Para ti meu amor...
Querida Lily,
As semanas têm passado muito mais devagar sem vos ver. Acredita que para mim também não foi fácil não ter comparecido ao aniversário do Harry. Espero que ele me perdoe! Gostava muito de ter estado com ele, afinal ele é o meu afilhado preferido (e único).
Tenho-me encontrado algumas vezes com o Wormy também e concordo contigo que ele anda muito abalado. Mas no fundo percebo. O Wormtail nunca foi a coragem em pessoa e esta guerra tem sido estafante e angustiante para qualquer um. Ver amigos morrer dia sim, dia não, e sentir o medo de perder os outros a qualquer momento derrota-nos muito mais facilmente do que as constantes batalhas a que nos vimos sujeitos todos os dias. Mas o meu maior medo é perder-vos. Perder o James, o Harry e fundamentalmente perder-te a ti. Talvez me aches egoísta por dizer isto mas o meu medo de perder-te é enorme. Tens todo o direito de me chamar maluco por te voltar a escrever cartas destas mas tempos de guerra, trazem á tona os nossos sentimentos. Os meus estou só a revive-los. Tentei meu amor, juro que tentei mas foi mais forte que eu. Aguentei ver-te casar com o James e ser o seu padrinho. Aguentei ver o Harry nascer fruto da tua relação com ele. E nem imaginas como me custou ver que o Harry foi o fruto mais perfeito do amor que sei existir entre vocês. Mas por mais que ele seja parecido com o James, eu vejo nele o teu reflexo. Ele tem os olhos mais lindos do mundo Lily e a beleza deles é mesmo só comparada á beleza dos teus olhos. E quando o olho é a ti que eu vejo e imagino como seria um filho nosso. Mas estranhamente não guardo rancor do James, nem um pouco mesmo. Tenho orgulho na forma como ele cuida de ti, como te ama e como te protege, mas admito que o invejo. Mas rancor, maldade e todos esses sentimentos que me deviam atingir não atingem porque acima de tudo ele é o meu eterno melhor amigo. E eu sei, guardo dentro de mim que fui eu que te conquistei primeiro e fui eu o teu primeiro amor. Nos primeiros anos de Hogwarts quando o James ainda era um presunçoso (assim como eu) fui que soube tocar o teu coração. E tu apaixonaste-te por mim como eu me apaixonei por ti. Lembras-te de quando nos encontrávamos ás escondidas de todos naqueles recantos escondidos de Hogwarts em que tu deitavas a cabeça nas minhas pernas e passávamos horas a conversar enquanto eu acariciava os teus cabelos? E no final despedíamo-nos com um toque de lábios envergonhado. E eu contigo era tão diferente… A presunção desaparecia, deixava de ser convencido ou de ser superior, ali contigo eu era simplesmente eu…
Lembras-te daquela tarde de primavera no nosso 6ºano quando num dos nossos encontros me abraçaste assim de repente a chorar? E quando eu te perguntei o que tinhas, tu só sabias pedir desculpa… e então disseste-me que te tinhas apaixonado pelo James, pelo meu melhor amigo! E então eu voltei a ser o Sirius presunçoso. Pus o meu ar mais frio e altivo. Disse que compreendia e ignorei as tuas lágrimas. Tu abraçaste-me e eu apenas retribui mecanicamente e sem emoção. Depois despedi-me e parti dali deixando-te a chorar. Quando tive a certeza que não me vias corri o mais rápido que pude para um canto e comecei a chorar como uma criança. Chorei até me fartar, esmurrei tudo o que me aparecia á frente… Revoltei-me, mas é claro o Lupin soube como me fazer recuperar. Trouxe-me á normalidade e eu compreendi finalmente o teu lado. Seria injusto impedir um amor como o teu e o do James.
Os anos passaram e eu habituei-me. Conformei-me! Mas não te esqueci. E eu sei que no dia do teu casamento te prometi que te ia esquecer mas não consigo mais. O perigo iminente a que estás exposta faz-me tremer. Por favor tem cuidado meu amor.
Até sempre de quem te amará eternamente,
Sirius
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