pesquisar o passado do rapaz, mas, no instante em que se viu a sós com o astrolábio, as palavras saíram de sua boca e, mesmo que ela pudesse controlá-las, a curiosidade teria falado mais alto.
"Peter Draconiam"
Ela nunca fora muito boa em identificar passado ou futuro nas estrelas, mas ela tinha conhecimento o bastante para perceber algo que já havia sido deixado óbvio para ela. O rapaz não era humano. Não com as datas mostradas pelo astrolábio, que tinham variações de 15 a 20 anos nos menores intervalos de tempo de grandes feitos.
Ela podia ver cada ferida cada cicatriz amarga que o tornara daquela maneira. A família, os amigos e, especialmente os inimigos. Mas havia algo mais, o Astrolábio parecia querer lhe mostrar algo. Uma pequena serie de estrelas cresciam, formando uma escada em direção a plutão e aquilo estava pessoalmente muito difícil de entender.
- Já chega. – A mão rude puxou o mapa antes que ela pudesse entender os sussurros do pergaminho. – Você já brincou de ser bruxa demais por hoje.
- Mas eu acabei...
- Você está aí há quase meia hora, a aula acabou. – Ele apontou para o resto da sala, enquanto se levantava, guardando o Astrolábio de volta no seu estojo.
Sim, de fato as pessoas se levantavam, se arrumavam ou se mantinham sentadas conversando. Mas a questão era: como? Ela mal havia passado cinco minutos olhando o Mapa.
- Você perde a noção do tempo olhando as estrelas. – Ele falou, olhando através da janela, sua voz dura e amarga. – Adeus.
Ele se postou ao lado da irmã, que ainda estava sentada.
- Vamos.
A garota franzia o cenho, com uma sobrancelha levantada.
- E porque eu deveria? Ainda não terminei a tarefa, e...
Os pergaminhos que ainda estavam encima da mesa crepitaram por um instante depois ganharam vida, voando pela janela da torre.
- Decididamente eu não vejo nenhuma tarefa para você terminar, Kate. – Ele falou, as sobrancelhas levantadas num olhar inquiridor. – Agora, se me permite.
As mãos do rapaz seguraram a irmã pelo braço, fazendo um impulso rápido, deixando-a de pé.
- Ei, o que você pensa que está fazendo, seu animal? – Kate puxou o braço, desvencilhando-se do rapaz. – Você devia tomar um ar Peter, está ficando cada vez mais imprudente.
O rapaz abriu a boca para falar algo grosseiro, mas então suspirou, irritado, olhando os rostos dos mortais ao redor. A velha bruxa, o Potter, a McFusty e os amigos bastardos deles. Bom, quem estava se importando mesmo?
- Dá para você se mover e me ajudar a encontrar o Maleficarum? – Ele levantou as sobrancelhas. – Ou prefere que eu continue te irritando? Basicamente, você sabe como eu posso ser irritante.
Katherine rosnou. Maldito seja a boca enorme daquele pivete. Tudo bem, ele era o mais velho, mais isso não queria dizer o mais maduro, é óbvio.
- O que é um Malef... – O garoto ruivo amigo de Harry começou a perguntar.
- Nada que você pudesse entender mesmo que eu descrevesse nos mínimos detalhes. – Peter apressou-se em dizer, com uma voz rude e irritada pela intromissão. Voltando o olhar para a irmã, sorrindo de um jeito indiferente, ele perguntou. – Vamos?
Ela sabia que o irmão continuaria dizendo bobagens até que estivesse satisfeito e era terrível admitir, mas ele tinha a vantagem, por hora. Ela teria que aceitar os termos dele, se quisesse mantê-lo de bico quieto.
- Ok, Peter, vamos. – Ela disse amargamente, jogando graciosamente a mochila nas costas com uma velocidade incrível, devido à raiva e saindo a passos largos da torre, sussurrando uma despedida para cada um ali.
Ele sorriu, quando a irmã esbarrou com ele, indo até a porta, embora houvesse muito espaço para o qual ela pudesse desviar.
Peter olhou mais uma vez a garota McFusty, antes de deixar o sorriso sumir e se afastar até a porta.
...
As escadas pareciam intermináveis sob seus pés apressados.
Que grande idiota ele é! Por que ele não pode deixar de ser um grande babaca, insensato, chato e...
Alguma coisa muito forte puxou seu ombro distraído, fazendo-a virar-se de surpresa, com uma força incrível, chocando-se contra o peito definido do rapaz de olhos verdes.
- Pensando em mim, irmãzinha? – Peter sorriu, mostrando os dentes brancos e segurando a irmã melhor, que por pouco não caíra. – Espero que não seja nada muito mal.
- Sonhe. – Ela grunhiu, desvencilhando-se dele mais uma vez. – O que você pretende com essas teatralidades, Peter? Meter-nos em encrenca, de novo? Pare de ser infantil, você sabe que só podemos estar aqui enquanto ninguém souber nossa identidade.
Peter suspirou, colocando a mão no queixo da irmã, olhando no fundo dos olhos dela.
- Será que você não percebe? Eu estou me lixando para o que eles sabem ou não. Eles podem descobrir o quanto quiserem. – Ele levantou o dedo indicador direito, como se houvesse pensado num argumento ainda melhor. – Na verdade, eu espero que eles descubram, assim eu terei diversão por aqui. Você sabe quantos aurores existem no ministérios que parecem ter um gosto ótimo?
O sorriso sádico se expandiu ainda mais quando sua irmã fez uma expressão de nojo. A pequena “vegetariana” da família.
- E você sabe... – Ele começou, apenas para deixar a irmã com mais raiva. – Eu daria qualquer coisa para sentir o gosto dos seus amiguinhos.
A mão de Katherine se tornou num punho, atingindo o peito do garoto em cheio, de surpresa. Peter apenas se desequilibrou, mais foi o bastante para trombar com o degrau anterior da escada, causando uma queda surda contra a escada.
- Nem pense em tocar nos meus ami... – Ela começou, brandindo um dedo no rosto irritado do rapaz.
Ela foi interrompida quando Peter segurou seu punho com grosseria, fazendo toda a região arder e sua mão se retorcer. Com um movimento leve, usando magia para ajudar, ele ergueu-se lentamente, aumentando a força no punho.
- Nunca. – Ele começou, colocando o corpo da irmã contra a parede oposta ao corrimão. – Nunca mais faça isso.
O rosto de Katherine agora contorcia-se de dor. Em seu braço, pequenas veias negras pareciam se alastrar, queimando a carne, embora ela fosse imune ao fogo.
- Pe... Peter. – Ela sussurrou quando percebeu que o irmão não tinha a intenção de parar por algum tempo. Ela sabia o quanto ele podia ser cruel. – Seu monstro.
Ele sorriu, soltando o braço da garota.
- Kate, você está bem? – Do alto da escada a voz surpreendeu a garota, embora o irmão dela já tivesse sentido a presença e se preparado.
- Suma, Potter. – Ele disse, ainda de costas. – Nada aqui é da sua conta.
Harry desceu um degrau, impelido pela dor no rosto da garota. Uma necessidade de protegê-la pareceu arder em algum lugar da sua cabeça, mas ao mesmo tempo deveria ser sensato. Havia algo sobre esses Draconians que estava muito errado e seria bom não se meter até saber em quanta encrenca ele iria se meter.
Mas, naturalmente, Harry não conseguiu se conter.
- Você está machucada? – O bruxo falou ignorando Peter e se atendo ao braço aparentemente machucado de Katherine.
Peter olhou por cima do ombro, seu único olho visível fazendo Harry tremer.
- Eu disse... suma. – A mão de Peter se levantava lentamente. Seria um movimento tão involuntário como pensar.
- Harry, eu estou bem! – Katherine passou pelo irmão, subindo os degraus e se postando em frente ao garoto de olhos verdes, de modo que o irmão não fizesse nada. – Estávamos só discutindo um pouco.
Os braços da garota estavam atrás das costas, onde ela sussurrava mentalmente uma magia, para que um filete de chama azul atravessasse a superfície da sua pele que estava negra e pudesse retorná-la ao normal.
Peter olhou com mais raiva aquele menino nojento que parecia querer se meter em tudo. Ele iria pagar, da pior maneira que ele pudesse pensar. Devo confessar, não consigo pensar em nada que o rapaz não desse para torturá-lo durante alguns minutos.
Mas ele teria de dar o braço a torcer, ao menos por enquanto. Havia coisas mais importantes a fazer e coisas a serem achadas, ele precisaria fazer uma pesquisa extremamente cuidadosa, que poderia levar horas, naquele momento. Não tinha tempo a perder com idiotas.
- Faça como quiser, irmãzinha. – ele disse, voltando a descer a escada. – Mas me encontre na biblioteca em dez minutos. Nós temos um trabalho a fazer.
Suas costas sumiram na curva que a escada fazia, deixando os dois sozinhos.
Katherine sibilou alguma praga, baixinho, tendo certeza que apenas o irmão ouviria.
- Está tudo bem? – O rapaz perguntou, tocando o ombro da garota, sentindo quão macia sua pele era quente por baixo do tecido fino da roupa que usava. – Ele...
Ela olhou para ele de maneira que fizesse o rapaz se calar. Não foi, de certa forma, muito difícil.
- Eu estou bem, esqueça isso, ok? Onde está todo mundo? Por quê não vamos nos encontrar com os outros? – Ela perguntou, rapidamente.
Ele estreitou os olhos, sabendo que aquilo era apenas uma maneira de fazê-lo ficar distraído. Não funcionaria e agora ele tinha muitas mais perguntas que não seriam respondidas.
Não por ela. Ele pensou, por um instante. Mas talvez Mione saiba algo sobre esse tal Maleficarum.
Ele deu de ombros e explicou que todos estavam indo no momento para o salão comunal, antes da próxima aula. Ela suspirou, feliz que o garoto não tivesse feito pergunta nenhuma e juntos, começaram a rumar para o Salão Comunal da Grifinória.
A única coisa que Harry não sabia naquele momento é que se Katherine tivesse escolha, ela nunca teria escondido nada.
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