Ponto de Partida
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A maioria das pessoas acredita que o tempo é como um rio que flui gentilmente e seguro em uma única direção. Mas eu vi a face do tempo, e eu posso lhe dizer... Essas pessoas estão erradas. O tempo é como um oceano em meio a uma tempestade.
Talvez você esteja se perguntando quem eu sou... Ou talvez, o motivo por eu dizer isso...
Sente-se, e eu lhe contarei uma história diferente de todas as outras que você já ouviu.
Antes de tudo, saiba que sou filho de Harry Potter, tenho certeza de que até você já ouviu falar sobre ele...
Minha história começa em casa, em Londres, um lugar muito distante daqui. Eu havia acabado de completar dezoito anos, havia terminado meus estudos na escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts no ano anterior... E para ser sincero, ainda não tinha idéia do que fazer da minha vida. Eu não sabia ao certo o que queria, mas sabia exatamente o que não queria.
Meu pai me ofereceu um emprego na sessão de Aurores no ministério da magia... Eu prometi ao meu velho que iria pensar no assunto.
Minha irmã, Lilian, sempre foi mais decidida. Ela pegou um empréstimo com meu pai, e montou uma loja de artigos de quadribol... Pela maneira que os negócios estão indo, tenho certeza de que irá pagar a divida em breve. Ela termina Hogwarts esse ano.
Minha prima, Rose, teve notas excelentes em Hogwarts, melhores até que as da minha tia... Ao menos é isso que os professores falavam. Ofereceram a ela um emprego na sessão de leis Mágicas do ministério... Ela começa em alguns meses.
Até mesmo meu primo Hugo, apesar de ainda não ter completado Hogwarts tem certeza sobre o que quer: Vai trabalhar com Trato de Criaturas Mágicas.
Mas não é sobre eles que eu quero falar... Eu quero falar sobre meu irmão, Tiago. Minha mãe sempre teve certeza de que ele seria um grande jogador de quadribol... Mas ela estava enganada, ele sempre teve um espírito aventureiro e rebelde, talvez por isso, ele começou a trabalhar coletando relíquias antigas que pertenceram a grandes bruxos. Depois de encontrá-las ele as levava até um grupo de bruxos em Londres que eram especialistas em História da Magia, as relíquias acabavam sendo empacotadas e arquivadas no departamento de mistérios, ou exibidas em museus e Escolas de Bruxaria... Foi por causa dele que eu cheguei aqui...
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- Alvo Severo Potter! – Gina Potter-Weasley gritou do andar de baixo. – Levante imediatamente dessa cama!
Alvo rolou para o lado tentando ignorar os berros da mãe que ecoavam no andar de baixo.
- Seu pai vai chegar aqui dentro de cinco minutos Alvo! – Gina gritou com a voz ainda mais alta. – Se você não se levantar imediatamente vão acabar se atrasando!
A viagem. Alvo levantou-se com um pulo. Olhou instintivamente para o lado, onde uma cama vazia, cercada de cartazes de times de quadribol se encontrava. Era a cama do irmão mais velho, Tiago. Há meses Alvo e o pai planejavam visitar Tiago em uma das emocionantes caçadas a relíquias dele, há duas semanas a oportunidade surgiu... Tiago havia mandado uma carta explicando que passaria um mês inteiro no Oriente Médio, o pai havia conseguido uma chave de portal e duas semanas de folga, duas semanas no exterior, revendo o irmão... Alvo teve de concordar que essa era a maneira perfeita de passar as primeiras semanas do verão.
Alvo caminhou pelo quarto esfregando os olhos, parou diante de um espelho próximo. Encarou por alguns instantes o reflexo: um garoto de dezoito anos, magro, com cabelos extremamente negros que agora chegavam à altura dos ombros, olhos de cor verde muito viva.
Ele se vestiu apressado, a mala com roupas já havia sido preparada na noite anterior, desceu a escada encontrando a mãe tomando café na mesa da cozinha. Ela era servida por Monstro, o elfo doméstico, extremamente velho e enrugado.
- Finalmente! – Gina disse baixando a xícara de chá. – Pensei que havia morrido dentro daquele quarto!
- Bom dia para você também mãe. – Alvo falou no costumeiro tom zombeteiro. Ele mirou pelas janelas da cozinha o dia lá fora, ainda estava escuro.
Gina soltou uma risada abafada. – Preparou sua mala com tudo que vai precisar? – Ela perguntou carinhosamente servindo ovos e bacon ao filho.
- Só o necessário. – Alvo disse sentando-se a mesa. – Roupas, minha varinha, e um pouco de dinheiro que eu guardei durante o verão.
- E quanto a esse cabelo? – Gina perguntou mirando com desaprovação os cabelos longos do filho.
- O que tem meu cabelo? – Alvo perguntou ignorando o olhar da mãe.
- Você não acha que está um pouco cumprido demais? – Ela falou num tom quase choroso. – Talvez se você me deixasse apará-lo só um pouquinho...
- Já falamos sobre isso mamãe! – Ele começou a comer apressado. – Eu gosto do meu cabelo desse jeito... Além disso, o Tio Gui também tem o cabelo cumprido e você não fica pedindo pra aparar o dele...
- É uma coisa totalmente diferente! – Gina exclamou.
- Eu gosto do cabelo do Al assim... É bonito. – Falou uma vozinha fraca que entrou aos poucos na cozinha. Era a irmã menor de Alvo, Lilian.
- O que você está fazendo acordada? – Gina perguntou espantada. – Você está no meio das suas férias de verão! Deveria estar dormindo e descansando!
- É difícil dormir com você gritando pela casa mamãe. – Lilian falou no mesmo tom de deboche que Alvo. – E eu queria me despedir do meu irmão!
- Desde quando você é tão fraternal ruivinha? – Alvo perguntou quando Lilian se sentou ao lado dele.
- Desde que você prometeu me trazer um presente da viagem. – Ela deu uma piscadela marota e começou a se servir com o café da manha recém servido.
Todos viram quando chamas verdes irromperam pela lareira que ficava no cômodo ao lado. Harry Potter saiu de dentro da lareira a passos rápidos espanando com as mãos um pouco da fuligem que estava nos ombros, fuligem que tinha agora a mesma cor dos cabelos grisalhos dele.
Harry entrou apressado na cozinha, deu um beijo no topo da cabeça da filha, um beijo estalado nos lábios de Gina, enfiou uma torrada de qualquer jeito na boca.
- Ta tudo pronto pai? – Alvo perguntou ficando de pé.
- Sim... – Harry disse engolindo a torrada. – Um contato meu da sessão de Portais vai nos transferir diretamente pra onde seu irmão está.
- E quando nós partimos? – Alvo perguntou.
- Imediatamente... Como você não sabe aparatar vamos ter que pegar o metrô...
Alvo sentiu uma pontada de ódio direcionado a si mesmo, havia falhado no exame de aparatação, havia errado por vinte metros o lugar designado.
Gina deu um abraço apertado em Alvo quando ele e Harry começaram a se dirigir para a porta do Largo Grimauld. – Tome cuidado filho... Tente não se meter em nenhuma encrenca...
- Eu nunca me meto em encrencas mamãe! – Alvo devolveu o abraço na mesma intensidade e deu um beijo estalado no topo da cabeça dela. – Te amo mãe.
- Eu também filho. – Gina disse com a voz embargada, tentando disfarçar os olhos que começavam a marejar.
Alvo deu um abraço rápido na irmã, enquanto Harry colocava a mala dele dentro de um bolso extensivo do casaco.
- Dê um abraço forte no Tiago por mim... – Lilian falou. – Vou sentir sua falta Al...
- Do jeito que você e mamãe falam parece que eu vou ficar anos fora! – Alvo falou rindo. – É só uma semana!
Harry trocou um beijo rápido com Gina, deu um abraço em Lilian e em quinze minutos eles estavam andando apressados pelas ruas de Londres. Eles tomaram um metrô, Alvo achou engraçado o pai ter pagado as passagens usando pedacinhos de papel que os trouxas consideravam dinheiro, e achou engenhoso as tais “escadas rolantes” que ele havia aprendido com a prima Rose, eram elétricas e não mágicas. Desceram numa estação não muito distante e chegaram a uma área obscura e suja de Londres, vários becos imundos e curvas intermináveis, Alvo estava prestes a perguntar ao pai se ainda demoraria muito para chegar, quando Harry parou abruptamente diante de uma loja velha que parecia abandonada. Harry olhou para os lados algumas vezes para se certificar de que não havia nenhum trouxa na rua, depois sacou a varinha e apontou para o portão da loja.
- Alohomora. – Com um estalo o portão se abriu, ele e Alvo entraram rápido.
- Mamãe passou a manhã me apressando... E no fim das contas somos os primeiros a chegar! – Alvo disse contemplando a loja vazia.
- Logo os outros estarão aqui... – Harry disse, e quase que imediatamente eles ouviram o barulho de um carro estacionando.
Com outro estalo a porta se abriu, e Alvo viu entrando na loja seus tios Ronald e Hermione, e uma garota extremamente animada, a prima Rose.
- Olá companheiro... – Rony disse cumprimentando Harry. – Desculpe o atraso, teríamos chegado antes, mas Mione insistiu para que usássemos o carro...
- Ronald! Você sabe muito bem que Rose ainda não pode aparatar! – Hermione exclamou.
Alvo não pode deixar de olhar para a prima com uma pontada de inveja, a prima já havia conseguido aparatar diversas vezes durante os testes preparatórios em Hogwarts, mas como era dois meses mais jovem que Alvo, só poderia tirar uma licença para aparatar dentro de mais alguns meses.
- Tudo bem... – Harry falou – Nossa carona ainda nem chegou.
- Isso é um sinal! – Rony disse. – Você não deveria ir nessa viagem querida... Você deveria ficar e ir se preparando para seu novo emprego!
- Papai! – Rose exclamou como se Rony tivesse lhe dado um tapa na cara. – Não acredito que você vai voltar a falar sobre isso! Quantas vezes eu tenho de dizer que uma viagem ao oriente médio é uma chance única de aprendizado! Tem muitas coisas que eu posso aprender!
- Ronald, nós já discutimos muito isso... – Hermione disse calma. – É só por uma semana, e vai ser uma ótima oportunidade para ela... Eu mesma iria se não estivesse tão atolada de trabalho!
- Tudo bem... – Rony disse derrotado. – Eu só não gosto muito dessa idéia de você ficar tão longe da sua família...
Rose e Hermione giraram os olhos nos orbes e balançaram as cabeças num gesto idêntico. Rose era pequena, magra, tinha praticamente as mesmas feições da mãe, exceto pelo cabelo, muito liso e extremamente ruivo, e diversas sardas que pontuavam seu rosto e ombros.
Rose se apressou em abraçar o primo enquanto os pais colocavam o assunto em dia. – Você não tem idéia do quanto senti sua falta Al, ficar longe de Hogwarts tem sido péssimo.
- Ao menos você começa a trabalhar com sua mãe em breve... – Alvo falou ao se afastar do abraço.
- Como assim? – Rose parecia mortificada. – Você também vai trabalhar no ministério! Papai disse que tio Harry te ofereceu uma vaga como Auror...
Alvo coçou a cabeça meio sem jeito. – Ainda não decidi se aceito o convite...
- Alvo! – Rose exclamou num tom quase de suplica. – Não acredito que você vai me deixar sozinha no ministério!
Alvo fez o possível para segurar uma risada. – Eu e você sabemos muito bem que você não vai estar “sozinha” no ministério. – Alvo lançou um olhar penetrante e Rose imediatamente enrubesceu. – Alem disso, ainda tenho bastante tempo para me decidir... Você não precisa ser tão dramática.
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Certo... Preciso fazer uma pausa aqui e explicar direito a situação.
Eu e Rose crescemos juntos, ela é minha melhor amiga desde que me entendo por gente; Apesar do que muita gente pensa, eu e ela não temos nenhum tipo de relação mais profunda... Se é que você me entende.
Ela é como se fosse minha irmã. E nada mais que isso...
Agora que isso ficou claro, deixe-me continuar minha história...
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Um estalo audível fez com que todos se virassem para olhar, haviam acabado de aparatar uma dupla de rostos quase idênticos.
- Vejo que ninguém se atrasou. – Falou Draco Malfoy, soltando o braço do filho, que era praticamente uma copia mais jovem do pai.
- Malfoy? – Rony grunhiu para Harry. – Esse era o seu “contato” na sessão de Portais?
Harry abriu um sorriso a contragosto.
- Sim... Sua chave de portal ficará ativa dentro de cinco minutos. – Ele sacou uma lata de sardinha velha de dentro do casaco. Depois repousou uma das mãos sobre o ombro de filho. – Esse é Scorpius... Ele começou a trabalhar na sessão de portais essa semana, e foi designado para acompanhá-los... Quando sua pequena “viagenzinha” terminar ele irá abrir um portal já autorizado que os trará de volta para cá.
Scorpius acenou com a cabeça cumprimentado a todos, por um instante o olhar dele com o de Rony se cruzaram e o garoto imediatamente desviou evitando o ruivo. Alvo arriscou olhar para Rose, ela havia ficado mais corada, e olhava fixamente para os próprios pés.
- Certo... – Hermione falou para a filha. – Enquanto estiver fora, obedeça a seu tio Harry... Não se meta em confusão...
- E fique longe de qualquer garoto. – Rony completou lançando um olhar afiado ao pequeno Malfoy.
Hermione lançou um olhar de censura ao marido.
- Não se preocupem! Eu sei me cuidar! – Rose disse abraçando os pais.
Draco entregou a lata ao filho, e um brilho azulado já começava a aparecer nela. – É seu primeiro trabalho filho, tente não ficar nervoso e aproveite a viagem...
O loiro fez um aceno positivo de cabeça para o pai.
Alvo e Rose se juntaram a Scorpius e seguraram a lata.
- Harry, por favor... – Rony disse baixo para que só o amigo ouvisse. – Toma conta da minha garotinha... E fica de olho nesse escorpiãozinho... Não confio nele...
- Tem coisas que não mudam nunca... – Harry disse se despedindo e tocando a lata.
Em alguns minutos uma sensação de esmagamento caiu sobre os quatro, e eles foram lançados no turbilhão do portal, Alvo mal podia respirar, e por um momento achou que fosse desmaiar. Com um baque forte eles sentiram o chão, haviam chegado.
Estavam em uma praça limpa feita de pedra, uma fonte cristalina chiava ao lado, o lugar era repleto de vasos de barro, um sol quente castigava e os obrigou a cobrir os olhos até que se acostumassem com a claridade.
- Papai! – Gritou uma voz um pouco longe da onde eles estavam. Tiago, era mais alto que o pai, tinha o cabelo ruivo bagunçado em todas as direções, era forte, e tinha a pele muito bronzeada.
Harry abraçou com força o filho. Depois Tiago abraçou o irmão, a prima, e lançou um olhar acido para Scorpius.
- Vocês chegaram exatamente no horário previsto! – Tiago disse. – Vamos... Eu vou mostrar o lugar onde vocês vão dormir! Quero noticias sobre todos lá na Inglaterra...
- Eu vou procurar pelo hotel mais próximo daqui. – Scorpius anunciou com voz firme para que todos ouvissem. – Dentro de uma semana eu estarei aqui nesse mesmo horário para levá-los de volta.
- Do que você está falando? – Harry disse. – Eu e seu pai somos velhos... – Harry parou e mediu as palavras, por pouco não disse “Amigos”. - ...conhecidos, tenho certeza de que ele vai se sentir melhor se você ficar comigo. Tem espaço para mais um Tiago?
- Tem... – Tiago respondeu ao pai. – acho que consigo um lugar para ele.
- Eu irei com vocês... – Scorpius foi dizendo lentamente. – Se todos estiverem de acordo. – Ele correu o olhar por todos, se demorando especialmente em Rose.
- Não vejo problema algum! – A ruiva exclamou, mais alto do que pretendia depois ela abaixou o rosto e corou violentamente.
- Por mim tudo bem. – Alvo disse rindo.
- Está tudo certo então. – Tiago falou. – É melhor irmos antes de escurecer.
Todos caminharam, Rose estranhamente calada, Scorpius admirando a cidade de pedra onde eles haviam sido transportados, Harry e Tiago conversavam animadamente sobre a família e o trabalho, Alvo xingava baixinho, amaldiçoando esse fuso horário louco, onde ele havia acabado de acordar e o dia já estava para terminar.
Saíram da cidadezinha de pedra, e caminharam por meia hora no deserto escaldante, as roupas já estavam começando a grudar na pele devido ao suor, e Rose já havia perguntado duas vezes “Falta muito?”, até que pararam diante de um pequeno laguinho entre duas enormes dunas de areia, ao longe alvo notou uma grande construção de pedra torta, que lembrava um campo de quadribol.
- Sharaman! – Tiago anunciou em voz alta para o laguinho, e através de um redemoinho de areia que se formou diante deles, uma tenda de seda roxa se materializou. – Desculpem-me pela senha... – Tiago foi dizendo enquanto entrava na tenda. – Estamos trabalhando escondidos dessa vez.
Quando entrou, Alvo ficou espantado, e a julgar pelos olhares de Rose e Scorpius eles também. A tenda, do lado de dentro era gigantesca, tinha o tamanho do átrio do Ministério da Magia, haviam cerca de cem pessoas, andando em todas as direções, haviam rochas, vasos, estatuas e todo o tipo de coisa aparentemente antiga em exposição ao longo da tenda.
- Tem um quarto para cada um de vocês... – Tiago anunciou. – O resto do pessoal fez questão de separar um quarto especialmente para o senhor pai. Ficaram todos animados quando eu disse que o “Menino-que-Sobreviveu” estava vindo pra cá. – Ele deu uma risadinha.
- Ninguém me chama de menino a um bom tempo filho. – Harry disse.
Enquanto caminhavam, em direção as diversas tendas espalhadas dentro desse “átrio”, Alvo notou que havia diversas pessoas claramente inglesas como eles, e outras de pele morena com roupas coloridas de tecido leve, todos cumprimentavam enfaticamente. Tiago comentava coisas como: “Aquele é o Englund, ele escava comigo...” ou “Aquele senhor ali é o Azin, tem nos tirado de muita confusão nos guiando através do deserto...”
- Essa tenda é sua, pai... – Tiago falou quando pararam diante de uma tenda dourada. – Vocês três podem escolher qualquer uma daquelas tendas ali... – Tiago apontou um aglomerado de tendas azul bebê, idênticas a alguns metros. – Eu realmente quero saber tudo sobre as coisas lá na Inglaterra, mas eu estou muito ocupado, daqui a algumas horas vai haver uma festa, e eu preciso fazer os preparativos...
- Vá fazer seu trabalho filho. – Harry disse, tirando do bolso a mala de viagem de Alvo e entregando a ele. – Nós vamos ficar perfeitamente bem sozinhos...
- Colocaremos o assunto em dia durante a festa. – Alvo disse.
Tiago se despediu e foi apressado falar com um grupo de pessoas que falavam numa língua que alvo não entendia. Harry entrou na tenda dourada, Alvo, Scorpius e Rose seguiram para as tendas azuis. Ele viu Scorpius entrando numa tenda afastada, Alvo optou por ficar na tenda ao lado da que Rose escolheu.
Alvo entrou, ele correu os olhos pela tenda: uma grande cama redonda, moveis antigos, e almofadas colorias. Tudo realmente árabe. Ele deixou a mala de viagem aos pés da cama e se deitou, respirou profundamente encarando o teto de veludo azul da tenda. Achou que ao menos aqui no oriente médio teria férias diferentes, mas a julgar pelo andamento das coisas, seria como sempre: gente cumprimentando o “grande Harry Potter”, adorando o pai aonde quer que ele fosse. Alvo amava o pai, mas era extremamente irritante viver a sombra dele, desde Hogwarts, parecia que todos os professores esperavam mais dele, só pelo fato dele ser filho de quem era... Sem falar de sua vida amorosa, impossível saber quem estava realmente interessado nele, ou quem estava interessado na fama do pai.
Alvo levantou-se, iria dar uma volta e conhecer pessoas, não estava cansado, e já que aparentemente teria de aturar uma semana de férias com pessoas olhando curiosas para a cicatriz do pai, não lhe custava nada sair e passar um tempo sozinho.
Levando apenas a varinha e alguns galeões, ele explorou o “átrio” da grande tenda, descobrindo espantado, que alem dos exploradores que trabalhavam com Tiago, havia outros tipos de pessoa lá. De fato, o lugar era como uma pequena cidade, haviam moradores e comerciantes, todos com diversas tendas de vários tamanhos vivendo ali. Ele comeu comidas típicas em uma das tendas, gastou alguns galeões comprando livros, estatuas, e espadas antigas (que ele achou que seriam uma boa decoração para seu quarto no Largo Grimauld), e um belo vestido azul e dourado, que seria o presente de Lilian quando voltasse. Talvez por ainda não estar totalmente acostumado com o novo fuso horário, Alvo assustou-se ao olhar para o alto do átrio e ver pelo tecido parcialmente transparente uma brilhante lua cheia.
- Alvo! – Tiago gritou quando ele voltava para as tendas azuis. – A festa está quase começando... Vai ser naquela praça. – Ele apontou uma área circular e sem tendas. – Você pode avisar ao papai e aos outros que devem estar lá daqui uns vinte minutos?
- Claro... Sem problemas. – Alvo disse, reparando como o irmão mais velho estava agitado e olhando ansioso para a entrada da tenda. – Tiago você está bem? Você parece nervoso.
- Hã? O que? – Tiago desviou o olhar da entrada. – Não é nada... Desculpe... É que eu estou esperando uma pessoa, e se tudo correr como eu planejo amanhã vocês vão ter um dia inesquecível!
Dizendo isso, Tiago saiu apressado, deixando para trás Alvo bastante confuso.
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Ao menos nisso meu irmão estava certo... O dia que se seguiu foi inesquecível. Foi quando eu cometi o pior erro da minha vida. Mas eu estou apressando a história, e eu preciso contá-la da maneira certa para que você acredite em mim.
Então irei continuar de onde parei...
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- Pai? – Alvo perguntou entrando na tenda dourada. Era visivelmente muito maior que a dele e tinha diversos adornos de ouro maciço espalhados aqui e ali.
- Estou aqui. – Harry respondeu, estava sentado numa escrivaninha iluminada por uma lâmpada a vela. – Eu só estava terminando alguns relatórios do escritório.
- Pai, você está de férias! – Alvo não escondeu o descontentamento. – Você devia esquecer o seu trabalho ao menos essa semana!
- Desculpe... Força do habito. – Harry falou sorrindo. – Você vai ver como é depois que começar a trabalhar comigo.
- Eu disse que iria pensar no assunto. – Alvo disse. – Ainda não decidi se quero trabalhar no ministério.
- Sim, sim... O que quer que você decida está ótimo para mim filho. – Harry disse de maneira amigável. – Quem decide o que fazer da sua vida é você. Mas, afinal o que você está fazendo aqui? Você devia estar lá fora conhecendo gente e aproveitando suas férias!
- Eu já explorei um pouco por aí... É uma cidade legal. – O filho respondeu. – Mas em todo o caso, Tiago pediu que avisasse, a festa vai ser naquela praça logo ali em frente, disse pra estarmos todos lá em alguns minutos.
- Certo. – Harry respondeu. – Eu vou me vestir e encontro você lá... Pode ir avisando a Rose.
Alvo já estava saindo da tenda quando voltou a falar com o pai.
- Pai... – Ele disse meio sem jeito. – Tenta não chamar tanta atenção ta?
Demoraram alguns segundo para Harry entender o que ele queria dizer, depois abriu um sorriso e murmurou um: “vou tentar”.
Alvo seguiu direto para a tenda azul na qual sabia, Rose havia entrado quando chegaram.
- Rose? – Ele chamou de maneira audível do lado de fora. – Rose você está ai?
Nenhuma resposta.
Bufando irritado, Alvo empurrou o pano grosso que servia como “porta” da tenda, e entrou devagar. Mesmo com a iluminação fraca das velas, Alvo pode ver claramente algo que lhe fez se sentir desconfortável por ter entrado na barraca.
Rose estava deitada sobre a cama circular, seus cabelos ruivos espalhados em todas as direções, sobre ela, estava Scorpius, inconfundível com seus cabelos louros platinados. Os dois estavam engalfinhados em um beijo voraz e ofegante, com uma das mãos ele tocava o rosto de Rose, com a outra segurava uma das mãos dela. Rose começava a enlaçar a cintura de Scorpius com as pernas, quando Alvo limpou a garganta num pigarro particularmente sonoro.
Os dois se afastaram imediatamente, fazendo um desagradável som de “desentupidor de pia”.
- Olá! – Alvo disse sorrindo, da maneira mais sarcástica que conseguiu. – Estou interrompendo alguma coisa?
Scorpius se levantou, Rose rolou rapidamente sentando-se na beirada da cama, tentava freneticamente arrumar os cabelos bagunçados.
- De maneira nenhuma Potter. – Scorpious foi marchando para a saída da tenda, da maneira mais displicente que conseguiu. – Eu já estava de saída.
Alvo esperou até que Scorpius saísse, e até olhou por cima do ombro pra ter certeza de que ele estava mesmo indo para a própria tenda. – Até quando você vai continuar escondendo isso de todo mundo Rose?
- Eu não estou escondendo. – Rose disse, com um tom que misturava classe e brincadeira. – Eu só estou esperando o momento oportuno para revelar.
- Rose, Faz quatro anos que vocês estão namorando escondidos... – Alvo falou irritado. – Toneladas de momentos oportunos já se manifestaram! Eu já não agüento mais ficar acobertando vocês dois! Já imaginou se fosse o meu pai quem tivesse entrado?
- Para com isso Al! – Foi à vez de ela ficar irritada. – Eu só te contei sobre eu e Scorpius por que eu confio em você, e você sabe muito bem disso... Além disso, nós dois sabemos que não é da ‘situação’, e nem do meu ‘segredinho’ que você não gosta... – Ela se esforçou para dar um tom casual às palavras.
- O que você quer dizer com isso? – Alvo perguntou.
- Admita Al, você não gosta do Scorpius... – Ela manteve o tom casual.
- Admito. Eu não gosto dele. – Ele sorriu. – E isso não é segredo pra ninguém.
Rose fez uma expressão como se Alvo a tivesse ofendido mortalmente. – Isso é injusto! Você só não gosta dele por que ele venceu você na final do torneio de duelos de Hogwarts... Você só está sendo péssimo perdedor, por que ele te deixou com o segundo lugar.
- Não! Não é por isso! – Alvo falou num tom inesperadamente alto, fazendo com que Rose se assustasse. – É um Malfoy! Sempre competitivo, e se achando mais importante que os outros... Não confio em nenhum deles.
- Você está falando igual ao meu pai.
- Você devia dar mais atenção às histórias que o tio Ronald conta sobre o pai do seu escorpiãozinho... – Ele debochou. – Talvez assim você perceba com quem está lidando.
- Você de todas as pessoas devia saber que não se julga ninguém pelos pais. – Rose falou, e não teve a menor vergonha de disfarçar o tom soturno.
Alvo respirou profundamente, tentou imprimir um tom mais calmo ao falar. – Eu só estou preocupado com você Rose. Tem certeza de que pode confiar nele? – Alvo perguntou a prima.
- Scorpius tem um bom coração Al, você devia dar uma chance a ele. – Ela respondeu displicente. – Além disso, em breve não vai ser mais um segredo, nós achamos que quando voltarmos da viagem seria uma boa idéia contar aos nossos pais. – Ela distraidamente brincou com os bordados do lençol da cama.
- Por favor, me diga que essa viagem não foi só uma desculpa pra ficar a sós com ele...
- Não! Claro que não! – Rose exclamou. – Claro que eu fiquei feliz quando ele disse que seria ele quem nos traria pela chave de portal... Mas eu realmente vim pelo aprendizado!
- Sei.. – Ele fingiu acreditar. – Eu só vim avisar que a festa está quase começando, se eu fosse você se arrumaria... – Ele deu as costas para sair, mas parou um momento na metade do caminho. – E tenta não dar tão na cara que você está com o Scorpius... Foi um milagre ninguém ter notado nada quando estávamos tomando a chave de portal. Se o meu pai descobrir tenho certeza que vai informar o tio Ronald... E ele vai lançar tantas azarações no Scorpius que você vai ter que se acostumar a namorar uma pilha de meleca.
Ela sorriu da declaração. E a ultima coisa que Alvo ouviu antes de sair da tenda foi Rose dizendo – Obrigado pela preocupação Al, vou tentar sem mais discreta.
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Foi na festa. Foi lá que eu olhei pela primeira vez nos olhos da pessoa que destruiu minha vida. Meu irmão havia arranjado trajes especiais para a festa, que foram enviados magicamente para nossas tendas... Tiago disse que havia um motivo especial para a comemoração, mas inicialmente me pareceu apenas uma desculpa para beber e farrear...
Eu conheci e cumprimentei pessoas durante o que me pareceram cerca de três horas...
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Primeiro Cap On! Ansioso pela opiniao de todos... e nao se preocupem o proximo cap de Seven Gates já está pronto, só estou dando uma refinada nele...
agora vcs vao ter sempre cap de uma dessas duas fics pra acompanhar ;)
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