O acordar de um pesadelo
Snape acordou sobressaltado. Tivera um pesadelo no qual Voldemort havia sido um ameaça real ao mundo e ele, seu servo, havia sido morto. Passou a mão em sua garganta várias vezes -ainda sentia as presas de uma cobra.
-Tudo bem com você querido?
Sua mulher havia acordado com o movimento brusco de sentar-se na cama e sentava-se também.
-Sim, está tudo… ótimo. Foi só um sonho.
A mulher abraçou-o por trás, plantando um beijo em seu ombro nu.-Então durma de novo, você precisa descansar. Amanhã você volta para Hogwarts.
Não havia necessidade de lembrar-lhe disso. Desde que saira da escola sabia que queria voltar lá para dar aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas. E o novo diretor, Dumbledore, o havia chamado faziam algumas semanas.
Snape virou-se e beijou as delicadas mãos de sua mulher. Lilian… Ah, doce Lilian… Ele nunca pensara poder amar tanto alguém… Ela sorriu-lhe, como que para acalmá-lo e ele sorriu de volta. Deitaram-se novamente, e Snape adormeceu enquanto observava os olhos da garota…
A casa permanecia sempre impecável. Mania de Lilian, adquirida de sua mãe trouxa. Era um pequeno sobrado em Godric’s Hollow, com um grande jardim cheio de todos os tipos de flores, cuidado pela própria mulher da casa. Em seu interior, um pequeno garoto de pouco mais de um ano corria pela casa atrás de seus pais, ocupados com seus afazeres de viagem. Até que por fim Snape pegou-o no colo
-Pare um pouco Harry, pode ser?
Ao que o garoto respondeu com os típicos grunhidos de uma criança que ainda não fala e balançou suas perninhas, como que para dizer que queria continuar fazendo uso de tal coisas interessantes. Lilian riu e pegou seu filho.
-Deixe-o correr pela casa a vontade, que mal tem?
Mãe e filho. Harry tinha os mesmos olhos verdes da mãe, os mesmos lábios, o mesmo nariz… Puxara a mãe em quase tudo, exceto nos cabelos -que eram negros, como o do pai. Snape sorria sempre que notava que o filho era tão belo quanto a mãe.
-Vamos, ou então iremos nos atrasar.
Snape concordou com um aceno. Pegou sua mala e aparataram todos para a estação.
A plataforma não havia mudado em nada do que os dois se lembravam. Tãopouco havia o trem. Snape colocou suas coisas em um vagão e desceu novamente para despedir-se da família.
-Se não é o Ranhoso!
Snape virou-se apenas para encontrar-se frente a frente com Thiago Potter, em sua máxima espressão de zombaria.
-Boa-tarde, Potter.
-O que veio fazer aqui?
-Vejo que seus modos não melhoraram desde a última vez que nos vimos.
-Vejo que seu cabelo não foi lavado desde então também.
Snape contentou-se em lançar-lhe um olhar de desdém e sair dali, porém Thiago segurou-o.
-Você ainda não respondeu minha pergunta.
-E por que deveria?
-Olá Thiago.- Lilian postou-se ao lado de Snape, segurando o marido com o braço livre. Thiago afastou-se, irritado.
-Lilian.- Ele fez um leve aceno e saiu rapidamente. A mulher bufou.
-Não consigo acreditar que ele continue tão imaturo. Céus, já fazem dez anos!
Sim, já faziam dez anos, porém Snape lembrava-se claramente do dia. Não tinha como esquecê-lo.
Era seu quinto ano em Hogwarts e havia acabado de fazer o N.O.M. de História da Magia. Havia se sentado sob uma árvore no exterior do castelo de modo que pudesse desfrutar a bela tarde enquanto estudava para a prova do dia seguinte, quando os Marotos chegaram.
-Olhem só, se não é o Ranhoso!- Dissera Thiago, provocativo. Snape sabia que ele vinha para brigar, e já estava pronto para o combate. Sacou sua varinha rapidamente, porém Sirius com um movimento mais rápido lançou-lhe um feitiço -seu feitiço-, que o fez ficar pendurado no ar de ponta cabeça.
-Thiago, pare com isso!- Lilian havia dito, irritada com as brincadeiras tolas do outro. Uma roda de alunos se havia formado ao redor, observando a peça.
-Ora Lilian, estamos só nos divertindo!
-Só você está se divertindo. Ponha-o no chão agora.
-Pare com isso gata, assim até parece que você se importa com esse… Sonserino.
Lilian apontou sua varinha para Thiago, o que resultou num grande “Uuh!” dos que assistiam a cena. -Deixe-o em paz, Potter.
Thiago abriu a boca, desentendido. Por que sua namorada mostrava tamanha compaixão por tal… verme?
Fez um gesto para Sirius, que encerrou o feitiço. Severo caiu no chão pesadamente e Lilian correu até ele enquanto a multidão dispersava-se. -Você está bem?
O garoto não respondeu. Apenas desvencilhou-se do toque da garota e saiu correndo dali, deixando seu livro texto para trás. Thiago foi até a namorada.
-Você pode me explicar o que está acontecendo? Por que toda essa irritação? Tá de TPM?
-AAAH, Thiago, você me cansa! É tão imaturo e bobo, chega tão perto de patético! Estou cheia dessa sua atitude, de ficar bancando o maioral e sair atirando feitiços em todo mundo e…
-Mas gata, foi o Sir…
-Não importa se foi ele, você teria lançado se tivesse conseguido alcançar a varinha antes! Chega, chega, chega! Acabou.
-Quê? Não faz isso comigo docinho!
Lilian afastou-se do garoto que tentava tocá-la, pegou o livro de Severo e correu atrás dele.
Encontrou-o solitário em uma sala vazia. Bateu na porta antes de entrar.
-Oi.
O garoto sobressaltou-se e levantou de um pulo da mesa onde estivera sentado observando o exterior pela janela.
-Pare com isso Severo, não precisa ficar correndo de mim. Nós somos amigos, não somos?
-Até onde me lembro você era a namorada do Potter e ele era meu inferno particular.
-Mas isso não me torna menos eu ou você menos você. Corte os meios. Terminei com Thiago.- Snape mostrou-se surpreso e fez como se fosse falar algo, porém Lilian silenciou-o com um gesto.- E não, não foi por sua causa, se bem que possa ter ajudado.
-O que você quer dizer com isso?
Ela lançou-lhe um sorriso Gioconda. -Acho que vamos ter que descobrir, não?
Ela entregou o livro do garoto e deu-lhe um beijo na bochecha antes de sair da sala e dirigir-se ao seu salão comunal.
Severo sentiu o beijo da garota pelo resto da semana.
É claro que ele não sabia então que acabariam juntos. Amava Lilian em segredo desde a primeira vez que a viu -quando ainda eram apenas duas crianças, antes mesmo de Hogwarts, passando o tempo em um pequeno playground perto de suas casas. Mas ver seu amor retribuido, aquilo causara uma extrema mudança em seu ser. Deixara seu lado antipático e insociável de lado, fizera novos amigos fora da Sonserina, abandonou o estudo das artes das trevas…
Estudava então seu combate. Não via mais escuridão ao seu redor, e sim luz e alegria. E tudo graças a uma certa pessoa que iluminara sua vida.
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