CAPITULO I
Da sacada da mansão, dava para ver toda a movimentação de pessoas indo e vindo com panfletos, cartazes e painéis. Tirou do bolso uma carteira de cigarros, acendeu, tragou e soltou a fumaça ao vento. Não que realmente ele quisesse, mas as circunstancias sufocantes faziam com que seu nervosismo aumentasse, deixando-o mais ansioso.
Passou os olhos inexpressivos dentre os rostos desconhecidos. Afrouxou a gravata, que parecia lhe tirar o ar, e procurou uma forma de sair daquele lugar, sem que sua presença fosse notada. Não queria fazer desfeita com todo o empenho de seu pai, apenas aquilo tudo não era seu lugar. Não gostava. Não tinha paciência, e nem ao menos se sentia a vontade.
- Tenha um pouco mais de paciência. - Conjecturou ela em seus pensamentos. – Ele apenas precisa de um tempo para lhe mostrar realmente o que é.
“E quando seria isso?” Indagou consigo mesmo. Quando todas as metas como homem fossem realizadas, quando todos os desejos e luxuria que poderia haver em sua vida fossem transformados em realidade, e pudesse dizer o quanto foi um homem de sucesso, enquanto o lugar de pai ia sendo deixado de lado pela vaidade. Não o conhecia mais... Nem ao menos reconhecia a si mesmo! A fumaça do cigarro tapava seu eu e embaçava o homem que estava se tornando.
- Você sabe que ele o ama. – Repetiu novamente a mesma voz em sua mente.
Sorriu de lado, tragando novamente. Tinha que fazer com que aquela voz, doce e suave, saíssem de seus pensamentos. Nem ao menos ele tinha consciência de seus atos irresponsáveis, como poderia ela entrar sem permissão e lhe chamar a atenção?
- Tentando fugir novamente, meu amor? – Disse uma elegante mulher, acariciando seus cabelos negros rebeldes.
- Estou calculando a altura daqui até o chão. – Respondeu sorrindo.
- Seu pai está perguntando por você, meu filho. – Falou, olhando com devoção ao moreno.
- O que aconteceu? Pansy ainda não conseguiu convencê-lo que strass e brilhos combinam com sua fachada para futuro Senador dos Estados Unidos?
- Ela ainda acha que os pisca-piscas devem ficar em volta do palanque.
- Ela faz isso tudo parecer um circo. – Declarou, jogando o toco do cigarro no chão.
- Mas é o que você acha também, não é meu amor? – Indagou segurando o rosto do filho. – É só um momento de tensão, tudo logo vai se resolver... Você só precisa ter paciência, como Hermione diz. – Sorriu ao pronunciar o nome dela.
- Claro: ainda a pouco estava tentando espantá-la dos meus pensamentos, mas ela sempre é tão enxerida, que consegue me perturbar até quando estou longe. – Respondeu, com os braços cruzados no peito.
- Boa menina! Ainda hoje irei telefonar para os pais dela, tem um bom tempo que não nos falamos... – Disse indo em direção a porta. – Ah! Não esqueça: amanhã temos um jantar em nossa casa, meu filho.
- Sim senhora, primeira dama. – Sorriu olhando na direção oposta.
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- Um minuto, por favor! – Disse Hermione escutando o sino, indicando que um novo cliente havia chegado ao balcão. – Maldita máquina de café. – Esbravejou num sussurro ao novo equipamento que havia chegado ao estabelecimento. – Desisto de você, sua pequena lata enferrujada, vinda de outro planeta para conquistar nosso mundo! - virou-se na direção contraria, caminhado até o balcão principal. Abaixou, pegando o bloco de anotação, sem mirar a pessoa a sua frente e disse: - Em que posso ajudá-lo?
- Um Uísque, por favor! – Declarou uma voz grossa e arrastada, fazendo com que a garota virasse o rosto para se deparar com os intensos olhos verdes de seu melhor amigo.
- Oh, você! – Falou num sussurro.
- É bom ver o quanto você fica feliz em me ver, carinho. – Sorriu o moreno, segurando suas mãos.
- Você entende de máquinas de café? – indagou, com um olhar esperançoso.
- Esse não é o seu trabalho? – Perguntou cinicamente.
- Aquele velho gordo do Josh encomendou uma nova máquina nova, e nem ao menos explicou como usar! Ele faz de propósito, para me irritar Harry... – Confessou ela baixinho, para que só ele pudesse escutar.
- Você esta sozinha hoje de novo? – O indagou com uma sobrancelha levantada.
- Uhum! – Afirmou – Me tira daqui, só hoje. Por favor! – Pediu, segurando apertado às mãos dele.
- Não é você mesma que diz que usar influências políticas a favor de amigos é antiético?
- Só dessa vez... Seu pai ainda não é Senador!
- E porque você acha que ele deixaria você sair dessa vez? Já perdi as contas de quantas vezes a tirei daqui. – Declarou Harry, contendo o sorriso ao ver a cara de suplica de sua amiga. Não que a cafeteria estivesse em seu maior publico, ao contrário, estava tudo muito calmo, como de costume para o horário das 16h00min horas da tarde.
- Você é lindo. – Disse brincando os com lábios.
- Obrigado, mais e daí?
- Ainda não lhe contei que Josh é gay?
- Hermione. – Advertiu ele.
- Ok! Ele anda com os impostos atrasados, sonega mais que tudo! Se você quiser, posso falar perante o juiz. – Explicou à morena, tirando o avental e saindo por baixo da porta do balcão. – Seu pai vai adorar saber disso. – Terminou sorrindo.
- Você é tão exagerada quando quer ser Hermione.
- Obrigada! Então?
- Vamos. – Disse por fim andando em direção ao caixa, segurando-a pela mão.
- Oh! Você esta de terno.
- Não comece.
-Mas...
- Se você falar novamente, não a tiro daqui. – Ameaçou, olhando-a de lado.
- Chato1
- Boa tarde, senhor Potter. – Disse um senhor de estatura mediana, com os cabelos grisalhos e um sorriso mais falso do mundo. – Como vai à candidatura do seu pai?
- Muito bem, obrigado! Espero que não se importe em ficar sem Hermione pelo final da tarde...
- Bem...
- Ela não esta se sentindo muito bem. – Disse por fim, ao vê-la quase dependurada em seu braço.
- Não estou mesmo, Josh. – Confirmou, com uma carinha de sofrimento.
- O movimento nem esta tão alto assim... Acho que não terá problema algum você sair por essa tarde!
- Então vá pegar sua bolsa. – Pediu Harry, com as mãos no bolso, olhando-a sair. – Acho seriamente que meu pai adoraria fazer alguma reunião aqui no seu estabelecimento Josh.
- Oh! Por favor, tome meu cartão. – Entregou um pequeno cartão. – E não hesite em nos alegrar com um evento com o futuro Senador aqui.
- Com certeza! – Afirmou, dirigindo-se a porta de saída.
Não pode deixar de reparar o quanto o dia estava realmente ensolarado, com o céu de um azul vivo. Era um desperdício total ficar enfurnado em um comitê, em meio a tantos políticos de ternos e gravatas, falando sobre uma campanha estrondosa, que não lhe chamava nenhuma atenção.
Sorriu ao ver sua amiga sentada no banco com o olhar para o céu. Havia soltado os cabelos, deixando os fios ondulados balançando com o vento, que antes se encontravam presos em um rabo de cavalo. A calça jeans formava as curvas de suas pernas, e a blusa branca com um cinto preto desenhava sua cintura e seus seios firmes. Não se lembrava de vê-la sem o colar, que ele havia dado de presente de aniversario há três anos. Um pequeno pingente de diamante, em formato de uma gota de lagrima, da cor dos seus olhos: castanhos claros.
- Para onde os fugitivos vão? – Indagou à morena afastando-se um pouco, dando espaço para ele se sentar.
- Fugitivos?
- Claro! Aposto que saiu sem avisar ao seu pai, desligou o celular e por algum motivo que ainda vou descobrir o porquê, sei que vai me usar como desculpa para quando ele vier lhe perguntar para onde você foi. – Explicou sorrindo.
- Mais que justo, já que você me usou para sair correndo do serviço. – Rebateu, com um sorriso vitorioso.
- Ok! – Concluiu. – Eu estava pensando... – Começou, ainda fitando o nada.
- Sobre?
- Sobre aceitar você me sustentar. – Declarou rindo. – Não é uma má idéia ficar sem fazer nada em casa! Só não deixaria de cantar todas as sextas-férias no bar, não ando conseguindo me concentrar nos estudos direito...
- E por que pensa assim agora? – Indagou curioso.
- Oh! Não são todos os dias que Harry Potter se oferece para pagar as contas de uma garota. – Justificou por fim, olhando-o deliciada com as gargalhadas do moreno.
- O que eu faço com você carinho?
- Me leva pra casa e me prepara um enorme bolo de chocolate.
- Tenho uma idéia melhor: nós passamos lá em casa e pegamos o bolo de chocolate, que aposto que Sônia já deixou um pronto, e depois te levo para casa. – Ofereceu a mão e levou-a até o carro.
- Certo. – Aceitou, aconchegando-se no banco de couro da BMW. – Vai ficar lá em casa hoje? – Indagou vendo-o entrar no carro e dar partida.
- Hoje não! Qualquer dias desses vou chegar em casa e minhas malas vão estar prontas para a mudança. – Brincou.
- Suas e da Pansy. – Acrescentou, olhando o movimento na rua. - Ela me ligou dizendo que vai dormir comigo hoje.
- Converse com ela. A qualquer momento ela vai deixar minha mãe louca!
- E quem conversa com você? – Indagou Hermione, seria.
- Comigo? Não preciso de conversas... Você tem um jeito diferente de me colocar na linha: sempre tão carinhosa me ameaçando de morte, ou apontando o dedo na minha cara e fazendo chantagens, que sempre dão certo! Não é necessário conversas em nosso relacionamento, carinho.
- Obrigado!
- Não se esqueça: jantar amanha na minha casa.
- E perder a chance de encontrar um político velho, rico e a ponto de morrer de enfarte com uma proposta de casamento? Jamais. – Provocou rindo.
- Mato-o antes da proposta de casamento Hermione. – Retrucou acelerando.
- E quanto ao plano de ficar rica sem mover um dedo se quer? Não estrague meu futuro Harry. – Disse fingindo estar nervosa.
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- Você tem certeza de que contou tudo direito Rony? – Indagou uma ruiva, apreensiva.
- Claro maninha! Desde quando desperdiço dinheiro, se não tenho certeza do que estou comprando? – Explicou abrindo as caixas.
- Espero... – Resmungou jogando-se no sofá e movimentando os dedos inquietos.
- Relaxe, ok? Não vai ser menos divertido não tendo ele aqui. Para falar a verdade, quem vai perder é ele. Isso tudo é de primeira. – Declarou, olhando tudo a sua volta.
- Não converse fiado Rony, estou pouco me lixando para onde ele vai estar. – Quase gritou, apertando as mãos.
- Conta outra! Você esta bem preocupada sim. Conhecendo-te tão bem como conheço, posso até afirmar que esta se roendo de ciúmes e inveja por não ter sido convidada.
- Vá para o inferno. – Gritou, levantando e indo em direção a porta.
- Aceita Gina Wesley: você não é nada para ele! E aceite mais ainda que você não possa mudar.
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- Café, senhorita Granger?
- Oh não! Obrigado Sônia, mas eu nem ao menos gosto dessa palavra. – Confessou, rindo de lado. – Acho ainda que não devessem existir tantos tipos de cafés diferentes, isso confunde minha cabeça! As pessoas sempre gostam de complicar tudo, ao invés de pedir um simples café preto. – Concluiu, partindo um pedaço do bolo.
- Eu teria medo de contratá-la para trabalhar em alguma cafeteria minha. – Declarou Harry. – Sempre que peço algum café sem açúcar, ela faz o contrario, quando não traz um capuchino que deveria ser servido em outra mesa. – Curtiu rindo alto.
- Cala boca! Faz isso de propósito, você nem ao menos gosta de café. – Disse, apontando a língua para ele. – Então Sônia, o que vamos ter em especial amanha? – Indagou curiosa.
- Diga que teremos comida e isso a fará feliz Sônia. – Provocou Harry.
- Se continuar com isso, vou despejar toda essa calda de chocolate na sua cabeça Harry Potter.
- Calma crianças! E você Harry, não provoque a menina Hermione, ela deve estar cansada.
- Muito bem, obrigado Sônia. De qualquer forma, não irei despejar essa calda nele, seria um desperdício.
- Seria mesmo carinho, já que não poderia tirar toda a calda com a boca. – Provocou Harry, deixando-a extremamente vermelha.
- Vou esperar Pansy no seu... No quarto dela. – Esbravejou vergonhosa, levantando com a vasilha de bolo na mão.
- Não fique vermelha assim Mione. – Falou sorrindo, puxando-a pela cintura. – O quarto da Pansy é sempre muito chato. Vamos, você pode esperar no meu. E ainda por cima vou deixar você ficar comendo em cima da minha cama, enquanto futrica no meu Notebook. Além do mais, tenho algo para você.
- Tudo bem. – Confirmou andando. – Até amanha, Sônia.
- Até mais, Hermione. Esteja linda amanha. – Gritou sorrindo.
- Ela sempre esta Sônia. – Afirmou Harry, já subindo as escadas.
- O que temos hoje? – Indagou, andando pelo corredor em direção ao quarto.
- Espere.
- Um cheque em branco? –Perguntou, colocando um pedaço de bolo na boca. – Um cheque em branco e uma foto do Brad Pitt pelado? – Continuou seria, com a boca cheia.
Harry tentava manter-se serio diante das brincadeiras da amiga. Abriu a porta do seu quarto e tirou o blazer, jogando na cadeira. – Já sei! Você pelado? – Falou, limpando dos dedos cheios de chocolates na boca, sem perceber o quanto aquilo ela um tanto que provocativo para o moreno que estava a sua frente. - Então? – Indagou curiosa vendo o tirar a gravata. – O que esta fazendo Harry? – Perguntou, enquanto o via abrir a camiseta.
- Você não me disse pelado? Estou fazendo isso! – Curtiu, rindo alto.
- HARRY! – Advertiu, virando-se. – Para de graça.
- Isso é demais par ao meu ego, estou sendo rejeitado! – Dramatizou, jogando as mãos para o alto. - Sente-se carinho, que vou pegar. – Falou, andando quarto dentro e entrando no closet do outro lado.
A morena não pode deixar de sentir-se constrangida olhando para seu melhor amigo, devorando cada pedaço do seu peitoral definido, ou até mesmo quando o viu andar de costas para ela, deixando a visão dos seus ombros largos e costas delineadas com uma tatuagem descendo de seu ombro. Sentou na cama, tirando os sapatos e cruzando as pernas a sua frente. Respirou fundo, jogou seus cachos para trás e respirou fundo antes de abrir os olhos.
- Pronto. – Disse, entrando novamente no quarto.
- Adoro caixas! Grandes, pequenas... – Disse entusiasmada, chegando mais perto dele que sentava na beirada da cama.
- Eu sei! – Riu ao ver o brilho no olhar da morena.
- Cor?
- Dourado. – Confirmou, estendendo para ela pegar a caixa.
Harry viu-a morder os lábios em sinal de nervosismo. Sempre era assim: ela recuava um pouco, tentando adivinhar o modelo, tamanho, cor, formato e tudo mais. Suas bochechas coraram e formavam covinhas, com o sorriso tímido que saia de seus lábios. Nunca se importou em presentear qualquer pessoa que fosse, mas ela não se incluía nessa categoria, nem ao menos saberia em qual categoria poderia incluí-la. Só tinha certeza de uma coisa: ela era rara, diferente... Era especial. Merecia tudo de bom que ele poderia dar, mesmo que aquilo ainda fosse menos de um terço do que ela lhe oferecia, e isso a diferenciava. Ela não cobrava, não pedia, nem reclamava, dava sem pensar em receber de volta.
- Oh Harry! – Sussurrou, com os olhos cheios de gratidão. – É lindo. – Afirmou, tirando com cuidado o vestido dourado de finas alças da caixa.
- Combina com seus cabelos dourados. – Afirmou naturalmente.
Você pensa em tudo. – Disse com os olhos cheios de lagrimas.
- Não, penso em você. – Riu, limpando a pequena gota de lagrima que teimava em cair. – Minha menina chorona... Nenhum outro presente combinaria tão bem em você quanto esse colar que lhe dei! – Afirmou, acariciando seu pescoço.
- Me chama de menina como se fosse muito mais velho que eu. – Falou brava, levantando e colocando o vestido na frente do corpo.
- Tenho 23 anos.
- Tenho 20 e farei 21 anos mês que vem. Então você nem é tão mais velho que eu. – Respondeu olhando-se no espelho.
- Posso lhe perguntar algo? – Virou-se para ele, que continuava sentado na beira da cama.
- Não tem como responder que não. – Riu.
- Você sabe, amanha, apesar de ser algo mais profissional, políticos que trabalham com seu pai, e alguns parentes de vocês.
- Uhm?
- E alguns amigos...
- Uhum?
- E eu. – Disse num sussurro sentando - Ao seu lado.
- Vamos, fale. – Insistiu, vendo a dificuldade da garota para continuar. – Não precisa ter medo de me falar qualquer coisa que seja.
- Quer dizer, sempre falta alguma coisa, ou a gente sempre sente falta da presença de alguém que não esta perto.
- Hermione...
- Não, quer dizer. – Pediu com a mão para que continuasse. – Nós nunca conversamos muito sobre isso, mais você disse que me falaria.
- Não vou sentir falta de ninguém.
- Mas...
- E vou falar.
- E esse não é o momento para falar? – Indagou, vergonhosa.
- Não é, e acho que nunca vai ser o momento para falar, por que não há o que falar Mione. – Explicou olhando-a com carinho. - Nunca foi e nunca será serio com ela, ela não faz parte da minha vida.
- Ela não merece você Harry, eu não gosto...
- Calma, eu sei. – Pediu, segurando seu rosto.
- Tudo bem, obrigado pelo presente, é muito lindo, eu amei! – Disse, num sorriso triste.
- Nós prometemos não conversar sobre isso e nem falar sobre ela. – Afirmou sorrindo e beijando o rosto dela. – Minha menina ciumenta.
- Oras, não é...
- Eu sei que é, sabe por quê? Por que eu também sou.
- Obrigado! – Agradeceu abraçando-o. – Me leve para casa? – Pediu, sem soltar-se dele. – Acho que Pansy vai demorar, diga que a espero lá em casa. Ah!
- O que?
- Eu terminei de compor aquela musica que havia lhe falado. Amanha depois da festa, você quer ouvi-la? – Perguntou, escondendo seu rosto na curva do ombro dele, envergonhada.
- É claro! – Afirmou, afagando os cabelos dela.
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- James? – Chamou Lilian.
- Uhm?
- Será que você poderia vir aqui um pouco?
- Estou ocupado meu amor. – Respondeu em meio à papelada.
- James! Precisamos conversar. – Disse, cruzando os braços. - Será que agora que o expediente passou, podemos ter um pouco de paz e conversa familiar?
- Lilian, não existe folga para o trabalho de um político. – Declarou, folheando alguns relatórios.
- E também não existe folga para o papel de marido, pai. – Esbravejou alterada. – Quer dizer, isso nem devia estar em questão, isso não é um trabalho, e sim sua vida pessoal, a vida pessoal de seus filhos.
- Eu amo meus filhos! – Respondeu levantando-se. – O que você esta tentando me dizer?
- Quero que você saiba diferenciar e deixar no escritório o que é do escritório, e deixar em casa o que é casa! Não leve seus problemas de trabalho para perto dos nossos filhos, meu amor. – Explicou, segurando sua mão. – Tente não colocar em primeiro lugar isso tudo. – Gesticulou para a mansão que sediava o comitê.
- Você sabe que não é assim... Dou tudo que meus filhos precisam.
- Não mais James. Até antes disso tudo, você dava tudo o que eles precisavam, e agora? – Perguntou andando de um lado para o outro. – Seguranças, carros de luxo, dinheiro e passeios extravagantes não são tudo.
- O que tanto lhe aflige? – Perguntou indeciso.
- Pansy! Bem, não somente ela, mas minha menina anda meio perdida. Não sei, como se não soubesse o que quer da vida... Como se hoje quisesse ser modelo e amanha atriz.
- Ela é muito espoleta Lilian, deixe que busque o que ela quer.
- Mas nem ao menos estamos presentes, nem nos esforçamos para incentivá-la e tentar saber o que tem no coração, qual seu sonho! Isso tudo é errado, ela só tem 19 anos James. – Confessou, cansada e triste, sentando novamente no sofá.
- Amanha teremos a festa em nossa casa, e prometo que no outro dia seremos apenas nós. Vamos fazer um programa familiar!
- James...
- O que?
- Não sei se Harry aceitará.
- Por que não aceitaria? – Questionou ansioso.
- Ele esta estranho: anda se fechando cada dia mais... E isso tem me preocupado! Ele faz tudo como obrigação, como parte de um papel que tivesse que cumprir. O sorriso que tanto amor ver, o sorriso que puxou do pai, não anda aparecendo mais em seu rosto James. Você precisa fazer algo, precisa conversar com ele. – Falou, com os olhos marejados.
- Prometo que falarei. – Prometeu; acariciando o rosto da esposa.
- Sem promessas, apenas ações meu amor.
- Ligue para Hermione, ela o convencera a ir. – Sorriu, ao pensar na idéia.
- Sabia que falaria isso. – Devolveu o sorriso e um beijo nos lábios do marido. – Vamos para casa, e no caminho ligarei pra ela.
- Harry não esta com ela? – Perguntou, pegando a pasta.
- Não, Pansy irá dormir na casa dela hoje! Harry deve estar em casa já.
- Tudo bem! Tenho certeza de que quando toda essa agitação terminar, e as eleições acabarem, as coisas voltarão ao normal.
- Espero que nesse momento não seja tarde demais. – Sussurrou consigo mesma.
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- Isso não esta me cheirando muito bem Pansy! – Exclamou Hermione, preocupada.
- Como assim? Fizemos tudo conforme a receita Mione. Acho que sairá tudo bem. – Respondeu, olhando para o forno.
- Parece que esta crescendo muito. – Acompanhou o olhar da amiga.
- Acho melhor nos afastarmos um pouco, só por precaução mesmo. – riu de lado.
- Melhor mesmo é desligar o forno, não quero que meu apartamento pegue fogo! – Declarou, olhando para sua amiga.
- Será que nunca vamos aprender a fazer alguma receita descentemente Mi? Sônia cansou de nos ensinar e nunca aprendemos... – Desabafou, saindo da cozinha.
- Que Draco não descubra que você é péssima na cozinha Pansy. – Gargalhou Hermione, desligando o forno e seguindo para a sala.
- Eu nem sei se ele se interessa por algo que eu saiba ou não fazer Mi.
- Momento depressão hoje? Só porque ele ainda não te ligou, não quer dizer que não queira saber de você. – Riu, sentando ao lado da morena.
- É verdade! Quer dizer, nem temos nada serio mesmo, para que eu fique preocupada se ele vai me ligar ou não. – Confessou pensativa.
- Acho que ele esta preocupada se seu irmão vai aprovar ou não. – Insistiu, tentando acalmar a amiga.
- Preocupado? – Gargalhou. – Por favor, Mione! Harry não esta nem ai com quem eu fico ou não. Não que eu me importe, claro. – Respondeu olhando-a. - Até agradeço a você por isso, assim ele não tem que ficar me espionando ou implicando com quem ando, para onde vou.
- Você tem razão! Sobra pra eu ter que ficar saindo escondido e mentindo, como se tivesse um irmão mais velho. – Bufou nervosa. – Isso é ridículo, nem ao menos dou conta de mentir! E sempre enrolo nas palavras, e tropeço nas invenções mais estúpidas que podem existir.
- Se pegasse. meu irmão não teria esse problema. – Disse. sorrindo aberto.
- Não comece engraçadinha. – Mostrou a língua e virou-se para pegar o telefone.
- Para onde vai ligar?
- Pedir algo pra gente comer, claro! Já que nossa receita foi para o espaço...
- AH! – Gritou levantando do sofá.
- O que foi Pansy, ficou louca? – Perguntou Hermione, assustada.
- Esqueci de lhe contar: amanha depois da festa, vou dar uma escapulida, claro, e vou sair com o Draco.
- Novidade. – Falou, folheando a lista telefônica.
- Mi, será que você não entende? Amanha será minha grande noite. – Pulou de felicidade.
- E? Vai se casar escondido?
- Claro que não tolinha! Amanha vai acontecer, será minha primeira vez.
- E você ainda é virgem? – Gargalhou alto.
- Vou fingir que não ouvi isso! Continuando...
- Serio: como você sabe que amanha será sua grande noite? – Indagou curiosa.
- Por que eu sinto! Não sei bem como explicar, só sei que vai ser. Ele me chamou para jantar na casa dele!
- Interessante. Vocês nem estão namorando ainda.
- Nunca precisou Mi. – Riu divertida.
- Esqueci com quem estou falando.
- Você ainda é porque quer. Dizem que meu irmão é ótimo de cama. – Gargalhou, pulando para trás do sofá.
- Sua capetinha linguaruda.
- Ou esta pensando em ter sua grande noite com o Blaise?
- Não comece! Estamos apenas nos conhecendo... Ele não é tudo aquilo que dizem também, é uma boa companhia, mas, não sei.
- O que? – Insistiu Pansy, sentando a frente de sua amiga.
- Não tenho certeza ainda, mas acho que esses dias quando estava voltando do bar com Harry o vi saindo de uma boate muito drogado. Eu acho, podia estar bêbado também, não sei.
- Harry viu?
- Não! Pelo menos não falou nada e nem demonstrou ter visto ele.
- E você tem medo amiga? – Perguntou, olhando-a com carinho.
- Você sabe que não gosto dessas coisas... De qualquer forma, você sabe o quanto Harry odeia ele.
- E você odeia a Gina.
- Sim. Então ele tem o direito de não querer que eu fique com ele, por que de alguma forma, eu não quero que ele fique com a Gina.
- Que amizade estranha a de vocês. – Suspirou, encostando-se. – Mas você vai sair com ele nesse final de semana?
- Não! Amanha tem a festa na sua casa e sua mãe me ligou ainda a pouco pedindo que convencesse seu irmão a passar o domingo em família.
- Caramba: que missão impossível. – Exclamou rindo.
- Nem tanto. – Sorriu, imaginando a cena.
- Modesta você. Mas ainda vou descobrir como você consegue arrancar as coisas dele.
- Da mesma forma que você faz com Draco.
- Com beijos quentes? – Perguntou, segurando o riso.
- Com jeito Pansy. – Retrucou Mione, andando pela sala enquanto falava ao telefone.
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- Cerveja ou Whisky? Cigarro ou Charuto? Seu gosto anda bem variado Harry. – Riu Draco, esticando o corpo na cadeira ao lado do amigo.
- Algumas coisas com o tempo perdem o efeito. – Retrucou Harry, baforando mais uma vez.
- Ainda de pé a viagem? – Perguntou curioso, levando um copo de cerveja a boca.
- Hermione ainda tem esse mês os testes de musica na faculdade.
- E o comício do seu pai?
- Temos tempo ainda. – Respondeu, cumprimentando com gestos as pessoas que entravam pelo bar. – Apesar de querer essa viagem para ontem.
- Ela irá estranhar... Você não costuma viajar assim de uma hora para outra. Ainda mais para o rancho dos pais dela.
- Os motivos no momento não importam! Com certeza, quando disser que vamos à casa dos pais dela, ela não fará perguntas. E ainda tem toda aquela conversa fiada de momento família que meus pais tanto querem.
- Eles vão também?
- Uma semana antes de nós.
- Então vai todo mundo? – Perguntou, tentando não mostrar tanta curiosidade.
- Se quer saber da Pansy, não dê voltas Draco! Sou irmão dela, mais não sou burro. – Riu, apagando o cigarro.
- Idiota.
Harry colocou a mão no bolso, ao sentir o celular vibrando. Pela hora não poderia ser quem estaria pensando: com toda certeza nesse horário, Hermione estaria dormindo. Retirou do bolso e olhou no identificador de chamadas, constatando que o numera era privado.
Riu de lado: - Mulheres! Quando vêm que não a atendemos, ligam de um numero privado. – Declarou o moreno, depositando o aparelho na mesa.
- A mulher é mais viciada em você do que nas suas próprias manias loucas.
- Serve para passar o tempo. – Falou, acenando para o garçom. – Ou não. – Gargalhou.
- Ela ainda vai colar em você como chiclete, escuta o que to dizendo... Não corta ela pela raiz pra você ver. – Curtiu, enchendo o copo. - Deixa-me adivinhar: festinha amanha na casa dela e você não irá? – Conjecturou Draco, cruzando os braços.
- Você irá estar no mesmo lugar que eu, então não é preciso adivinhar.
- Noticia ruim ou péssima? Qual você quer primeiro? – Perguntou Draco ,sem conter o riso.
- Manda.
- Temos companhia! Infelizmente, não das melhores. – Apontou com o olhar ao grupo de garotos que entravam.
- Péssima? – Questionou, travando a mandíbula.
- Essa é quente! Saindo do forno, e você esta sendo o ultimo, a saber. – Gargalhou, levando a cabeça para trás.
- Você mais parece aquelas velhas fofoqueiras Draco.
- O pivete garanhão ali. – Explicou, apontando para o rapaz que estava de costas. - Tem saído com certa morena pupila dos olhos do meu amigo.
- Conversa. – Esbravejou, acendendo outro cigarro. – Ela não faria isso.
- Você faz muita coisa que ela não sabe também Harry.
- Diferente, não sabe para o bem dela. Ela não se envolveria com esse babaca. – Disse, remexendo na cadeira.
- Ela odeia Gina e você ainda fica com a ruiva. – Provocou, sem conter-se com o relampejo de fúria do amigo.
- Passatempo. Se ela quiser, nunca mais vejo a louca. – Respondeu esvaziando o copo, deixando o Uísque arder à garganta.
- Isso não contou antes de você saber disso.
- Foda-se. Agora conta. Quanto tempo? – Perguntou Harry.
- Nunca fui muito bom em contas, caro amigo. – Fingiu contar nos dedos.
- Malfoy... - Falou entre os dentes.
- Sobrenome na área. Tem pouco tempo, acho. Relaxa cara, isso é passageiro.
- Escolheu as palavras erradas para concertar a fofoca Draco. – Disse nervoso. – A palavra “passageiro” não consta no dicionário de Hermione.
- Se continuar feito um urubu na carniça Harry, não vai deixá-la viver a vida dela e aprender com os erros.
- Correção: pretendo estar nesse meio termo ai dos erros. – Insistiu, acenando para o garçom fechar a conta.
- Mas não vai estar o tempo todo.
- Sem chance Draco, isso só vai acontecer por cima do meu cadáver! – Colocou o dinheiro dentro da caderneta e levantou-se.
- Cabeça dura. Desisto. – Gritou, vendo o amigo sair porta a fora.
Harry saiu pisando duro estacionamento a fora. Agasalhou-se com seu moletom e colocou as mãos dentro do bolso. Deu uma ultima tragada no cigarro e jogou-o fora, no lixo. Não conseguia contar mais nos dedos todas as merdas que fazia em sua vida, todas as companhias erradas e todas as decisões incertas que tomava todo o dia, e era certo de que tudo aquilo só o deixava mais confuso. Poderia trazer toda porcaria para sua existência insensata, mas daí deixá-la entrar na vida da morena que lhe dava luz a cada dia era diferente. Chegava a pensar, em alguns momentos, que a conformidade em sua vida era o que restava, mas ela sempre o fazia rever seus conceitos, por mais que durassem apenas segundos, era importante saber que era apenas ele e não o que possuía.
Respirou fundo, contendo a vontade de ir até onde ela estava e tirar toda a historia a limpo! Mas não seria assim... Prometeu nunca mais agir sem pensar, ao menos com ela. Prometeu a ela nunca mais gritar, e nem acusá-la de algo sem antes ouvir sua versão. Cautela e delicadeza eram o que ele conseguia tirar do fundo do seu ser, mesmo pensando que não existia para poder tratá-la como merecia. Girou a chave do carro e colocou-o em movimento, deixando para trás suas inseguranças, duvidas e vícios, para alcançar a sanidade de apenas tê-la ao seu lado.
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N/A: Olá pessoas! Pois é, olha só minha nova invenção – hehe Espero realmente que vocês gostem da minha nova fic. Estou passando por aqui rapidinho mesmo (MAS QUERO QUE TODOS SAIBAM QUE NÃO ABANDONEI MINHAS OUTRAS FICS – ENTRO DE FÉRIAS TERÇA FEIRA AGORA DO TRABALHO E VOU PODER FICAR POR CONTA DELAS ) Prometo caps o mais rápido possível amoures ;D Comentem, quero muito saber o que estão achando desse cap . E MUITO OBRIGADO minha beta MAIS chata que existe – hehe amo você ;D e a JESSY pela CAPA LINDA ;D vocês são muito especiais mesmo x)
N/B: Simplesmente amei a idéia dessa fic e esse cap... to doida p/ver os barracos começarem (vc jah sabe disso neh amiga?!!! hehehe) Bjoks gnte e desculpem qlqr erro... betei rapidinho.. hihihi
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