Visão
Aquela não foi uma semana tranqüila para Harry, com o artigo de Rita Skeeter sobre o inexistente triângulo entre ele, Hermione e Krum e as ameaças que a garota recebeu depois disso. Além de Kath, que agora desaparecia com mais freqüência para ficar com Diggory, voltando sempre muito alegrinha.
No sábado, Harry, Rony, Hermione e Kath saíram para Hogsmead depois do almoço levando um pacote de comida para Sirius. Encontraram um enorme cão negro nos degraus fora do povoado e fizeram questão de coçar as suas orelhas. O seguiram até uma caverna e logo ele se transformou em humano, sorrindo, para ser recebido por uma avalanche de tapas de Kath.
- O que você estava pensando quando resolveu voltar? Depois de todo o trabalho que tivemos para te ajudar a fugir o ano passado era de se esperar que você fizesse por merecer! – Kath rosnou, enquanto Sirius a encarava chocado. Então ele soltou uma gargalhada muito alta e segurou as duas mãos da garota, puxando-a para um abraço.
- Eu também senti sua falta! – ele disse, ainda rindo. A raiva de Kath passou rapidamente quando ela o ouviu rir e logo ela começou a fazer comentários sobre sua aparência.
- Você precisa cortar o cabelo e fazer a barba. Suas unhas e suas roupas estão imundas. – ela falou, enquanto se ocupava em remexer na sua mochila. Tirou um estojo grande contendo objetos para higiene masculina como tesoura e lâmina de barbear e ainda um conjunto de vestes limpas. – Você está parecendo um esqueleto!
Enquanto Sirius e Harry conversavam, ela ficou em volta do homem, cortando seu cabelo e tentando fazer sua barba enquanto ele falava e comia ao mesmo tempo, fazendo comentários ocasionais e muito irritados sobre os cuidados precários que ele vinha dando a si mesmo, arrancando mais gargalhadas do Sirius. Ela estava muito parecida com a Sra. Weasley.
Quando se prepararam para ir embora, Sirius parecia um novo homem, o cabelo curto, barba feita e unhas limpas, além de usar roupas novas. Despediram-se do cachorro nos mesmos degraus onde o encontraram.
- Você estava tratando o Sirius como criança! – Harry comentou, um pouco invejoso de toda aquela atenção que o padrinho recebera de Kath.
- Bom, ele não tem ninguém que cuide dele, não é? Nem mãe, nem irmã, nem mulher. Alguém tem que cuidar já que ele não sabe fazer isso sozinho, pelo que parece. Ah, já ia esquecendo... não vai ser bom que corujas fiquem indo e vindo do lugar onde ele está escondido, então eu pensei que podíamos nos revesar em colocar comida para ele na passagem embaixo do salgueiro lutador. Não seria perigoso para nós e...
Kath parou de repente no meio da frase, o rosto inexpressivo e Harry ficou preocupado que ela tivesse visto algo relacionado a Sirius.
- O que está vendo? – Harry perguntou ansioso.
- Ele ressurgirá. Osso, carne e sangue trarão o Lord Sombrio de volta. Seus inimigos lhe darão o que precisa para ser mais forte que antes e ele voltará. – Kath falou com voz rouca. Ela piscou e seus olhos entraram em foco, arregalados de medo. – Eu vi um caldeirão grande. Harry, um homem com um dedo a menos estava cortando a própria mão e jogando no caldeirão.
- Rabicho! – Hermione exclamou, cobrindo a boca com as mãos.
- Mas o que ele estava fazendo, cortando a própria mão? Argh! - Rony perguntou enojado.
- Com certeza era magia negra, e muito poderosa pelo visto! – Hermione disse horrorizada.
- Era pra Ele, eu tenho certeza! – Kath disse, com a mesma expressão de medo de antes. – Para Voldemort.
- O que ele queria? Por que estavam fazendo isso? – Harry perguntou ainda em estado de choque.
- O que você acha que é Harry? O que o Lorde mais precisa, além de te matar, é claro? – Hermione perguntou se recuperando.
- Um corpo! Ele precisa muito de um corpo se quiser retomar o poder! – Kath falou horrorizada com o próprio pensamento.
- E se ele descobriu um jeito de fazer isso? Usando magia negra? – Harry perguntou assustado.
- Espera, mas a visão estava muito turva, como se não estivesse completa. Ele ainda não conseguiu o que precisa e talvez demore! Ou quem sabe ele nem consiga! – Kath falou esperançosa.
- Precisa contar isso ao Dumbledore! – Hermione falou, ao que Kath concordou imediatamente e os quatro correram de volta ao castelo. Eles procuraram pela Profª Minerva, que os levou na hora ao gabinete do diretor.
Kath narrou a história ao Prof Dumbledore, cuja expressão demonstrava mais preocupação do que surpresa, o que devia significar que ele já desconfiava do interesse do Lorde, mas não tinha muita certeza. Ele encarou Harry por algum tempo.
- Por pior que possa parecer, não podemos fazer nada. Não sabemos nem onde nem quando ele pretende realizar o plano, nem exatamente qual é. Mas é bom ter um aviso, é preciso tomar providências... – Dumbledore falou pensativo.
- Mas tem que ter um jeito Alvo! – exclamou a Profª Minerva, as mãos no peito.
- A não ser que consigamos mais detalhes professora, não podemos fazer mais nada além de esperar e rezar para que essa profecia não se cumpra. – Dumbledore falou tentando sorrir.
- Eu sinto muito. – Kath disse pesarosa. – Eu queria poder ajudar mais.
- Não se desculpe menina. – Dumbledore falou severo, olhando para ela por cima dos oclinhos de meia-lua. – Você não pode controlar o que vê. Na verdade estou muitíssimo impressionado com seus poderes.
- Está? – Kath perguntou incrédula.
- Sim, estou. A maioria dos videntes não se lembra do que viu, passa despercebido para eles, e se não houver alguém para ouvir, a profecia se perde. – Dumbledore falou sorrindo gentilmente para ela. – Você ainda é muito jovem, mas parece possuir um grande poder e controle sobre si mesma. Quando for mais velha deverá ser impressionante vê-la em ação.
Kath corou, mas parecia satisfeitíssima consigo mesma. Harry sabia que o diretor não estava exagerando. Lembrava-se perfeitamente bem da Profª Trelawney lhe fazendo uma profecia no ano anterior. Ela pensou que havia cochilado e não lembrava absolutamente nada do que dissera. Além do mais, a freqüência das visões da garota era muito grande, mesmo que fossem coisas insignificantes, e sempre estavam certas. Harry esperou que ela errasse dessa vez em particular.
- Eu pediria que vocês não comentassem esse assunto com ninguém além das pessoas nesta sala. No caso da Srta Gomez, podemos fazer uma exceção para o Sr Diggory, se achar que ele pode guardar o segredo. – O diretor falou, seus olhos cintilando de Kath para Harry, ao que ambos coraram.
- É claro. – Kath falou.
Ao voltarem para a sala comunal, Kath parecia atormentada e muitíssimo infeliz.
- O que há com você? – Hermione perguntou sem cerimônia.
- Por que eu? Quero dizer, eu sei que o Dumbledore acha isso legal e tudo mais, mas eu não queria ter de ver essas coisas na minha cabeça. Vocês não sabem como é. De que adianta ver o futuro se eu não posso fazer nada para impedir? Por que eu sempre tenho que dar as más - noticias? – Kath desabafou.
- Você não dá apenas más – noticias Kath. E todas as coisas que mudamos antes? Desde o nosso primeiro ano que você vem salvando nossas vidas. – Harry falou consolando-a.
- Apoiado! – Rony e Hermione exclamaram ao mesmo tempo, o que fez Kath sorrir.
- Vocês são os melhores amigos do mundo! – Kath falou, alcançando os três em um único abraço embolado.
- A gente te ama também! – Rony falou rindo.
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