Vira-Tempo Quebrado
Passou os últimos dias antes de sua folga como uma morta-viva, seus amigos tentavam convencê-la a abandonar um pouco os afazeres escolares e aproveitar com eles o belo dia que estava começando, mas ela resistiu a todas as negociações, pois seria esse o dia de se trancar no dormitório e, finalmente, por em pratica seu plano. Então tinha de rever algumas coisas antes de salvar a vida do maior bruxo de todos os tempos, aquele que fora o verdadeiro herói de toda a Guerra.
Sua folga seria depois do almoço, o que não foi assim tão bom, pois seu nervosismo era tanto que só de pensar na palavra “comida” já se sentia nauseada, por isso resolvera voltar para seu dormitório, mas não sem antes ter de se desculpar com os amigos dizendo que iria pedir o almoço no quarto, pois tinha temas demais para fazer e gostaria de aproveitar o tempo livre fazendo-os.
--“Respire fundo você sabe o que tem que fazer, gire apenas duas vezes o Vira-Tempo”. – dizia a morena para si mesma, como uma espécie de Mantra.
Assim que criou coragem, Hermione deu as duas voltas que julgava necessárias para sua viagem ao passado. Sentiu seus pés perderem o contato com o chão, as imagens ao seu redor pareciam em alta velocidade; essas sensações duraram segundos, logo sentiu novamente seus pés no chão, abriu os olhos, que havia fechado para não enjoar com a profusão de imagens que passavam rápidas de mais para serem realmente vistas.
Para sua surpresa e espanto, algo havia dado muito errado. Não estava no meio de uma chuva de feitiços lançados naquela noite onde seus pesadelos começaram. Pois ao olhar ao seu redor, tudo era igual, mas diferente, não reconhecia sequer um aluno ali sentado, nem mesmo alguns dos professores, e prestando melhor atenção, aquele momento não era de pânico como o esperado, mas sim de alegria, isso demonstrado nos rostos de todas as crianças ali presentes, olhando extasiadas para algo mais a frente, que logo se mostrou um banco onde um chapéu surrado cantava as boas vindas aos novos estudantes.
Logo ao se dar conta de seu erro Hermione procura esconder-se, pois não deve ser vista. Afinal isso acarretaria em uma série de danos no destino das pessoas com as quais ela tivesse contato.
--“Preciso sair daqui.” – pensava Hermione saindo de fininho e escondendo-se atrás das grandes portas do Salão Principal.
Fez isso com grande sucesso, ninguém a viu sair, exceto os olhos azuis por trás dos oclinhos de meia-lua.
--“Bem já vi que deu errado, então tenho de reverter as duas voltas e tudo deve voltar ao normal” – dizia a si mesma Hermione tentando manter-se calma.
Mas assim que tentou por em pratica sua idéia, deu-se conta de que seu Vira Tempo estava danificado, tinha uma pequena rachadura, mas que se provou suficiente para que o objeto deixasse de funcionar.
--“Vê se isso é hora de você estragar sua porcaria”—Hermione estava em pânico.
--“O que eu devo fazer? Pense Hermione, pense”
Resolveu então se acalmar, afinal não conseguiria ter alguma idéia útil se continuasse nervosa como estava. Assim foi espiar com intuito de descobrir em que época estava, observou que Dumbledore já era Diretor em Hogwarts e que Minerva, por sua vez, era professora.
Naquele momento a seleção já havia começado, os alunos a serem chamados já estavam pela metade.
-- Srta Anne Sherman.
Com passos nervosos e vacilantes a garota sentou-se no banco, assim que Minerva colocou o chapéu seletor em sua cabeça, esse a mandou para a Grifinória onde foi recebida com muitos “vivas” por seus novos colegas de classe.
-- Sr Severo Snape. – chamou a professora McGonagall.
Ao ouvir esse nome Hermione paralisou em pânico, pois percebeu que havia voltado uns 30 anos no tempo, justamente a época em que seu temido professor de Poções ingressara em Hogwarts. Mas por não saber o que fazer voltou a espiar.
Snape subiu confiante em direção ao banquinho, pedindo apenas que a casa para qual fosse escolhido fosse todas exceto Grifinória. O chapéu mal tocou em sua cabeça e anunciou que sua nova morada seria a Sonserina.
Hermione prestou total atenção naquela criança, era exatamente como ela o imaginava sendo: cabelo negro e mau cuidado, rosto pálido e sem emoções, olhos também, negros, que mesmo tão novo já sem brilho, era o Snape de 30 anos à frente em miniatura, só lhe faltava a capa.
Dumbledore fez então seu discurso de Boas Vindas, e desejou a todos um bom jantar.
A morena então se viu encurralada, sem seu Vira Tempo estava perdida. Precisava pensar no que fazer, tinha de pedir ajuda, mas a quem? Afinal era sabido de todos que usavam vira tempo que NINGUÉM deveria ser visto pelas pessoas de outras épocas, pois isso causaria mudanças demais no destino dessas.
Foi retirada de seus pensamentos pelo barulho de passos e conversas vindas do interior do Salão Principal, eram os alunos indo para seus respectivos salões.
Desesperada tomou uma decisão, iria pedir ajuda a Dumbledore, sabia que isso era arriscado, mas tinha medo das conseqüências na sua vida se ficasse presa muito tempo em uma época que não a sua.
Antes de pensar em como se esconder uma voz familiar chamou por seu nome. Ao virar-se encontrou Dumbledore a encarando com um sorriso divertido nos lábios e seu costumeiro brilho no olhar.
-- Olá Srta Granger! – cumprimentou-a o Diretor.
-- Acompanhe-me, por favor, acredito que temos algo a conversar.
Hermione apenas o seguiu de perto. Estava completamente espantada. Como o Diretor sabia quem ela era e que tinham assuntos a tratar?
-- Torta de Limão. -- disse Dumbledore, e a estatua que guardava a entrada para a sala do Diretor se moveu, mostrando assim as escadas.
Entraram na sala de Dumbledore, que estava exatamente igual àquela que Hermione conhecia: repleta de retratos pelas paredes, esses de antigos diretores de Hogwarts, Fawkes – a fênix do diretor- dormindo em seu poleiro, localizado em um canto da sala, e sem falar dos inúmeros objetos estranhos e chiavam, brilhavam, expeliam fumaça, dentre outras estranhezas.
-- Sei que esta confusa minha querida, mas sente-se e irei lhe explicar tudo. –disse bondosamente Dumbledore, enquanto ia sentar-se em sua poltrona em frente a uma linda escrivaninha.
-- Desculpe-me pela pergunta, mas como o Senhor sabe quem sou eu? – questionou Hermione também se acomodando em uma poltrona voltada para Dumbledore.
-- Sei quem é você Hermione, pois a conheço há anos. –respondeu-lhe o diretor com ar de mistério.
-- Mas como... – a garota iria fazer mais uma pergunta, mas fora interrompida pelo senhor.
-- Menina isso é assunto pra outra hora, vamos tratar do mais importante, suas razões de ter voltado no tempo.
Hermione notou que o diretor não perguntou o motivo dela estar ali, mas sim falou como se já soubesse o que a levara a fazer o que fez, mas mesmo assim questionou:
-- Senhor como pode saber o que vim fazer aqui se eu nem mesmo contei? – sentiu-se tola lhe perguntando isso afinal ele dissera que a conhecia de anos, mas sua curiosidade vencera.
-- Criança eu sei de muitas coisas, muitas mesmo, posso até dizer que sei todas as coisas do MUNDO. –mais uma resposta misteriosa de Dumbledore.
-- Bem então já que o senhor sabe o porquê de eu estar aqui, pode então me dizer como voltar ao meu tempo? – perguntou Hermione em tom sério.
-- Claro que posso lhe dizer como voltar, posso até mesmo levá-la de volta ao seu tempo, mas antes gostaria de ir mais afundo nas razões que a trouxeram aqui.
Sem saber o que responder a morena apenas acenou com a cabeça um “sim” e deixou que o diretor continua-se.
-- Bom você esta aqui por engano, ou melhor, por um “acerto” do destino. –disse-lhe Dumbledore olhando fundo em seus olhos. – Acredito que você tenha uma missão: você ira salvar a vida de alguém muito importante para todos nós, você o ajudará nesse tempo, para que no futuro, o seu futuro, as coisas sejam diferentes e melhores.
-- Diretor, eu não posso ficar aqui, é errado, meu tempo não é esse, e agora percebo o erro que cometi, eu não devia ter mexido com isso. – disse Hermione em desespero olhando para o homem a sua frente, esse parecia calmo.
-- Sei que parece errado e até confuso, mas acredite, você chegou na hora certa, nem um minuto a mais ou a menos, e não se preocupe, esse tempo se tornará o seu, assim como o seu tempo real continuara sendo seu também. – explicou o diretor levantando-se indo em direção a janela, onde um belo por do sol acontecia.
Hermione não sabia mesmo o que dizer, aquele homem estava louco, queria que ela vivesse ali? Mas como? Ela não podia sumir assim do nada de sua vida, de seu tempo, ela tinha que estudar, tinha uma VIDA. Certamente que ela não ficaria ali, seu plano deu errado e ela queria voltar para o lado de seus amigos e desistir dessa maluquice de tentar salvar a vida de alguém que nunca lhe daria atenção a mais do que a uma mosca irritante.
-- Sinceramente Senhor eu quero voltar e AGORA, o senhor disse que sabe como e até me levaria, pois então faça isso, ou eu mesma irei dar um jeito nisso, mas aqui eu não fico. – Hermione falou irritada com Dumbledore, afinal como ele ousava pensar que ela abandonaria uma vida inteira por suas idéias malucas?
-- Deixe-me explicar melhor, e tenho certeza que as minhas idéias de salva-lo minha querida, serão mais fáceis do que a que você planejava fazer. – explicou Dumbledore voltando-se para encará-la.
-- Desculpe estar tão nervosa e impaciente diretor, mas é que meu plano, como o senhor parece saber, deu completamente errado e agora estou perdida não sei o que fazer a não ser voltar atrás em tudo e viver o meu tempo esquecendo o passado.
-- Bem antes de lhe explicar melhor, aceita uma xícara de chá?
-- Aceito, Obrigada.
Assim Dumbledore passou boa parte daquela noite explicando seus planos para a garota. Algumas coisas eram absurdas, mas Hermione tinha de concordar, o modo como o diretor pensou as coisas, tinham mais chances de dar certo do que a maluquice a qual ela planejou.
Assim noutro dia Hermione iniciou as aulas em Hogwarts de 1969:
-- Bom dia meus queridos alunos, mestres e funcionários. Gostaria de anunciar o ingresso de mais uma aluna em nosso corpo discente, a Srta Hermione Granger.
Hermione -instruída na noite anterior por Dumbledore- subiu em frente ao palco sentou-se no banquinho e deixou que McGonagall coloca-se o chapéu seletor em sua cabeça.
-- “Nós três, (Dumbledore está incluído), sabemos a qual casa você, verdadeiramente pertence, mas...” – disse o Chapéu Seletor apenas para a morena.
Ela fitava o nada, pensando em tudo o que tinha de fazer ali em diante; algumas das idéias de Dumbledore não eram fáceis de seguirem, mas ela estava disposta a tentar, por ela e por ELE, a quem ela cometera a loucura de usar um Vira Tempo.
Enfim o chapéu revelou a todos, a qual casa aquela garotinha pertenceria – sim garotinha, pois Hermione concordou em tomar uma poção muito especial que lhe deixaria mais nova, no caso com 11 anos, feita pelo Professor Slughorn, que na época, era o Professor de Poções:
-- Sonserina. –gritou o chapéu, o que para Hermione não era surpresa.
Foi bem recebida por seus colegas sonserinos, exceto por um, era um garoto pálido de cabelos negros, sentado a sua esquerda, nem mesmo se apresentou, ficou apenas a olhando de cima a baixo como se medindo a nova colega e decidindo se era ou não uma companhia agradável.
-- Hermione não é mesmo? – Hermione apenas concordou com a cabeça.
-- Meu nome é Amy, prazer. – apresentou-se uma garotinha minúscula dando-lhe um lindo sorriso; parecia uma boneca, tamanha a delicadeza que aparentava ter, sim aparentava, pois para estar na Sonserina, algo por baixo daquele sorriso angelical devia haver.
-- Prazer Amy. – foi só o que Hermione disse.
Passou o resto do café da manhã em silêncio, apenas olhando de canto de olho o garoto Snape ao seu lado. Ele pouco falou, quando lhe era dito alguma coisa ele apenas movia a cabeça em concordância ou discordância. Hermione percebeu que ele parecia incomodado com algo, pois lhe dava umas olhadas estranhas e inúmeras vezes, abriu a boca, mas não saia som algum e ele novamente a fechava.
Teriam Poções em seu primeiro período. Hermione estava um pouco nervosa com tudo aquilo, mas não se deixava levar pela voz em sua cabeça que lhe mandava largar tudo e voltar para o seu tempo. Ela sabia que tinha muita importância a sua estadia ali, “talvez mudasse o Mundo”, como dissera Dumbledore.
O caminho até as masmorras foi tranqüilo, teve como companhia Amy, que lhe pareceu bastante inteligente, bem ao menos a garota, assim como ela, lera todos os livros antes do inicio das aulas.
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