Epilogo parte 2
Querido Sirius,
Ainda á bocado estive a observar-te a escrever. Não me quiseste dizer o que escrevias nem para quem o fazias mas a forma compenetrado como deslizavas a caneta pelo papel deu-me uma enorme vontade de o fazer também. E é por isso que aqui estou: no quarto que partilhamos a escrever uma carta para o homem que amo e que está no andar abaixo de mim. Talvez o aches uma patetice mas senti que precisava de o fazer. Afinal passaram três anos. Três anos em que as cartas que trocávamos eram, para além de amor, repletas de saudade e tristeza. Eu ainda vejo em ti as marcas profundas que a guerra te deixou. Não fisicamente pois nenhuma cicatriz ou marca te ficou, por menos nenhuma que obstrua a tua estonteante beleza Black, mas sim no teu interior. Tu não ficaste frio nem duro. Tu és humano. És doce, carinhoso e bondoso mas eu sei que no fundo tu sofres. Sei que por mais que adores o Harry, no dia em que baptizamos a Diana era o James que tu querias que fosse o padrinho, assim como tu o fostes do seu filho. Ou talvez o Resmus… E quem sabe o Peter se ele não se tivesse sucumbido pateticamente a Voldemort…
Eu oiço-te todas as noites… pesadelos… gritos… e nessas alturas eu abraço-te com força e eu sinto que mesmo a dormir a tua dor se apazigua.
Eu gostava de te poder roubar essa dor, ou simplesmente transferir nem que fosse metade para mim… Apenas para não te ver sofrer tanto. Mas eu sei que tu és feliz. Porque tu mo disseste. Disseste-me quando voltaste a casa, disseste-me quando a Diana nasceu, disseste-me quando ela foi baptizada e dizes-me todas as noites antes de dormir. E eu sou feliz… por saber que tu também és feliz. E tu és feliz porque nós somos felizes. Afinal já lá vão três anos…
Talvez muito, talvez pouco… Muito para aqueles cuja dor foi mínima e rapidamente se dissipou e pouco para os outros. Porque ainda há dor, ainda há choro e haverá sempre saudade. Eu soube-o quando vi voltar a casa os sobreviventes. Então percebi o que querias dizer… que uma guerra seria sempre uma guerra. E por mais que houvesse neles o descanso e o alívio havia também dor. Aquela dor tão forte que nos marca de tal forma que pode ser para toda a vida. E depois houve aqueles que foram recebidos de braços abertos, aqueles que receberam abraços e beijos e sentiram de novo o calor do amor. Mas também houve os outros… houve aqueles que chegaram a casa e deram com ela vazia. Houve aqueles que já nem casa tinham. Os que ficaram sozinhos e ao chegar a casa perceberam que assim o continuavam. Aqueles que se desiludiram ao perceberem que a vingança não traz de volta quem amamos.
Hoje eu olho para a Diana e de certa forma entendo… Se alguém lhe fizesse mal queria lá saber de Azkaban ou de guerra… haveria apenas a dor. Afinal o que fazem os que mais nada têm que os faça viver? Lutam para vingar o que um dia os fez felizes. Eu faria o mesmo…
Mas tu tens algo Sirius. Tu tens muito… Tens-me a mim e tens á Diana e em breve terás o James… Sim! James… Eu sei que esse é o nome que gostarias que o teu filho tivesse. Porque tu disseste-me um dia que não querias apagar as recordações, querias apenas torná-las felizes… Haverá algo mais feliz? Hoje eu olho para a Diana e não há forma de não sorrir. Estatura pequena, sorriso meigo mas traquinas, cabelo negro encaracolado e olhos azuis. Azul… como descrever aquele azul? Ou será cinzento? Bom… azul Black… acho que isso define tudo!
Perdoa-me se as minhas cartas não têm mais a profundidade de outrora ou a extensão mas acredita que isso me alegra. Porque já não há mais dor nem saudade em mim Sirius. Apenas amor… e esse amor não cabe em folhas de papel. Cabe apenas no coração e mesmo assim sinto-o a querer expandir-se. Eu amo-te Sirius e nunca me canso de te o dizer. Irei repeti-lo assim como tu me repetes todas as noites que és feliz. E sabes uma coisa…? Se não fosse pelo facto de te amar a ti e aos nosso filhos eu acho que poderia morrer agora. Sabes porquê? Porque não teria morte mais feliz e completa.
Beijos meu amor da eternamente tua,
Bellatrix Black
P.S: Perdoas-me se te repetir apenas mais uma vez…? AMO-TE!
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