Made in China.
N/A: O capitulo está pequeno, eu sei. mas é apenas a introdução, depois desse capitulo as coisas só tendem a piorar -q, em todos os sentidos. '-' O capitulo tambem nao foi betado. Porque eu nao tenho beta (carente) HAIOUEHOIAUEHOIAUEHOIAUEHOIAUEH, se alguem quiser se candidatar, a vaga está aberta.
Pela vidraça levemente embaçada eu podia ver os flocos de neves caindo lentamente, rodopiando pelo ar em seus caminhos incertos até o chão, cobrindo o chão com sua brancura imaculada.
Silêncio.
Eu, particularmente, sempre fui fascinado pela neve. Talvez seja por isso que eu me auto-nomeei Flops. Lembra Floco, e floco lembra neve. Ou talvez não. Na verdade, desde que eu me entendo por caneca eu sou Flops.
Não, você não entendeu errado. Sim, eu sou uma caneca. Agora não vá pensando que porque eu sou ‘a caneca’ que eu sou fêmea; ou porque eu sou ‘o Flops’ que eu sou macho. Eu vou falar uma coisa que vocês humanos já deveriam ter conhecimento á muito tempo, mas poucos chegaram à devida conclusão: nós, canecas, não temos sexo! Oh! – e, por favor, nenhuma piadinha maliciosa pseudo-ambígua sobre eu ter um buraco no meio.
Então, devido à grandiosidade da língua portuguesa, quando eu for me referir á minha pessoa eu terei de conjugar o substantivo com o gênero em si. Logo serei ‘a caneca’ por causa do substantivo comum, e ‘o Flops’ porque soa decididamente masculino, e também é um substantivo – no caso próprio.
Estamos entendidos, humanos? Nada de ficar falando por aí que eu tenho transtorno de personalidade! – eu sei que vocês devem estar achando estranho eu chamando-os de ‘humanos’, mas dêem graças a Deus por não ser ‘homo sapiens, sapiens, sapiens’.
A rua estava praticamente vazia. Hora ou outra alguma pessoa passava aqui ou ali, sempre á passos rápidos, procurando passar o mínimo tempo possível naquele frio quase insuportável que era derramado com os flocos de neve.
Eu aqui, nessa estante, cercado de quinquilharias; minha vira baseada pura e somente em tédio. Bons tempos foram os que eu estava lá na China (Onde mais você acha que canecas seriam produzidas?).
Ao longe um vulto solitário, vestido totalmente de preto, se destacou em meio á neve. Um homem magro e proporcionalmente alto. Tinha um rosto sereno, daqueles que fazem você sorrir ao olhar, com uma estrutura óssea de dar inveja á qualquer deus grego; a pele das bochechas e do nariz estava corada devido ao frio e vapor saia de sua boca com a respiração. Seu cabelo era liso e caia na frente do olho e, curiosamente, era prata. Inteiro. E, quando ele juntou as duas mãos e colocou na frente da boca friccionando uma na outra, tentando esquentá-las, o seu cabelo, no mesmo instante, tornou-se dourado e lentamente foi desbotando, até ficar em um castanho claro.
Esse mundo mágico sempre dá um jeito de me surpreender. Sim, eu sou uma caneca trouxa. Grande coisa! Eu nem se quer tenho sangue pra ser chamado de sangue-ruim. Porem, o Sr. Joseph (dono da loja em que eu atualmente estou), logo quando me comprou, colocou um feitiço em mim, para que eu fosse como as canecas mágicas (ou seja, manter a bebida aquecida ou refrigerada por tempo indeterminado).
O moço do cabelo engraçado andava meio incerto pela rua, olhando as vitrines das lojas sem parecer saber ao certo o que procurava. Após um tempo, ele já estava á menos de um metro de mim. Seus olhos iam correndo por todas as peças com curiosidade. Até que finalmente ele ficou de frente pra mim, e quando as duas íris castanho-amareladas focaram em mim, ele sorriu abertamente, mostrando dentes brancos e levemente pequenos.
O problema é: saber se ele estava de fato olhando pra mim, ou pros outros vinte e nove mil objetos que estavam ao meu redor num raio de três centímetros.
Numa empolgação momentânea ele entrou na loja do Sr. Joseph - fazendo um sininho irritante tocar quando ele abriu a porta – e veio na minha direção, abrindo caminho por entre as carregadas prateleiras.
Ao chegar à minha frente – dessa vez sem um vidro para bloquear o caminho – ele estendeu a mão e, para a minha sorte, me pegou – e não nenhum dos outros vinte e nove mil itens.
Devo dizer, eu sou uma caneca muito charmosa. Na verdade, qual caneca não é charmosa? Nós somos mais chiques que os copos, porém mais descoladas que as xícaras e incrivelmente mais acessíveis que as taças; tudo bem que charmosa não seria o adjetivo certo pra mim, eu diria cativante. Meu corpo é em forma de ‘U’ com a base mais estreita que a boca, na cor pérola com uma faixa vermelha na base, a alça é inclinada para cima, listrada em vermelha e branca. Tem algo em mim que me lembra o natal, eu só não sei o que é. Talvez seja só mais uma paranóia minha relacionado com neve.
A mão dele estava gelada, mas o seu toque era gentil.
Ele foi até o caixa e pagou pelo item (eu) e, antes que eu pudesse fazer qualquer protesto (nunca) ele tirou sua varinha do bolso do casaco e lançou um feitiço para me diminuir, me guardando em seguida no mesmo bolso, junto com a varinha.
Eu odeio profundamente ser diminuído! Eu me sinto uma pulga carnavalesca. Com todo esse vermelho e com esse mínimo de tamanho.
Após dar apenas alguns passos pra fora da loja algo muito engraçado aconteceu. Uma sensação de cair sem estar caindo me envolveu por segundos, enquanto o mundo pareceu tornar-se uma molécula de meleca, e, da mesma forma que veio, foi.
Então aparatar é isso. Muito intrigante. A sensação é de que eu tomei um LSD estragado; não muito agradável, mas tem o seu barato.
Ele me tirou do bolso e, já no meu tamanho normal, me colocou em cima de um balcão que dividia a cozinha da sala.
A casa era normal. Com um quê de sombria em algum lugar que eu não conseguia definir. Na sala tinha apenas um enorme sofá marrom - aparentemente muito confortável; uma das paredes era uma estante cheia de livros, a outra – de frente para a estante – era de tijolos a vista, com uma lareira cheia de porta-retratos. E na terceira parede – a que estava na minha frente – tinha uma enorme cortina cinza que ia até o chão, e atrás dela, uma porta dupla de vidro que dava para a sacada.
Ele retirou a capa, o casaco, desatou a gravata, deixando-a bem frouxa em volta do pescoço e tacou-se no sofá. Algo parecia incomodar-lhe profundamente. Apesar dos músculos ao redor dos olhos estarem em perfeita sintonia com o resto do rosto, suas íris quebravam o encanto. Pareciam dois poços de amargura diluídos em alguns cubos de açúcar.
Seu cabelo agora estava totalmente preto, assim como os olhos. Passou um dos braços por cima do rosto, cobrindo-o, e suspirou, deixando-se afundar no silêncio.
E assim ficamos durante sabe-se lá quanto tempo, até que um barulho irritante começou á vir da sacada. Ele levantou-se meio assustado e caminhou até lá. Ao abrir uma coruja marrom entrou, toda barulhenta e insuportável. Após voar pela sala deixou uma carta em cima do sofá e saiu, sem esperar resposta.
Ele pegou a carta no sofá e foi até a cozinha. Encheu uma xícara com chá e encostou-se no balcão, ao meu lado, e começou a ler a carta, sua voz apenas um murmúrio.
A carta foi muito útil. Eu descobri que o nome dele é Teddy Lupin. Quem tinha mandando-a era a sua namorada ‘Vic-alguma-coisa’ – ele leu muito rápido, não deu pra entender – que estava viajando para a França. E, por fim, ela fazia um lindo e comovente discurso sobre como ela amava ele e blá blá blá.
Teddy riu meio abobado lendo os relatos da namorada, seus cabelos desbotando-se gradativamente para um loiro pálido. Os dentes pequenos eram tão adoráveis que não pareciam fazer conjunto com aquele par de olhos agridoces.
Deixou a carta ao lado da xícara e sumiu por um corredor á direita. Segundos depois eu ouvi o barulho de um chuveiro sendo ligado. Provavelmente não o veria mais por aquela noite.
-x-
No outro dia Teddy apareceu na cozinha com um enorme sorriso no rosto. Que menino transtornado. Ontem á noite ele estava todo cabroso, e hoje de manhã está simplesmente radiante. Eu não entendo vocês, humanos. Vocês têm que se decidir, ou vocês ficam tristes ou ficam felizes! Hmpf!
Teddy tomou uma xícara de café e sentou-se no sofá, para ler o jornal.
Então, uma dúvida que estava incomodando no fundo da minha mente tomou proporções colossais e estourou em uma grande crise de existência: PORQUE RAIOS ELE ME COMPROU? SE ELE NÃO ME USA! Ele já veio aqui nessa droga dessa cozinha umas cinco vezes, já tomou todos os líquidos possíveis e disponíveis, e fez questão de usar outros copos para tomar! SENDO QUE EU ESTAVA AQUI EM CIMA!
Olha, eu sou uma caneca, eu só tenho uma única e específica função, e se eu não exerço essa única função eu me sinto miseravelmente inútil.
Enquanto eu me remoia por ser tão pouco capacitado, mal percebi Teddy parando á minha frente e transfigurando uma caixa de presente roxa de bolinhas brancas com um laço roxo mais escuro, e só fui me dar conta totalmente do que estava acontecendo quando fui colocado dentro da mesma.
Eu não vou mentir. Eu fiquei meio receoso ao descobrir que eu era um presente, porque eu já tinha ouvido as piores histórias sobre o fim de canecas que foram dadas de presente naquele tal jogo ‘amigo secreto’. Não sei por que, mas aparentemente vocês humanos não gostam muito de ganhar canecas nessas brincadeiras. E, apesar disso, é o que vocês insistem em comprar!
Novamente nós aparatamos, e, assim que a sensação grotesca passou e meus sentidos voltaram á normalidade, eu ouvi várias vozes falando e gritando ao mesmo tempo. Uma voz masculina veio saudar Teddy seguida de outras. Teddy respondia feliz e espontâneo. Deveria ser sua família, ou alguma coisa assim.
Ele chamou por uma tal de Lily, dizendo ter algo especial para ela. Esse algo especial só podia ser eu! Meu Deus! Eu vou parar na mão de uma mulher! Nãããããão! As mulheres são muito desastradas! A lei da gravidade parece agir mais profundamente sobre elas, elas sempre dão um jeito de derrubar e quebrar as coisas. Fato.
A tal da Lily veio correndo e gritando de encontro á Teddy. Eu sei que ela veio correndo porque a sua voz vinha crescente e aguda, como uma sirene alta e desafinada e quando ela chegou, ela estava arfando. Ela começou a perguntar energeticamente para Teddy o que era o ‘algo especial’.
A esse ponto, se eu tivesse lágrima eu as teria chorado, por que, meu pior pesadelo se concretizou da pior forma possível. Eu estava prestes á cair na mão de uma pré-adolescente. Pré-adolescentes são os seres mais insuportáveis, barulhentos e detestáveis que eu já tive o desprazer de conhecer. Eles são vulcões de hormônios em excesso ambulantes! Sabe quanto tempo eu vou durar na mão dessa Lily? Provavelmente o tempo de ela me perder no meio da sua bagunça descomunal, sentar em cima enquanto conversa com a sua melhor amiga que é tão insuportável quanto pintando as unhas do pé de cor-de-rosa berrante. O que eu diria, uns trinta segundos, no máximo.
Sem eu ter nem tempo de refletir sobre o meu trágico destino, Lily pegou a caixa em que eu estava e abriu em tempo recorde. A cara que ela fez ao me ver, só terminou de ruir o restinho de esperança que eu tinha de ainda poder, talvez, ter uma pacata e simples vida de caneca.
N/A: Eu não sei porque, mas eu tive que começar com o Teddy Lupin, porque eu tenho uma estranha fixação por ele! Eu tambem tenho uma fixação pelo Albus, então se preparem! Desde agora eu ja vou avisando que eu acho que eu nao vou conseguir passar o Flops pela Hermione nem pelo Rony, eu vou fazer o esforço pra colocar, mas nao sei se vai encaixar -hm.
então é isso, eu ja falei demais e nao falei nada ao mesmo tempo. espero que voces gostem dessa tosqueira, porque é realmente divertido de escrever :D
coffe c.
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