Antologia



-Seus olhos, Mione. Estão vermelhos.

-Ah, é mesmo? – Perguntou a Harry, disfarçando. Ela não podia dizer ao seu melhor amigo que era uma fraca, burra, idiota, e que tinha crises inesperadas de choro.

-Onde está Ron? – Perguntou Ginny, sentando-se ao lado deles,na mesa da Griffindor, no salão principal. – Pensei que estivesse com vocês.

-Ah, eu lutei pra acordar ele. Até joguei um copo d’água, mas não adiantou. Ele saiu com a minha capa, de novo, esta madrugada.

-E fui só eu que reparei... Ou nenhum fantasma está presente hoje? – Perguntou Hermione, olhando pros lados.

-Não, o sr. Nicholas está ali. – Disse Harry, apontando para o fantasma no fim da mesa, que acenou.

-Sim, mas e os outros? – Perguntou Hermione. – Frei Gorducho... Dama Cinzenta...

-Nem o Barão Sangrento está aqui! Isso explica por que o Pirraça estava dando pulos de alegria quando passamos por ele no quinto andar. – Disse Harry.

-Será que isso tem a ver com o que o Ron andava tramando?

-Se isso for um bom sinal, espero que sim.

-Seus olhos estão vermelhos, Hermione. – Notou Ginny.

-É que eu ando fumando material de baixa qualidade. – Resmungou, cruzando os braços.

-Ih, Mione. Problema à vista. – Disse Ginny, disfarçando e olhando para outro lado. Hermione virou-se de costas, e vindo em sua direção, em passos decididos, vinha aquele crápula, lindo, desgraçado, charmoso, burro e encantador Malfoy.

-Hermione, quero conversar com você. – E aquela voz...

-E-eu não tenho nada o que falar com você. – Por que sua garganta sempre ardia quando ela negava algo ao Draco?

Ele olhou com uma expressão totalmente nova para Hermione. Era um misto de incredulidade e fúria. – É o Weasley? – E gesticulou para Ginny como se nem tivesse notado que não era Ron. – Ou é o Potter que te impede de ficar comigo? É aquela outra pobretona, irmã do seu namoradinho, que diz pra você que é burrice?

Harry e Ginny sacaram suas varinhas no mesmo instante.

-Algum problema, garotos? – Perguntou a Diretora McGonagall, se aproximando em uma velocidade incrível e pousando uma mão no ombro de Draco. Como aquela mulher conseguia localizar problemas com tanta facilidade? Se ela não fosse uma assumida ativista contra a adivinhação, qualquer um diria que ela era uma adepta à arte.

-Nada não professora. A gente estava indo dar um passeio. – Disse Hermione, se levantando e empurrando grosseiramente Draco pra fora do colégio. Uma vez lá fora, ela não se importou em gritar. – Você sim tem merda na cabeça! O que foi aquilo?

-Aquilo o que, Granger? – Perguntou Draco.

-Você me ama, certo? – Perguntou ela. Ele assentiu, mas fora uma retórica. – Então por que você é tão estúpido com meus amigos?! Você deve saber se caso um dia você talvez tenha a sorte de que eu pense no seu caso, terá de conviver com meus amigos!

-Eu só estava tentando entender. – Disse Draco, levantando o nariz. –Você me rejeita, ainda que eu note claramente o que você sente por mim. Eu vejo como você suspira quando fala o meu nome. Eu vejo como você age estranhamente na minha presença. E quase ouço como seu coração oscila quando olha pra mim.

-Isso não se chama amor, isso se chama ânsia de vôm...

-Para uma pessoa da sua inteligência você é bem burra, ein Hermione? Você acha que não está na cara e que toda Hogwarts não comenta que estamos apaixonados um pelo outro?

-Você anda delirando, Malfoy?

-Por favor, me chame de Draco... Granger. – Ele deu uma risada boba, e começou a andar em círculos em volta de Hermione. – Você se acha tão superior, Hermione. Eu identifico isso, afinal, eu também sou assim. Mas eu acho que sei qual é seu problema.

-Ah, clareie minha mente com sua sabedoria, senhor. – Suplicou Hermione, zombeteira.

-Você tem medo.

-E você tem tomado o remédio errado. De onde você tirou essa idéia sobre eu ter medo, criatura ridícula?

-Você tem medo do amor. Medo de amar. Por que não tem na biblioteca uma sessão reservada para o amor, e como agir quando se está apaixonado. O fato do amor não ter uma fórmula te apavora. O amor é uma incógnita pra você, e você não está acostumada com incógnitas.

Ele tinha razão, e só agora Hermione notara isso. Ela não estava habituada com experiências novas, afinal, ela já sabia de tudo! Mas quando se tratava do que ela mais cobiçava neste instante, um grande e escuro abismo se abria à sua frente. Seus instintos diziam que ali havia uma ponte firme, segura. Mas seus olhos, seu racional, dizia que ela cairia.

Como se ele fosse uma extensão de seus pensamentos, ele falou. – Cabe a você decidir se você vai apostar suas fichas em mim, ou se vai transformar seu coração em pedra.

Angústia. Raiva. O punho se fechando, e de repente voando pelo ar. Num nano segundo ela conseguiu pensar em tudo o que Draco a fizera sofrer. Nos milhares de “sangue-ruins” dedicados a ela. No sentimento desconhecido de impotência que ele despertara em seu íntimo. E no incapacitante sentimento que impedia que ela quisesse o mal daquele ser incrívelmente belo. Mas aquilo era só um soco, a dor passaria.

Ela não contava que Draco fosse tão rápido. Ele segurou sua mão e a desviou. Sem que ela notasse, ele passara uma mão pela sua cintura e a puxara mais para perto. Como uma pessoa tão marmórea podia ser tão quente? Ele desceu seu rosto no pescoço da garota, afastando suas espessas mechas de cabelo. Cada pêlo do seu corpo se eriçou, ao sentir aquela respiração quente em seus ombros, pescoço e nuca. Seus lábios frios tocaram na sua pele, e se ele não tivesse a segurando fortemente contra seu corpo ela teria desabado.

Suas mãos desceram tanto por seu corpo que ele pensou como alguém ainda não jogara baldes d’água naquele casal. Quando ele ergueu seu rosto, Hermione finalmente pôde apreciar como se devia aquele par de olhos cinzentos. Meu Deus, como alguém podia ser tão perfeito?

-Você está ficando roxa.

Hermione deu uma arfada de ar. Se ele não tivesse a lembrado, ela teria morrido sufocada? Draco abriu o sorriso mais doce que alguém podia executar. E seu rosto se aproximava, numa velocidade preocupante. Hermione sentia no seu rosto o hálito de flores frescas de Draco, e finalmente veio o toque. Ela fechou os olhos para poder concentrar-se totalmente naqueles lábios macios que envolveram suavemente os seus. Os movimentos se tornaram ferozes, como se simplesmente toda a vida de Hermione tivesse rumado à este momento. E era assim que ela se sentia. Ela se sentia completa.

Draco pusera a mão por dentro da camisa da garota e arranhava suas costas. Hermione gemeria de prazer – ou dor – caso sua boca não estivesse ocupada. E de súbito se separaram. Ela olhou confusa para Draco.

-Você ainda tem alguma reclamação? Ainda quer me bat...

-Ah, cala a boca sua doninha. – Disse Hermione, puxando o garoto mais para perto, e o beijando intensamente.

O calor entre os dois corpos era suficiente para incendiar suas roupas, queimando-os vivos. “Mas sinceramente? Quem se importa?”



A sua primeira percepção foi de que cada músculo de seu corpo doía. Isso geralmente acontece quando se dorme muito tempo.

Sua mente era uma confusão, um puro e incerto turbilhão de pensamentos. Ele não conseguia discernir o que era passado, o que era presente, e inclusive onde estava. Resolveu não se mexer, até que sua mente se organizasse por conta. Não tardou a acontecer. Ele abriu seus olhos lentamente, e a luz tímida do anoitecer ofuscou seus olhos sensíveis. Ele conseguiu distinguir o teto do dormitório da Griffindor.

Sentou-se na sua cama, gemendo e trêmulo, e abraçou suas pernas.

“Como raios eu cheguei aqui?”
, Perguntou Ron a si mesmo. O dia anterior podia ser descrito somente como um borrão difuso. Ele lembrava de imagens esparsas, mas não conseguia saber o que ele teria dito ao Frei Gorducho, e por que voltara àquele banheiro na noite anterior. Aliás, ele voltara? Ele não sabia, sua cabeça doía só de tentar lembrar.

- Ron? – Perguntou Harry, entrando no dormitório. – Você ta bem, cara? Hermione mandou eu vir aqui conferir, e se você tivesse dormindo eu ia te levar à Madame Pomfrey. É um alívio você estar acordado por que eu não conseguiria te levar no colo.

-E-eu to bem sim. Que horas são, hein?

-Tá anoitecendo já, meu amigo. Você dormiu um bocado. O que você fez noite passada?

-Ora, dormi.

-Sim, mas antes? Quando você saiu de madrugada?

-Eu saí de madrugada?

-É, com a minha capa.

-Sério? – Perguntou Ron, confuso. – Eu não lembro disso.

-E os fantasmas? O Barão, a Dama, e o Frei. O que houve com eles?

-Por que?

-Eles não deram as caras em Hogwarts hoje. Eles desapareceram.

-Ué, como é que eu vou saber.

-Você foi a última pessoa a falar com eles!

-Sério?

-É, e as pessoas inclusive estão comentando que você fez magia negra e coisas do tipo. Tem gente com medo do “cara que fala com espíritos.”

-Como se qualquer um não pudesse falar.

A pergunta surgiu tão do nada que Ron não achou motivos. Só uma preocupação súbita e talvez irracional.

-Luna...?

-O que tem ela? – Perguntou Harry.

-Como ela está?

-Não sei, não vi ela hoje!

-V-vou procurar ela. – Disse ele, vacilante. Ele se levantou da cama e cambaleou. Harry foi ágil e agarrou Ron e com esforços memoráveis, conseguiu erguê-lo novamente.

-Você vai é se vestir como gente e descer pra jantar com a gente. – Disse Harry. – Você tá pálido, sabia?

-Tá bom. – Concordou ele, sem ânimo algum.



-Opa! – Disse Luna, assim que sentiu seu nariz sendo achatado contra o chão, por conseqüência de um tombo do sofá de onde dormira.

Ela olhou pros lados, confusa, pensando no porquê de ter caído no sono. Ela viu que ainda segurava uma carta na mão, com os garranchos de seu pai, Xenófilo, e que a carta trazia boas novas!

O pai de Luna estava indo para o Alasca, para pesquisar e fazer uma matéria sobre os Candeeiros que flutuava na Lua-Nova. Essa fora a condição dos investidores para reabrirem o Pasquim, e Xenófilo aceitara de bom grado. Ela sorriu, e se apoiou na mesinha do Salão Comunal da Ravenclawn e se levantou em um salto. Tateou em busca de sua varinha e a colocou atrás da orelha. Olhou para os lados mais uma vez, e saiu da Ravenclawn, indo aos saltitos até o primeiro andar, onde ficava o banheiro feminino. Como sempre, quando ela já estava na porta do banheiro, ela lembrou-se de que havia um banheiro e sua casa. Ela bufou, e abriu a porta do banheiro, encontrando-o vazio exceto por uma pessoa. Hermione Granger.

Ela sentiu-se subitamente desanimada, mas notou na aura do lugar uma quantidade incomum de purpurina para um ambiente feito de uma pessoa cética como Hermione.

-Oi, Mione. Você está feliz hoje! – Disse, pulando pra dentro do banheiro.

Ela olhou para Luna e pareceu sem graça. – Olá, Luna. Como vai?

-Por que eu virei o foco da questão? Ou isso foi só uma pergunta cortês?

-Foi uma pergunta cortês. – Respondeu Hermione, ficando corada.

-Ah, eu vou bem e você? – Perguntou Luna, se dirigindo até uma pia, e lavando o rosto.

-Eu vou bem.

-Muito bem. – Complementou Luna.

Hermione parou seja lá o que estivesse fazendo, para se apoiar na pia. Ela encarou Luna por alguns instantes até que disse:

-Você deve me odiar.

-Longe disso. – Respondeu prontamente Luna.

-Como não? Eu abertamente te desprezei a partir do dia que associei seu nome ao de Ron!

-Compreensível, nem um pouco repreensível.

-Como assim? Luna, pare de ser tão nobre!

Luna a encarou com seus grandes olhos e disse. – Eu não estou sendo nobre, Hermione. Mas eu já disse isso para o Ron, que quando se é como eu, se aprende a conviver com o preconceito, e com dedos apontados para seu nariz. Eu sou melhor que isso. – E virou-se para o espelho. – E também não preciso olhar pra você para saber que você está me olhando com a cara de pena que todos me olham quando eu não estou olhando. E se você não quer que eu te odeie, peço que nunca mais sinta pena de mim.

A cara aturdida de Hermione mostrou que Luna estava certa, e também que Hermione captara o pedido. Ela suspirou.

-Quando eu te conheci, você me parecia uma lunática, daquelas de teorias de conspiração e de contos da carochinha. Quer dizer, você é meio lunática, mas eu aprendi contigo que quando isso é aplicado à uma pessoa como você, isso não é um defeito ou xingamento. Eu te admiro Luna, do fundo do meu coração. Não sabe o quanto eu daria para ser como você.

-Hermione sempre será uma melhor Hermione do que seria uma Luna. – Disse Luna. Depois ela repassou mentalmente a frase algumas vezes para averiguar se tinha sentido, e sorriu satisfeita ao concluir que se fazia entender. – E obrigado pelos elogios.

-Então, somos amigas agora? – Perguntou Hermione, receosa.

-E já fomos inimigas algum dia? – Perguntou Luna, distraída.





“Caro Ronald


Em primeiro lugar, gostaria de que você tivesse ciência de que Bilius é um nome do meio
muito, mas muito feio mesmo, e que eu nunca vou cansar de te lembrar disso, Ronald Bilius Weasley.

E depois, eu queria agradecer pelas cartas que você me mandou. Sim, eu estou bem melhor agora. Eu acho que o fato de eu estar morando com a Fleur ajuda um bocado – comporte-se Jorge, ela é uma mulher casada. Com seu irmão. E ele é mais forte que você. -, mas eu acho que isso se deve ao fato dela ser parte Veela, não?

Agora falando sério. Cara, quanto tempo que eu não usava essas três palavras em seqüencia! Eu quero agradecer por todo o apoio que você me deu. Você se mostrou um grande amigo na hora em que eu precisei. Você foi uma melhor mãe que a Sra. Molly. Mas você ainda não aprendeu a fazer aquele ensopado e rosbife, que absurdo!

E sobre a mamãe, ela anda muito, muito mais feliz. Ela até parece humana, ultimamente. Ela vem aqui no Chalé das Conchas regularmente visitar a Victoire.

Nos dois primeiros dias que eu dormi aqui, eu estava com medo que a pequena psicopata surgisse debaixo da minha cama e mordesse minha jugular, mas a minha sorte é que do Bill ela só herdou a beleza, enquanto ela é tão delicada quanto a Fleur. E eu juro que eu ainda não decidi se isso é bom ou não.

De qualquer forma, a tinta está acabando – bando de pão-duro que tem nessa casa, ein? -  e não quero me prolongar mesmo. Foi bom trocar idéias com você, maninho. Infernize a vida da McGonagall, e diga pra ela que ela era a professora favorita minha e do Fred. E que um eu devolvo um xale escocês que o Pirraça nos deu mas eu descobri que ela dela só depois de meses.


 


Apertos na bochecha!
Hilariantemente,
Jorge.


 
Ron riu roucamente da carta de Jorge, com a boca cheia de torta. Era tão bom saber que ele finalmente estava bem. Ele não deixou de notar que Jorge citara Fred, e com satisfação Ron notou que podia pensar em Fred sem se machucar.

Sentiu-se feliz também por sua mãe, por estar melhor, e por sua sobrinha psicopata que atendia pelo nome de Victoire Delacour Weasley. Ele sentiu-se feliz, e isso era o suficiente.

Ou não.

Ele estava na cozinha mais uma vez. Ele resolveu encarar pela última vez seus fantasmas remanescentes que atendiam por nome de Luna Lovegood, e prometeu para si mesmo nunca mais ir até aquela cozinha de madrugada para aproveitar em silêncio sua depressão.

A não ser que ele quisesse torta.

Ele se sentia fraco, agora que ele estava desistindo de seu maior desejo naquele instante. Ele estava desistindo de seu refrão, de seu amor. Ele estava se propondo à se transformar em alguém contínuo mas irregular. Alguém totalmente dedicado ao futuro, sem nem mesmo notar o presente. Ele ia desistir de...

-Luna? – Perguntou, ao ver a garota entrar na cozinha.

Luna escorregou, cambaleou, mas conseguiu ficar em pé. Só por que ela tentou virar-se bruscamente. O coração de Ron quase saltou peito à fora, mas ele conseguiu levantar-se e alcançá-la antes que ela fosse embora sem nenhuma explicação. Ele impediu-a segurando seu braço.

-Hei, espera!

-Me solta, Ron!

-Vamos conversar!

Luna encarou Ron com uma intensidade que devia ser proibida.

-Eu... Sou toda ouvidos.

Ron agarrou Luna pelos dois braços. Estavam no escuro, mas ele podia identificar claramente suas feições. Calmas como sempre. Um pilar de confiança. Uma garota admirável e encantadora.

-Você vai ficar me encarando...?

-Luna Lovegood – Disse Ron, baixando a cabeça - Eu nunca fui bom com as palavras, você já deve ter notado. – Luna revirou os olhos e Ron sorriu tímido, continuando. – Eu estava a ponto de me tornar uma pessoa fria, como pretendia até segundos atrás, mas é difícil manter o mesmo pensamento com você na minha frente. Sei que seria melhor que eu te esquecesse, mas não consigo! E às vezes penso que sou um idiota... Mas e se for verdade? Se realmente lutei – inutilmente - por um amor quando os obstáculos chegavam a ser milenares, essa deve ser minha sina, afinal. Ser um idiota por te querer ao meu lado, mesmo depois de você ter me rejeitado. Mas aí percebo que não me vejo mais num mundo sem você. Você é o meu sol num dia sem noite, Luna.

-De modo que um dia de tanto estar exposto ao calor, acabo te queimando? – Comparou Luna.

-Não, aquele que de suportável passou a ser indispensável. Hoje eu não consigo me ver vivendo em um eclipse, mesmo que ele dure alguns minutos.

-A não ser que a sombra projetada em mim fosse Hermione Granger.

-Quem é Hermione Granger? – Perguntou, zombeteiro. – Não existe mais Hermione Granger.

Deixando de lado as metáforas, Luna declarou: - Eu não peço que você deixe de amar Hermione Granger. Eu peço que você não nos ame da mesma maneira.

-Pare de pensar no que é certo para mim, no que me fará bem...

-É inevitável quando se ama tanto uma pessoa quanto eu amo.

Ron sorriu.

-Isso... É uma carta branca?

-Só se você prometer não fazer mais nenhuma burrada.

-Impossível. – Retrucou Ron.

-Por um bom tempo, pelo menos?

-Isso já é uma perspectiva realista.

Luna bateu delicadamente seu nariz no nariz de Ron, mesmo tendo ele que se inclinar e ela ficar nas pontas dos pés.

-Minha vida acaba de começar. – Disse Luna, pegando a mão de Ron e pondo em seu peito. Seu coração batia rapidamente, ansiando para viver. Ela pôs a outra mão, ao mesmo tempo em que Ron, no seu rosto. Ela analisava cada aspecto daquele rosto repleto de sardas, passou a mão por seu cabelo ruivo, e por suas orelhas muito vermelhas, enquanto ele se via absorto nos olhos intermináveis e azuis de Luna.

-Eu estou disposto a encarar tudo – Disse Ron, acompanhando a linha do queixo de Luna com um dedo. -, se eu tiver você ao meu lado.

-E terá. – Sussurrou ela, passando as suas mãos pela sua cintura.

Um momento para lembrar-se de como é que se respira, e outro até tentar normalizar seu coração. Ron pôs as duas mãos na cintura de Luna, e se curvou para frente, até seus rostos ficarem bem próximos, e o alívio ao notar que seu perfume não mudara em nada. Sua pele ainda era quente e macia, como ele se lembrava. Seus rostos se encostaram e se roçaram por alguns instantes antes de seus lábios se encontrarem. Eles aproveitaram a respiração um do outro por um instante, antes de se beijarem. Foram movimentos lentos, delicados, mas que simplesmente se completaram. Quem visse diria que eram um só, em completa sintonia, com seus corações batendo em um único ritmo.

E o gosto estava lá. Aquele sabor costumeiro de amora e nostalgia. Aquele sabor de novo e inexplorado. O desejo ardente de ter Luna sendo lentamente saciado.

Ele não se lembrava de como aquele beijo terminara, ele só sabia que fora completo, apaixonado, quente. Como o primeiro deveria ter sido. Como todos seriam, a partir dali.

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