Pecados na Noite



Pecados na Noite


 


Perfil de Harry:


Ano de nascimento: Desconhecido.


Lugar de nascimento: Desconhecido.


Lema: Escolhe sabiamente, escolhe bem - Ou morre.


Canção favorita na hora de caçar: You Ain't Seen Nothing Yet do Bachman Turner Overdrive.


Lugar em que se encontra atualmente: Qualquer lugar onde Ash me envie.


Entrevista do livro Sins of the Night: Acredito que você poderia ser meu tipo de perigo favorito.


 


Harry não é seu nome real. De fato, é um título. Quando humano fora conhecido por outro nome, e já apareceu em um dos anteriores livros dos Dark-Hunters. Entretanto, queridos leitores, vocês devem tentar descobrir quem é.


Traído brutalmente, Harry é um homem tranqüilo que acredita firmemente no diálogo… mas sem se esquecer de levar um bom pau na mão. Na realidade, é o Anjo da Morte. Ninguém gostaria de cruzar com ele na escuridão da noite. Rápido como um relâmpago, e brutalmente sincero, nunca faz prisioneiros nem aceita a compreensão. Além disso, não se pode fazer acordo com o braço direito do diabo.


Contudo, tem inclinação por roupas caras, e pipoca. Diferentemente da maior parte dos Dark-Hunters, sua marca pessoal é um comprido casaco branco (aqueles que o conhecem e a sua história, poderão encontrar uma pista de sua identidade aqui). Não tem nada a esconder, e orgulha-se de não ser o que as pessoas esperam. Não há nada que goste mais que a companhia de uma mulher bem disposta, e um pouco de tempo livre em seu trabalho.


 


 


PRÓLOGO


 


Universidade do Mississipi para Mulheres


Columbus, Mississipi


Ela estava morta.


O coração da Melissa golpeava com a adrenalina, enquanto engatinhava, tentando alcançar a segurança de Grossnickle Hall. Duas horas atrás, ela inocentemente dissera a seus amigos que a deixassem na biblioteca, enquanto ela terminava de investigar seu trabalho de inglês.


Perdida nos contratempos da vida de Christopher Marlowe tinha passado mais tempo ali do que imaginava. A próxima coisa que percebeu foi que já era tarde, e hora de retornar ao seu dormitório, uma espécie de apartamento para estudantes. Pensou brevemente chamar seu noivo para que viesse buscá-la, mas como ele estava trabalhando em Stocking Crew, isso parecia um pouco absurdo.


Sem outro pensamento a respeito da estupidez de uma mulher de vinte e um anos de idade caminhando sozinha, recolheu seus livros e dirigiu-se para casa. Mas agora, correndo pelo campus, sendo caçada por quatro homens desconhecidos, ela percebeu quão idiota tinha sido.


Como alguém pode perder a vida devido a uma má decisão?


Sim, poderia, pensou, e isso acontece às pessoas todos os dias.


Não imaginava que aconteceria comigo!


- Por favor, me ajude! - ela gritou, enquanto corria tão rápido quanto podia. Certamente alguém que a ouviria? Alguém que chamaria a segurança para ajudá-la.


Ela rodeou uma cerca e entrou diretamente correndo em alguma coisa. Ela contemplou ao homem diante dela.


- Por favor. - As palavras morreram quando ela se deu conta de que ele era um dos quatro loiros que a perseguiam.


Ele riu diabolicamente, mostrando-lhe um par de presas.


Gritando, Melissa se opôs ao seu ataque. Jogou seus livros contra ele e afastou-se, buscando cada grama de força que possuía.


Ele deixou-a ir.


Ela correu rapidamente para a rua, só para encontrar outro loiro esperando ali. Ela parou, engolindo em seco, procurando alguma rota de fuga. Mas ali não havia nenhum lugar ao qual pudesse fugir, onde eles não pudessem apanhá-la.


Vestido completamente de negro, o recém-chegado permaneceu ali como se fosse completamente indiferente ao perigo ou o seu terror. Seu comprido cabelo negro estava preso para trás em um rabo-de-cavalo. Ele usava um par de óculos escuros que escondiam completamente seus olhos dela, e faziam com que se perguntasse como ele conseguia enxergar na escuridão.


Havia algo atemporal nele. Algo onipotente e extraordinário. Parecia talhado pelo mesmo padrão que seus perseguidores, e ainda sim, havia algo a respeito dele que era inteiramente diferente. Um pouco mais poderoso. Mais antigo.


Mais espantoso.


- Você é um deles? - Ela se sufocou.


Um canto de sua boca torceu para cima.


- Não, preciosa, não sou um deles.


Ela ouviu os outros se aproximando. Virando a cabeça, ela os observou diminuir a velocidade quando se aproximaram dela e divisaram ao homem com quem ela falava.


O medo foi delineado explicitamente em suas faces de aparência agradável quando um deles sussurrou a palavra Dark-Hunter. Mantiveram-se para trás, como se debatessem o que deveriam fazer agora que o outro homem estava ali.


O recém-chegado estendeu a mão para ela.


Agradecida porque seu pesadelo estava terminando, e porque este homem finalmente os impedira de caçá-la ou machucá-la, Melissa tomou sua mão. Ele desdenhou com sarcasmo aos que a perseguiam quando a puxou para mais perto dele.


Cada pedaço seu tremia ante o alívio de ter sido resgatada.


- Obrigada.


Ele sorriu.


- Não, preciosa, obrigado você.


Antes que ela pudesse mover-se, ele a agarrou em seus braços e afundou as presas no pescoço dela.


O Dark-Hunter saboreou a vida e as emoções da estudante, enquanto bebia a essência da vida em seu corpo. Era pura e sem mácula… Era uma estudante formada que teria tido um brilhante futuro pela frente.


C'est la vie.


Saboreando seu sabor, ele esperou até que pôde ouvir e sentir os últimos poucos pulsos, apenas perceptíveis, que cessariam quando ela morresse. Ela se paralisou completamente contra ele. Pobre menina. Mas não havia nada mais doce que o sabor de inocência.


Nada.


Ele recolheu seu corpo nos braços e caminhou lentamente para os Daimons que a perseguiram.


Ele a estendeu ao que parecia ter a aparência de ser seu líder.


- Não há muito sangue, mas sua alma está ainda intacta. Bon appétit.


 


 


Capítulo 1


 


Katoteros


A morte estava sempre rondando através dos corredores daquele reino inferior, que existia muito mais à frente do alcance do gênero humano. Ela não se ocultava ali. Vivia ali. De fato, era um estado natural de ser. Como Harry para Katoteros, há muito tempo se acostumara a sua constante presença. Podia ver, ouvir, cheirar e provar a morte.


Todo mortal morre.


De fato, mesmo Harry havia morrido duas vezes só para nascer em seu estado atual. Mas quando ele olhava perdidamente para as estranhas névoas vermelhas do sfora (espécie de bola de cristal de Atlante que podia mostrar o passado, presente e futuro), ele sentia um pouco familiar pontada de dor.


Aquela pobre menina. Sua vida tinha sido muito breve. Ninguém merecia morrer pelas mãos dos Daimons, que chupavam as almas dos humanos para que pudessem prolongar suas curtas vidas artificialmente. E certamente nenhum humano merecia morrer por obra de um Dark-Hunter que fora criado somente para matar aos Demônios, antes que essas almas furtadas se perdessem no universo por sempre.


Era trabalho de todo Dark-Hunter proteger a vida, não tomá-la.


Quando Harry se sentou tranquilamente na luz tênue de seu quarto, queria sentir-se ultrajado por sua morte. Indignado.


Mas ele não sentiu nada. Nunca sentia nada. Só uma fria horrenda lógica, que não suportava emoções. Ele só podia observar a vida, nunca vivê-la.


O tempo andava para frente e nada mudava.


Era assim que as coisas funcionavam.


Mas a morte dela fora um catalisador para algo maior. Com as ações de Marco, ele tinha posto em movimento sua própria morte, justo como fez a garota ao decidir ficar estudando até tarde. E, assim como a garota, Marco não veria chegar sua morte até que fosse muito tarde que para evitá-la.


Harry negou com a cabeça ante a ironia. Era hora de voltar para a dimensão dos vivos e cumprir com seu dever. Marco e Kyros tentavam unir-se aos Dark-Hunters e converter-se para sua miserável causa, e eles não se deteriam até que os forçasse a isso. Seu plano era rebelar-se contra Artemis e Acheron. E o trabalho de Harry era matar qualquer um que se recusasse a usar a razão.


Ficando em pé, começou a afastar-se do círculo, quando viu que as imagens na parede ao redor dele mudavam. Vinham de onde estavam os Daimons e Marco.


Em seu lugar estava ela.


Harry fez uma pausa quando viu a Dark-Hunters francesa lutando com outro grupo de Daimons, longe de sua casa em Tucabello. Ela era intrépida e rápida, dançando ao redor dos Daimons que tentavam de matá-la. Seus movimentos eram belos e velozes, como um baile frenético.


Ela riu provocadoramente para eles e, por um instante, ele quase pôde sentir sua paixão. Sua convicção. Ela celebrava sua vida tão grandiosamente que seus sentimentos podiam estender-se ao longo das dimensões que os separavam, e quase conseguiam esquentá-lo.


Fechando os olhos, ele saboreou essa dolorosa e fugaz pontada de humanidade. Seu nome era Danger e havia algo a respeito dela que quase o tocava. E por alguma razão que ele não compreendia, não queria vê-la morrer. Mas isso era estúpido. Nada, nunca, poderia tocar o coração de Harry.


Mesmo assim, ele conseguia ouvir a voz de Acheron em sua cabeça.


Alguns deles poderiam salvar-se, e esses eram os únicos nos quais Acheron queria que ele focasse sua atenção. Salve aos que pode fazê-lo, meu irmão. Não pode decidir por alguém. Deixe-os escolher seus destinos. Não há nada a fazer pelos que não escutam, mas sim para os que o fazem. Vale à pena.


Possivelmente, mas o que mais o preocupava era o pouco que lhe importava se vivessem ou não. Dever. Honra. Existência. Essas eram coisas que ele conhecia.


Ele estava se tornando irresgatável. Quanto tempo mais passaria, até que ele se recusasse a fazer uma escolha? Isso deveria ser fácil, realmente. Aparecia de repente, derrotava-os, e voltava para casa.


Para começar, por que se desgastar tentando salvar alguém, quando eram os próprios Dark - Hunters que se condenavam?


Não, ele não era Acheron, apesar de tudo. Sua paciência se acabara há muito tempo. Já não lhe importava o que acontecia a qualquer um deles.


Mas enquanto ele observava Danger caçar ao último dos Daimons, ele sentiu algo. Foi rápido e ondeante, como um aborrecido espasmo.


Pela primeira vez em séculos, ele quis mudar o que estava por vir – só não sabia por que. Por que deveria importar-se?


Levantando a mão, descartou as imagens das paredes do círculo.


Mesmo assim, ele continuou vendo o futuro claramente em sua mente. Se Danger continuasse nesse curso, ela, assim como seus amigos, morreria durante o Krisi – o julgamento – que Harry logo levaria a cabo. A lealdade dela para com eles seria sua morte.


Mas ela não era a única que poderia perecer pelas mãos de Harry. Fechou seus olhos e chamou outro Dark Hunters em sua mente.


Kyros.


Ele estabelecia o curso para a queda não só de si mesmo, mas também de todos os outros.


Desta vez, não havia engano na dor que Harry sentiu. Foi tão inesperada, que realmente o fez sobressaltar-se. Era seu último resquício de humanidade, e ele estava aliviado de que ainda sustentasse até uma diminuta grama disso.


Não, ele só não podia ficar ali e ver o homem morrer. Não, se ele pudesse ajudá-lo.


- Nada, nunca, está realmente determinado pelo destino. Em uma piscada, tudo muda. Mesmo em um dia claro e ensolarado, o sussurro mais suave de vento pode converter-se em um furacão que destruiria tudo o que tocasse.


Quantas vezes Acheron dissera-lhe isso?


Estavam chegando a um ponto crítico outra vez, e Harry queria mudar o que estava escrito. Era estranho ter tais sentimentos vívidos agora, depois de tantos séculos sentindo absolutamente nada.


Sempre há esperança.


Sim, certo. Ele, por muito tempo, esquecera a sensação da esperança. A vida continuava. As pessoas continuavam. A morte continuava. A tragédia. O êxito. Tudo era um ciclo. Nada mesmo trocava.


E ainda sim, sentia-se diferente. Marco tinha se rebelado e havia auxiliado os Daimons. Não havia nada que fazer por ele. E o que era pior, havia outros que estavam rapidamente seguindo sua pista. Outros que permitiam a ele e Kyros desviar suas mentes da verdade. Os Dark Hunters do norte do Mississipi estavam se reunindo para rebelar-se contra Acheron e Artemis.


Isso era algo que tinha que ser impedido.


Com sua decisão tomada, ele saiu de seu quarto, no ponto mais extremo ao sul do palácio de Acheron, e dirigiu-se ao vestíbulo dourado que levava desde suas elaboradas dependências à sala do trono localizada no centro. O piso de mármore com nervuras negras era frio contra seus pés nus. Se ainda fosse humano, esse frio seria absolutamente devastador. Tal como era ele só podia reconhecer a temperatura, mas não senti-la realmente. E ainda sim, essa frieza parecia infiltrar-se por seu interior.


Alcançando a porta de doze pés de altura, feita de ouro, ele a empurrou para encontrar Acheron em seu trono enquanto seu demônio, Simi, jazia sobre o estômago em um canto afastado do quarto, assistindo a um canal de compras.


A demônio, que tinha a aparência de uma mulher humana ao redor dos vinte, estava vestida em vinil vermelho. Seus chifres instáveis correspondiam perfeitamente a suas roupas, e seu comprido cabelo negro caía escorrido pelas costas. Ela tinha uma gigante, e já quase vazia, bacia de pipocas nos braços enquanto sua cauda se movia ao redor da cabeça, se mexendo como os segundos de um relógio.


- Akri? - Exigiu a garota-demônio. - Onde está meu cartão?


Como sempre fazia enquanto estava em seu lar no Katoteros, Acheron vestia sua longa túnica negra aberta na frente, deixando descoberto seu peito e as calças de couro negro. A vestimenta era feita de uma pesada seda com o bordado de um sol de ouro cortado por três relâmpagos de prata nas costas – um sinal que tinha sido marcado em cima do ombro de Harry.


O comprido cabelo negro de Acheron caía solto, emoldurando seus ombros. Ele estava sentado sobre o trono dourado, acariciando um violão elétrico negro que soava perfeitamente sem a ajuda de um amplificador. A parede à sua esquerda tinha uma série de monitores de televisão, onde se apresentava o cartoon Johnny Bravo.


- Não sei Simi. - Acheron disse distraidamente. - Pergunte ao Alexion.


Antes que Harry pudesse alcançar o trono de Acheron, a demônio apareceu ante ele, revoando pelo ar, enquanto suas grandes asas negras e vermelhas se agitavam para suportar seu peso. Suas asas, como seus chifres e seus olhos, mudavam de cor de acordo com seu estado de ânimo e momentâneo humor. A cor de seu cabelo mudava também, mas isso estava associado à Acheron, por isso seus cabelos eram o tempo todo idêntico ao dele.


- Onde está meu cartão, Harry?


Deu a ela um paciente, mas severo olhar. Simi não era nada mais que um bebê quando Acheron a havia trazido para viver com ele, há nove mil anos atrás. Um dos deveres que Acheron lhe havia designado a ele foi ajudar a cuidar dela, e mantê-la longe dos problemas.


Sim. Isso quase soava impossível.


Isso sem mencionar que ele foi tão culpado por mimá-la quanto Acheron. Assim como seu chefe, ele não fizera nada para evitar. Havia algo naturalmente irresistível, simpático e irremediavelmente doce a respeito da demônio. Algo que o fazia amá-la como a uma filha. Em todos os mundos, ela e Acheron eram as únicas duas coisas que ainda faziam com que ele sentisse alguma emoção humana. Ele amava a ambos e morreria para protegê-los.


Mas como seu “outro” pai, ele sabia devia a Simi e ao resto do mundo que ensinasse a ela um pouco de moderação.


- Você não precisa comprar mais nada, Simi.


A resposta musical dela foi rápida e automática.


- Sim, eu preciso.


- Não. - ele insistiu - Não precisa. Já tem coisas de sobra para manter-se ocupada.


Simi fez beicinho enquanto seus olhos flamejavam agora vermelhos, e sua cauda dava golpes ao redor.


- Dê-me o meu cartão, Harry. Agora!


- Não.


Ela gemeu, voltou-se para Acheron e voou até seu trono. Repentinamente, o canal de compras apareceu em seus monitores.


- Simi… - disse-lhe Acheron. - Estava vendo outro canal.


- Simi quer seu Diamonique, akri, e ela o quer agora!


Acheron lançou um exasperado olhar para Harry.


- Dê-lhe os cartões de crédito. 


Harry olhou-o de volta.


- Ela está tão mimada, que se comporta egoisticamente. Deve aprender a controlar seus impulsos.


Acheron arqueou uma sobrancelha para ele.


- E quanto tempo gastou tentando de ensiná-la moderação, Harry?


Isso não merecia comentário. Havia coisas na vida que era certamente em vão. Mas a imortalidade era já suficientemente aborrecida. Tentar controlar Simi freqüentemente acrescentava uma grande quantidade de faísca a isso.


- Finalmente consegui que se sentasse diante da televisão tranquilamente. De certo modo.


Acheron girou os olhos.


- Sim, depois de cinco mil anos de tentativas. Ela é um demônio, Harry. A moderação não está em seu caráter.


Antes que Harry pudesse discutir, a caixa onde ele guardava os cartões de crédito de Simi apareceu no ar diante dela.


- Ahá! - Exclamou Simi em um tom muito contente, antes de agarrar a caixa e balançá-la entre os braços. Sua felicidade morreu quando se deu conta de que estava fechada. Ela imobilizou Harry com um olhar ameaçador.


- Abra-a.


Antes que ele pudesse recusar-se, a caixa se abriu.


- Obrigado, akri! - Simi gritou quando agarrou seus cartões, e logo partiu, revoando e dirigindo-se para seu telefone celular.


Harry fez um som de desgosto para Acheron quando a caixa desapareceu.


- Não posso acreditar que tenha feito isso.


Os monitores retornaram ao desenho animado. Acheron não disse nada enquanto se agachava, segurando seu violão negro, para alimentar aos diminutos pterygsauras que estavam pousados no braço do trono. A criatura pequena, alaranjada e parecida com um dragão, piou antes de alimentar-se. Harry não estava seguro de onde viera o pterygsauras. Mas durante os últimos nove mil anos, havia sempre seis deles na sala do trono. Também não tinha certeza se eram seis mesmo ou não. Tudo o que ele sabia, com certeza, era que Acheron amava e mimava seus mascotes, e como ele, Harry também o fazia.


Acheron aplaudiu a cabeça escamosa da criatura, enquanto esta se pavoneava e cantava alegremente; então, voltou a baixar o olhar a seu violão.


- Sei por que está aqui, Harry. - Disse ele, quando outra peça apareceu em sua mão. Ele dedilhou um acorde melodioso. - A resposta é não.


Harry compôs um cenho franzido que não sentia.


- Por quê?


- Porque não pode ajudá-los. Kyros fez suas escolhas há muito tempo, e agora ele tem que...


- Sandices!


Acheron fez uma pausa com a mão no meio do toque, logo lhe deu um olhar furioso. Os olhos de redemoinhos chapeados ficaram vermelhos vivo advertindo que seu lado destruidor estava vindo à tona.


Harry não importou. Ele servia Acheron há o suficiente para saber que seu professor não o mataria por insubordinação. Ao menos, por nada assim tão simples.


- Sei que sabe tudo isso, chefe. Eu aprendi faz muito tempo. Mas também me ensinou o valor de livre-arbítrio. Certo, Kyros fez algumas más escolhas, mas se eu for até ele, sei que o posso dissuadi-lo disto.


- Harry…


- Vamos, akri. Em nove mil anos, nenhuma só vez te pedi um favor. Nunca. Mas eu só não posso deixá-lo morrer como os outros. Tenho que fazer uma tentativa. Não entende? Nós fomos humanos juntos. Companheiros de armas, e em espírito. Nossos filhos brincavam juntos. Ele morreu salvando minha vida. Devo-lhe uma última oportunidade.


Acheron deu um pesado suspiro quando começou a tocar Every Rose Has it Thorn


- Bem. Vá. Mas lembre-se: não importa o que ele diga, não é sua culpa. Eu sabia que este momento chegaria desde o dia que ele foi criado. As escolhas são dele. Não pode aceitar a responsabilidade de seus enganos.


Harry entendeu.


- Quanto tempo me dá?


- Você conhece os limites de sua existência. Não pode ter mais de dez dias antes que tenha que retornar. Ao final do mês, deve dar-lhes minha sentença.


Harry inclinou a cabeça.


- Obrigado, akri!


- Não me agradeça isso, Harry. É um trabalho desagradável o que lhe envio a fazer.


- Sei.


Acheron ficou olhando em seus olhos. Havia algo em seu olhar fixo que era diferente desta vez. Algo… Ele não sabia o quê, mas dava-lhe calafrios.


- O que? - Perguntou ele.


- Nada. - Acheron voltou a tocar o violão.


O estômago do Harry se contorceu de apreensão. O que o chefe sabia que não compartilhava?


- Eu realmente odeio quando não me conta as coisas.


Acheron sorriu abertamente ante isto.


- Eu sei.


Harry deu um passo para trás, tendo a intenção de retornar ao seu quarto, mas antes que pudesse dar a volta, ele sentiu que ia escorregar. Em um minuto ele estava na sala do trono no Katoteros e, no seguinte, ele descansava de barriga para baixo sobre uma rua fria e escura.


A dor golpeava dentro dele em ondas sonoras de agonia, levando seu fôlego, enquanto sentia o asfalto duro e áspero contra o rosto e as mãos.


Como uma Sombra no Katoteros, ele realmente não havia sentido ou experimentado nada assim. A comida não tinha sabor, seus sentidos eram todos apagados. Mas agora que Acheron o tinha colocado no mundo humano…


Ow! Tudo doía. Seu corpo, sua pele. Sobretudo, seus joelhos esfolados.


Harry deu a volta e esperou que seu corpo completasse a transição e voltasse para seu controle outra vez. Sempre havia um ardor quando ele vinha a terra, um breve período no que ele devia acostumar-se a respirar e viver outra vez. Com seus sentidos acordados, Harry deu-se conta de que podia ouvir pessoas brigando a seu redor. Isso era uma batalha?


Acheron tinha feito isso a ele umas poucas vezes no passado. Algumas vezes era mais fácil lhe deixar cair inadvertido no meio do caos. Mas isto não se parecia com uma zona de guerra. Via-se como… um beco.


Harry ficou em pé e logo se congelou quando percebeu o que ocorria. Havia seis Demônios e um humano brigando no beco. Ele tentou enfocar sua vista para estar seguro, mas tudo ao redor dele era ainda impreciso.


- Valeu chefe. - Disse Harry, em voz baixa. - Se necessitar óculos, arruma, por que mal posso ver uma merda agora.


Sua vista se esclareceu instantaneamente.


- Obrigado. Mas seria bom uma pequena advertência antes que mandasse meu traseiro aqui embaixo. - Ele endireitou seu casaco comprido e branco de cachemira com um puxão. - A propósito, não poderia, só por uma vez, me deixa cair em uma La-z-boy, ou sobre uma cama?


Tudo o que ele ouviu foi o som de uma gargalhada curta, mas maliciosa, de Acheron em sua cabeça. Acheron e seu doentio senso de humor. Ele podia ser um enorme bastardo quando queria.


- Muito obrigado. – Harry deixou escapar um comprido e irritado suspiro.


Voltando sua atenção à briga, ele se centrou no grupo. O humano era um tipo baixo, provavelmente não mais alto que um metro e sessenta e cinco, e parecia estar em perto dos vinte anos. Quando o homem girou para ele e Harry viu seu rosto, ele se deu conta de quem era. Keller Mallory, um Escudeiro dos Dark-Hunter, uma das pessoas que ajudam a ocultar e proteger a identidade dos Dark-Hunter dos humanos.


Supunha-se que os Escudeiros não se ocupassem dos Daimons, mas desde que os Escudeiros estavam integrados no mundo dos Dark Hunters, eram propensos a ser utilizados como alvos.


Aparentemente, esta era à noite em que Keller conseguiria que lhe chutassem o traseiro.


Harry se equilibrou sobre o Daimon que se aproximou pelas costas de Keller. Ele agarrou o Daimon, e o jogou para longe do Escudeiro.


- Fuja! - disse Keller a ele.


Sem dúvida o Escudeiro pensou que ele fosse um humano, também. Harry chutou uma adaga descartada na rua e a apanhou em seu punho. Desfrutando da “realidade” da briga, ele a lançou diretamente ao coração do Daimon, que rapidamente explodiu em um pó dourado. A adaga caiu com um estrépito. Harry estendeu a mão na direção da adaga, que imediatamente levantou vôo de volta a seu punho.


Keller o encarou, boquiaberto.


Distraído, Harry não percebeu que um dos Daimons se aproximava correndo à suas costas, pronto para enterrar uma adaga entre suas omoplatas. Franzindo os lábios com desgosto, Harry sentiu seu corpo explodir e dissolver-se. Ele odiava quando acontecia isto. Não era tão doloroso, como era irritante e desconcertante.


Dois segundos mais tarde, seu corpo se rematerializou.


Com expressão aterrada, Keller tropeçou em sua pressa de afastar-se dele.


Bem, o recreio terminara.


Os Daimons restantes tentaram fugir da morte certa, mas só tiveram alguns segundos antes que seus corpos explodissem também. Só que não se materializariam outra vez.


Ainda não apaziguado pela confusão que tinham causado, Harry endireitou seu casaco com um puxão nas lapelas.


Daimons… eles nunca aprendiam.


O rosto do Escudeiro empalideceu, enquanto retrocedia e o fitava com horror.


- Que diabos é você?


Harry caminhou tranquilamente em direção a Keller, e lhe estendeu a adaga.


- Sou o Escudeiro de Acheron. - Era quase a verdade. Bem, não realmente. Era uma mentira, mas Harry não tinha intenção de deixar que soubesse sua verdadeira relação com Acheron.


Não que isso tivesse importância. Keller não engoliu a mentira.


- Infernos! Todo mundo sabe que Acheron não tem Escudeiro.


Sim, correto. Se todos sobre terra colocassem juntas todas as informações corretas que acaso tivessem sobre Acheron, não encheriam o dedal de uma fada. Harry fez uma tentativa para não rir do pobre homem que pensava que entendia tudo o que acontecia a seu redor, quando na verdade não sabia merda nenhuma.


- Aparentemente, todos estão equivocados, uma vez que estou aqui, enviado a você por seu próprio chefe maior.


O jovem, atleticamente constituído, o examinou dos pés a cabeça.


- Por que você está aqui?


- Sua Dark Hunters, Danger, foi chamada por Acheron, e como ele está ocupado, eu fui enviado para comprovar como estão as coisas, e lhe reportar o que está se passando. Assim, aqui estou eu. A alegria, oh, a alegria de minha vida.


Isso não pareceu apaziguar ao homem absolutamente, mas aquele comentário sarcástico raramente era calmante. Embora, para ser honesto, Harry encontrava muita diversão nisso. O que provavelmente era uma boa coisa, já que o sarcasmo era a língua nativa de Acheron.


- E como sei que não está mentindo? - perguntou Keller, seus olhos ainda cheios de dúvida.


Harry se esforçou para não rir. O homem era preparado. Era tudo uma mentira. Acheron sabia exatamente o que estava acontecendo… a todo o momento. Mas era verdade que seu chefe não podia vir em pessoa. Não enquanto todos os Dark-Hunter na área suspeitassem dele. Nunca acreditariam na verdade dos lábios de Acheron.


Se eles escolhessem conscientemente e sobreviver a isto, precisavam ouvir a verdade de uma terceira parte imparcial, e era por isso que ele tinha vindo. Sua meta era salva-los de sua própria estupidez.


Contanto que não fossem categoricamente estúpidos.


Harry tirou um pequeno celular do bolso.


- Ligue para Acheron você mesmo, e ouça a verdade.


 


 


Capítulo 2


 


- Estou dizendo a verdade, Danger. Acheron vai matar a todos nós. Sabemos demais a respeito dele, e não se atreverá a nos deixar com vida.


Dangereuse St. Richard estava no saguão da mansão pré-guerra de Kyros, nos subúrbios de Aberdeen, Mississipi, com seus braços cruzados sobre o peito. Ela nunca tivera muita paciência com o antigo grego Dark-Hunter. Essa noite, ela não estava com humor para suas bobeiras, especialmente não depois das histórias que tinha ouvido sobre a mudança de bando de Kyros, que permitia que os Daimons vivessem; ouvira isso dos lábios dos Demônios que ela transformara em pó fazia apenas algumas horas, naquela mesma noite.


Ela não tinha paciência com ninguém que traísse o Código dos Dark-Hunter.


O trabalho exclusivo de um Dark-Hunter era matar Daimons que fossem antigos membros da maldita raça Apolita – filhos de Apolo, que o tinham ofendido e foram condenados a viver na noite, e morrer à idade de vinte e sete anos. Se os Apolitas decidiam começar a sugar almas humanas antes desse aniversário, convertiam-se em Daimons que viviam indefinidamente. Mas por cada Daimon que vivia, incontáveis almas humanas morriam.


Isso era algo que ela se negava a tolerar. Se ela tivesse que matar Kyros para isso, o faria. Mas se um Dark-Hunter matava a outro, este obtinha uma morte instantânea. Ela nem sequer podia atacá-lo. O que fizesse a ele, ela o experimentaria dez vezes pior.


Obrigado, Artemis, por esse particular presente.


Até que Acheron respondesse a sua chamada de auxílio, não havia nada que ela pudesse fazer para impedir a loucura de Kyros.


De fato, ela podia sentir como se drenavam seus poderes simplesmente de estar no mesmo quarto com Kyros. Aos Dark Hunters não era permitido gastar qualquer quantidade significativa de tempo conjuntamente sem esgotar os poderes de cada um.


O quarto em que ela e Kyros estavam era escuro, e deveria estar decorado com antiguidades em lugar do mobiliário moderno que chocava estrepitosamente com o desenho neoclássico da casa. As paredes estavam pintadas de um profundo ouro pré-guerra, enquanto os tetos rasos sujeitavam deliciosos medalhões brancos. A madeira do piso estava cheia de arranhões sob seus pés, e evidenciava a necessidade de reparação. Que estranho que um Escudeiro não tivesse mais cuidado com a propriedade de um Dark Hunters.


Mas isso não vinha ao caso. Ela tinha um negócio muito mais premente com Kyros que o fato de que ele não tinha gosto, e que seu escudeiro claramente não tinha entendido a descrição de seu trabalho.


- De acordo, Kyros. - Ela falou lentamente, escolhendo as palavras com cuidado. - Acheron é um Daimon que se alimenta dos humanos, e todos nós fomos criados somente com o fim de que ele pudesse fazer uma guerra com sua mãe, à rainha Demônio, da qual nenhum Dark-Hunter alguma vez ouviu falar. Uh-huh.


Ele golpeou com a mão a escrivaninha de madeira de cerejeira sobre a qual ele se sentava.


- Maldição, mulher, me escute. Tenho algo mais de nove mil anos de idade. Estava ali no começo, um dos primeiros Dark-Hunters a ser criado e eu recordo histórias da Apollymi de minha infância. Ela era chamada a Destruidora e ela era Atlante… igual à Acheron.


Isso era uma coincidência. Dois Atlantes não fazem um clã familiar. Ela com toda segurança não era a única Dark-Hunter francesa, nem sequer tinha sido a única em sair da Revolução Francesa, e nenhum deles se relacionava grandemente.


Kyros necessitava de muito mais provas do que essa para convencê-la de que Acheron era o filho desta odiosa rainha Atlante.


Olhou-o com aborrecimento.


- E esta Destruidora Atlante agora está guiando os Daimons, e enviando-os para brigar contra Acheron, que está simplesmente nos usando e aos humanos como carne de canhão para proteger-se? Realmente, Kyros, deixa de fumar… ou comece a escrever novelas fantásticas para crianças. - Ela se inclinou para frente e sussurrou. - Apostaria que sabe exatamente quem conspirou para matar Kennedy, huh? Estou segura que o dinheiro de D. B. Cooper é o que financiou sua sensacional coleção de mobiliário.


Ele se levantou de um salto e aproximou-se dela.


- Não seja condescendente. Sei que tenho razão. Alguma vez viu Acheron comer comida? Todos nós sabemos que ele é bastante mais poderoso que o resto de nós. Nunca se perguntou o por quê?


Essa era fácil.


- Ele é o mais velho, e teve seus poderes por muito mais tempo que o resto de nós. Já conhece o dito “a prática faz o professor”, e esse homem teve muita prática. Com relação à comida, não estive ao redor dele o suficiente para me dar conta.


- Sim, bem, pois eu estive com ele mais de uma vez, e enquanto Brax e eu comíamos, ele nunca o fazia. Depois que fomos criados, Acheron pôs por escrito suas estúpidas regras e o resto de nós as acatamos cegamente durante séculos, sem questionar-se ou a ele. É hora de começarmos a pensar por nós mesmos.


Ela riu com sarcasmo.


- E o que causou repentinamente esta grandiosa epifanía?


Kyros riu maliciosamente, um brilho horripilante no olhar.


- Quer saber mesmo?


- Pourquoi pas? Por que não?


- Stryker!


Danger o olhou carrancuda ante seu grito. Meio minuto depois, algo cintilou com um brilho intermitente no quarto, ela teve que afastar-se para evitar que seus olhos sensíveis, olhos de Dark-Hunter ardessem. Mas o cabelo na parte de atrás de seu pescoço se levantou, como ela sentisse a presença repentina de um Daimon no quarto. Chiando com raiva, ela tirou a adaga de sua bota e se endireitou para enfrentá-lo.


Kyros agarrou seu braço.


- Não. Não o faça.


Ela se enfureceu ante suas ações.


- Convida um sujo Daimon a sua casa?


A pergunta apenas havia deixado seus lábios antes que a sensação do Daimon cessasse. O recém-chegado ainda permanecia ali, mas não os sinais de alarme que anunciavam a presença do Demônio a um Dark-Hunter.


Um mau pressentimento passou através de Danger, enquanto observava o recém-chegado. Assim como Acheron, media mais de dois metros, com o comprido cabelo negro caindo ao redor de seus ombros, e trazia um par de óculos escuros sobre seus olhos.


- O que está acontecendo aqui? - Perguntou a Kyros.


Kyros a soltou.


- Sim. Eu tampouco acreditei nisso, ao princípio. Mas ele pode camuflar ao Daimon em si mesmo a fim de que não possamos sentir sua presença.


- Como? - Ela perguntou.


O Daimon sorriu, mostrando a ela um par de presas.


- É um traço que corre em minha família. Minha mãe pode fazê-lo. Eu posso fazê-lo, e meu irmão também o pode fazer.


Franzindo o cenho aos dois homens, ela não entendia do que estava falando. Não até que ele tirou os óculos escuros e deixou à vista um par de olhos de redemoinhos de prata que ela só tinha visto em uma pessoa antes.


Acheron Parthenopaeus.


- Ele é o irmão do Acheron. - disse Kyros, como se pudessem ouvir seus pensamentos. - Ele me contou muitas coisas sobre nosso valente líder que me deixaram gelado. Acheron não é quem, ou o que, você pensa que é ele e nem sequer o somos nós.


 


- Então, como é aquela coisa que fez que todos aqueles Daimons explodissem?


Sentado perto do escudeiro que conduzia de volta à casa de Danger, Harry se surpreendia de como Keller continuava falando incansavelmente com perguntas e comentários. O homem tinha três velocidades de discurso: rápido, supersônico, e cale-se-antes-que-meu-cérebro-exploda. Sempre lhe disseram que os sul-americanos falavam lentamente, muito lentamente.


Aparentemente, isto era um mito.


Ele não tinha tido dor de cabeça desde que ele deixara de ser humano, mas pela primeira vez em nove mil anos, ele começava a sentir uma dor palpitante em suas têmporas.


Mais irritante que uma criança aprendendo a falar, Keller continuou, tomando velocidade a cada palavra.


- Vamos você não me respondeu e eu tenho que saber. Sabe, se nós pudéssemos fazer pedaços de Daimons com o pensamento seria muito mais fácil. Pode imaginar a todos nós simplesmente olhando-os e boom! Estão mortos. Tem que me dizer como faz isso. Vamos. Eu tenho que saber, sim?


Harry flexionou sua mandíbula antes de responder.


- É um segredo de fábrica.


- Sim, mas estou no negócio. Os escudeiros precisam saber, também. Além disso, nós não somos imortais, assim deveríamos saber também, não acha? Vamos, me diga como o fez.


Harry cravou os olhos nele como advertência.


- Até poderia te mostrar, mas te mataria ao fazê-lo. - Bem pensado, essa não era tão má idéia…


Ele abriu sua boca para dizer-lhe isso.


- Não o faça.


Harry grunhiu ao escutar a voz de Acheron em sua mente.


- Ash, ou vem aqui e o faz você mesmo, ou permanece fora de minha cabeça.


- Certo, será só você de agora em diante. Eu fico fora. Vou jogar solitário ou algo.


Sim, claro. Acheron jogando um jogo. Como se ele tivesse um minuto de sobra.


Keller entrou no caminho que dava acesso a uma pequena mansão no noroeste de Tupelo, que era o domínio de Dangereuse. A Dark-Hunters tinha sido atribuída a essa área nos últimos cinqüenta anos, ou algo assim. Sua casa foi desenhada como um autêntico castelo francês, com um pátio que foi feito para ressaltar o lado esquerdo da casa.


Keller pressionou o controle em seu Mountaineer verde escuro para abrir a porta da garagem.


- Bem, que assim seja. Não me conte, mas quando me matarem vou voltar para te perseguir por não ter feito nada quando poderia me salvar. Sabe isso não está certo. - Ele introduziu o SUV verde escuro na garagem, e logo fechou a porta atrás deles.


Embora fosse uma garagem de três carros, não havia nenhum outro. Ele tinha dado como obvio que Dangereuse teria retornado antes.


- Onde está sua senhora esta noite?


- Não tenho idéia. Ela saiu aproximadamente uma hora após o pôr do sol, e eu não ouvi nada após isso. Gostaria que ela estivesse aqui, entretanto, para agarrar esses Daimons. Pensei que estava frito, até que apareceu de repente no beco. E falando de fazer uma visita curta e de improviso, como o fez, de qualquer maneira? De onde saiu? Sei que teve que ter algum meio para vir, sabe?


Harry saiu do carro lentamente enquanto tratava de orientar-se. Ele só tinha visto o alojamento dela uma ou duas vezes na esfera. Mas as coisas pareciam muito diferentes em pessoa que através da distorção da névoa.


Keller estalou seus dedos quando rodeou o SUV.


- Está me ouvindo? Como chegou a Tupelo sem carro?


-Tenho aptidões especiais.


- É um desses tele - transportadores?


Harry respirou profundamente em busca de paciência, a qual se esgotava rapidamente neste novo corpo. Essa era a parte mais dura sobre o Krisi – o julgamento – e chegar a terra. Ele não estava acostumado a todas as cores chamativas, sons, e as emoções que se infiltravam através de um corpo verdadeiro. Às vezes, ele estava tão excitado como uma criança que começa a dar seus primeiros passos; uma criança que tem a capacidade de derrubar uma cidade se ficasse o suficientemente bêbado.


Keller era mais curioso e inquisitivo que Simi em seu pior dia. E isso era algo realmente incrível.


- Não me faça mais perguntas, Keller. Só vai ouvir mentiras, e prefiro não me estressar tentando lembrar as mentiras que te contei.


Bufando ante isso, Keller o fez entrar na casa, decorada em estilo retro-contemporâneo. O pequeno vestíbulo que levava da garagem à cozinha estava pintado de um arroxeado escuro.


Keller jogou suas chaves em uma cesta no balcão.


- Por que iria querer mentir para mim?


- Não quero. - Ele disse ironicamente. - Por isso pedi para que não me perguntasse mais nada.


O Escudeiro bufou.


- Está com fome? Quer comer ou beber alguma coisa?


Harry suspirou ante o repetitivo do homem. Keller tendia a perguntar tudo ao menos duas vezes.


- Não. - Harry olhou ao redor da cozinha amarela escura. Havia muito que fazer, e ele necessitava que Danger retornasse a casa a fim de que ele pudesse começar. Kyros já seguia o plano usual de jogo dos Dark-Hunters no passado. Há uma semana, ele tinha começado a demandar Dark-Hunters para que se congregassem no centro e os arredores do Aberdeen, Mississipi, a fim de convencê-los de sua forma de pensar.


Era um ciclo familiar. Em todos os poucos séculos, uma grande quantidade de Dark-Hunters encontravam o amor e se liberavam de seu serviço a Artemis. Inevitavelmente, um dos mais antigos Dark-Hunters restantes pensava que tinha encontrado o porquê disto, e a cada vez que isto acontecia, Acheron sempre era culpado por enganá-los. O ciúme e o aborrecimento era uma mescla letal que podia criar as falsas ilusões mais bizarras. Convencido de seu raciocínio, o Dark-Hunter contataria a outros, com a intenção de conduzir a si e aos outros à liberdade também, o que queria dizer que todos eles se voltariam contra Acheron.


Harry seria enviado então para salva-los ou declara-los culpados... E matá-los.


A princípio, enquanto ele estava em seu próprio corpo humano, sentira-se como um traidor para os de sua classe, e ainda assim entendia que era necessário. A ordem deve ser mantida custe o que custar. Os Dark-Hunters tinham, à sua maneira, muito poder sobre a humanidade para que começassem a abusar disso.


Havia poucos seres no universo que podiam lutar contra um Dark-Hunter e viver, e os humanos não eram um deles.


Mas desta vez… desta vez algo era diferente. Ele sentia isso profundamente em seu interior, e não era somente porque Kyros estivesse envolto. Havia algo aí.


Algo mau.


Keller ainda falava, entretanto, para ser honesto, Harry não escutava. Seus pensamentos estavam em outras coisas. Ele fez uma pausa enquanto caminhava pela sala de estar e viu uma velha foto sobre a toalha. Era um retrato familiar de um homem maior, um jovem, e dois meninos pequenos – um menino e uma bebê. Pintado ao ar livre no que parecia ser um pátio muito similar ao que ele tinha visto ao lado da casa, era óbvio que o retrato era de final do século dezoito.


Devia ter sido a família de Danger.


Dangereuse se tinha convertido em uma Dark-Hunter durante a Revolução Francesa. Seu marido traíra seu pai, e os nobres filhos de seu pai ao Comitê. Ela levá-los escondidos de Paris para a Alemanha, quando todos foram capturados. Ele tremeu ante o destino que os havia tocado.


- Que roupa vai vestir amanhã? - Perguntou Keller quando se moveu para ficar diante dele. - Não trouxe nada, não é? - Arqueando uma sobrancelha, Harry percorreu com o olhar as roupas em seu corpo. - Quero dizer outras roupas. - Keller estalou. - Por Deus, não seja tão literal.


Harry encontrou o olhar fixo do Escudeiro. Keller era um aporrinho, embora fosse um homem amável. Nem sequer se incomodou.


- Serão entregues.


- Por quem? Trouxe um Escudeiro com você, ou algo assim? Quer dizer, como funciona isso? Um Escudeiro para outro Escudeiro?


Um canto da boca do Harry se levantou quando pensou em Simi, que constantemente trazia coisas para ele, pensando que ele poderia querê-las ou precisá-las.


- Definitivamente, algo assim.


Keller o olhou carrancudo.


- Sim, que seja. Se me seguir, vou levá-lo até um quarto onde pode dormir. É realmente bonito. Acheron o usou algumas vezes, sempre que ele esteve aqui no passado, mas há tempos que não o vemos. Bom, eu nunca o vi aqui pessoalmente, mas Danger me contou que ele esteve aqui antes. Acho que a última vez foi antes que eu nascesse. Ou talvez não. Algumas vezes misturo as histórias de Danger. Já te aconteceu isso, com Acheron? Com certeza ele tem milhões de histórias para contar, já que ele é mais velho que a sociedade. A casa dele deve ser realmente linda, né?


Girando os olhos, Harry esfregou o polegar contra a têmpora, enquanto Keller falava incansavelmente.


Quando deixaram à sala de estar e se dirigiram para as escadas, Harry apanhou um débil rastro de magnólias no ar. Estava mesclada com alguma outra coisa… definitivamente feminino. Este devia ser a essência da Dark Hunters, e seu corpo reagiu instantaneamente.


Ele sentiu-se quente, e com uma repentina necessidade. Em sua casa em Katoteros, não havia ninguém com quem ter relações sexuais. Nada exceto as longas noites solitárias, que o deixavam nervoso e excitado. O único benefício de ser enviado a sentenciar, era que usualmente tinha um ou dois dias para encontrar uma mulher e aliviar-se.


Tinha preocupações muito mais prementes do que ter relações sexuais... Infelizmente. Bem, era uma teoria de qualquer maneira, mas a julgar pela ereção palpitante que ele tinha no momento, ele definitivamente a discutiria.


- Há quanto tempo serve Dangereuse? - perguntou ao Escudeiro.


Era incomum para um homem ser Escudeiro de uma mulher. Normalmente, os humanos que dirigiam o Conselho dos Escudeiros proibiam que um escudeiro homem que servisse a um Dark-Hunter, se o Escudeiro pudesse sentir-se sexualmente atraído pelo Dark-Hunter. Já que os Dark-Hunters e os Escudeiros tivessem uma relação platônica, como se supunha o Conselho sempre dava ao Dark-Hunter um escudeiro que fosse o contrário do que sexualmente atraía a ele, ou ela.


Isso o fazia perguntar-se se Dangereuse poderia sentir-se atraída pelas mulheres, ao invés homens.


- Aproximadamente três anos. Meu pai é o Escudeiro atual de Maxx Campbell, na Escócia, e depois que me graduei na universidade, pensei que gostaria de unir-me ao negócio familiar, entende?


Keller continuou adiante sem pausa.


- Gostaria ter crescido aqui, mas quando era criança, papai foi enviado a Little Rock, para servir ao Dark Hunter Viktor Russenko, que foi assassinado há uns anos atrás. Você o conhecia?


- Sim.


- É uma vergonha o que fizeram a ele. Algum Daimon o apanhou sozinho e saltou sobre ele. Pobre homem. Ele não teve nenhuma chance. Foi horrível, sabe então o Conselho pensou que meu pai precisa uma mudança de ares. Creio que a Escócia foi um bom movimento para ele. Maxx parece ser um Dark-Hunter realmente tranqüilo. Também o conhece?


Harry assentiu ante o nome. Ele sabia muito sobre o Highlander Dark-Hunter que tinha sido recentemente enviado de Londres para Glasgow.


- E como seu pai está indo por lá?


- Está bem, mas estranha um pouco o lugar. Falam de uma maneira graciosa ali e não muitos podem entender seu acento. Ele realmente soa como um sulista.


Agora ali estava a panela descrevendo ao caldeirão.


Keller continuou falando incansavelmente quando se deteve em um dormitório médio que tinha um banheiro contíguo. Harry pressionou sua cabeça como se sentisse algo estranho atravessando-o. Era frio, quase sinistro, e ele não conseguia localizá-lo.


Se não o conhecesse melhor, ele pensaria que era…


- Acheron? - Ele lançou a chamada mental fora através das dimensões.


Seu chefe não respondeu. E assim como a sensação chegou, foi-se.


Que estranho.


 


 


Capítulo 3


 


Danger não sabia em que acreditar, enquanto dirigia de volta para casa. Ela tinha passado muito tempo com Kyros, e seus poderes tinham diminuído muito mais do que ela deveria ter permitido. Seu corpo estava débil e doente e, na verdade, não queria nada mais que recostar-se um pouco, e dar a si mesmo tempo para recuperar-se.


Sobre tudo, necessitava de tempo para pensar sobre tudo o que fora dito esta noite. Para ser honesta, Stryker tinha exposto alguns argumentos bem convincentes.


- Você foi treinada para acreditar que todos os Daimons são maus e só querem fazer mal aos humanos. Pois bem, últimas notícias, nós não somos os únicos maus. Acheron também é. Ele foi expulso de nosso lar, Kalosis, porque mesmo nossa mãe já não podia suportar seus assassinatos desenfreados. É por isso que ele te usa para nos matar agora. Ele quer vingar-se em nós. Seus poderes diminuem quando estão juntos porque Acheron tomou suas almas e as devorou. É por isso que é permitido aos primeiros Dark-Hunters permanecer juntos. Ao princípio, suas almas estavam mortas. Ele as tinha, na realidade. Mas depois de que Acheron comeu as almas do Kyros e Callabrax… então se tornaram como o resto de vocês, e já não podiam mais estar juntos sem que isso reduza drasticamente seus poderes.


Ainda, isso não tinha sentido para ela.


- Você goste ou não, garotinha, suas almas estão mortas. É por isso que não pode estar em um quarto com outro ser carente de alma. A energia que te sustenta, isso que te mantém em movimento, entra em conflito com a energia do outro ser carente de alma. Por que pensa que não perde seus poderes ao lado de um Daimon? Temos uma alma dentro de nós, e isso é o que nos permite ficarmos juntos sem dano. Por isso é que pode estar perto de Acheron sem drenar seus poderes, e por isso Acheron pode entrar em um cemitério e não pode ser possuído. Ele, diferente de você, tem uma alma roubada dentro dele.


Danger ainda tinha sido cética.


- Isso não faz sentido. O que me diz a respeito de Kyrian e dos outros Dark-Hunters que recuperaram suas almas?


A resposta de Stryker tinha sido automática.


- Não recuperaram suas almas, deram-lhes as de alguém.


Esse tinha sido o pensamento mais ridículo de todos.


- Sim, claro. Todos sabem que no momento em que uma alma entra em um corpo que não é o seu, ela murcha e morre em questão de semanas. Kyrian já faz anos que recuperou sua alma.


Stryker rira maliciosamente ante isso.


- Isso não é verdadeiro, se a alma provier de um bebê que ainda não nasceu. É por isso que os Daimons cobiçam tanto às mulheres grávidas. Se você tomar a alma de um desses bebês, ela pode te sustentar até que o corpo morra.


Aquelas palavras a deixaram gelada. Fazer tal coisa era uma abominação.


Ela ainda não estava segura de que isso seria possível.


- Como Acheron pôde obter uma alma assim? - Ela tinha perguntado.


- De onde pensas que vêm os medalhões que ele está acostumado a dar, para restaurar um Dark-Hunter a seu estado humano prévio? Nossa mãe é a guardiã de almas. A palavra grega para “Destruidor” é a palavra Atlante para “alma”. Seu povo assumiu que Apollymi era a deusa da destruição, mas na verdade, ela é uma guardiã de almas. Meu irmão usa um demônio para roubar essas almas cada vez que ele necessita de uma. Ele devolve as almas a um punhado de vocês de quando em quando, a fim de que o resto de vocês continue lhe obedecendo. Ele sabe que você tem que ter esperança, para que não se voltem contra ele. É por que isso que você deve ir a ele sempre que querem ser liberados. Ele faz toda essa merda de “tenho que transmitir a petição a Artemis”, quando na verdade o que ele tem que fazer é forçar a entrada no templo de nossa mãe e roubar uma nova alma. Confie em mim, não há Artemis a quem fazer uma petição.


Todo isso soava tão absurdo.


A verdade é mais estranha que a ficção.


Isso era bastante claro, e ela não podia fechar os olhos. Ninguém tinha esses olhos místicos, instáveis e de prata exceto Acheron… e Stryker. Ambos tinham o cabelo negro, o qual Stryker havia tornado loiro antes de seus olhos.


- Por que acha que nunca viu Acheron com o cabelo loiro? Ele teme que o vejam e reconheçam o Daimon que é.


Danger virou seu carro rua abaixo, dirigindo-se a sua casa. Tudo em que sempre acreditara sobre o mundo dos Dark Hunter, e seu lugar nele, agora era incerto. Ela odiava Kyros por isso. Como humana, tinha permitido a um homem que mentisse e destruísse tudo o que ela amava.


Permitiria que outro homem lhe fizesse o mesmo?


Em quem podia confiar? Quem não estava mentindo?


- Por que não fez com que Stryker me matasse por te trair? - Perguntara a Kyros, depois de ouvi-los dizer que sabiam que ela tinha chamado Acheron para reportar suas duvidosas atividades com os Daimons.


Ele tinha rido dela.


- Queria que dissesse a ele. Foi por isso que pedi ao meu escudeiro para contar ao seu que me converti em rebelde. Confie em mim, Danger. - havia-lhe dito Kyros. - Acheron não virá aqui e nos enfrentará. Ele está muito assustado.


Stryker concordara.


- Ele está correto. Chamou Acheron porque se preocupava com o fato de que tinha ouvido que Kyros estava ajudando aos Daimons, e não os matando. Agora, Acheron enviará seu peão para, supostamente, “investigá-la”. O homem loiro será alguém que dirá ser o Escudeiro de Acheron, embora todo mundo saiba que Acheron não tem um. Em vez de Escudeiro, ele é o executor de Acheron. Você o reconhecerá imediatamente. Ele se estará usando um casaco branco.


Ela tinha girado os olhos ante eles.


- Um casaco? Sim, claro. Isso é não só pegajoso, é estúpido.


- Não. - dissera Kyros. - Para os gregos e os atlantes, branco é a cor do luto.


Stryker inclinou a cabeça.


- Este chamado “Escudeiro” é, essencialmente, o anjo da morte de Acheron e ele matará a todos os que sabem a verdade a respeito de Acheron, a menos que matemos ambos primeiro.


Assassinar Acheron. Essa idéia tinha feito seu estômago se contorcer de dor.


Acheron sempre fora amistoso com ela. Fora ele quem tinha vindo a ela depois que vendera sua alma a Artemis, para vingar-se de seu marido. Tinha-lhe ensinado como brigar e como sobreviver. Acheron a tinha introduzido neste mundo com uma grande quantidade de cautela.


Ou assim lhe tinha parecido.


- Como sabe que foi para Artemis que vendeu sua alma? - perguntara Stryker - Acheron poderia fazer-se passar por qualquer cadela ruiva como à deusa... Quem saberia? Não é como se algum de vocês a tivesse encontrado antes ou depois do momento que venderam sua alma. Confie em mim. Artemis está morta há muito tempo, e a mulher que os converte em Dark-Hunters pode ser qualquer uma que seja a puta de Acheron naquele momento.


Mas se Stryker estivesse certo, Acheron estava por trás de tudo isso. Acheron os teria desenhado a fim ter seu próprio exército para brigar com os Daimons que estavam ali fora para lhe matar por lhes declarar guerra.


Só que isso não combinava com o Acheron que ela conhecia. Entretanto, o Acheron que ela conhecia era extremamente reservado, ao extremo de ser paranóico. Ninguém sabia absolutamente nada a respeito dele. Ninguém. Ele não confessaria sua verdadeira idade nem que ela o perguntasse.


Então, Kyros tinha revelado um fato com o qual não podia discutir.


A peça de evidência que não deixava lugar a dúvidas…


- Em todos os séculos que vivi só soube que Acheron tivesse um amigo, esse escudeiro de New Orleáns, Nick Gautier, que servia somente à Kyrian de Tracia, antes de Kyrian tornar-se humano outra vez. Todo mundo assumiu que, por sua amizade com o Acheron, Nick era completamente intocável. Então faz uns meses, como caído do céu, algum Daimon assassinou brutalmente à mãe de Nick, e ele desapareceu sem deixar rastros. Eu sei que foi Acheron quem o fez, Danger. Nick deve ter descoberto algo sobre ele, e Ash assassinou a ambos para cobrir seus rastros.


Isso era difícil refutar. O desaparecimento do Nick correu através de sua comunidade como um toque de defuntos. Ele tinha sido bem conhecido e muito querido pela maioria.


E sua mãe também tinha morrido. Tinha sido brutal e cruel, como se alguém estivesse tratando de vingar-se de alguém.


Danger sacudiu a cabeça, tratando de encontrar sentido a tudo.


- No que acreditar? - perguntou-se.


O problema era que não sabia. E não era algo em que pudesse exatamente chamar Acheron e perguntar-lhe “Olá, Ash, sou Danger. Perguntava-me se teria chupado a alma de Cherise Gautier e teria assassinado Nick por vingança? Não se importa me responder, verdade?”.


Sim, até se Acheron fosse inocente, ele poderia zangar-se só pelo fato de perguntar-lhe.


Kyros já estava chamando os Dark Hunter que acreditava que eram de confiança. Ele e Stryker planejavam reunir-se no Mississipi para lhes ensinar a roubar as almas dos humanos malvados, o qual segundo Stryker era o verdadeiro encargo dos Daimons.


- Nunca matamos aos humanos inocentes até que Acheron obrigou a isso. A princípio, caçávamos somente aos refugos da sociedade. Os homens e mulheres que destruíam ou infectavam aos de sua própria classe e que mereciam morrer. Agora, há ocasiões onde não temos escolha, a não ser matar a quem quer que esteja a nosso alcance, apesar de quem ou o que são. Logo que nos deixamos ver, um dos homens do Acheron aparece e trata de cravar uma faca em nossos corações. Temos que nos mover rápido para nos alimentar antes que um de vocês nos mate. Não queremos machucar ninguém, especialmente não aos inocentes Dark-Hunters. Por que pensa que fugimos a maioria das vezes quando lhes vemos, em vez de lutar? Sabemos que os Dark-Hunters são inocentes nisto, e nenhum de nós quer matá-lo por ser cegos e tolos. É de Acheron que estamos caçando, não seus desventurados e servis homens. Todos vocês foram instruídos por ele para não perguntar nada a respeito de nós. Você cegamente mata, na hipótese de que merecemos isso, e ainda assim aqui estou ante ti, não como um monstro tratando de te matar. Sou só uma pessoa, igual a você. Amo e necessito. Tudo o que quero é viver em paz e não ser forçado a matar um inocente. E por que Acheron mentiu para vocês? Porque ele teme que algum dia todos descubram a verdade sobre ele. A verdade a respeito de ser um Dark-Hunter. Se matar os humanos e tomar suas almas, pode ter os mesmos poderes que tem Acheron. Poderá ter os poderes de um deus.


Certamente ele mentia. Não poderia ser assim fácil.


Suspirando, Danger entrou no caminho de acesso a sua propriedade e fez o que pôde para esclarecer seus pensamentos. Não havia uma resposta evidente esta noite. Com segurança, nem sequer haveria amanhã.


Ela viu o SUV verde de Keller na garagem. Demônios. Ela realmente não estava de humor para suas cinco mil perguntas esta noite. Não enquanto ela estava tratando de encontrar uma resposta em todo esse caos.


Depois de sair do carro, ela entrou em sua casa e deixou cair às chaves no mostrador. Esta estava misteriosamente silenciosa. Como se Keller não tivesse o rádio a todo volume ou estivesse à metade de uma tempestuosa conversação Telefônica com um amigo.


- Keller? - chamou ela, sentindo-se um pouco nervosa quando se dirigiu para a sala de estar.


Ela fez uma pausa na soleira para encontrar a seu escudeiro sentado em um sofá em frente de um homem desconhecido que estava sentado em sua própria poltrona. Tudo o que ela poderia ver era a parte de atrás de sua cabeça loira. Mesmo assim, ela poderia dizer que todo ele estava sentado muito rígido e formal. Era uma postura de comando


- Hey, Danger. - disse Keller em uma saudação nervosa quando a viu na soleira. - Temos um convidado. É um… o Escudeiro de Ash.


Ela se congelou ante suas palavras. Seu coração começou a golpear enquanto a adrenalina se apressava através dela.


O homem ficou de pé lentamente e começou a encará-la. O olhar fixo de Danger caiu rapidamente ao casaco que ele trazia posto sobre suas sólidas roupas negras. Pelo caminho, ele se elevava ali em toda sua arrogância como a desafiasse a ela ou qualquer outro a lhe questionar.


Tudo o que trazia posto era negro, exceto o casaco… e parecia que o escudeiro do Ash era loiro como um Daimon.


 


 


Capítulo 4


 


A reação de Danger para com seu convidado foi veloz e automática, e ocorreu sem qualquer premeditação em sua parte. Ela arrancou sua adaga e a lançou diretamente ao centro do coração do homem.


Para sua surpresa, ele explodiu em um pó de ouro assim como qualquer bom Daimon o faria.


- Mère Dieu. - ela respirou.


Kyros estava certo. O homem estava…


Entrando no quarto do corredor da direita!


Sua mandíbula caiu lentamente ao ver como ele entrava com passo descansado no quarto, com um rebolado arrogante e um divertido e afetado sorriso. Ele a imobilizou com um olhar fixo quando se transladou até ficar ante ela. A adaga do piso saiu disparada de onde tinha parado depois de que ele explodiu em pó, à mão dele.


Era dolorosamente óbvio que ele não tinha o mínimo temor a que ela o voltasse usar contra ele.


- Poderia, por favor, refrear seu dramatismo? Na realidade, odeio fazer isto. Seriamente, me desgosta muito e arruína uma camisa perfeitamente boa.


Danger continuava pasmada quando cravou os olhos no suéter de gola alta negro onde a adaga tinha entrado. Não havia sangue. Nenhuma ferida. Nada. Nem sequer uma marca vermelha. Era como se não o tivesse apunhalado absolutamente.


Estou sonhando.


- O que é você? - ofegou ela.


Deu a ela um olhar seco, quase aborrecido.


- Bem, se tivesse escutado antes de me apunhalar, teria ouvido a parte de 'sou o Escudeiro do Acheron'. Aparentemente, isso escapou a seu ouvido e me confundiu com um agulheiro.


Ele era certamente um presunçoso bastardo. Não que ela não merecesse um grau de presunção, tendo em conta que ela tinha tentado matá-lo. De qualquer forma, poderia ter sido um pouco mais compreensivo, especialmente se Stryker e Kyros tivessem razão, e ele tinha sido enviado ali para matá-la.


- Ele tem alguns talentos realmente encantadores, Danger. - disse Keller, do sofá. - Ele fez com que todos os Daimons explodissem sem tocá-lo, mas não me dirá como o fez.


Danger tomou sua adaga da mão do Harry, logo, sem pensar, tocou o rasgão em forma de lágrima em seu suéter negro. Ele era sólido debaixo. Real. Havia pele fria sob a seda e a lã, e era duro e masculino. Ainda assim, os seres humanos não explodiam os Daimons. E nenhum Daimon reaparecia depois de morto.


Nesse momento, ela estava aterrorizada, e o terror não era algo que Danger St. Richard sentisse. Nunca.


Harry apertou os dentes ante a sensação dos dedos suaves sobre sua carne. Seu corpo voltou para a vida enquanto ele a observa lhe examinar como um cientista com um experimento do laboratório que tinha saído tragicamente mal. Ela era muito baixa para ser uma Dark-Hunter, o que queria dizer que Artemis tinha algum interesse incomum pela mulher. A deusa preferia criar Dark-Hunters que fossem iguais em altura aos Daimons com os que brigavam.


Não medindo mais de metro sessenta, sessenta e cinco, Dangereuse era pequena e atlética. Ele a havia visto muitas vezes ultimamente, no sfora, quando ele vigiava o que faziam os Dark Hunter do Mississipi.


Havia algo a respeito dela que apanhara seu interesse. Uma inocência que ainda parecia estar dentro dela. A maioria dos Dark-Hunters estavam curvados por suas traições humanas e mortes, e por seus deveres. Mas esta… Ela parecera ter evitado o cinismo que a vida eterna freqüentemente trazia.


É obvio, ela era jovem em anos dos Dark-Hunter.


Ainda sim, seria uma lástima vê-la perder esse resplendor interior que continuava lhe permitindo desfrutar de sua imortalidade. Como desejaria poder sentir ele também. Mas muito tempo, e a falta de esperança, o tinha despojado disso.


Seu cabelo castanho-escuro estava recolhido em uma longa trança, caindo por suas costas, mas mechas tinham escapado para frisar-se adequadamente ao redor de seu rosto pálida. Seus rasgos eram angélicos e delicados. Se não fosse por seu porte e auto-convicção, ela teria uma aparência muito frágil.


E ainda assim, não havia nada frágil nela. Dangereuse podia cuidar de si mesma, e ele bem sabia. Como uma dos Dark-Hunters mais recentes, ela tinha só um par de centenas de anos, e tinha morrido ao tentar salvar metade de sua nobre família da guilhotina na França, durante a Revolução. Tinha sido uma tarefa monumental que ela tinha estabelecido para si mesma, e se não tivesse sido traída, teria tido êxito.


Sem mencionar que a mulher tinha a boca mais beijável que alguma vez tinha visto. Cheios e luxuriosos, seus lábios eram da classe com a que um homem sonharia saborear toda a noite. Essa boca o chamava agora com a tentação e a promessa do puro céu.


Ela também tinha um aroma de doces magnólias e mulher.


Tinham se passado quase duzentos anos desde a última vez que tivera o prazer de ter o corpo de uma mulher. E apenas podia evitar não inclinar sua cabeça e enterrar seu rosto contra seu pescoço suave e brando, e inspirar seu perfume. Sentir a brandura dela contra seus lábios famintos, enquanto ele saboreava a carne flexível dali.


OH, ter seu ágil corpo pressionado contra o dele, preferivelmente enquanto ambos estavam nus…


Mas considerando sua primeira reação ante sua presença, ele não acreditava que ela reagiria muito melhor se a tocasse.


Lástima.


Danger tragou com repentina precipitação quando olhou ao homem ante ela. Ele era tal como Stryker havia predito… inclusive o casaco branco de cachemira.


É tudo verdade. Tudo.


Ele era o executor pessoal de Acheron, que viera matá-la por questionar sua autoridade. Ela sentiu a necessidade repentina de benzer-se, mas refreou-se bem a tempo. A última coisa que ela precisava era deixá-lo saber que o temia.


Sua mãe, extremamente supersticiosa e católica, sempre dissera que o diabo tinha o rosto de um anjo. Neste caso, era com toda segurança certo. O homem ante ela era, sem dúvida nenhuma, um dos melhores exemplos de seu gênero. Seu cabelo escuro tinha reflexos dourados e estava enrolado na parte superior de seu pescoço. Ele o levava em um estilo casual, deixando livre um rosto perfeitamente masculino. Suas bochechas bem esculpidas estavam cobertas pelo crescimento de uma barba de dois dias que lhe acrescentava uma aparência selvagem.


Como os dela, tinha olhos negros meia-noite dos Dark-Hunter, e ainda assim ela suspeitava que não fosse um deles. Em primeiro lugar, ele não drenava drasticamente suas habilidades de Dark-Hunters.


Havia uma aura de extremo poder e aborrecido perigo emanando dele. Ondeava e crepitava no ar ao redor deles, e fez que o pêlo na parte de atrás de seu pescoço se arrepiasse.


- O que está fazendo aqui? - perguntou ela, forçando-se a não deixar transparecer algo que não fosse despreocupação, embora o lançamento da adaga mais provavelmente o tivesse avisado que ela não era exatamente indiferente a sua presença.


Sim, esse tinha sido um bom começo. Era todo o podia fazer para não fazer rodar seus olhos, e deixar transparecer seu conhecimento sobre ele. Ela só esperava que não vivesse ou morresse para lamentar.


Seu sorriso era encantador e perturbador.


- Você me convidou.


Era um jogo Ash fazer-se passar por um Daimon? Nenhum Daimon poderia entrar na casa de alguém sem um convite.


Ou só estava fazendo um comentário ocasional?


De qualquer maneira, ela não estava pronta para lhe dar as boas-vindas… não ainda.


- Convidei Ash para vir aqui. Não a ti. Inclusive, porque não sei quem é.


Ele não duvidou em responder.


- Harry. - Sua voz era profunda e educada. Havia um rastro mais fraco de algum acento estrangeiro, mas ela não soube identificar a nacionalidade.


- Harry…? - Apressou ela, perguntando pelo sobrenome.


Ele não era muito comunicativo.


- Simplesmente Harry.


Keller se levantou de sua cadeira, e uniu-se a eles.


- Ash o mandou aqui durante algumas semanas, para averiguar o que se dizia a respeito de um Dark-Hunter rebelde.


Ela arqueou uma sobrancelha à Keller.


- Isso foi o que te disse Harry?


Ele se esticou como se deu conta de que ele poderia ter feito algo mau.


- Bem, sim, mas logo eu mesmo chamei Ash, e ele o corroborou.


Menos mal que o bom menino não tinha acreditado de primeira nas palavras do homem.


- O que disse Ash?


- Simplesmente, que confiássemos em Harry.


Sim claro. Só que ela não confiava em uma cobra que se agitava ante seus pés nus.


Danger embainhou sua adaga, antes que dirigisse a palavra a Harry outra vez.


- Pois bem, parece que falei antes de tempo. Estive fazendo averiguações sobre a suposto desertora por mim mesma esta noite, e tudo está bem. Sendo assim, sinta-se livre para retornar para junto de Ash agora.


Os olhos escuros do Harry se estreitaram nela.


- Por que está mentindo?


- Não minto.


Ele baixou a cabeça a fim de que pudesse falar em um tom que só ela ouvisse. Sua proximidade era inquietante e intensa. Realmente, calafrios subiam pelo corpo quando o fôlego dele recaía contra sua pele.


- Para que conste em ata, Dangereuse, posso cheirar uma mentira a mais de nove milhas.


Ela chegou a ver profunda curiosidade nesses… Ela franziu o cenho. Já não eram negros, seus olhos tinha tomado uma peculiar cor verde avelã que virtualmente resplandecia.


Que demônios era ele?


Harry a imobilizou com um olhar furioso que, sem dúvidas, esperava que a intimidasse. Não funcionou. Danger se negava a deixar-se intimidar por alguém ou algo. Ela vivia sua imortalidade tal como ela tinha vivido sua vida humana, e precisaria algo mais que esta… pessoa para fazê-la tremer de medo. O pior que ele podia fazer era matá-la, e como ela estava já morta…


Bem, havia coisas piores, supôs ela.


Quando ele falou outra vez, sua voz foi apenas mais que um grunhido primitivo.


- A pergunta correta seria, por que protegeria a um traidor?


Ela se moveu sem lhe responder.


- Keller? Posso ter umas palavras contigo em privado?


Harry riu ante isso.


- Vou deixá-los a sós para que possa lhe dizer quão zangada está por ele ter me deixado entrar. - Ele se dirigiu ao vestíbulo que conduzia aos quartos de convidados.


Danger chiou seus dentes. Não me diga que Keller já te instalou em minha casa!


Ele deveria ter melhor critério que isso. Como ele pôde fazer tal coisa sem consultá-la antes? É isso, ele estava frito, e estava falando sério desta vez.


Ela esperou até estar segura de que Harry os tinha deixado sós, e baixou a voz a fim de que ele não os pudesse ouvir sem intenção.


- Que diabos ocorreu esta noite? Parece que alguém te deu uma surra.


- Fizeram-no. Precipitei-me sobre um grupo de Demônios, e quando lhes disse que retrocedessem, disseram que agora eram intocáveis. Eles disseram que estavam com os Dark-Hunters e que se queriam comer a um Escudeiro, pois estava bem.


A cólera açoitou através dela ao ver que se atreveram a golpear seu Escudeiro.


- Atacaram-lhe?


Ele lançou-lhe um olhar sarcástico.


- Não, surrei a mim mesmo. O que te parece?


Ela ignorou seu comentário sarcástico quando se deu conta do por que a TV de plasma não estava ressoando quando ela entrou. Estava em pedaços.


- O que aconteceu com a TV?


Keller a olhou e se encolheu de ombros


- Não sei. Harry não fala muito, assim eu me pus a fazer zapping depois que retornamos, para que houvesse um pouco de ruído na casa. Tudo ia bem até fiz uma pausa no QVC para ver esta nova videocâmara que anunciavam, e no instante seguinte, explodiu. Não estou seguro se foi a TV ou se Harry tem algo contra o QVC.


Agradecia ao Senhor e aos Santos que seu escudeiro não tivesse explodido também.


- E aonde se dirigia Harry agora? - Ela perguntou.


- Eu o pus na suíte de convidados que me disse que usa Ash cada vez que ele faz uma visita.


Ela apertou com força seu punho para abster-se de lhe estrangular.


- Estou vendo.


Ele a olhou com um preocupado cenho franzido.


- Não fiz nada mau, não? Pensei que estava fazendo o que você quereria que fizesse. Você não estava aqui, então não poderia perguntar. Está zangada comigo?


Sim, mas ela não queria colocar a ele também nisso. Se ele permanecesse ignorante de tudo isto, talvez Harry tivesse piedade dele.


De qualquer maneira, ela se recusava a colocar Keller em qualquer perigo. Diferente dela, ele era mortal com uma família que o amava carinhosamente.


- Está bem, doçura. Por que não volta para casa antes que fique muito tarde?


Felizmente, seu escudeiro não discutiu e ele era muito inocente para reconhecer o leve tremor de medo por ele em sua voz. Caso de que Harry tivesse a intenção de brigar, ela queria Keller fora dali e voltando para a segurança de sua casa.


- De acordo, Danger. Verei amanhã de noite.


- Ahh… - Danger se arriscou - Por que não toma alguns dias de descanso? Vá ver sua irmã em Montana.


Seu cenho franzido se fez mais fundo.


- Por quê?


Ofereceu um sorriso que não sentia.


- Tenho ao Escudeiro de Acheron aqui. Estou segura que ele pode...


- Não sei. - disse ele, enrugando seu nariz. - Ele parece estar bem, mas acredito que permanecerei perto de casa, no caso de... Você nunca sabe o que pode ocorrer.


- Keller…


- Não discuta comigo, Danger. Minha ordem número um é te proteger. Posso ser humano, mas sou seu escudeiro e isso inclui todos os riscos inerentes que vêm com a posição. De acordo? Fui criado neste mundo e conheço toda a merda estranha que algumas vezes implica. Não vou te deixar quando não sabemos o que está acontecendo; além de que, alguém está trabalhando com os Daimons. Ouvi muitas coisas estranhas ultimamente para sair disparado sem nenhuma razão verdadeira.


Ela não poderia discutir com nada disso. Sua lealdade a reconfortava enormemente, e era por isso que, quando tudo isto terminasse, ela pediria um novo escudeiro que o substituísse. A última coisa que ela queria era envolver-se emocionalmente com alguém, especialmente alguém que deveria morrer de velho e a deixaria destroçada.


Ela tinha já perdido muitas pessoas por quem se preocupara em sua vida para perder mais. O Conselho dos Escudeiros sabia, e desde o dia em que ela se uniu ao grupo dos Dark-Hunter, ela nunca tinha tido um Escudeiro por mais que cinco anos.


E nunca um homem. Havia algumas feridas que não precisavam ser tocadas.


- Bem. - disse ela calmamente. - Vá a casa e eu me manterei em contato.


Keller assentiu, logo recolheu sua jaqueta e saiu.


Agradecida de que ele a tivesse escutado pelo menos naquele momento, Danger aspirou profundamente enquanto se dirigia para o quarto de Harry. Ela realmente não o queria aqui, mas o que podia fazer?


Mantém seus amigos perto, e a seus inimigos ainda mais perto.


Enquanto ele estivesse em sua casa, ela poderia monitorar sua atividade e ver o que ele estava fazendo. Sem mencionar que ela ainda não estava muito convencida pelo Kyros e sua ordem dizia. Ela tinha ouvido um monte de coisas estranhas ultimamente, incluindo o rumor de que certa quantidade dos Dark-Hunters locais bebiam sangue humano. Por tudo o que sabia, Kyros era um deles e atualmente estava tratando de convencê-la por razões que só ele sabia.


Até que ela tivesse mais informação a respeito de tudo isto, ela jogaria com cautela e veria por si mesmo o que estava passando. Mas mesmo enquanto pensava isso, um calafrio passou sobre ela. Harry tinha alguns poderes incríveis com os que ela não estava segura de se poderia brigar.


Como uma mulher podia matar um homem que não sangrava?


 


 


Capítulo 5


 


Ao final do vestíbulo do piso superior, Danger abriu a porta do quarto de hóspedes para encontrar Harry estudando um dos ovos Fabergé que ela colecionava. Ela tinha iniciado a coleção fazia uns quarenta anos, porque lhe recordavam os ovos Malowanki que seu pai sempre comprava em suas viagens anuais a Prússia, depois de visitar sua avó. Até o ano em que ela morreu Babcia sempre se assegurou de que ela tinha criado os ovos Malowanki de todos eles para que lhe recordassem sua herança prussiana e a beleza da Páscoa.


Nenhum desses preciosos, coloridos ovos que Danger tinha guardado tão cuidadosamente como a um humano tinha sobrevivido. Chamados de frívolos desperdícios da aristocracia, seu marido se deleitou em destroçá-lo depois que ela morrera.


Como odiava aquele homem. Mas, sobretudo, ela odiava a si mesma por depositar a confiança em alguém e lhe permitir enganá-la tão completamente.


Ela nunca seria tão estúpida outra vez.


Fixando os olhos em Harry, abriu a porta um pouco mais para observá-lo. Suas roupas modernas pareciam bastante fora de lugar no quarto que ela havia recriado em uma cópia exata daquele no qual tinha crescido. A cama Barroca esculpida à mão tinha sido importada de Paris, e estava adornada com cobertores vermelho sangue e travesseiros em dourado. As colgaduras de ouro caíam dos suportes do provador. Ela tinha gasto muito tempo escolhendo as antiguidades para este quarto.


Era o último de seu mundo, e em muitas formas, uma cápsula do tempo. Ali muitas vezes pensara que ela poderia vislumbrar seu pai… ouvir as risadas apenas perceptíveis de seus irmãos.


Mon Dieu, como sentia saudades de todos eles.


A pena cresceu dentro dela, mas a conteve. Não havia necessidade de chorar. Ela tinha derramado muitas lágrimas nos séculos passados, o suficiente para encher o Atlântico.


O passado já tinha passado e este era o presente. As lágrimas não os traria de volta e não alterariam sua vida, de qualquer modo. Tudo o que ela poderia fazer era seguir adiante e até mais, e assegurar-se de que ninguém a enganasse outra vez.


Por agora, Harry era o presente, e ele era seu inimigo.


Ele permanecia ao lado da pequena mesa vestida ao estilo neoclássico, sustentando cuidadosamente o ovo em sua mão grande, como se ele entendesse quanto ela amava seus artigos colecionáveis. Apesar de si mesma, ela se sentia sacudida pela gentileza de seu toque quando ele o fechou e o devolveu ao seu lugar.


Ele estava incrivelmente bonito ali de pé, e seu corpo reagiu a ele com uma intensidade que a surpreendeu. Não é que ela nunca se sentiu atraída por alguém a quem acabava de conhecer. Ao contrário dos ardentes atores de Hollywood em filmes e revistas, ela normalmente tinha que estar a algum tempo com um homem antes que sentisse um forte, potente desejo em seu corpo. Se mesmo ela sentia alguma vez desejo por ele. A maioria das vezes, ela poderia tomar ou deixar a qualquer homem.


Mas ela realmente queria estender a mão e tocá-lo. E isso nunca acontecera.


Harry sentia sua presença como uma carícia que faiscava. Era como se ela fizesse contato com sua alma cada vez que se aproximava dele. Algo que era completamente impossível, uma vez que ele não havia possuía uma alma há mais de nove mil anos.


Ele não sabia o que acontecia com ela, mas seu corpo reagia grosseiramente a sua presença. Voltando-se, ele a encontrou na soleira da porta, observando-o com uma expressão cautelosa, quase enfadada.


Temia-o e estava incomodada consigo mesma por esse medo, ele podia sentir profundamente em seu interior. Mas ela se esforçava em disfarçar.


Ele podia respeitar isso nela.


Ao fim das contas, ela era sábia por temê-lo. Ele podia matar facilmente, com só um piscar. Mas não queria machucá-la.


Por alguma razão estranha, ele nem sequer queria que o temesse, e isso era algo que ele nunca experimentara antes. Normalmente, quando ele estava em forma humana, usava esse medo em sua vantagem para intimidar aos Dark-Hunters e colocá-los na linha. Ele tinha os poderes de um completo deus dentro dele. A habilidade para tomar qualquer vida que ele escolhesse.


Ele poderia ouvir e ver coisas que estavam além da compreensão do homem, Apolita, ou Dark-Hunter.


E ainda com ele parado ali, uma só coisa fazia eco em sua cabeça – o som de sua risada. Ele a tinha ouvido rir tempos atrás, esta mesma tarde quando ela lutava com os Demônios. Era um som exuberante, musical que saía de muito dentro dela. Saudável.


Ele quis ouvir outra vez.


- Não quero te machucar, Dangereuse.


Ela ficou rígida imediatamente.


- Meu nome é Danger. - corrigiu ela. - Não me chamam de Dangereuse há muito tempo.


Inclinou sua cabeça para ela. Ele sabia pela investigação em seu passado que a tinham chamado assim pela avó da Eleanor de Aquitaine, a quem sua mãe tinha adorado. Uma grande duquesa que tinha vivido a vida somente em seus termos e que, sentia desprezada pelas regras da sociedade. Era um nome mais que adequado à pequena mulher que tinha diante dele.


- Perdoe-me.


Sua desculpa não fez nada para apaziguá-la.


- E só para que saiba você não me dá medo.


Ele sorriu ante suas valentes palavras. Ela era uma mulher resistente, prática, e ele se perguntava se ela fora assim como humana. Mas ele de certa forma o duvidava. O mundo em que ela tinha nascido não teria tolerado tal personalidade de ciclone no sexo frágil.


Sem dúvida teriam invalidado sua rebeldia, não a abraçariam.


Ela entrou no quarto. Seus olhos escuros eram penetrantes enquanto o observavam procurando alguma debilidade.


Boa sorte, Ma petit. Eu não tenho nenhuma.


- Então, qual é sua história? - perguntou ela. - Diz que é o Escudeiro do Ash. É você um Sangue Azul, um Rito de Sangue, ou o que?


Harry refreou um sorriso ante sua pergunta. Sangue Azul eram Escudeiros que vinham de longas gerações de Escudeiros. Os ritos de sangue eram os Escudeiros que se encarregavam que as regras de seu mundo fossem seguidas. Protegiam aos Dark-Hunters, e era uma força policial para outros Escudeiros. É obvio servia ao Acheron desde antes que o Conselho dos Escudeiros existisse. Ele não era um autêntico Escudeiro. Ele era o Alexion de Acheron, um termo Atlante que não tinha uma autêntica tradução ao inglês.


Basicamente, ele faria o que tivesse que fazer para proteger Acheron e Simi. E ele verdadeiramente queria dizer qualquer coisa.


Ele não tinha consciência. Nem princípios morais. Em seu mundo, o único direito era a vontade de Acheron. Isso o governava inteiramente. Sim, ele podia e discutia com Acheron às vezes, mas ao final de tudo, ele era o protetor de Acheron. Ele sempre faria o que fosse melhor para os interesses de Acheron, sem importar o custo psíquico ou pessoal que custasse a si mesmo.


Ele ainda não podia revelar a verdade de seu status. Só ele, Simi, Artemis, e Acheron sabiam a verdadeira relação que o unia a seu chefe.


- Sou o menino dos recados. - respondeu no jargão dos Escudeiros, querendo dizer que Acheron o tinha recrutado para ser seu escudeiro. De certo modo, era quase certo.


- Há quanto tempo o serve?


Ele riu ligeiramente ante a pergunta.


- Algumas vezes parece que desde sempre.


Seus olhos escuros relampejaram com suspeita e inteligência ante ele. Ela era muito mais esperta do que deveria para seu próprio bem. E muito sexy para o dele.


Ela ainda não tinha feito mais que começar com o interrogatório quando se moveu mais perto dele… tanto que ele agora poderia sentir seu cheiro. Sua doce essência penetrou em sua cabeça e criava imagens dela nua e flexível na cama dele.


- Como é que fez esse pequeno truque com a adaga que reapareceu depois que te apunhalou?


A curva de sua boca se elevou ante essa pergunta, e ele se inclinou até mais perto a fim de que ele pudesse cheirar a fragrância de seu cabelo e sua pele. Isto o atravessou como um impactante uísque, quente e revigorante, esquentando-lhe o sangue, endurecendo seu pênis.


- Me pergunte o que tem realmente em mente, Danger. - Ele disse sua voz mais rouca por sua luxúria.  - Eu não gosto dos jogos. Ambos sabemos que não sou humano, assim deixemos de cortesias e bailes enquanto me ronda tentando tirar alguma informação.


Danger parecia apreciar sua franqueza até como ela se fazia pedacinhos em sua cercania. Ela o contemplou por debaixo de suas pestanas. Esse olhar o fez sentir coisas que não sentia em muito tempo. Na verdade, preocupava-se que ela estivesse confusa e inquieta. Ele queria apaziguá-la, e isso estava além de atordoá-lo.


- Está aqui como espião de Acheron?


Ele riu ante o mesmo pensamento.


- Não. Confie em mim, ele não necessita que alguém espie para ele. Se ele quer saber algo, ele o faz.


- Como?


Tomou toda sua força de vontade para não esticar a mão e tocar sua bochecha para ver se era tão suave como parecia. Sua pele era perfeita e tentadora. Não havia dúvida de que estaria ainda mais suave contra sua língua…


- Já ouviu o que quis dizer Danger. Acheron é capaz de descobrir as coisas por si mesmo. A espionagem é o último para o que ele me necessita.


Danger estava extremamente irritada por sua atração para este homem, e sua incapacidade para responder suas perguntas. Ela não estava segura de se deveria lhe beijar ou chutar.


O calor de seu olhar era abrasador. Enervante. Era tão intenso que quase podia sentir suas mãos nela.


Ela tinha o mais inexplicável desejo de lhe acariciar com o nariz. Ofegante, decidiu usar sua própria fome contra ele. Ela ficou nas pontas dos pés e se moveu tão perto dele que suas bochechas quase se tocavam. Ela observou como ele fechava seus olhos e aspirava com dificuldade.


Quando ele não se curvou para trás, ela sussurrou em seu ouvido.


- Por que está aqui, na realidade?


Sua voz foi profunda e grosa quando ele respondeu.


- Para te proteger.


Danger não podia ter ficado mais surpreendida se ele se confessasse e tivesse admitido ser o destruidor de Acheron. Ela se separou dele para pôr mais distancia entre eles. Era difícil pensar enquanto um homem cravava os olhos diretamente nela como se ele a estivesse vendo nua.


- Me proteger do que?


Todavia esses estranhos olhos verdes a estacaram com sua intensa fome.


- Daqueles que te querem morta. Está em uma posição precária, Danger. Aquele que se rebelou te matará imediatamente se descobrir que o traiu.


Que divertido, Kyros tinha deixado bem claro isso mesmo.


- Ele não pode me matar e sabe. Nenhum Dark-Hunter pode machucar a outro.


Ele arqueou uma sobrancelha ante ela.


- Acredita mesmo nisso? Não há nada que diga que um Dark-Hunter não possa algemar a outro à porta de um carro, ou qualquer outra coisa, e o deixar fora para a saída do sol. Não podem ferir o um ao outro, de acordo. Mas há muitas formas para expor o seu inimigo ao dia sem ficar em perigo.


OH, agora havia um inferno de coisinhas nas que não tinha pensado. Mas obviamente ele o fizera.


- E como conseguiu essa informação? Quantos Dark Hunter deixou exposto à luz do dia depois de confiarem em você?


Ele riu com malícia.


- Se quisesse que você ou qualquer outro morresse Danger, dificilmente teria que esperar a saída do sol.


- Então do que quer me proteger?


Ele afastou a vista dela.


- Não posso dizer.


- Prove-me, então.


- Não. - disse-lhe em meio dos dentes apertados. - Até se o fizesse não me acreditaria.


Estavam em um ponto morto. Ela não ia confiar nele até que desse a ela uma razão para fazê-lo – e provavelmente nem assim o faria – e a última coisa ela queria era um tipo em sua casa no qual não poderia confiar.


- Nesse caso, entenderá se te sugere que fique em um hotel enquanto está aqui espiando para Acheron?


Com expressão divertida, lhe dedicou uma risada, sinistra.


- Encontrou com Kyros esta noite e ele tratou de te convencer para que unisse a sua rebelde causa. Acreditou nele?


Como sabia isso? Não era exatamente algo que ela tivesse difundido. Jesus. Ele parecia quase tão onisciente quanto Acheron, e isso estava começando a desgostá-la muito.


- Não sei do que esta falando.


Ele fechou a distância entre eles. Sua presença era gigantesca no quarto, avassaladora e ainda estranhamente reconfortante. Era como se algo dentro dele emitisse vibrações tranqüilizadoras. Sem mencionar que ele tinha feromônios que deveriam ser engarrafados e vendidos. Era sumamente irresistível, de uma forma sexual. Acheron era a única outra pessoa que ela conhecia que tinha esse estranho poder que seduzia e induzia a toda pessoa que estava perto dele a lhe tirar suas roupas e atirar-se ao chão para “brincar” toda a noite.


O que há de errado comigo?


Nunca antes se havia sentido tão luxuriosa.


- Sabe. - Harry disse em um tom profundo, que realmente a fez em pedacinhos - Para ser atriz certamente precisa estudar mais.


Ela ficou rígida ante suas palavras.


- Perdão?


- Já me ouviu. Assim, que mentira Kyros te contou? Espero que ele ao menos tenha sido mais criativo que o velho “Acheron é um Daimon”... Isso está já obsoleto.


Ela não sabia o que a assombrava mais. O fato que ele soubesse o que haviam dito a respeito do Acheron, ou o fato que ele falava de Kyros como se o conhecesse pessoalmente.


- Como é que conhece Kyros?


- Me acredite, sei tudo a respeito dele.


Danger estava ainda mais confusa agora. Estava Harry lhe dizendo a verdade? Ou estava usando a verdade sobre Acheron só para distraí-la? Que melhor forma de descartá-la que ridicularizar o que muito bem podia ser um fato.


Em quem acreditar? Kyros, que parecia enganoso, ou o homem ante ela que parecia um homicida.


Ela cruzou os braços sobre seu peito e observou-o estreitamente.


- Se é assim, diga-me, Acheron é um Daimon?


Esses estranhos olhos verde-avelã se estreitaram sobre ela.


- O que você acha?


- Não sei. - E essa era a pura verdade. - Tem sentido. Ele é de Atlântida, e todos nós sabemos que os Daimons são originalmente de lá.


Harry se mofou dela.


- Acheron nasceu na Grécia, e cresceu na Atlântida. Isso dificilmente o torna um Daimon ou um Apolita.


Ainda, havia uma evidência mais a considerar.


- Ele nunca come comida.


- Está segura? - Mediu ele. - Só porque ele não come diante de ti, não quer dizer que ele não coma absolutamente.


De acordo, assim ele fazia seu próprio ponto dela. O fazia sentir-se melhor o saber que Kyros podia ser um idiota.


Mas havia ainda uma peça em todo aquilo que não tinha sentido. Uma peça que ao Harry faltava explicar.


- Então, e quanto a você? Se Kyros estiver tão equivocado, como é que ele sabia que viria aqui, usando esse casaco branco e tentando nos julgar, huh?


Harry se congelou ante sua pergunta. Isto o transpassou como partes de vidro quebrado.


- Perdão?


Um olhar satisfeito apareceu no rosto dela.


 - Não tem uma reposta para isso, não é?


Não, ele não a tinha. Era impossível que Kyros soubesse sobre ele.


- Como pôde saber ele a respeito de mim? Ninguém sabe que existo.


- Então ele tem razão. - ela disse acusadoramente. - Está mentindo para mim a respeito de seu propósito. Está aqui para nos matar. É o assassino de Acheron.


Harry não poderia respirar quando suas palavras lhe transpassaram. Como podia alguém isso saber? Não era possível. Acheron tinha tomado muito cuidado em assegurar-se que ninguém soubesse de sua existência.


- Não, não o sou. Estou aqui para salvar a tantos de vocês quanto posso.


- E como se supõe que tenho que acreditar, por quê?


- Porque te digo a verdade.


A dúvida permanecia nas profundidades do olhar fixo de seus olhos negros.


- Então, prove-me isso. - Ela girou seus olhos para ele.


Isso era mais fácil dizer que fazer.


- Provar como? A única maneira de te provar que não sou o assassino que acredita que sou é que não te matei. Se não me engano foi você que me lançou a adaga, não eu.


Danger lhe deu um olhar hostil.


- O que se supõe que tinha que pensar? Entro em minha casa para ver meu Escudeiro normalmente em ebulição acovardado em meu sofá, derrotado, e minha TV de plasma soprada no próximo mundo. Então este loiro, e usemos o termo 'homem' amplamente, de quem me informaram que viria me matar, permanece de pé ante mim usando o casaco que me disseram que usaria. O que você teria feito?


- Eu haveria dito: olá, posso te ajudar?


Ela girou os olhos para ele.


- Com certeza, você o faria.


Realmente, ele o faria, mas então ele teria uma vantagem bem definida sobre ela. Ele não poderia morrer. Ao menos não algo nascido desta terra.


- Olhe Danger, eu sei que não tem absolutamente nenhuma razão para confiar em mim. Antes desta noite nunca tinha ouvido falar de mim. Mas você conhece Acheron. Viu-o alguma vez machucar um Dark-Hunter? Pense nisso. Se Ash realmente fosse um Daimon, por que estaria ajudando e protegendo os Dark-Hunters?


- Porque ele nos usa para brigar com os de sua própria classe, a fim de evitar que sua mãe o mate.


Harry gelou. De onde diabos vinham essas mentiras?


Acheron perderia a razão se ouvisse essas palavras. Mais ainda, não haveria salvação para nenhum Dark-Hunter daqui. Acheron os destruiria sem piscar. Quando se tratava da existência de sua mãe, Acheron não corria riscos.


E ele não demonstrava misericórdia.


- O que sabe você de sua suposta mãe? - perguntou ele, e esperou que Acheron não escolhesse este momento em particular para espiar.


- Que ela o expulsou do reino dos Daimons, e agora ele nos usa para vingar-se dela e sua gente.


Ele bufou com zombaria.


- Isto tem que ser a coisa mais ridícula que alguma vez ouvi, e me acredite, ouvi uma grande quantidade de sandices em minha existência. Confie em mim, é uma completa mentira.


Ela multiplicou por dois seu grunhido.


- O problema é que não confio em ti. Absolutamente.


- Mas confia no Kyros?


Ele viu a resposta em seus olhos escuros. Não, ela não o fazia. Mas falava bastante dela que não se tornou contra seu irmão Dark Hunter. Ela ainda protegia ao Kyros. Ele a podia admirar para isso.


- Olhe Danger. Abra seu coração e escuta a seus sentimentos. O que te diz seu interior que faça?


- Correr às colinas com meu escudeiro e deixar que arrumem isto entre vocês.


Ele riu misteriosamente disso.


Danger só desejava que ela pudesse rir a respeito disso também, mas não tinha a menor graça para ela.


- Entretanto, não posso fazer isso, verdade? Assim, não sei em quem acreditar e sou o suficientemente mulher para admitir. Há enormes vazios em ambas as histórias. Então, a pergunta que tenho que contestar é quem está deixando fora a parte de “eu sirvo aos maus”.


Harry se divertiu.


- Deixe-me colocar desta maneira. Há poucas vezes que as coisas no mundo são brancas ou negras. Algumas vezes as coisas que percebemos como o bem tem momentos de profunda maldade, mas o mal profundo te dirá que isso é sempre bom. Isto nunca admitiria que pudesse de algum jeito, ser mau.


Danger sacudiu sua cabeça. Ele soava algo assim como Padre Anthony, seu sacerdote quando era jovem em Paris.


- Então, se eu te perguntasse se está no lado bom...?


- Estou. Mas não tenho dúvidas em fazer tudo o que for necessário para proteger os humanos e Acheron. Estou aqui para salvar aqueles de vocês que possam ser salvos.


- E o resto? - Ele afastou a vista dela. - Vai matá-los. - Foi à declaração de um fato.


Seu olhar fixo cruzou com o dele, e dessa vez seus olhos resplandeciam com um verde profundo, vibrante. Eram sobrenaturais, frios, e não davam à aparência de humanos.


- Não. Condenaram a si mesmos por sua própria estupidez. Admito que não me importe quem vive ou morre; essa realmente não é minha preocupação. Estou aqui para fazer o que deve ser feito fazer para proteger a ordem das coisas.


- A ordem de que coisas?


- Nossa existência. Nosso universo. Chame como quer, mas ao final, esses que se voltam contra Acheron e que acossaram e caçaram a humanidade morrerão e sim, morrerão por minhas mãos.


Isso era incrível. Ele admitia que fosse, certamente, que os mataria a todos eles.


- Sendo assim, você é nosso juiz?


Seu rosto era sombrio, sincero.


- Juiz, Jurado, e Executor.


Essas palavras incendiaram seu temperamento enquanto ela passava seu peso de um pé a outro.


- O que te faz tão sábio que despreocupadamente pode decidir quem vive e quem morre? Como sabe o que é o correto?


Ele se mofou.


- Todos vocês sabem o que é correto. Você não necessita de mim para isso. Na noite em que se converteu em Dark-Hunter, fez o juramento eterno para servir a Artemis e para combater os Daimons em seu nome. Cada um de vocês recebeu riquezas, privilégios, e serventes. Tudo o que têm que fazer em troca é proteger os humanos e continuarem vivos. Sempre que cumprir com seus deveres, você é livre de encontrar a felicidade que possa. Todos conhecem as regras. Eu estou aqui para feze-los cumprirem essas regras, a cada vez que um de sua classe pense que é imune a elas.


Então era isso. Ela não queria nada nem ninguém cruel assim em sua casa. A ele verdadeiramente não importava a quem matasse. Os Dark-Hunters não eram nada para ele. Mas seus irmãos eram tudo para ela.


Ele mataria ou morreria por proteger Acheron, e ela mataria ou morreria para proteger a sua família Dark Hunter.


Era simples assim e complicado assim.


- Então já pode abandonar minha casa.


Ele negou com a cabeça.


- Não é assim que funciona isto. Quando Acheron me envia, ele me coloca com um Dark-Hunter que gostaria de ver salvo. Infelizmente, nem sempre resulta desse modo, mas em teoria, se cooperar, deveria sobreviver a esta última insurreição. Vou te usar como um rosto amigável, confiável para me introduzir junto aos traidores, a fim de que possa decidir quem entre eles vale a pena que seja salvo.


- E se eu me negar?


- Morrerá. - Não havia mais emoção em seu tom de voz do que em seu rosto. A ele, em realidade, não importava se a matava ou não.


Danger o olhou com seu coração golpeado com fúria.


- Então, espero que venha com um exército, porque vai ter que me matar.


Ela se lançou sobre ele só para trombar com o que parecia ser uma parede invisível que o rodeava. Ela o atacou a golpes, mas ele nem se moveu.


- Não posso morrer Danger. - disse ele sinistramente, enquanto a observava atrás de seu campo de força. - Mas você pode, e me acredite quando digo que morrer como um Dark-Hunter seriamente é ruim.


Ela fechou de repente sua mão contra a parede invisível, franzindo os lábios para ele.


- Está me pedindo que traia meus irmãos para minha salvação pessoal? Nem pense nisso. Que se danem você e Acheron.


- Não. - disse ele em um tom sincero, negava com a cabeça. - Estou perguntando para sua salvação. Se pudermos convencê-los a confiar em ti e acreditar em mim, e aceitarem que Kyros está mentindo, depois poderão ir para casa e tudo isto não será nada mais que um pesadelo.


- E se não o fizermos?


- Eles são história.


Aborrecida com ele, ela se tornou para trás.


- Sabe, poderia demonstrar um pouco mais de compaixão quando diz isso. Não significamos nada para você? Para o Acheron?


Ela sentiu uma mudança leve no ar, como se a parede se foi. Harry cravou os olhos nela com esses estranhos olhos verdes.


- Ao Acheron, definitivamente importa. Se não o fizesse, eu não estaria aqui agora, e todos vocês estariam mortos já. Ele não necessita que eu os mate. Ele pode fazê-lo sem nem transpirar. Acredite, eu tampouco obtenho alegria no assassinato. Do mesmo modo, sou ambivalente no que se refere a quem sobrevive e quem não faz. Isto não é um jogo para mim. Nem tampouco é o fim do mundo.


Ela se tragou o doloroso nó que apareceu em sua garganta ao pensar na morte de seus amigos.


- Todos eles trabalham para salvar-se. Todos eles. Não tem idéia duro é ser um de nós. Somos criados e depois abandonados. Alguns de nós passamos décadas, mais ainda, sem uma palavra só de Acheron. Nenhum de nós alguma vez viu Artemis outra vez.


Bufou com malícia, interrompendo-a.


- Conte isso como uma bênção.


Ela fez uma pausa em seu rancor, quando as palavras de Stryker a respeito da morte da Artemis retornaram a ela.


- Artemis está ainda viva?


- OH, Sim. Ela está vivinha e abanando o rabo, e Acheron a enfrenta diariamente.


Por alguma razão, isso fez com que se sentisse melhor, sempre e quando Harry não mentisse.


- Então ela se preocupa conosco.


- Não. - ele disse ferozmente. - Ela se preocupa com Acheron. O resto de vocês está aqui a fim de que ela possa controlá-lo. É por isso que ela continua criando Dark-Hunters novos para substituir esses que libera. O dia em que Acheron deixar de se preocupar com vocês, será o dia em que Artemis lhes voltará às costas e todos vocês cairão. Assim, não me diga que ao Acheron não importam um nada, quando o vejo todos os dias o quanto custam para ele.


Suas palavras pendiam em sua mente. Podia ser verdade?


Conhecendo Ash, isto parecia muito mais plausível do que fosse um Daimon.


Bom, mais ou menos. Mas de todas as formas, a teoria de Daimon soava notavelmente bem também.


Se só ela soubesse em quem confiar.


Harry se moveu para acabar justo ante ela, assim tão de perto que ela poderia notar seu fôlego caindo contra sua bochecha.


- Tem que uma tomar decisão, Danger. Vai ajudar-me a salvar alguns Dark Hunter, ou mato a todos agora e vou para casa?


 


 


Capítulo 6


 


Stryker se sentou na biblioteca escura de sua casa no Kalosis – o Inferno Atlante – com seu segundo comandante parado ante seu escritório imaculado negro, observando. A superfície do escritório era tão brilhante que refletia a luz de vela com um estranho resplendor que dançava ao redor deles.


A tristeza se assentava gravemente em seu coração como ele recordava um tempo quando teria sido seu filho, Urian, quem conspiraria com ele esta noite.


Urian. O mero pensamento de seu filho amado foi suficiente para paralisá-lo. A perda de Urian ainda o corroia como uma enfermidade que se inflama e que nada podia curar.


E tudo isto era culpa de Acheron, que tinha matado a seu filho amado. Seu herdeiro. Seu coração. Não havia nada bom dentro dele agora, exceto ódio e uma necessidade de vingança tão profunda, que punha em ridículo as traições que faziam com que os humanos se convertessem em Dark-Hunters.


Ele queria Urian de volta. Nada poderia preencher o vazio que a morte de seu filho tinha deixado. Nada poderia reprimir as vívidas lembranças, a dor e a traição no olhar de Urian no mesmo momento em que Stryker tinha talhado sua garganta.


Stryker chiou seus dentes quando a pena se rasgava através dele novamente. Como desejava poder voltar atrás nesse momento.


Mas estava feito, e ele não poderia viver até que ele se assegurasse de que Acheron conhecesse essa dor de primeira mão. Que Acheron sofresse sua longa eternidade com uma amarga angústia. Algo que se fazia mais difícil por sua necessidade de fazer que tudo isso fora do radar de Apollymi.


Quando servia a uma deusa, era difícil encontrar tempo para a vingança pessoal que ela provavelmente desaprovava. Mas Stryker não pararia até que tudo o que Acheron amava estivesse armazenado permanentemente em suas tumbas. Ele já tinha causado a morte de Nick Gautier e sua mãe, Cherise.


Havia só outros três que significaram algo para o príncipe Atlante. A demônio Charonte, Simi, a quem seria virtualmente impossível de matar – mas então, onde havia vontade, havia sempre uma maneira. A menina humana, Marisa Hunter, e Harry.


Ele quase tinha tido êxito em capturar a Marisa alguns meses atrás, em Nova Orleáns. Infelizmente, seu intento tinha fracassado, e no momento Acheron estaria em guarda no que concernia à menina. Ainda sim, chegaria o tempo quando seu guarda relaxaria.


Logo, a menina estaria vulnerável outra vez.


Mas então vinha Harry…


Acheron pensava que sua mão direita podia cuidar de si mesmo. Essa pomposidade seria a perdição de ambos.


- Acheron, um Daimon. - Trate riu, recolhendo o sfora que Stryker tinha usado para observar o mundo dos humanos.


O homem loiro ante ele, como todos os Daimons, tinha uns bons seis pés de altura, com incrivelmente boa aparência, e no apogeu de sua juventude. Era a maldição de sua antiga raça Apolita, que ninguém poderia viver depois de seus 27 aniversários.


Na hora que assinalava seu nascimento, começavam lentamente, dolorosamente a desintegrar-se em pó. A única forma para evitar esse destino era começar a alimentar-se de almas humanas. Cada vez que um Apolita decidia alimentar-se de almas em vez de morrer, ele se convertia em Daimon e um emparelha do pensamento prevalecente do Apolita. A maioria dos Apolitas temia aos Daimons tanto como o faziam os humanos, embora ele nunca tivesse sabido por que.


Muito poucos Daimons eram alguma vez caçados por eles mesmos.


Foi depois da conversão de status dos Daimons que Acheron mandou aos Dark-Hunters matá-los, e liberar assim as almas furtadas antes que morreram.


Canalha desprezível, ele se tinha posto do lado dos humanos e não dos Daimons. Se Acheron fosse inteligente, ele teria ficado a seu lado. Por alguma razão que Stryker nunca tinha entendido, Acheron ficou do lado de uma raça que trataria de lhe destruir se alguma vez descobrissem quem e o que ele era.


Que idiota.


Trate começou a girar o sfora em um pequeno círculo sobre o escritório polido.


- Tenho que dizer akri, isso foi realmente oportuno. Os Dark-Hunters são verdadeiramente muito estúpidos para viver.


Stryker se reclinou em sua cadeira negra de couro, seus lábios elevados ao recordar suas mentiras.


- Desejaria poder me atribuir o mérito, mas OH destino, foi um Dark-Hunter quem inspirou esse rumor, em algum momento, ao redor de quinhentos ou seiscentos anos atrás.


- Sim, mas você foi o único que inventou a completa guerra entre ele e sua suposta mãe. Acredito que Apollymi se sentiria altamente ofendida se ela soubesse que você se atreveu a dizer que ela tinha parido a um dos serventes de Artemis.


O sorriso se congelou no rosto do Stryker. Pouco sabia Trate, que isso era exatamente o que ele suspeitava. Embora Apollymi se recusasse a admitir, ele tinha começado a pensar ela era a mãe do Acheron na noite que Urian tinha morrido. Por que outro motivo Apollymi o proibiria de aniquilar ao servente de Artemis?


Artemis retinha a alma de Acheron, que jurara servi-la e gastava todo seu tempo opondo-se aos mesmos seres que serviam Apollymi. Dado que a Destruidora odiava profundamente Artemis, parecia natural que o enviasse para matar menino-brinquedo favorito de Artemis.


E ainda a única vez que um dos Daimons de Stryker tinha machucado Acheron, Apollymi cruelmente fora atrás de todos os responsáveis. Mesmo agora, sua gente vivia com o medo de voltar a despertar sua fúria. Não que ele os culpasse. Apollymi, como ele, vivia para a brutalidade.


É obvio, ele não tinha uma prova real de sua suspeita no que concernia ao Acheron. Ainda não. Mas se ele estava certo e Acheron fosse o filho perdido de Apollymi, então Stryker teria o poder para destruir finalmente à antiga deusa Atlante. Com ela acabada, ele regeria Kalosis e todos os Daimons fariam daquela sua verdadeira casa.


Ele teria um poder inigualável. Não haveria ninguém para impedi-lo de escravizar aos humanos.


O mundo dos humanos seria dele…


Ele já poderia saborear a doce vitória.


- Apollymi não deve inteirar-se disto. - disse Stryker severamente a Trate. - Contarei a ela sobre a insurreição dos Dark-Hunter depois que todos estiverem mortos.


Trate franziu o cenho.


- Por que não dizer a ela agora?


Ele fingiu indiferença.


- Ela tem sua mente em outras coisas. Penso que isto deveria ser uma surpresa para ela, não acha?


Seu servente empalideceu ante a idéia.


- A deusa não gosta de surpresas. Ela estava bem alterada conosco pela “destruição surpresa” em Nova Orleáns.


Isso era bastante certo. Stryker tinha enviado a seus Spathi Daimons e eles tinham semeado o terror durante algumas semanas, só para que Acheron salvasse aos lastimosos humanos ao final. Maldito fosse. Naquela noite, havia tirado de Stryker um bom número de bons Daimons, incluindo Desiderius. Mas não foi a destruição que zangara Apollymi, tinha sido ao ataque de Desiderius a Acheron que ela reagiu.


Mas Trate não sabia. Só Stryker conhecia a verdadeira fonte da cólera de Apollymi.


- Sim, mas ela se apaziguou e está agora realmente contente outra vez.


Trate olhou nada convencido, quando ele devolveu o sfora a sua posição dourada.


- Sendo assim, quais são suas ordens?


- Por agora, continuaremos nosso agradável jogo com os Dark-Hunters. Deixemos que vejam nosso lado bom.


- Temos lado bom?


Stryker riu.


-Não, mas como disse, os Dark-Hunters são muito estúpidos para pensar de outra maneira. Acreditaram em nossas mentiras por agora e permitiram a alguns de nossos membros mais novos afinar suas habilidades.


Trate inclinou a cabeça, logo deu um passo de volta para sair.


- Entretanto há uma prioridade nova.


Trate fez uma pausa para voltar o olhar atrás para ele.


- Qual?


- Matar Harry.


Trate se viu alarmado pela ordem, mas rapidamente se recuperou.


- Como?


Um sorriso lento se espalhou pelo do rosto do Stryker.


- Há duas formas. Podemos tentar fazer que se mate, ou deixamos aos Charontes fazê-lo.


Nenhum método seria fácil. E ele poderia dizer, pela expressão de Trate, que seu segundo comandante ponderava ambos os cursos de ação com igual trepidação.


- Como obrigamos os Charontes a fazer isso? - Perguntou Trate.


- Essa é a parte difícil, não?


Stryker considerou suas opções. A menos que ele pudesse obrigar Apollymi a cooperar, permitindo a uns poucos de seus mascotes deixarem o reino de inferno Atlantes, não havia nenhuma maneira de levá-los até Harry. Isso estava perto de ser malditamente impossível. A Destruidora raras vezes permitia a seus Charontes sair de Kalosis.


Não obstante, havia alguns Charontes que não sentiam carinho algum pela deusa que os controlava. Alguns que poderiam estar dispostos a cumprir com solicitude em troca da liberdade…


Trate ainda não conhecia essa opção.


- Como pode fazer que alguém se mate a si mesmo?


Stryker riu brevemente ante isso.


- Normalmente, teria que destruir sua vida. Ou lhe dar uma maldita boa razão para morrer.


Trate se viu até mais confundido: o que poderia fazer com que Harry quisesse morrer?


- Kyriay ypochrosi. - disse Stryker, utilizador o termo Atlante para “a nobre causa”. - Ele está tão sem alma como os Dark-Hunters aos que protege. Se você injetar uma alma forte em um Dark-Hunter, ele assumirá, mas se injetar uma fraca...


- Ele irá rogar por piedade.


Stryker assentiu. Essa era a parte mais dura de tornar-se um Daimon e um dos por que evitavam tomar almas débeis. A constante choramingação pela compaixão era suficiente para levar o mais forte deles à loucura.


Mas sua gente tinha um pequeno curinga: ainda possuíam suas próprias almas, que podiam silenciar os gemidos. Harry e os Dark-Hunters não. Não tinham nada dentro de si para vencer e reprimir a alma invasora.


Nada para amortecer a nova força vital.


Os patéticos gritos deixariam ao Harry incapacitado, que não teria escolha além de se matar para liberar a alma ou condenar essa alma a morrer.


Se não por outra coisa, seria um experimento interessante.


Deixaria o Harry morrer a alma, ou poria fim a sua própria vida para salvar um inocente?


 


 


Capítulo 7


 


Danger estava no vestíbulo de sua casa, observando Harry em sua cozinha. Ela se desculpara e fora tomar banho – não que tive necessidade de ir, só queria um descanso da intensidade de sua presença. E estar sozinha enquanto ordenava toda a informação que ele tinha deixado cair sobre ela.


Não sabia o que fazer e odiava esse sentimento de insegurança. Em toda sua vida, ela sempre se sentira orgulhosa de poder despir ao touro para ver a verdade.


Mas no que a isto se referia…


Ela não sabia quem ou o que era o correto. Desde que ela tinha visto Harry, ela não duvidava que ele pudesse matá-la se quisesse; que podia matá-los a todos eles. Até agora, ele se não tinha feito nada, o que acrescentava alguma credibilidade a sua história de que ele estava ali para protegê-la.


Talvez.


Demônios, eu realmente odeio a indecisão. Deveria correr e advertir os outros ou ficar e vigiar?


A resposta não era fácil.


Esfregando uma mão no rosto, ela fez uma pausa quando Harry agarrou uma barra de chocolate Hersheys do armário e a cheirou. Ele deslizou a mão sobre a borda da embalagem marrom como se ele nunca a tivesse visto antes.


Danger ficou olhando, perplexa por suas ações. Gostava do chocolate tanto como qualquer pessoa, mas ela nunca se interessou tanto em um tablete como ele. Algo em sua maneira de acariciar lhe recordou o toque de um amante, e isso o fazia parecer estranhamente vulnerável.


Sim… ela estava se perdendo.


- Deveria deixar vocês dois a sós?


Ele levantou o olhar, sobressaltado por sua pergunta, mas não respondeu a seu comentário sarcástico.


- É bom esse chocolate?


Seu cenho franzido se fez mais fundo ante sua inesperada pergunta.


- Abre e experimente você mesmo.


Ele soltou um profundo suspiro antes de deixá-lo de lado.


- Não adiantaria nada.


- Por que não?


- Não posso saborear nada.


Isso a surpreendeu. Ela não poderia imaginar passar sem suas barras de chocolate. Deus sabia, ela certamente obtinha um grande prazer em comer um Hersheys e outras coisas mais, que provavelmente obstruiriam cada artéria em seu corpo, caso fosse só humana.


- Absolutamente nada?


Ele negou com a cabeça enquanto voltava o olhar para a barra de Hersheys.


- Sei que Simi gosta de comer chocolate. Ela fala disso todo o tempo, mas nunca trouxe para casa para que pudesse vê-lo. Ela só come churrasco e pipocas a meu redor, o qual ela diz que é muito saboroso e realmente salgado.


- Simi?


Se ela não o conhecesse melhor, juraria que ficara instantaneamente incômodo, como se tivesse cometido um deslize mencionando o nome. Sem lhe responder, ele abriu o pote de café e o cheirou também. Ela quase podia dizer que todo isso era quase tão produtivo para ele como comer o chocolate que não poderia saborear.


O qual fez com que se perguntasse por lago um pouco mais importante realmente.


- Assim, se não pode saborear a comida, do que vive? De sangue? Almas?


Lançou-lhe olhar aborrecido enquanto ele retornava o pote a seu lugar.


- Já lhe disse isso, não sou um Daimon.


- Sim, mas quando te apunhalei, fez puff! Como um Daimon. É loiro e não come comida.


- Não sou um Daimon. - repetiu ele.


- Ahã... Alguma vez ouviu o dito, se caminhar como um pato e grasna como um pato é um pato?


- Não sou um Daimon.


Bom, não havia dúvida que era persistente. Tinha que lhe outorgar crédito.


- Então o que come?


Deu-lhe um intenso, quente olhar.


- Mulheres al dente.


Danger abriu a boca ante sua inesperada vulgaridade. Ela o olhou com desgosto.


- Isso foi gratuito.


- Então deixa de me fazer perguntas.


O encanto não era definitivamente seu talento. Mas ele realmente não o necessitava. Havia uma tristeza tão profunda em seus olhos, que realmente a fez lhe ansiar apesar de seu bom-senso, que dizia que ela deveria lhe estacar outra vez… só por prevenção.


Ela se aproximou dele a fim de poder estudar as harmoniosas linhas de seu rosto.


Suas características eram perfeitas. Viris. As sobrancelhas escuras estavam arqueadas perfeitamente sobre esses olhos estranhos dele. Suas maçãs do rosto eram altas e escurecidas com um rastro de barba. Era o tipo de barba que fazia que uma mulher quisesse ficar nas pontas dos pés e morder isso até que seus lábios estivessem arranhados.


Então ela se deu conta de algo


Harry, a diferença dela e o resto do Dark-Hunters, não tinha presas. Como podia ser isso? Mas ao menos isso excluía a pergunta do Daimon fora da lista. Nenhum Daimon de raça pura poderia viver sem alimentar-se.


- O que é você? - Ela perguntou. — De verdade?


Ele a olhou como se a pergunta o aborrecesse.


- Já tivemos essa conversa.


Sim, mas nunca a tinham terminado.


- Pediu que eu confiasse em você. Bem. Estou disposta a fazê-lo. Mas se o faço, também mereço a mesma quantidade de respeito em troca. - Deu-lhe um olhar significativo. - Confie em mim dizendo a verdade sobre você.


Ela viu a dúvida brilhando intermitentemente através de seus olhos verdes antes que ele finalmente respondesse.


- Digamos que eu sou 'outro'. Sou verdadeiramente único neste mundo. Não sou um humano. Não sou um Dark-Hunter e não sou um Daimon, ou um Apolita. Sou só eu. Pura e simplesmente.


Ela se opôs ao desejo de rir dessa última declaração. Não havia nada simples nesse homem.


Seu olhar fixo se estreitou nela, e uma fome muita arraigada se iniciou em seus olhos. Ele moveu a mão para seu rosto. Danger instintivamente afastou a cabeça. Seus olhos continuavam queimando-a com a intensidade de seu olhar fixo e poderoso.


- Deixaria que eu tocasse sua bochecha, Danger?


Teria negado se não fosse pela nota peculiar em sua voz. Se ela não soubesse, juraria que provinha de um profundo e necessário desejo.


- Por que quer fazer isso?


Ele deixou cair à mão e afastou o olhar, como se tratasse de descartar um pesadelo.


- Porque no lugar em que vivo não há humanos para tocar. Eu desejo o calor da pele de uma mulher. A textura. - Ele fechou seus olhos e aspirou profundamente. - A intoxicante e feminina essência que é única para todas as mulheres. Não tem idéia do que é desejar tão ardentemente o contato humano até o ponto de ficar impregnado por dentro, com uma necessidade tão forte que às vezes te faz perguntar se perdeu a razão, te fazendo questionar se toda sua vida não é mais que uma maldita ilusão causada pela loucura.


Esse era um pensamento intenso, aterrorizante. Tanto que ela tinha que esforçar-se para não solidarizar-se ante um homem que fazia Norman Bate parecer normal.


Está divagando, Danger. Você acredita? Tenho um lunático em minha casa enviado por Ash. Obrigado, Ash. Algum outro maluco de que queira que me ocupe? Eu que pensava que minha tia Morganette estava louca. Ao menos ela só pensava que seu gato era o Tio Etienne a quem vestia com calças bombachas e casaco até o joelho. Isso era quase lindo, mas isto… OH, sim, me envie a camisa de força, Ash. Deve-me isso.


Ainda em meio de seu enfático discurso mental, algo que ele havia dito a golpeou e acalmou um pouco.


- Quer dizer que vive em um lugar onde não existem humanos?


Seus olhos eram quase um tom normal de cor avelã.


- Em um lugar longe daqui.


- Parecido ao Star Wars? Faz muito tempo, em longínqua, muito longínqua galáxia? Quer me dizer onde situaria Tatooine? Em algum lugar neste universo? Perto de Toledo talvez? Ou está em Ohio ou na Espanha? Não sou muito seletiva. Posso usar o mapa?


Harry riu com vontade.


- Conhece a grande diferença entre homens e mulheres? Cada vez que fui enviado a um Dark-Hunter masculino, ele nunca me fazia pergunta. Simplesmente lhe dizia que tinha sido enviado por Acheron e ele ou o aceitava ou tratava de me matar. Se ele o aceitava, então ele vivia sua vida como se eu não estivesse ali, mas você… você quer saber cada pequeno detalhe de minha vida e minha pessoa.


Ela o olhou fixamente, de mau humor.


- Caramba, é nisso que você acredita? Há um pequeno detalhe a respeito de mim que te escapa. Não deixo desconhecidos entrar em minha casa. Nunca. Portanto, se espera dormir aqui, então me deve algumas respostas a respeito de quem e o que é. Agora voltemos para esse ponto do lugar aonde vive. Onde é isso?


Honestamente, ela não esperou uma explicação, mas para seu assombro, lhe deu uma depois de uma breve pausa.


- É como o céu ou o inferno. De uma maneira estranha, é uma combinação de ambos. Existe em um lugar que a maioria de humanos chamaria outra dimensão. Ou um pouco parecido. - Ela podia dizer que ele se esforçava em lhe explicar de maneira que tivesse sentido para ela. - Digamos que ali não há um mapa para descrevê-lo. Isto deixa Hammond completamente perplexo.


Bom, ao menos esse era um começo. E isso quase a tranqüilizava. Sim, claro. Entretanto, não sabe nada a respeito dele. Não, mas ao menos ele o tinha tratado de explicar a ela. Esse era um enorme salto para o Sr. Spooky.


Ele levantou a mão para sua bochecha outra vez e congelou antes que a tocasse.


- Posso?


Você realmente deveria fugir deste quarto e fechar a porta, Danger. Isso é o que uma mulher esperta faria. A urgência por fazer isso era forte, mas ela não fez conta. Nunca foi de sua natureza escapar de nada.


Aspirando profundamente, ela tomou sua mão na dele e a pressionou contra o rosto. Seu toque era frio. Gelado. Não havia absolutamente nenhum calor em sua pele.


Mas o olhar em seu rosto era de puro prazer e isso fez que lhe revoasse o estômago. Ninguém alguma vez tinha obtido tal alegria ao tocá-la. Ao menos não platonicamente.


- É formosa. - disse ele em um tom ofegante. Seus olhos cheios de admiração e luxúria, ele pegou sua bochecha em sua palma enquanto registrava seu olhar fixo com o dele. - Quanto tempo passou da última vez que fez o amor com alguém?


Ela ficou aturdida por sua pergunta.


- Desculpe?


Uma luz malvada dançou nos olhos dele.


- Eu sei, não é de minha conta. - Seu rosto se voltou sombrio, logo ele deixou cair à mão. - Mas eu também tenho momentos de profunda curiosidade.


- Sim, bom, mas por essa curiosidade em particular vai conseguir ganhar um golpe em certas partes.


Seu rosto se suavizou como se o pensamento o divertisse.


- Suponho que até o contato doloroso com essa área é melhor que nenhum absolutamente.


Ela abriu a boca com incredulidade.


- O que?


Deu a ela um aberto sorriso matreiro para fazê-la saber que ele estava zombando dela outra vez.


- Perdoe-me, sim, minhas habilidades sociais estão um pouco oxidadas. Não o interajo muito com outros.


- Não?


- Não.


Ela considerou todas suas revelações. Ele não tinha a aparência do tipo que confiava em outros facilmente e isso fazia que se perguntasse como era ela tão afortunada.


- Então, não come. Não interage. O que faz?


Outra vez, ele não respondeu – uma ação que recordava muito ao Acheron e sua imprecisão cada vez que alguém fazia uma pergunta pessoal. Em lugar disso, Harry se afastou dela. Danger não ia deixá-lo ir assim. Seguiu-o pelo vestíbulo.


Na metade de caminho, ele se deteve. Fechou seus olhos e inclinou sua cabeça como se escutasse algo. Foi uma postura muito parecida com a de Ash.


- Algo errado? - Ela perguntou.


- Ouça isso. - Ela escutou por uns segundos breves, mas tudo o que ela poderia ouvir era seu coração palpitando.


- Ouvir o que?


Ele não respondeu.


- Alguém está nos observando.


Danger se voltou com frio temor enquanto se dava a volta lentamente, registrando cada esquina de sua casa com seu olhar fixo.


- Quem? Onde?


- Não sei. Mas posso sentir.


Ele o poderia sentir. Pois bem, isso o explicava tudo, não?


Danger deixou escapar um cansado suspiro.


- Possivelmente é só cansaço.


- Acheron? - o chamou em voz alta.


Danger franziu o cenho, meio que esperando que Acheron fizesse uma de suas surpreendentes aparições em sua casa.


Ele não o fez.


Só estavam os dois, parados ali em seu vestíbulo, procurando fantasmas nas sombras. OH, sim, isto era tão reconfortante. Tanto como um porco-espinho em uma fábrica do comute. Ela esperava que saltasse algo fora das paredes sobre eles.


Harry jurou baixo antes de afastar-se dela, em sua sala de estar. Ele parou no meio e olhou ao redor.


- Ártemis. - ele grunhiu - Te convoco em sua forma humana.


Parte dela esperava impacientemente para ver se Artemis realmente apareceria à vista. Depois de alguns minutos e nenhuma aparência milagrosa da deusa, ela compreendeu que ele estava estranho.


- Artemis não pode vir aqui. Recorda? Eu não tenho alma e os deuses não se aproximam de nós por isso.


- Não. - ele disse entre dentes. - Os deuses gregos podem estar ao redor de você se quiserem, só que não o fazem porque a maior parte deles são como grãos no traseiro. Quanto a Artemis, ela não virá porque se vinga de mim não me respondendo.


- E isso por quê?


- OH, há uma milhares de razões pelas quais ela me odeia. - Ele olhou encolerizadamente para o teto. - Maldição, Artemis, esta não é a forma de fazer com que gostem de você. - Ele negou com a cabeça com repugnância. - Simi tinha razão, é uma odiosa vaca.


- Quem é Simi? - perguntou ela outra vez.


Ele finalmente a olhou.


- Igual a mim, ela é “outra”.


- Ahh, isso explica tudo. Verdadeiramente aprecio a confiança que deposita em mim com essa honesta sinceridade. Reconforta-me completamente.


Um tic começou em sua mandíbula quando ele se moveu para as escadas.


- Acredite ou não, há alguém nesta casa conosco.


Ele tinha razão, ela não queria acreditar. De fato, ela sabia muito bem.


- Não, não há, acredite, Alcatraz teve menos segurança que esta casa.


- E quantas pessoas conseguiram escapar?


Ele realmente começava a irritá-la.


Danger o seguiu para as escadas com uma apreensão que se arrastava através de seu sistema. Sentia ele em realidade algo que ela não podia sentir? Não era provável que alguém pudesse estar aqui dentro, mas então maioria de pessoas diria que sua morta existência no mundo dos vivos tampouco era possível. Talvez ele soubesse algo que ela não sabia.


Ele se deslizou pelos corredores como uma enorme pantera à espreita. Habitação por habitação, ele entrava e investigava. Para quando alcançaram o último dormitório ela estava cansada dele.


- Disse-lhe isso, aqui não há ninguém.


Ele inclinou a cabeça.


- Simi? - gritou ele. - Se for você, deixa de brincar comigo e vá comprar alguma coisa.


Danger se esfregou as têmporas.


- Sempre fala com seus amigos imaginários?


- Simi não é um amigo imaginário.


- OH, então ela deve ser seu amiga invisível. Quereria a senhorita Simi seu próprio quarto enquanto ficar por aqui?


Ela podia dizer pelo olhar em seu rosto que ela estava trabalhando nele para lhe provocar uma apoplexia.


- Não sei por que não pode aceitar que há coisas que existem além de seu conhecimento e entendimento. Para os humanos, a idéia de um Dark-Hunter é absurda. Não têm noção de que seu mundo, ou o dos Daimons, existem. O mundo que conheço é tão verdadeiro como este e inclusive mais cuidadosamente protegido. Só porque nunca ouviu falar dele não quer dizer que não exista. Você nunca encontrou o Conselho Diretivo dos Escudeiros, mas sabe que todos estão vivinhos e abanando o rabo.


Ele tinha esse ponto. Entretanto...


- Sim, e as crianças no mundo todo acreditam no Papai Noel e na fada dos dentes, que são invenções de sua imaginação.


Harry a ignorou. Ele suprimiu seu temperamento enquanto tratava de estender a mão com seus sentidos. Havia um zumbido e uma sensação aérea que aparecia cada vez que alguém usava um sfora para espiar acontecimentos. Ele tinha aprendido isso faz muito tempo, uma vez que Simi descobrira que ela podia usar o sfora para lhe observar enquanto ela estava em sua casa no Katoteros.


Mas se não era Simi...


Sobrava alguém do outro lado. Que ele soubesse, Apollymi não necessitava um sfora. Ela usava o lago de seu jardim para espiar a outros. O qual deixava a pergunta: quem estaria interessado em sua presença ali? Por que o observavam?


Danger suspirou.


- Olhe, não quero ficar aqui e observá-lo se comunicar com 'outros'. Esta foi uma longa noite, meu cérebro está frito e minhas emoções feridas de bala. Pode ficar aqui e seguir com seus passes mágicos, procurando a seus amigos invisíveis, tudo o que quiser. Vou para o meu quarto.


Harry assentiu. Se ela saísse, então quem quer que os observassem teria que escolher a quem seguir. Isso lhe diria quem era seu objetivo.


- Se me necessitar chame.


Ela girou os olhos.


- Claro, só farei isso quando necessitar que o enorme e musculoso He-man entre e salve meu débil traseiro de garota.


Harry não estava seguro se ele deveria estar consternado ou divertido por ela. Estranhamente, ele estava ambas as coisas.


Ela partiu, e o sentimento de ser observado não cessou. Ele soltou um suspiro aliviado. Ele era o alvo. Bom. Sempre que fossem detrás dele, conseguiria cuidar da situação. Convencer a Dark-Hunters de que algo estava atrás dela poderia ser mais difícil.


Ela pareceu muito teimosa em suas crenças e extremamente resistente a lhe escutar.


- Escolheu um bom momento para emboscar Acheron, Artemis. - disse ele em voz baixa. - Faça um favor a todos nós e deixe-o ir. - Mas ele sabia que isso era impossível. Artemis nunca permitiria voluntariamente ao Acheron deixá-la. Ela passava cada minuto de vigília tramando formas para amarrá-lo ainda mais a ela.


Mas ao menos Acheron tinha opções na matéria. Se ele em realidade quisesse, poderia ser um bastardo insensível e afastar-se dos Dark-Hunters. Tinha havido vezes nas últimas décadas em que Harry não teria ficado surpreso se o tivesse feito.


Ele, por outro lado, não tinha maneira de escapar. Ele não podia sobreviver no mundo humano por muito tempo. Viver fora de Katoteros era algo que ele só poderia ter em sonhos.


Para ele, ali nunca haveria amor. Crianças. Uma esposa.


A vida era sempre uma troca. Ninguém o podia ter tudo. Tudo se reduzia a que sacrificaria para fazer realidade seus sonhos. Ele tinha uma boa vida no Katoteros. Simi lhe queria, e em uma forma estranha, ele suspeitava que Acheron também o fazia.


Todos seus desejos se fizeram realidade…


Exceto um.


Ele não poderia ter uma consorte. Acheron se recusava a abrir sua casa para qualquer outro; não é que o culpasse. Ele mais que ninguém entendia a necessidade de Acheron de privacidade e seu temor de ter que explicar seu passado.


Harry só estava agradecido de que Acheron tivesse estado disposto a deixá-lo entrar. Se não tivesse a ele…


Bom, ele tinha estado vivendo no mais doloroso patético inferno inimaginável para a maioria da gente. Não fosse por Acheron, ele ainda estaria lá. Assim, sua situação atual não era tão má.


Ao menos não o seria se ele pudesse inteirar-se de quem observava.


Mas na esquina mais profunda de sua mente, ele sabia quem era. Stryker. Não havia ninguém mais. O que lhe deixava só uma pergunta.


Por quê?


 


 


Capítulo 8


 


Danger se encaminhou a seu quarto, e vestiu um velho pijama cinza de flanela. Era dois números maior, tal e como gostava, e o suficientemente denso e roído como para desalentar qualquer das noções românticas que Harry pudesse ter.


Se só conseguisse proteger-se de tais arriscados pensamentos. Ela tinha passado muito tempo sem sexo, assim não era difícil tê-lo ali e não ter pensamentos ilícitos a respeito desse musculoso corpo. Santo deus, tinha que ver-se tão condenadamente bem?


Força.


- Deveria enxotá-lo daqui, e malditas as conseqüências. - Disse ela silenciosamente, trocando sua camisa negra pelo enorme pijama.


Se só pudesse desfazer-se dele. Com seus poderes, ele só faria puff! Para voltar a entrar de novo em sua casa, diria algo esnobe, e depois rondaria a seu redor procurando a seus amigos invisíveis. Afff!


Ela sacudiu o top antes de deixá-lo em seu lugar, então agarrou seu telefone celular. Ela pressionou o número pré-gravado de Acheron. Passaram vários minutos sem uma resposta. Que estranho. Acheron sempre respondia ao primeiro toque. Ela nunca tinha tido problemas de que não agarrasse o telefone cada vez que ela chamava.


- Fantástico. - ela disse no telefone. - Sabe, ao menos podia usar a mensagem de voz.


Suspirando, ela desligou o telefone e terminou de vestir-se. Onde podia estar Acheron? Poderia ser realmente um Daimon? Ou deveria confiar no Harry?


Uma mulher poderia perder o julgamento tentando resolver isto. Sem mencionar que a última vez que ela tinha posto sua fé em um homem, não só a tinha matado, como tinha matado a todos os que amava.


A confiança era para os estúpidos.


- Só preciso descansar, e um pouco de tempo para pensar.


Agarrando um travesseiro, ela se dirigiu pelo corredor à escada que conduzia para seu escritório. Não havia sinal algum de Harry.


Talvez essa fora uma boa coisa.


Detendo-se na cozinha, ela abriu a despensa e tirou um pacote de pipocas. Abriu o microondas, encheu uma tigela com elas e o ligou. Enquanto cozinhava, ela agarrou uma Coca-cola do refrigerador e foi ver seu atual filme favorito, Tróia.


Yeah, isso era o que ela necessitava. Homens pouco vestidos, romances que acabavam mal…


Era justo o que necessitava. Ela possivelmente não poderia formar uma idéia do que devesse fazer com Harry, mas ao menos por um pouquinho ela estaria distraída de uma situação que parecia bastante desesperada.


 


Harry deixou escapar um suspiro cansado. Ainda não tinha havido nenhuma comunicação com Acheron, Artemis, ou Simi. E ele continuava tendo a sensação de que alguém o observava.


- Sabe. - ele disse em voz alta para seu benefício. - É hora de acabar com esta merda. Ou aparece ou acaba com isto.


A sensação se deteve.


Harry franziu o cenho. Hmm, isso tinha sido muito fácil. Ele deveria ter tentando isso ao princípio.


- É melhor que não seja você quem está brincando comigo, Simi. Se for, não tem nenhuma graça, e a próxima vez que acidentalmente grudar algo a suas asas, vire-se.


Sentindo-se algo melhor, ele decidiu encontrar a Dark-Hunters e assegurar-se que ela estava bem. Pelo que sabia, o sfora podia estar agora centrada nela.


Ele usou seus sentidos para localizá-la no piso de acima. Fechando seus olhos, ele se emitiu a si mesmo ao exterior da porta. Não havia necessidade de assustá-la mais com seus poderes. Ele deveria agir com toda a normalidade possível ao redor dela.


Com esse pensamento em mente, ele abriu a porta de seu quarto de cinema para encontrá-la enroscada no acolchoado sofá verde escuro, vendo a televisão. Ele sacudiu sua cabeça quando viu dois antigos exércitos gregos em enorme tela da TV de plasma.


Danger sentiu mover-se detrás dela. Volteando a cabeça, ela viu Harry observando sua TV. Havia um olhar estranho em seu rosto de aparência agradável. Era uma mescla estranha de dor, remorso, e desejo. Se ela não o conhecesse melhor, poderia pensar que ele tinha nostalgia ou algo pelo estilo.


- Conhecendo a casa? - perguntou ela.


A fria expressão familiar retornou a seu rosto.


- Sim. Já se foram. - Ele se aproximou um pouco mais do sofá enquanto continuava observando a tela curiosamente. - O que é isto?


- Tróia.


Ele franziu o cenho, como se isso não tivesse sentido para ele. Logo o reconhecimento repentino iluminou seu rosto.


- OH. - disse ele em um tom baixo. - Íleo.


Esse era um termo que ela não tinha ouvido desde aqueles dias em que estudava história grega clássica em uma escola de monjas. Foi então quando ela se deu conta de algo a respeito de seu convidado.


- É da Grécia Antiga, não é?


Ele se viu brevemente alarmado por sua pergunta, mas se recuperou rapidamente. E para variar, ele evitou responder sua pergunta.


- Por que está vendo isso?


Ela assinalou a cena onde Brad Pitt, como Aquiles, estava estendido nu em uma cama de palha com duas mulheres igualmente nuas.


- Por isso mesmo. - disse ela com uma nota apreciativa em sua voz. - Esse é verdadeiramente o traseiro mais fino em todo o planeta.


Harry bufou.


- Esse não é o traseiro mais fino no planeta. Acredite-me.


Ela arqueou uma sobrancelha ante isto.


- Então, é um expert em traseiros extremamente masculinos, hein?


Ele abriu a boca, olhando-a com indignação, ofendido.


- Dificilmente.


Danger não podia resistir lhe fazer mais brincadeiras.


- Bem, é um grego antigo...


- Que quer dizer com isso?


Ela se encolheu de ombros.


- Bom, todos sabem a respeito de seus gregos antigos. Vocês são muito amistosos uns com os outros. Lutando nus, metendo a mão nos traseiros dos outros.


- Não fazíamos isso! - gritou ele colericamente.


Finalmente, ela descobria alguma emoção verdadeira nele. Ela se orgulhou realmente de si mesma.


E para ser honesta, ela tinha que admitir que desfrutava chateá-lo um pouco.


- Por favor, está tudo nos livros de história. Estavam sempre se encadeando uns aos outros. Até Aquiles foi encadeado com o Patroclus. É obvio não neste filme, mas em Ilíada, de Homero, eram mais que simplesmente amigos.


Seus olhos verdes ardiam ante a afronta.


- Esses foram gregos posteriores. Não nós. Eles deram a todos outros estados da cidade uma má reputação.


- Então admite que seja grego. - Seu olhar fixo se estreitou quando ele se deu conta de que o tinha feito cair em uma armadilha para lhe fazer confessar. - OH, que não lhe de um aneurisma. - disse ela em brincadeira. - Não direi a ninguém que foi uma vez um grego. Embora por que o esconde, é algo que não posso entender, já que os Dark-Hunters Gregos são 'a coisa' em nosso mundo. - Indicou-lhe o outro extremo de seu sofá. - Sente-se, Senhor Irritadinho.


Ele se moveu, incômodo no braço de seu sofá, quando voltou a observar o filme.


Danger estava cada vez mais fascinada por ele e pela tristeza que parecia absorvê-lo enquanto ele era atravessado pela interpretação de seu mundo por Hollywood. Pela primeira vez, havia algo a respeito dele que quase parecia humano.


- Foi soldado?


Ele fez uma sutil inclinação de cabeça.


Ela jogou uma olhada à tela, logo depois de retorno a Harry como se tentasse imaginá-lo com a armadura grega. Muito provavelmente, ficara muito bem vestido de guerreiro. Ele era maciço e absolutamente firme… esse tipo de firmeza que fazia que uma mulher passasse horas saboreando suas carícias e beijos. E ela se dava conta que seu cabelo loiro até os ombros teria sido realmente sexualmente atrativo visto caindo por suas costas


Isto a fazia perguntar-se como se veria seu traseiro em comparação com o do Brad… Ela ficou carrancuda por um momento.


- Por que, supondo-se que eles eram gregos, falavam todos com acento inglês?


Ela sorriu. Acaso não sabia que o inglês britânico era, de fato, o idioma “estrangeiro” universal em Hollywood? Utilizavam-no em qualquer filme onde queriam dar um ar estrangeiro, apesar de onde quer que se localizasse.


- Mas eram gregos. Ao menos deveriam soar como eles.


- Concordo, mas as coisas são assim.


Ele se acalmou um pouco até que mostraram Brad enfrentando Brian Cox, que fazia o papel do rei Agamêmnon, o líder dos gregos.


- Esse não é Agamêmnon. - ele disse, franzindo o rosto. - Ele não era tão velho. Clytemnestra o assassinou muito antes que ele tivesse possibilidade sequer de pensar em cabelos brancos.


Não querendo nem respirar para não interrompe-lo, ela silenciou sua risada.


- Não deveria só ver o filme?


- Mas isso não foi o que aconteceu. Estão fazendo tudo errado.


Ela jogou um travesseiro nele.


- Olha aqui, seu tagarela, não estou interessada na exatidão histórica. Se assim fosse, leria a Ilíada.


- Essa tampouco é muito precisa.


Danger fez uma pausa quando ele mesmo deu-lhe uma pista de sua idade.


- Qual a sua idade mesmo?


Ele bufou.


- Mais velho que Íleo, obviamente.


- Bem, então você ensinou Ash a ser ambíguo assim, ou foi ele que te ensinou?


Ele lançou o travesseiro de volta para ela, logo voltou à atenção à TV, onde Helena entrava em cena.


- Será que alguma vez eles viram verdadeira Helena? Homem, ela era verdadeiramente bela. Deveria tê-la visto. Tinha uma risada que soava como os anjos cantando. E seu corpo… Bom, não era estranho que tivessem que obrigar a todos seus pretendentes a jurar que não matariam a seu marido por puro ciúmes.


Danger não fez comentários. Competir com outras mulheres não era seu forte. Para não mencionar que ela ficando verde de inveja por sua apreciação por uma mulher que estava morta há milhares de anos.


- Nem sempre podemos ser como Helena, não é?


Ela viu o cair sobre seu rosto quando ele se deu conta do que ele acabava de dizer.


- Você também é muito bonita.


- É obvio. - ela disse sarcasticamente. - Poupe-me, companheiro. Muito pouco, muito tarde.


Por uma vez ele guardou silêncio. Ao menos até que chegaram à cena com Paris e Helena nus, no dormitório de Helena. Harry voltou o olhar para Danger.


- O traseiro dele não te faz suspirar?


Danger se engasgou com a pipoca. Meu Deus, o homem não tinha nenhum tato mesmo. Perguntava sobre qualquer coisa. Ela nunca saberia o que sairia de sua boca. Tossindo, encarou-o com incredulidade.


- Não, realmente. - ela respondeu, assim que ela pôde respirar outra vez. - Não sou uma grande fã de Orlando Bloom, a menos que ele faça Legolas no Senhor dos Anéis. Legolas é um elfo que não desprezaria em minha cama por comer bolachas salgadas. Tenho que dar crédito. Quem o olhe e pense “o maravilhoso elfo loiro”, definitivamente merece um prêmio de alguma classe.


Ele indicou Eric Bana, que interpretava Heitor.


- E ele?


- Ele está bem, mas não é o meu tipo. Não sou contra os morenos. Eu gosto mais dos loiros, por isso que adoro a Orlando como Legolas e não como Paris.


Não perdeu a faísca de interesse em seus olhos.


- É bom saber.


Danger não tinha idéia de por que gostava de brincadeiras com um homem que ela realmente deveria odiar, contudo, ela não podia fazer nada para ajudar-se.


- Pois bem, essa informação não te favorece absolutamente.


- Por que não? Sou loiro.


- Sim, mas não é humano. - Ela voltou à vista para a tela onde Brad Pitt, como Aquiles, brigava com seu primo. - Claro, nem tampouco ele o é. - disse ela com um suspiro ofegante. - Juro, que esse homem é um deus.


Harry bufou.


- Ele não é um deus e não era primo do Aquiles na vida real. Não menos “beijável” que eu, de maneira, se é que sabe a que me refiro.


- Referir-se? Isso era mais parecido a um tufão, Senhor Suave, e não me diz nada que não saiba exceto Brad é em parte Deus. Ali é onde está definitivamente equivocado. Simplesmente olhe esse corpo.


- Isso não é nada para mim.


- Pois bem, deveria.


Ele fez um som de desacordo.


- Já vi melhores.


Danger o encarou travessa.


- Não dessa maneira! - Gritou ele, indignado. - Quero dizer… eu nunca...


- Esquece grego. Já esta à deriva no mar, e afogando rapidamente.


Hary deveria estar zangado e enfadado por este giro em sua conversação, mas estranhamente não o estava. Tinham passado incontáveis séculos desde que alguém brincasse com ele assim. Ele tinha que lhe dar crédito, ela era rápida e inteligente.


Ele a observou quando comia as pipocas.


- Por que são brancas?


- Quantas perguntas vai me fazer?


- Só sou curioso. E dado as incontáveis pergunta que me fez, é justo que me devolva o favor.


- Sim, bom, não tem que fazê-lo no meio do meu filme. - Ela suspirou enquanto passava sua mão através das pipocas. - Sempre são brancas a menos que lhes ponha algo. - Estendeu-lhe a tigela. - Quer?


- Não há necessidade. Não posso saboreá-las. - recordou-lhe.


- São de microondas, sem manteiga ou sal. Não há muito que saborear, mas pode sentir a textura, não?


Supunha que sim. Alcançando, ele tomou um pequeno punhado e o comeu. Como era de se esperar, sentia aquilo estranho em sua boca. Era rangente e ligeiro.


- Por que o come se não tem nenhum sabor?


- Gosto. E são boas para você.


- É imortal. Nenhum tipo de comida te faz mal.


Ela dirigiu-lhe um olhar ameaçador.


- Vamos simplesmente ver o filme?


Danger se surpreendeu um pouco quando ele mudou de posição a fim de poder sentar-se a seu lado no sofá. Ele também continuou comendo pipoca. Era realmente estranho ter alguém ali com ela. Nem mesmo com Keller compartilhava um filme em plena madrugada. Era algo que ela sempre tinha feito a sós, depois de terminar seu trabalho. Não havia uma grande quantidade de atividade de Daimons em Tupelo. A maioria dos Dark-Hunters ficava bastante descontente quando não estavam ocupados, mas ela era das que desfrutava disso.


Então, passara muitas noites em casa a sós com sua coleção de DVD´s, ou falando por telefone com outras Dark-Hunters fêmeas. Suas favoritas para falar eram Ephani, que era uma das caçadoras locaisa e Zoe que acabara de se mudar de Nova Iorque. Ambas eram antigas Amazonas, tinham alguns interesses em comum sobre a forma de tratar aos homens. A maior parte envolvia tacos de beisebol, chicotes e algemas.


A mão do Harry se chocou com a dela quando ambos colocaram a mão na tigela. Ela estava ainda surpresa pela frieza de sua pele. Não era estranho que ele mantivesse posto seu casaco.


- Por que está assim tão gelado? - Ela perguntou.


- Estou frio?


- Igual a um cadáver.


- OH. - disse ele, como se na realidade não se desse conta do fato de que sua temperatura corporal rivalizaria com um balde de gelo. - Bom, eu estou morto.


- Eu também, mas tenho pulso e algum calor. - Isso lhe deu uma estranha idéia. Tomando seu pulso em sua mão, ela se deu conta de que ele não tinha pulso. Ela tragou enquanto ele a olhava. - Por que não tem pulso?


Assim que a pergunta acabou de abandonar seus lábios, seu coração começou a bater. Na verdade, sua pele se aquecera enquanto o segurava.


Deixando cair sua mão, ela se pôs de pé.


- Isso não está bem. Que diabos há de errado com você?


- Não tinha intenção de te ofender. - disse ele honestamente. - A única que me toca é Simi e ela também é fria. Não pensei a respeito do que minha pele te faria sentir, do contrário a esquentaria desde o começo.


Ela estava completamente confusa com suas palavras. Ele podia controlar seus batimentos cardíacos e sua temperatura corporal? Isso era incrível!


- Como faz isso?


- Penso nisso, e acontece.


Danger voltou a sentar-se e voltou a tocar seu rosto. Sentia-se igual à face de qualquer outro homem. Ok, sua pele estava mais quente que antes, mas ainda não era realmente a temperatura de um humano normal.


Seus escuros bigodes eram ásperos contra sua palma, espinhosos, e enviou um estranho anseio através dela.


Ele fechou os olhos, como se saboreasse a percepção da mão dela em sua pele. Ele revolveu seu rosto muito ligeiramente em uma carícia gentil. Quando ele abriu os olhos, a fome profundamente arraigada em seu fixo olhar quase a assustou.


Antes que ela compreendesse o que ele estava fazendo, ele baixou sua cabeça e capturou seus lábios.


Sua primeira reação foi afastar-se e empurrá-lo, mas havia outra parte dela que dava permissão a esse beijo gentil. E era suave. Terno. Era o beijo de um amante, e isso acendeu seu sangue.


Ela mal podia recordar a última vez que se deitou com um homem. As aventuras de uma só noite nunca a tinham atraído. Bom, isso não era exatamente certo. Por um breve tempo, quando ela se converteu em uma Dark-Hunter pela primeira vez e se inteirou de que estava livre de enfermidades e embaraços, ela tinha explorado sua sexualidade.


Mas isso não tinha durado muito. Desde que os Dark-Hunters tinham proibido desenvolver relações românticas, isso a deixava com nada exceto o sexo. E o sexo sem alguma classe de afeto mútuo não era para ela.


Ela jogou-se para trás.


- Não sou fácil, Harry.


Ele realmente sorriu um verdadeiro sorriso para ela. Era encantador e inesperado.


- Eu o sou.


Negando com a cabeça, ela riu dele.


- A maioria dos homens o é.


Harry não reagiu a seu comentário. Como poderia, enquanto seu corpo e seus lábios estavam ainda ardendo pela sensação de sua boca na dele? Essa mulher tinha uma língua que tornava realidade cada fantasia de sua mente. Isso o fazia perguntar-se o que mais aquela língua poderia fazer...


- Se trocar de opinião, Danger…


- Não o farei.


Demônios. Este era um dos motivos pelos quais desejava que Acheron o tivesse enviado a um Dark-Hunter homem. A estas alturas, um homem já teria empenhado seu tempo em alguma mulher e deixaria Harry procurar uma companheira de cama por sua conta.


Se havia algo que duvidava era que Danger estivesse aberta a ter relações sexuais com ele.


- Entendo. - disse a ela.


Sim, bem. Ele mentalmente podia entender, mas seu corpo não. Queria prová-la tão duramente que duvidava que pudesse permanecer sentado.


Seu celibato era bastante duro para ele no Katoteros. Na terra, era insuportável. Estar tão perto de uma mulher e não tê-la… Ele gemeu.


- Tudo bem?


- Bem. - disse ele, desejando que uma ducha fria funcionasse. Mas ele estava longe disso. Ele tinha passado muito sem o contato de uma mulher, e nada exceto a liberação o ajudaria.


- Então, por acaso não teria umas amigas “fáceis”?


Ela encarou, enojada.


- É um porco!


- Passe duzentos anos sem sexo e depois me diga como se sente. - Disse ele defensivamente. - É fácil para você sentar aí como uma santa enquanto me condena, mas você pode ter sexo em qualquer momento que queira. Tudo o que eu tenho são os próximos poucos dias. Depois disso, teria que rezar para que apareça outro Dark-Hunter sem escrúpulos para que possa ter uma mulher. Tem alguma idéia de quando isso vai acontecer novamente?


- Então, está desejando nos matar?


- Não, mas depois de uma par de centenas de anos, começa a ter alguns pensamentos radicais.


Danger cravou os olhos nele com incredulidade.


- E teria ajudado se tivesse escolhido um filme onde as pessoas mantivessem postas suas roupas. Sabe, Disney faz também muito bons filmes.


Ele era incrível!


- Não posso acreditar que você seja o eleito de Ash e tudo o pode fazer é pensar em ter relações sexuais. É um “galinha”! Nem sequer te importa com quem dorme.


- Isso não exatamente certo. Eu tenho alguns padrões. Certo, não muitos, mas ainda… - ele ofegou entre dentes. - Estou tão duro que me dói, e considerando o fato de que realmente não sinto dor como o faz um humano, isso diz o bastante. - Ele realmente fazia caretas, e isso fazia que ela sentisse pena por ele. Só um pouco.


- Realmente, está tendo uma péssima noite, não é verdade?


- Não tem nem idéia. - Ele deixou escapar um pesado suspiro antes de levantar-se e dirigir-se para o corredor.


- Aonde vai?


- Vou dar uma volta ao redor da casa e tentar esfriar meus asquerosos pensamentos.


Danger não riu até que ele tivesse saído do quarto. Uma parte sua realmente o compreendia. Não obstante, para ela também tinha passado muito tempo da última vez que tinha deitado com alguém. Simplesmente não gostava de dormir com um desconhecido. Igual a outras muitas Dark-Hunters fêmeas, ela queria o único que nunca poderia ter outra vez – uma relação. Essa foi à parte mais dura a respeito de sua imortalidade. Com exceção das Amazonas, que nasciam para não ter nunca uma relação com um homem, o resto das caçadoras perderam o que tinham tido como humanas.


Realmente há incomodava o muito que sentisse saudades de seu marido em algumas noites. Até o momento em que ele a tinha traído, amara-o mais que a qualquer outra coisa no mundo. Michel tinha tido esse encanto galhardo que conquistavam a todos que o conheciam. A diferença do Harry, seu marido nunca tinha metido os pés pelas mãos.


Por outro lado, Harry, de acordo a suas palavras, não tinha estado ao redor de muitas pessoas.


- OH, não faça isso, Danger. - Mas era muito tarde. Ela já se levantou para espiá-lo. Encontrou-o no primeiro piso, segurando um de seus DVDs como se fosse um objeto estranho.


- Você está bem? - Ela perguntou.


Ele assentiu embora tivesse o cenho franzido.


- O que é isto?


- É um DVD. Isso é o que estávamos vendo acima.


- DVD?


Ele não sabia o que era um DVD? Era isso possível?


- Sim, não é assim que vê filmes em casa?


- Não. Elas somente funcionam.


Ela franziu a testa.


- Como assim, somente funcionam?


Ele agiu como se não houvesse nada incomum em sua declaração.


- Cada vez que Simi ou Ash querem ver algo, somente aparece.


- Sem um vídeo?


- Sim.


Tal coisa não era possível.


- Quer dizer que tem filmes correntes?


- Temos qualquer coisa que queiramos. Ao menos o tenho sempre e quando Simi não esteja ali. Ela tende a fazer difícil ver um filme quando está em casa.


Outra vez esse nome.


- Quem é esta Simi de quem tanto fala?


Harry ficou de pé. Ao princípio ele não ia responder, mas realmente não havia razão ocultar isso dela. Não era como se a informação lhe custasse algo.


- Ela é um cruzamento entre uma filha adotiva e uma insuportável irmã caçula.


- E ela vive com você e Acheron em uma casa que ninguém sabe que existe?


- Sim.


Danger estava realmente assombrada de que ela obtivesse algo pessoal dele. Esperando mais, ela perguntou:


- Ninguém mais os visita?


- Só Artemis e Urian.


Artemis ela conhecia.


- Urian? - Antes que ele pudesse responder, ela o fez. - Espere. Deixe-me adivinhar. Ele é “outro”.


- Sim.


- Ash é o único que não é “outro” por lá?


Sua expressão imediatamente se voltou branca, como se escondesse algo. Danger o viu antes que ele o bloqueasse.


- Está me dizendo que Ash também é um “outro”?


- Eu não disse nada a respeito dele.


Não tinha que fazê-lo. Sua omissão dizia tudo. Ela queria lhe perguntar mais sobre o que Ash e Simi eram, mas tinha sido o suficiente por esta noite. Ela estava cansada de bater a cabeça contra essa parede proverbial.


Suspirando derrotada, ela olhou sua TV de plasma, a qual tinha tido uma recuperação milagrosa enquanto ela tinha estado acima.


- Arrumou minha TV?


- Me pareceu o correto, uma vez que fui eu quem a quebrou.


Ela se aproximou para inspecionar. Tudo se via normal. Enquanto estava em frente a ela, acendeu-se.


Danger saltou, sobretudo porque seu controle remoto estava na estante longe dela.


- Como fez isso?


- Do mesmo modo que sempre o faço. - A televisão se apagou.


Ela se afastou rapidamente. Quanto poder possuía aquele homem?


Ele se moveu até ficar detrás dela. Sua presença ali era muito inquietante para seu bem-estar. Ela era mais consciente dele do que alguma vez tinha sido de qualquer homem antes. Havia algo nele que era eletrizante e magnético.


- Não tenha medo de mim, Danger. - ele sussurrou perto de sua orelha. Os calafrios passaram como um relâmpago por seu corpo. - A menos que ameace Acheron, nunca te machucarei.


- Não, só tem intenção de machucar meus amigos. - Ela o sentiu recolher sua trança e mantê-la muito perto de seu rosto para que ele pudesse inspirar seu perfume. - Realmente, gostaria que não fizesse isso.


- Eu sei. - Ele soltou seu cabelo e se aproximou até mais. Sua presença era esmagante. Poderosa. Ela podia sentir seu desejo sujeitando-a.


Mas ele se refreou.


Harry chiou os dentes quando imaginou o que seria aproximar-se de seu luxurioso corpo. Para rodeá-la e moldar seus seios em suas mãos. Seria tão fácil deslizar sua mão debaixo do cinto de seu pijama da flanela… passar os dedos através do triângulo de pêlo entre suas pernas acariciá-la. Tocá-la. Ouvi-la resmungar em seu ouvido enquanto seu fôlego fizesse cócegas em sua carne.


Ele já poderia sentir sua umidade.


Sua boca salivava avidamente por prová-la. O prazer carnal era a única coisa que ele ainda podia experimentar como imortal com o mesmo grau no que ele havia feito como humano. Por isso ele a desejava ardentemente. Ali, por uns alguns minutos, ele poderia esquecer sua gelada, solitária existência e sentir-se verdadeiramente humano outra vez. Ele poderia sentir-se conectado, quase desejado.


Mas ela não o queria.


Sua amargurada solidão se rasgava através dele, ralando seu coração. Sempre seria seu destino querer e não ter. Em muitas formas, ele era Tantalus. Ele poderia ver o que queria, mas cada vez que ele alguma vez se atreveu tentar alcançar, algo vinha e o tirava antes que pudesse tocar.


Maldição.


Apertando os dentes, ele se afastou dela. Ele sentiu seu alívio instantâneo e isso o entristeceu ainda mais.


- Então, todos os Dark-Hunters nada mais são que “cafetões” para você?


Ele negou com a cabeça.


- Não. Eles só tendem a freqüentar lugares onde… digamos desta maneira… se reúnem mulheres de mente aberta. - E normalmente essas mulheres se atiravam em cima dele. Era uma lástima que Danger não seguisse o exemplo.


- Apostaria que sim.


Ele ignorou seu sarcástico comentário. Ela não tinha idéia quão importante era tal contato para ele. Ela interagia com outras pessoas todas as noites. Ele não o fazia. Seu único contato com o mundo era através dos monitores e o sfora em Katoteros. Aquilo era frio e estéril.


Igual a mim.


Isso era bastante certo. Cada século parecia tornar-se um pouco mais duro. Igual a Acheron, ele perdia mais e mais de sua humanidade. Esse era um dos motivos pelos quais era tão importante para ele provar e salvar a Kyros. Esta era a primeira vez nos séculos que algo verdadeiramente importava-lhe. Ele realmente queria salvar seu velho amigo.


Mas isso teria que esperar por agora. Ele podia já sentir que o amanhecer estava a ponto de chegar. Danger olhou para a janela como se ela também o sentisse.


- Está ficando tarde. Acho que vou dormir.


Ele assentiu enquanto ela o deixava só. E mal ela se afastara, quando ele sentiu a sensação espinhosa de ser observado outra vez.


Harry esfregou a parte de atrás de seu pescoço ansiosamente.


- Juro, Simi, se for você que está se metendo comigo, não guardarei sob chave seus cartões de crédito a próxima vez. Quebrarei.


 


 


Capítulo 9


 


Danger passou um intranqüilo dia em sua cama, tentando dormir, e isso se mostrando quase impossível. Eram apenas seis da tarde quando despertou, seu coração correndo a toda velocidade, sua mente dando voltas com imagens horríveis.


Os insistentes sonhos sobre Harry se mesclaram com pesadelos dele tratando de matá-la. Não importava quente começasse o sonho, sempre acabava da mesma maneira – Harry encerrando-a dentro de um estreito, e escuro quarto que continha a outros Dark-Hunters. Esfarrapados e doentes, apenas esqueletos humanos, rogavam piedade até que fossem guiados ao exterior, um por um, à Praça do Grevè onde a guilhotina grafite de vermelho esperava para cortar suas cabeças.


O som da folha de oitenta e oito libras caindo anunciava em seus ouvidos, junto com o som do povo de humanos e Daimons aclamando suas mortes.


Mas o mais estranho, a parte mais perturbadora de seu sonho era a imagem do Harry sentando-se ao lado do povo, uma Madame DeFarge, tecendo uma lista de todos seus nomes a fim de que o executor (Acheron) conheceria quem seria o próximo em morrer.


Maldito seja Charles Dickens, para essa imagem! Suas lembranças da Revolução já eram o suficientemente maus. A última coisa que precisava era que alguém os acrescentasse.


Danger jazeu na cama, agarrando-se a sua garganta. Os horripilantes gritos do passado se anunciavam em seus ouvidos. Repetidas vezes, ela viu os rostos de inocentes tinham sido assassinados por uma multidão faminta que se inclinava em vingança contra uma das classes sociais. Tinham passado décadas da última vez que ela tivesse recordado sua vida humana.


Sua morte.


Mas agora se rasgava através dela com atordoante claridade e acidez. Até pior, que ela recordava o tempo não fazia muito depois da Revolução quando tinha estado de voga que parisienses abraçassem a grupos apinhados de vítimas onde as únicas pessoas que tinham permissão de assistir eram esses cujas famílias tinha sido assassinadas violentamente pelo Comitê. Todos os assistentes levavam postos fitas de seda vermelhos atados ao redor de suas gargantas em memória do trabalho da Madame Guilhotine. Aquilo tinha sido muito mórbido e a tinha obrigado a fugir de sua terra natal, para nunca mais retornar.


Ela odiou essas lembranças. Ela odiava tudo a respeito deles. Tinha sido tão injusto perder tudo pela cobiça de um homem. Um homem que ela, ela mesma, havia trazido para sua família. Mas por ela, seu pai e sua esposa e seu irmão e sua irmã não teriam morrido.


Por que tinha acreditado alguma vez nas mentiras do Michel? Por quê?


A culpabilidade e a vergonha disso ainda corroíam seu interior.


Ela tinha matado a sua família porque ela se apaixonou por um mentiroso, farsante asno. As lágrimas caíam de seus olhos enquanto sua garganta se fechava lhe impedindo logo que respirar.


- Papai. - soluçou ela, rememorando de novo a perda de seu pai. Ele tinha sido um bom homem que se encarregou das pessoas que lhe importavam. Nunca houve uma vez em que as tivesse descuidado já fosse a ela ou a sua mãe. De fato, ele tinha querido entregar seus títulos nobres a fim de que ele pudesse casar-se com sua mãe quando ela tinha ficado inesperadamente grávida.


Havendo feito assim, sua vida teria sido preservada… mas sua mãe tinha recusado. Médio confiada e audaz, sua mãe nunca tinha querido um marido que lhe dissesse o que fazer. Ela era uma das atrizes mais renomadas daqueles tempos, e sua mãe tinha temido que seu pai insistisse em que ela deixasse os cenários para ficar em casa e com a família.


Até depois de seu rechaço, seu pai tinha seguido a sua mãe, lhe rogando que se casasse com ele enquanto ele se assegurava de que os dois tivessem tudo o que necessitassem. Foi só depois de que Danger tinha alcançado maturidade que ele tinha perdido a esperança de sua mãe alguma vez trocasse de idéia.


Foi então quando ele tinha encontrado a uma dama com a que casar-se.


Mesmo então, ambos ele e sua senhora algema sempre tinham sido amáveis com ela. Sua madrasta lhe tinha dado a bem-vinda a ela a sua casa com os braços abertos. Mamam Esmée a tinha envolvido em amor e devoção.


Não muito maior que Danger, a dama nunca a tinha cuidadoso por cima do ombro seu status ilegítimo. Ela rapidamente se converteu em uma de seus queridos amigos e confidentes.


Mesmo agora ela poderia ver suas caras quando eles carinhosamente brincavam um com o outro. Ver o rosto do Esmée quando ela a levava para comprar chapéus – uma grande debilidade de Esmée na vida. Nunca tinha podido passar por uma loja sem entrar correndo para ver o que tinham. Ela passava horas nos artigos de cavalheiro provando-se cada boina e o chapéu que tinham enquanto seu pai a observava e ria.


Danger os tinha querido tanto…


E então no temido calor do verão, a Revolução tinha varrido toda a França como algo, mas que uma praga. Milhares tinham morrido em questão de semanas.


Seu irmão, Edmonde, que só tinha quatro anos, sua irmã, Jacqueline, de menos de um ano, e seus compatriotas tinham sido brutalmente assassinados. Ninguém de sua família tinha merecido as mortes que lhes tinham sido concedidas.


Nenhum deles.


Exceto por seu marido. Ele tinha ganhado cada ferida que lhe tinha dado para sua crua traição. E tudo porque ele tinha cobiçado a casa de seu pai e o tinha querido tudo para ele. Ele o tinha obtido, de acordo, e ela se ocupou de que ele não tivesse vivido o tempo suficiente para desfrutar.


Tremendo de cólera e pena, ela jogou atrás o cobertor vermelho e ouro, logo afastou as cortinas de modo que pudesse abandonar sua antiga cama.


Harry podia apodrecer-se no inferno antes que alguma vez lhe ajudasse a ir detrás de um Dark-Hunter ou qualquer outro. Ela nunca tomaria parte de algo semelhante a uma caça de bruxas. Se Acheron os queria mortos, então ele podia fazer isso por ele mesmo.


Ela não estava disposta a ajudar ao Harry a julgar a ninguém. Ela tinha visto bastante disso no que durou sua vida humana.


Com sua decisão tomada, ela rapidamente se lavou seu rosto, vestiu-se, e foi lhe buscar para lhe fazer saber sua decisão.


Mas esses pensamentos voaram quando, depois de comprovar sua casa, lhe encontrou alavancado no sofá em seu quarto de vídeo. Perfeitamente cômodo, ele parecia estranhamente como em casa. Havia uma pilha de DVDs diante dele. Ele se via tal e como estava quando lhe tinha deixado a noite antes. Se ela não o tivesse melhor critério, ela juraria que ele não tinha dormido.


Ela se deteve na porta enquanto ele literalmente usava seu dedo para selecionar uma nova cena.


Como tinha feito isso?


- Onde está o controle?


Ele volteou sua cabeça para ela.


- Controle?


- Sim, a coisa com a que acende e apaga a televisão?


Ele olhou seu dedo.


Aturdida, Danger foi à prateleira do DVD ao lado de sua televisão e levantou o mando.


- Como controla o reprodutor sem isto?


Ele agitou sua mão e a TV se apagou.


Completamente perplexa, ela devolveu o mando à prateleira.


- Você é um fenômeno total.


Ele arqueou uma sobrancelha, mas não disse nada.


Danger cruzou o pequeno espaço para parar-se ante ele. Ela tomou sua mão nas dela, agradecida de que por uma vez fossem cálidas. Parecia-se com qualquer outra mão… bem, exceto pelas bastante longas e bem cuidadas unhas.


Esta era a mão de um homem, calosa, forte. Ela a apontou para a televisão.


Não passou nada.


- Está sentado sobre um controle a distância universal? - Perguntou ela suspeitosamente.


Ele cravou seus olhos nela com inocência.


- Levante. - disse ela, lhe devorando para que se levantasse a fim de que ela pudesse olhar as almofadas.


Não, não havia remoto.


Frustrada, ela se voltou para ele.


- Como o apagaste tão rápido?


Ele se encolheu de ombros.


- Eu queria que se apagasse e se apagou.


- Wow. - ela disse. - Isso é assombroso. Suspeito que isto me faz a mulher mais afortunada no mundo.


- Como assim?


- Encontrei ao único homem vivo que alguma vez não gritará isso de 'carinho, onde está o controle?' Depois, faria migalhas minha casa buscando.


Ele a olhava quase tão desconcertado como o tinha cuidadoso ela antes.


- Sabe não te entendo. É uma criatura imortal da noite com presas e as habilidades psíquicas. Por que te está resultando tão difícil me aceitar tal como sou e o que posso fazer?


- Porque isto quase faz brincadeira a cada crença tive até agora. Ouça, nós. – ela se destacou a se mesma - Os Caçadores Escuros. Supõe-se somos as coisas mais malotes depois de que o sol fica. Então, aparece você e agora nos encontramos com que nossos poderes não são nada em comparação com o que você pode fazer. Isto realmente me atravessa na cabeça.


Ela poderia dizer que as palavras lhe desconcertaram.


- Por que te inquieta isso? Você sempre soube que Acheron era o ser mais capitalista em seu mundo.


- Sim, mas ele é um dos nossos.


Seu rosto ficava branco cada vez que ela dizia ou fazia algo com o que ele não esteve de acordo.


- Que? Perguntou ela. - Vais dizer-me agora que Ash não é um Dark-Hunter?


- Ele é único em seu mundo.


- Yeah, já o tinha advertido. Todos nós o temos feito. Esse foi o tema de muitos debates noturnos no Foro do Dark-Hunter.


Um diabólico travesso brilho fez mais escuros seus olhos.


- Sei. Passo muitas horas chateando sob um pseudônimo, jogando por terra todos seus lôbregos atalhos de modo que posso observar o que especulam suas mentes. Tenho que dizer que todos vocês são altamente entretidos quando se enfrentam com a adivinhação de quem e o que é ele.


A idéia dele fazendo tal coisa a divertia e irritava de uma vez.


- É um homem doente.


Ele se encolheu de ombros despreocupadamente.


- Tenho que fazer algo para aliviar meu aborrecimento.


Talvez esse fosse certo e era uma forma, mas bem inofensiva de quebrantar a monotonia. Ainda assim, não gostava de ser o brinquedo.


Mas isso não era o importante. No momento ela tinha um assunto muito mais premente para discutir com o Monsieur Oddball.


- Sabe, pensei em algo...


- E?


- E me decidi que se você e Ash querem jogar a isto… o que seja cenário de jogo que se põe a andar todos os poucos séculos onde você extermina a uns poucos de nós, então pode fazer sem minha ajuda. Não quero ser parte de julgar a alguém mais. Já vi de primeira mão aonde leva isso e não é agradável. Nunca quero ter que lavar sangue inocente de minhas mãos.


Ele aspirou profundamente como se ele assimilava o que ela dizia. Seu olhar fixo era escuro e sincero.


- Não somos o Comitê. - Maravilhou-lhe que ele entendesse o que tinha apressado sua decisão, mas dava o mesmo.


- Não, você é juiz, jurado, e executor. Em meu livro, isso o faz pior. Se quer me matar, então me mate. Prefiro ser uma sombra antes que trair a um de meus amigos ou mesmo se for inimigos ao final. Acredite-me, tendo sido traída eu mesma, não é algo que alguma vez faria a nenhum outro.


Seus olhos voltaram para sua estranha cor verde.


- É fácil ser valente quando não sabe realmente o que quer dizer o de ser uma Sombra.


- Yeah sei. Estar faminto e sedento todo o tempo sem nada para saciar. Ninguém te pode ver ouvir, etc., etc., etc. É um destino pior que a morte porque não há recompensa eterna, nenhuma reencarnação. É um verdadeiro inferno. Sei.


- Não, Danger. - disse com voz cheia de dor. - Não sabe.


Antes que ela se precavesse do que ele estava fazendo, ele colocou sua mão em seu ombro. Seu toque a chamuscou com dor e imagens. Ela viu um homem que não conhecia. Ele estava em meio de uma rua abarrotada de Nova Iorque, pedindo a gritos que alguém olhasse. Ouvisse-lhe.


Ele tratou de lhe estender a mão às pessoas, mas todos eles passavam através de seu corpo. Quando o faziam, a sensação de suas almas passando através dele perfurava a imagem de seu corpo como partes de vidros quebrados de um copo envenenado. Picava e ardia tanto que era uma dor indescritível.


Ela poderia sentir a fome insaciável que roia profundamente no interior dele, também era indescritível. A sede queimava sua boca desidratada e seus lábios degustavam algum inextinguível fogo que se negava a ser satisfeito. Ele estava afligido pela agonia física incontrolável, pela solidão mental que demandava embora fosse um segundo de conversação.


Alguma parte interior, silenciosa dele gritava, acolhendo a morte.


Suplicando perdão.


Harry a soltou. Ele baixou sua cabeça para falar duramente em seu ouvido.


- Isso é o que se sente sendo uma sombra É realmente o que quer?


Ela lutou por respirar através das emoções que a estrangularam. Estava além de até seu pior pesadelo. Ela nunca tinha imaginado que tal inferno poderia existir. Até agora a imagem desse homem estava ainda sobrecarregada em sua mente. Machucou-a de um modo que a assombrou.


- Quem é ele? - Perguntou ela, sua voz tremendo.


- Seu nome é Erius e faz mais de dois mil anos que ele viveu essa existência horrífica.


O tom do Harry era profundo e ressonante. - Ele se elevava muito perto de quando lhe falava seu fôlego quente lhe fazia cócegas à pele. - Houve uma vez, no que ele pensou que poderia ser um deus. Ele pensava que tudo o que ele tinha que fazer era matar aos humanos e chupar suas almas como um Daimon. Assim como Kyros está tratando de fazer, ele juntou um grupo do Dark-Hunters para revolver-se contra Acheron e Artemis. Ele lhes disse que ele os poderia conduzir a liberdade. Que todos eles tinham a capacidade de ser deuses também. Tudo o que tinham que fazer era lhe escutar e seguir seu exemplo.


Tragando através de sua fechada garganta, lhe contemplou, indo em busca da verdade que finalmente saía a reluzir.


- Foi você que o matou?


- Não. - disse ele, seu tom e olhar pormenorizado. - Acheron o fez. Ele foi e tratou de lhe explicar tudo, mas Erius se recusou ouvir. Ele pensava que Acheron tinha descoberto o segredo de poderes dos Daimons e que Acheron entesourava o resto de seus segredos. A presença do Acheron não fez mais que encolerizar mais, e ao final foi à causa de que Erius se amaldiçoasse a si mesmo. Essa foi à última vez que Acheron foi tentar salvar um Dark-Hunter.


Seu olhar se voltou apagado, desencantado.


- Depois disso que eu assumi o controle. Eu vou a eles e finjo ser também um Dark-Hunter. Trato de lhes explicar que Acheron não guarda nada e que todos eles estão equivocados com suas hipóteses a respeito das origens de seus poderes. Usualmente uma maioria deles me escuta e se vão a casa.


Isso dava sentido à entrada do Harry. Sem dúvida se Acheron aparecesse ao redor do Kyros, Kyros lhe atacaria e brigariam. Os homens antigos não eram normalmente conhecidos por solucionar as coisas de outra maneira que não fosse brigando.


- Eles são muito mais prováveis que escutem a um dos seus.


Ele assentiu.


- Por sua natureza, os Dark-Hunters são pessoas vingativas. Foram enganadas em vida e para muitos deles que é fácil acreditar que foram enganadas também na morte. Procuram alguém a quem odiar.


- Acheron é um alvo fácil.


- Sim. Ele é mais poderoso, e todos vocês sabem que ele lhes esconde coisas. Assim é que uma vez que a semente da mentira é plantada, enraíza e se converte em ódio e revolução.


Ela retrocedeu um passo a fim de que sua presença não a distraísse logo se voltou de modo que agora poderia observar seu rosto.


- Então por que Acheron não conta a verdade? Por que nos oculta seu passado?


Ele se encolheu de ombros.


- Quando te pedi ontem à noite que te deitasse comigo, você te negou alegando que não queria dormir com um desconhecido. Embora os primeiros cinqüenta anos de sua vida como Dark-Hunters, saltava alegremente de um amante a outro.


- Como?


Cobriu-lhe a boca com sua mão para silenciar essa frase.


- Como sabe isso?


Raspou-lhe a mão com seus dentes, lhe causando uma sacudida que a percorreu inteira. Seu sorriso era matreiro e cálido.


- Sei muitas coisas a respeito de todos vocês. Assim como Acheron sabe.


Não gostou do pensamento disso.


- Espiou-me?


- Não, mas te conheço. Tenho muito dos mesmos poderes que tem Acheron. Assim como ele que pode olhar em seu coração e passado, eu também posso.


Danger inclinou sua cabeça enquanto considerava isso. Não estava segura de que gostasse de ser transparente para alguém. Todo mundo precisava ser capaz de ocultar partes de si mesmos.


- Então, conhece o passado do Acheron?


Ela viu a vergonha em seu olhar antes que a apartasse.


- Me responda Harry.


Ele deixou escapar um cansado suspiro, enquanto devolvia os DVD´s à prateleira.


- Sim. Descobri seu passado por acidente.


O sombrio olhar em seu rosto disse a ela que ele desejaria não haver descoberto nunca.


- Isso o levou naqueles dias nos que estava aprendendo a usar meus poderes. - Ele fez pausa para pôr os DVD´s na prateleira antes de olhá-la. - Não sabia como controlar o olhar no passado e tropecei acidentalmente com o seu. Quando ele voltou para casa, encontrou o sfora – um globo de cristal – em meu quarto. Ele me olhou e soube que ele sabia o que tinha visto.


Ela nunca tinha visto o Acheron zangado, mas dado à forma em que ele protegia seu passado, ele devia ter estado furioso.


- Que fez ele?


O olhar fixo do Harry baixou ao chão como se pudesse ver esse dia claramente em sua mente.


- Ele veio para mim e recolheu o sfora, logo disse, 'suponho que deveria te ensinar como usar isto corretamente.'


Ela piscou com incredulidade.


- Isso foi tudo?


Ele assentiu antes de retornar a agarrar seus DVDs.


- Nunca falei disso e ele não me perguntou.


- Então que fez que você?


- Não me pergunte nada de seu passado. - disse ele, interrompendo-a antes que ela pudesse lhe perguntar isso mesmo. - Me acredite, não é algo que queira saber. Há algumas coisas que só é melhor as deixar como estão.


- Mas...


- Nada de, mas, Danger. Ele tem uma boa razão para não falar de sua vida humana. Não há informação ali que pudesse beneficiar a alguém. Mas que o ferisse pessoalmente. É por isso que ele não fala disso. Ele não está ocultando nenhum segredo do mundo dos Dark Hunters. Exceto pelo fato de que a Artemis não preocupa nenhum de vocês. Mas que bem poderia supor isso para você? Está melhor sabendo uma mentira que conhecendo a verdade.


Possivelmente isso era certo. Pessoalmente, ela não poderia ter estado realmente feliz de saber que a Artemis poderia importar menos o que acontecesse a eles.


- Então por que fomos criados?


- Honestamente?


- Por favor.


Ele suspirou quando colocou o último filme.


- Já lhe disse isso. Artemis queria manter sujeito ao Acheron. A única forma de conseguir era aproveitar-se de sua culpabilidade. Assim é que ela usou seus poderes contra ele para criar ao primeiro Dark-Hunters. Ela sabia que Acheron nunca lhe voltaria às costas aos inocentes quem não teria tomado o trato que lhes dava Artemis de não ter sido por ele.


Harry a imobilizou com um ameaçador olhar.


- Sua culpa é o que fez que Acheron procurasse uma maneira para assegurar-se de que todos vocês tivessem serventes e cobrassem por seu trabalho. Os Dark-Hunters são tudo para esse homem, e eu quero dizer tudo. Ele paga com sangue cada vez que um de vocês quer obter a liberdade, e ele sofre cada dia a fim de que todos vocês possam viver suas pequenas vidas com comodidade, riqueza e privilégios.


Seus olhos literalmente cintilaram em um fogo verde ante ela.


- E tenho que dizer que cada vez que um de vocês se volta contra ele, seriamente me desgosta muito. Acheron não lhes exige nada a nenhum de vocês e isso é exatamente o que ele recebe. Quando foi a última vez que lhe agradeceu sua ajuda?


Uma pontada de dolorosa culpabilidade a transpassou.


Ele estava no correto. Nunca tinha dado ao Acheron obrigado por seu treinamento ou qualquer outra coisa. Nunca lhe agradeceu. Se alguém estava dando obrigado por suas vidas, era Artemis.


- Por que não nos diz Acheron a verdade? - Ela perguntou.


- Não é sua forma. Seu ego não necessita de culto ou aceitação. Tudo o que ele lhes pede é que cumpram com seus trabalhos e que não morram.


Um tic começou na sua mandíbula.


- E agora saber que esse Kyros, um dos primeiros que foram criados, tornou-se contra ele… enche o saco a um nível que não pode se queira começar a compreender. De todos os Dark-Hunters, ele e Callabrax deveriam saber que Acheron nunca os usaria a nenhum de vocês em sua guerra pessoal.


Danger assentiu. Se Harry dizia a verdade, e para ser honestos, ela começava a lhe acreditar, então devia machucar ao Acheron saber que Kyros se tornou contra ele.


- Kyros e Brax são legendários.


- Sim, e por isso é que tenho que deter o Kyros. A maioria dos Dark-Hunters lhes escutará antes que a qualquer outro só por que ele esteve por aí muito mais tempo que eles.


Ele tinha um argumento convincente, mas ela ainda queria que ele a deixasse fora disso. Quando ela abriu sua boca para falar, ele tinha esse estranho, longínquo olhar outra vez.


- Retornaram. - ele disse entre dentes agarrados com força.


Danger soltou um suspiro de rendição.


- De acordo, Carol Anne, basta com a interpretação do Poltergeist. Se não puder contatar com eles e eles não nos incomodam, não quero saber que nos observam entendido?


Ele a ignorou.


- Simi. - grunhiu ele. - Tenho assuntos importantes aqui. Não te preciso me incomodando. Devo ao Kyros muito para lhe ver morrer, mas não posso lhe salvar se me distrair.


Danger franziu o cenho quando dois pensamentos a golpearam simultaneamente.


- Sonhas como se tivesse estado falando com o Simi todo o dia.


- Tenho feito. Deve ser ela. Ela observa um pouco, logo se vai só para voltar de novo.


Isso soava positivamente estranho para ela, mas, entretanto.


- Você não dorme?


Outra vez ele não respondeu, o qual lhe dava a razão a seu segundo pensamento.


- Disse que deve muito ao Kyros. Que dívida tem com ele?


Ele vacilou antes que ele respondesse.


- Devo-lhe a oportunidade de viver.


Yeah, ela acreditava isso… não. Incluso não tinha sentido. A ausência repentina de emoção em seu rosto disse a ela que ele escondia algo.


E nesse momento, ela soube o que foi.


- Conhecia-lhe.


Seu olhar era carente de emoções, em branco.


- Conheço todos os Dark-Hunters.


Talvez, mas ela sentia que era mais que isso.


- Não. Isto é algo pessoal entre vocês dois. Posso sentir.


Ele se afastou dela.


Ela foi detrás dele.


- Fala comigo, Harry. Se você em realidade quer minha ajuda, me dê uma resposta honesta.


- Fui honesto contigo desde o começo. - Ele se apressou à porta.


Danger se deteve e esperou até que ele estivesse quase fora do quarto.


Ela tinha uma furtiva suspeita de quem podia ser ele e era hora de fazer caso a sua intuição.


- Las?


Ele se deteve para voltar o olhar atrás para ela.


- Que? - Ele respondeu ao nome automaticamente.


Ele deixou cair à boca. Ela tinha estado no correto, e ele se deu conta disso dois segundos mais tarde.


Seu rosto se voltou de pedra.


- Mon Dieu. - respirou ela como se cada raridade a respeito dele repentinamente tivesse sentido. Por isso é que ele não podia saborear a comida. Por que ele não sentia realmente emoções.


Como era possível que ele soubesse o que era ser uma Sombra.


- É a sério. - ela respirou. - É o terceiro Dark Hunter criado depois do Acheron. O primeiro que morreu.


- Não, não o sou, e Las é uma Sombra.


Ela ainda não lhe acreditava. Não a respeito disto.


- E se perguntamos ao Kyros agora mesmo, o que diria ele? Que nome te chamaria ele?


Harry apertou os dentes ante sua habilidade para lhe ver as intenções.


Realmente não havia maneira de silenciar a verdade ante ela. Ela o veria tudo claro assim que Kyros pusesse seus olhos nele.


Maldição.


- Ele chamaria Las. Mas Eu não fui o primeiro Dark-Hunter em morrer. - acrescentou ele, querendo que ela soubesse que lhe dizia a verdade. - Houve dois antes que eu que foram mortos pelos Daimons antes que Acheron nos adestrasse.


Ele sentiu que algo dentro dela trocava nesse instante. Em primeiro lugar, seu rosto atenuado. Ela cruzou o quarto para parar-se perto dele. Seu olhar fixo advertiu como ela levantava a mão para tocar sua bochecha.


Esse toque simples lhe destroçou. Como podia ter ele tais emoções? Por séculos ele não tinha tido a ninguém mais que ao Ash e Simi.


Para sentir emoções tão cruas agora…


Era incrível.


Os olhos escuros lhe mostraram seu coração.


- Supõe-se que as sombras não têm forma humana.


- Não a têm.


Ela acariciou sua bochecha.


- Pois você parece bastante real para mim.


Seu simples contato lhe resultava doloroso. No passado seus encontros com mulheres sempre tinham sido breves. Tinha durado o suficientemente para que ele saciasse sua luxúria e logo a mulher tinha desaparecido, para nunca mais ver-se outra vez. Nunca tinha havido uma carícia tenra como esta. Uma carícia que tinha a intenção de confortar. Isto o afrouxava e se estendia através dele como lava.


- Sou diferente a outros.


- Como?


Ele afastou a mão dela de seu rosto, incapaz de suportar a ternura pouco familiar mais tempo. Tudo o que fazia era lhe fazer ansiar coisas que ele nunca poderia ter. Ele estava além das relações humanas.


Além de sentir-se humano.


- Acheron se fez responsável por Minha morte. - ele explicou quedamente. - Se ele não tivesse feito um engano fatal no julgamento, não me teria convertido em uma Sombra. Por essa razão, ele me deu forma e me acolheu a viver com ele e Simi.


- Por isso é que o defende?


Ele assentiu.


- Asseguro viver como uma Sombra não é algo para tomar à ligeira. Meu breve tempo como uma verdadeira Sombra me ensinou bem que não há nada nesta terra ou mais à frente pior. Dou obrigado todos os dias pela misericórdia do Acheron.


Ela podia respeitar sua lealdade para com o homem que lhe tinha salvado, e ainda isto acrescentava uma tintura macabra que ele fora a condenar a outras pessoas ao destino do que ele se livrou.


- Quantos outros condenastes Acheron e você ao mundo das sombras?


- Asseguro que isso não é algo que nenhum de nós faz ligeiramente. Esses que morreram porque faziam presa de humanos indefesos estão condenados a vagar. Os que morrem no cumprimento do dever recebem um paraíso de medíocre qualidade para passar a eternidade. Não sofrem. Acheron não o consentiria.


Danger franziu o cenho ante seu raciocínio. Isso era algo que ninguém alguma vez lhes havia dito antes. A todos eles tinham feito acreditar que se morriam no cumprimento do dever, sofreriam assim como todos outros como sombras.


Ninguém esperava que houvesse uma maneira de escapar das Sombras.


- Por que não nos disse isso Ash?


- Porque uma Sombra, a diferença de um Dark-Hunter, não pode voltar para ser humano. Qualquer esperança de uma encarnação futura se vai. Não há esperança de ter uma vida normal outra vez.


Isso não tinha sentido para ela. Ele era real. Ele tinha carne e forma.


- Mas você...


- Não estou em um corpo humano, Danger. - Ele baixou o olhar com uma desgostada careta. - Esta forma que vê que tocas, têm um prazo de validade. Em poucos dias, tenho que retornar a meu mundo ou perecer completamente. Acheron teme que se os Dark-Hunters alguma vez se inteirassem de que poderiam escapar da tortura, voltar-se-iam mais imprudentes e não temeriam à morte. Mas me acredite quando digo que há coisas ali fora muito piores que morrer.


- Como qual?


O sofrimento em seus olhos a chamuscou, e quando ele falou, ela soube que falava por experiência pessoal.


- Experimentar a eternidade a sós sem esperança de liberação. Não tem idéia de afortunados são os Dark Hunter por que têm a esperança de que algum dia sejam livres outra vez. Você ainda tem sua esperança.


A garganta de Danger ficou apertada ante suas palavras. Ele tinha sido um deles uma vez. Ele era a completa razão de que tivesse uma cláusula em tudo isso. Desde não ser por ele, Artemis nunca teria tomado precauções para o resto deles. Que tão horrível saber que entregaste um presente tão incrível aos outros que estava agora proibido para ti.


- Lamento a forma em que te tratei.


Ele se viu confundido por sua desculpa.


- Deveria me haver dito que tinha sido antes um Dark-Hunter.


- Que importância tem?


- Tem importância. - disse ela, ligeiramente acariciando seu braço. - Se me houver dito a verdade e eu tenho a segurança de que o tem feito, então sei que Stryker mentia.


Seu rosto se voltou pálido ante a menção do nome do Daimon.


- Stryker? O Daimon?


- Conhece-lhe?


Harry amaldiçoou. Ele olhou para o teto.


- Acheron! Se puder me ouvir, baixa aqui seu traseiro agora mesmo, chefe. Temos um sério problema.


Quando nada aconteceu, ele amaldiçoou outra vez.


- Acheron!


- Que está passando? - Perguntou Danger


Harry se via com má cara.


- Ainda não sei por onde começar a te explicar o mal que estamos se Stryker estiver aqui e Acheron não.


- Ele é simplesmente um Daimon.


- Não. - ele disse, em um tom de profunda advertência. - Ele é um deus, um muito cruel que odeia Acheron com uma mente irracional.


Agora isso não soava prometedor absolutamente. O temor se estendeu dentro dela. Se a alguém tão capitalista como Harry lhe dava medo este tipo, então havia definitivamente algo ao que temer.


- Fala a sério?


- Parece que esteja brincando?


- Não. - ele se viu excessivamente fervoroso e isso a deixava amaldiçoando.


Harry moveu a cabeça como se estivesse tratando de tirar-se de cima a um inseto molesto.


- Simi. - ele estalou. - Deixa de me observar a mim e vê por akri. Necessito-lhe.


Apenas cinco segundos mais tarde, Danger ouviu uma voz tão conhecida que suspirou de alívio.


- Danger? Harry? - Disse Acheron do corredor.


- Menos mal. - disse ela, movendo-se para a porta.


- Não! - A deteve Harry quando ela tratou de alcançar o bracelete. Ele se lançou contra ela e golpeou suas costas no mesmo momento que a porta estalava. As partes dela choveram por todo o quarto.


Os olhos de Danger se abriram com intumescido terror quando viu aparecer algum tipo de demônio entrando no quarto. Completamente nu exceto por uma pequena tanga negra, este tinha uma profunda escura pele verde jaspeada com negro. Provavelmente não mais alto de quatro pés, voou pelo quarto com um par de enormes asas negras, que se viam lustrosas. Isto mantinha uns acesos olhos amarelos que ardiam olhando com manifesto ódio. O set de presas brilhava intermitentemente quando vaiava ao Harry.


Danger tragou.


- Por favor, me diga que essa é a tal Simi a que estiveste chamando.


A criatura se arqueou para o teto como se fosse a descender voando rapidamente e atacá-lo.


O olhar fixo verde do Harry refletia o horror que ela sentia. Quando ele falou, as palavras passaram através dela como dinamite.


- Definitivamente não é Simi.


 


 


Capítulo 10


 


Harry permaneceu em completa estupefação ante o demônio Charonte que se equilibrava com fúria contra eles. De onde diabos tinha saído? Supunha-se que Simi era a última de sua classe, e não havia dúvida possível, se este demônio não fosse um Charonte. Nada mais nesta terra ou mais à frente se parecia com isso.


- Que é isso?


Ele não respondeu à pergunta de Danger quando ele se separou dela para manter a atenção do demônio nele.


- Qui 'esta rahpah? - Perguntou-lhe ao demônio, querendo saber de onde tinha vindo.


Fazendo uma pausa momentaneamente, o demônio mostrou sua própria surpresa de que Harry falasse sua língua materna. Mas isso não lhe impediu de atacar.


Antes que Harry pudesse mover-se, isto passou rasante, agarrando-o pela garganta, e lançando contra o piso. O impacto contra a terra foi tão brutal que se fosse humano, cada osso em seu corpo se teria feito pedaços.


O demônio o rasgou com suas garras. Harry elevou a perna para chutar ao demônio.


Não surtiu efeito.


Ele se desvaneceu, mas em certa forma o demônio se adiantou à ação, e quando ele reapareceu, agarrou-lhe outra vez. Esta vez lhe golpeou ruidosamente de barriga para baixo no piso. Seus dentes se sacudiam quando o demônio o agarrou pelo cabelo.


Pela esquina de seu olho, ele viu o Danger agarrar uma espada que ela tinha escondido sob seu sofá.


- Mantém atrás! - gritou ele um instante muito tarde. O demônio a apanhou com sua cauda e a derrubou. Não havia maneira de ganhar em uma briga com um Charonte. Não a menos que fosse um deus; E embora Harry pudesse recorrer aos poderes do Acheron, não eram realmente dele.


Isso lhe deixava com uma séria desvantagem.


O demônio começou a rodar com ele. Harry se desvaneceu outra vez só para descobrir que o demônio o agarrava enquanto era invisível.


Aceita Harry. Essa maldita coisa obviamente pode verte transmutado. Maldição.


Ele golpeou ao demônio, quem não sentiu seus golpes absolutamente. Mas Harry os sentia. Sua mão pulsava como se estivesse quebrada. O demônio riu dele quando o levantou e deixou cair de repente ao chão, batendo sua cabeça dolorosamente contra o piso. Isso sentiu como se seu cérebro realmente estralasse dentro de seu crânio. Ele poderia saborear o sangue em sua boca, apalpá-la correndo de seu nariz.


Se ele não se encarregava logo dele, o mataria. E esta vez, Acheron não poderia lhe trazer de volta.


Harry tratou de levantar o campo de força para bloquear seus golpes. Foi menos efetivo que uma mosca de água contra um rinoceronte. Não era de sentir saudades que os deuses gregos vivessem tendo tanto medo desta espécie. Eram horripilantemente poderosos. A pergunta correta era como podiam os deuses Atlantes alguma vez os haver dominado?


- Tire de cima, você cheio de asno gordurento, com mau hálito, produto infestado de pulgas rechaçado de um filme de terror. - grunhiu ele ao Charonte.


Isso aconteceu antes de outra importante porrada contra o piso. O Charonte deu marcha atrás e se envolveu ao redor dele como uma serpente jibóia. E como a serpente, ele sabia que esse era seu movimento final antes que lhe fizesse migalhas e acabasse com sua existência.


Harry tratou de tirar com força seus braços.


Yeah, isso funciona que não veja. Por que não lhe cospe enquanto te espreme?


O que ele precisava era de Simi.


Mas em lugar disso…


Ele estava muito enroscado.


Danger estava aterrorizada quando ela observava ao demônio maltratar a golpes ao Harry enquanto ele permanecia indefeso ante isso. Até este momento, ela não tinha sabido que ele podia sangrar. Dava medo ver isso lhe fazer muito mal a alguém que ela bobamente tinha assumido que era invencível.


Ela tratou de alcançar sua espada.


O demônio soltou ao Harry para lançar-se sobre ela. Ela agarrou a espada e a cravou por completo no demônio ao mesmo tempo em que Harry gritava, não!


Ela entendeu rapidamente por que ele gritava quando o demônio arrancou com força a espada de suas mãos, tirou-a de seu corpo, então foi detrás dela com isto.


Ela se preparou psicologicamente para brigar e morrer, mas justo quando o demônio a alcançava, Harry se apressou e o golpeou de novo. O dois deram voltas afastando-se dela.


- Protula akri gonatizum, vlaza!


Ela não tinha idéia de que queriam dizer essas palavras, mas o demônio imediatamente lhe soltou. Para absoluto choque dela, realmente baixou um joelho, levou seus braços ao outro lado de seu peito, e curvou sua cabeça respeitosamente.


- Whoa. - ela respirou, aterrorizada de que simplesmente tinha reprimido o demônio. - Que lhes há dito?


Ele não respondeu quando ele gentilmente tomou seu braço e a guiou para a porta. Ele se limpou a mão contra seu lábio partido e seu ensangüentado nariz, e a apressou através da casa.


- Aonde vamos? - Ela perguntou.


- Saiamos deste inferno enquanto sejamos capazes. - Ele sussurrou.


- Mas se deteve.


- Yeah, lhe aturdi com uma ordem que estou seguro ele não ouviu muito. A coisa é que não estou seguro que seja o que tem a virtude de lhe fazer me obedecer, e não estou seguro quanto tempo lhe levará dar-se conta disso. Por isso voto pelo Movimento Evasivo antes que esse demônio nos faça pedaços.


Escapar soava bem para ela. Ela voltou o olhar atrás sobre seu ombro para assegurar-se que não os seguia através de sua casa.


- Que era aquilo?


- Um demônio Charonte.


- Um quê?


Ele a conduziu à garagem e lhe abriu a porta do BMW Z4 vermelho metalizado dela.


- Entra.


Ela ficou rígida ante seu tom de mando. Ninguém a dizia a ela o que fazer.


Ninguém.


- Não me manipule.


Deu a ela um olhar brando.


- Bem. Então fique e luta com ele você mesma. Eu estou fora.


Ela olhou com furiosa irritação ao Harry antes que cumprisse com sua ordem. Yeah, se o demônio podia fazer isso a ele… pois bem, se ela quisesse que redesenhassem o rosto, chamaria um cirurgião.


Ao menos então ela estaria inconsciente durante o pior disso.


Não foi até que ele se unisse a ela no carro que lhe o gozou pensar.


- Sabe como conduzir?


Respondeu a ela pondo a andar seu carro sem chaves e tirando fora. A porta de sua garagem se abriu em um tempo recorde. Harry fez um impecável J-Turn por seu caminho de acesso, então se lançou rua abaixo.


- Suponho que sim sabe. - disse ela quedamente. Ele manobrou o carro como um profissional. - Então, Magellan, aonde vamos?


- A qualquer lugar. Estou aberto a sugestões, sempre que não envolvam a retornar a sua casa enquanto Cabeça de Verruga esteja ali.


Ela não poderia estar de mais de acordo.


- Quanto tempo pensa que o demônio esperará antes que venha detrás de nós?


- Não tenho nem idéia. Poderia depender quem esteja devorando sua cadeia ou das ordens que lhe foram dadas. Esperemos que o tempo não signifique nada para ele e fique ali alguns séculos.


- Nada disso. É minha casa, sabe? Eu gostaria de retornar em um ou dois dias. Realmente não pensa que ele ainda esteja ali para então, ou Deus não o permita, mais, verdade?


Harry expeliu um fôlego cansado.


- Não sei. Realmente não sei.


Fantástico. Ela agora tinha uma imagem de sua casa parecida com a da senhora. Haversham de Grandes Expectativas de Dickens - cheia de teia de aranhas e corroída pelos ratos – uma vez que retornasse a ela. Ela tremeu.


- Dir-me-á ao menos o que há dito a ele que fez que deixasse de te atacar?


Dedicou-lhe um sorriso irônico que vinha estranhamente bem nele.


- Basicamente, disse, 'Te incline ante seu senhor e professor, bola de lama.


Ela riu. Só Harry tentaria aquilo.


- Que idioma usou? Nunca ouvi nada igual antes.


- Atlante.


Isso não tinha sentido. Ele tinha admitido ser um grego antigo, não um Atlante.


- Como é que falas o idioma de um país que fazia muito tempo que tinha desaparecido antes que você nascesse?


Ele riu pelo baixo.


- Vivo com o Acheron. Ele o fala sempre que está em casa.


- Deveras?


Ele assentiu.


Fascinante. Gostaria-lhe de ouvir uma conversação no Atlante. As palavras eram estranhas, mas havia uma poesia lírica maravilhosa que fazia que o idioma foi extremamente musical.


Mas ela tinha coisas muito mais importantes a respeito das que pensar que um idioma longamente morto. Como jogar à rua ao demônio de sua casa. Ela só esperava que ele não tivesse nenhum amigo que queriam vir e festejar em sua sala de estar enquanto os usavam a ela e ao Harry como adesivos.


- Pensa que haverá mais deles?


- Não sei. Pensei que Simi era a última deles. Isso é o que disseram ao Acheron e é o que ele me disse. Aparentemente alguém mentiu.


- Simi? O amigo imaginário com quem esteve falando é uma dessas escamosas, sujas coisas?


- Não. - disse o em tom ofendido. - Simi é preciosa. Ela é formosa... - Ele fez uma pausa antes de continuar - Em uma forma demoníaca.


- Já. - disse ela, sua voz carregada de incredulidade. - Ela também golpeia sua cabeça contra o piso?


- Não intencionalmente… a maioria das vezes. Ela esquece que é forte algumas vezes.


- Uh-Huh. Acredito que ela danificou seu cérebro uma das vezes que ela golpeou sua cabeça.


Ele a olhou molesto com ela e quando falou, seu tom era defensivo e feroz.


- Simi é como uma filha para mim, assim é que espero que mostre um pouco de respeito quando falar dela.


Ela sustentou em alto suas mãos a modo de falsa rendição.


- Muito bem, se quer reclamar a um sarnento demônio como filha, isso é tua coisa. Enquanto isso, alguma idéia de como matar a um deles?


Ele negou com a cabeça.


- A única forma que conheço para matar um é usar uma adaga Atlante.


- Onde podemos encontrar uma?


Suas mãos agarraram com mais força o volante.


- Não podemos. Acheron destruiu todas para assegurar-se que ninguém poderia machucar ao Simi.


- Bem, isso foi muito perspicaz de sua parte, Yorick. O que há a respeito dos outros demônios que querem jogar basquete com nossos esqueletos? Não pensou ele alguma vez que ele devesse guardar convenientemente uma adaga, no caso de?


- Não valia a pena correr o risco de que alguém pudesse machucar ao Simi. Além disso, Acheron os pode matar sem uma adaga.


- Pois bem, isso seria de ajuda se Acheron estivesse aqui, mas como não está… Lucille certamente escolheu um bom momento para nos deixar, verdade? Só desejaria que nosso único problema fossem quatro meninos famintos e um cultivo no campo.


Harry diminuiu a velocidade do carro quando voltou sua cabeça para lhe dedicar uma careta.


- Sabe seus comentários sarcásticos não ajudam mais que suas referências bizarras e esparramadas à má literatura e canções do país.


- Não é verdade, isto me ajuda a manter uma acalmada fachada que definitivamente eu não sinto.


- Pois bem, isso começa a me irritar.


- Oh. - ela respirou - Quase me assusta quando há dito isso.


Grunhiu-lhe quando girou o carro para entrar na auto-estrada para o Aberdeen.


- Onde decidiste que vamos?


- Estou aqui para ver o Kyros assim é que acredito que não há melhor momento como o presente.


Ela o supunha, mas havia um fato importante que ele passava por cima.


- Mais provável é que Kyros enlouqueça.


- Provavelmente. Espero mostrar algum sentido dentro dele. - Ele dirigiu o olhar sobre ela. - Estava-me falando sobre o Stryker antes que o demônio nos interrompesse bruscamente.


- A quem importa terminar essa conversação?


Danger abriu o porta-luvas para tirar um pacote de lenços. Ela agarrou dois, logo amavelmente os usou para limpar o sangue que ainda corria pelo nariz do Harry.


Ele a olhou com o cenho franzido com estranheza antes que ele agarrasse o lenço por si mesmo para limpar-se por completo o rosto. Havia algo quase encantadoramente juvenil na forma que ele se movia. Assombrava-a que ele levou tal surra e que tivesse saído dela sem uma só queixa.


Não importa o que ele disse, teve que doer muito.


Lamentando-se por ele, ela passou a mão por seu cabelo, apartando o de volta de sua bochecha. Ele não disse nada, mas a expressão em seu rosto demonstrou que ele era tocado por sua ternura.


A estupidez a consumiu. Ela baixou sua mão e retornou a sua conversação.


- Não há muito que dizer. - disse ela enquanto fechava o porta-luvas. - Ele disse ser o irmão do Acheron.


Harry estalou em gargalhadas.


- Não te ria. - disse ela, ofendida de que ele tivesse o valor de rir dela por que ela tivesse pensado por um momento que esses dois tinham alguma relação. - Ele tem o mesmo cabelo negro e os cambiantes olhos de prata que tem Ash. Vá se ele não é parecido ao Acheron. E bastante.


- Não o é. Confia em mim.


- Então por que têm os mesmos olhos?


- Não os têm. Seus olhos são muito diferentes. Acheron nasceu com eles. Stryker os recebeu depois de que ele desprezasse o seu pai, Apollo.


Ela o olhou carrancuda.


- Como sabe isso?


Ele se encolheu de ombros.


- Vivo com um sfora, um globo que me pode dizer algo que aconteça aqui no mundo humano. Por não mencionar, que Simi é uma fonte de informação a respeito do que acontece no Kalosis, o mundo...


- Onde Stryker está. Ele mencionou isso. Assim é que me está dizendo que Ash não é seu irmão?


- Diabos, não. Só nos sonhos do Stryker. Confia em mim. - Harry guardou silêncio enquanto ela considerava suas palavras. Ele deslizou o lenço em seu bolso enquanto continuava conduzindo pela escura estrada. - De fato, que diabos pinta ele em tudo isto? Não é normal que o perca o tempo com algo assim. Ele normalmente aborda ao Acheron diretamente.


Ela esperava que aquilo fosse retórico.


- Não sei. Mas ele tem ao Kyros comprado completamente com essa idéia. Por um momento, ele me teve também.


Harry deixou escapar um aborrecido suspiro.


- Você não o conhecia bem, mas Kyros deveria fazer. - Um músculo pulsou em sua mandíbula enquanto ele mantinha seu olhar fixo enfocado na estrada. - Bem, o que seja que esteja tramando Stryker, não é bom. E se ele foi o que desatou e enviou a esse Charonte de volta aqui, estamos em verdadeiros problemas.


- Isso pensa?


Ele negou com a cabeça.


- Sarcasmos a um lado, não tem idéia da quantidade de poder que esgrime Stryker. Você pensa que estou aqui para te matar? Pelo menos eu não desfrutaria com isso. Ao Stryker gosta de torturar as pessoas. A última vez que ele saiu de seu buraco, ele fez que um Spathi Daimon possuísse a um Dark-Hunter e eles fizeram estragos por toda Nova Orleáns.


- Que é um Spathi? - Perguntou ela. Esse era um termo que ela nunca tinha escutado antes


- É a classe de antigos guerreiros dos Daimons que estiveram aproximadamente por centenas, se não milhares, de anos. E neste tempo eles aprenderam a ser seriamente aborrecidos. A diferença dos Daimons menores com os que está acostumada a brigar, estes tipos não fogem. Correm para ti.


- OH, Deus. Isto fica cada vez melhor. Um descartado semideus, um demônio, e agora guerreiros Daimons que saem para nos possuir e nos assassinar. Alguma coisa mais sobre a que precise me advertir?


- Sim. Curta o sarcasmo antes de eu diga que não necessito um guia depois de tudo.


 


 


Capitulo 11


 


Stryker observava ao Charonte que se elevava ante ele. Ele e Trate tinham estado no grande vestíbulo do Kalosis, bebendo sangue Apolita de suas taças enquanto celebravam o falecimento do Harry.


Ao menos até que o demônio tinha retornado com notícias que Stryker não queria ouvir. Trate tinha dado um passo atrás ante a fúria do Stryker, a qual estava já fervendo a fogo lento até que rompesse a ferver quando ele ficou em pé para confrontar ao demônio.


- Está dizendo que lhe deixou ir?


As pupilas do Caradoc quando se estreitaram no Stryker.


- Cuida seu tom comigo, Daimon. - disse ele nesse estranho acento cantante dos de sua classe. - Você não me serviria nem para me soar o nariz. Só acessei a isto porque disse que me poderia liberar da deusa. Não me disse que me enviava atrás de outro de sua classe.


Stryker se voltou frio com essas palavras.


- Como que, outro de sua classe?


- Não é um homem ao que me enviou a não ser alguma outra coisa. Ele falou meu idioma e ele falava Atlante. Ele conhecia a ordem que os deuses Atlantes proporcionaram aos meus para nos controlar. Nenhum humano sabe essas palavras. Só os deuses sabem.


Ele se mofou do demônio.


- O Harry não é um deus. Ao igual a você, só é um servo-.


- Ele não falou como um servo. - discutiu Caradoc. - Nem se fez pedaços como um humano o tivesse feito. Dei vários golpes mortais e ainda lutou.


Stryker grunhiu ante ele, então retrocedeu vários degraus quando o demônio se moveu para ele. Pelas boas ou pelas más, ele sabia que se lutassem, o Charonte ganharia.


- Não tem que lhe obedecer. Prometo. Ele não é um deus e é incapaz de te machucar.


Caradoc inclinou sua cabeça como se o digerisse. Finalmente, ele negou com a cabeça.


- Não irei por ele outra vez. O risco é muito mais pesado que o possível benefício. A deusa me mataria se machucar a alguém de sua família. Mesmo daqui, ela me seguiria à pista e assassinaria minha existência inteira. Encontre a outro parvo para seu mandado.


O demônio pregou suas asas ao redor de seu corpo e saiu caminhando arrogantemente do quarto.


Stryker amaldiçoou. Ele verdadeiramente odiava essas coisas. Desgostavam-lhe até mais do que os que o faziam os humanos.


Em vinte e quatro horas, ele destruía ambas as raças.


- Que fazemos agora? - Perguntou Trate.


- Vá trazer a Xirena.


Trate riu nervosamente da ordem.


- Xirena? Por quê? Ela é a mais feroz dos Charontes. Ela apenas se separa do Apollymi, nunca é ruim atenção a um de nós. Não acredito que alguém a possa controlar.


Stryker sorriu lentamente.


- Sei. Por isso é que a quero. Não lhe dará medo um mero servente. Ela retornará com seu coração para mim e não lhe importará o que pense Apollymi.


 


Pois bem, a viagem à casa do Kyros foi completamente inútil. Ele não estava em casa e seu escudeiro não quis deixá-lo entrar até que Kyros retornasse. Danger suspirou quando estiveram sobre o alpendre da mansão azul e branca pré-guerra do Kyros.


Aberdeen estava silenciosa esta noite, com uma ligeira brisa sussurrando ao redor deles através dos grandes carvalhos flanqueados por madeira branca. O velho povo do Mississipi tinha um encanto especial como se de um povo perdido no tempo se tratasse. Mesmo a área do centro da cidade, onde as calçadas estavam cobertas de um toldo de metal, como nas décadas passadas.


A Danger gostava em particular a pequena igreja católica, tinha uma clara tintura do velho mundo. Ela realmente amava este povo. Era uma jóia histórica escondida que a maioria da gente incluso no sabia que existia.


Harry se via estranhamente desconjurado com seu suéter urbano de pescoço alto – o qual tinha ainda o buraco feito pela adaga – suas frouxas calças de lã negras, e seu branco casaco de cachemira. Ele honestamente se via como se ele acabasse de descer de uma das passarelas em Milão. Ele era tão incrivelmente masculino… tanto que entrava na categoria de comestível.


O que era isso que havia nele? Se ele pudesse engarrafar essa atração sexual, seria mais rico que Bill Gates.


Tem muitas coisas mais importantes nas que pensar no que você gostaria de lhe ver nu.


Certo, mas havia algo nele que só fazia que ela quisesse provar um pouco e isso simplesmente começava realmente irritá-la. Ela queria a si mesma enfocada e atenta – seu estado normal de funcionalidade.


- Que fazemos agora? - Ela perguntou, tratando de distrair-se. - Esperar-lhe aqui?


- Não, poderiam passar horas antes que ele retorne. Suponho que deveríamos patrulhar. Se os Daimons estiverem em aliados com o Kyros, então caçarão e se alimentarão esta noite. Onde está o núcleo de população mais próximo onde eles pudessem caçar?


Danger pensou a respeito disso por um minuto. Tupelo era realmente enorme, e, entretanto havia alguns clubes que os Daimons ocasionalmente espreitariam, realmente não havia muita atividade do Daimons em seu rincão do bosque. Não como o havia em outras áreas do Mississipi, um pouco parecido à costa, Tunica, e os diversos campus da universidade – pelo que havia seis Caçadores Escuros na área do Triângulo De Ouro do Mississipi onde Kyros estava situado.


- Há duas universidades que eles golpeiam o bastante. A W, qual é a Mississippi University for Women no Columbus e a MSU no Starkville.


- Que tão longe estão?


- Não muito. Columbus está há uma meia hora. Starkville a outros quinze, vinte minutos de ali.


Ele assentiu como se ele considerava a informação.


- Qual é a escola maior?


Dedicou-lhe um olhar zombador.


- Pensei que tinha um globo místico que te poderia dizer estas coisas?


Ele entrecerrou seus olhos, fazendo-a saber, que ele não o encontrava gracioso.


- Tranqüilo. - disse com um sorriso. - Starkville. Tem sobre quinze mil estudantes internos. Aos Daimons adoram as festas da fraternidade dali. Kyros, Squid, e Rafael estão atribuídos ali. Tyrell, Marco, e Ephani o estão ao Columbus.


Harry indicou o carro com uma inclinação de sua cabeça.


- Então ali é por onde provavelmente deveríamos começar. Com um pouco de sorte, Kyros poderia estar ali esta noite. - Ele dirigiu escada abaixo.


Danger lhe seguiu, tentando não advertir o fato de que estava fazendo de guia a um assassino. Em mais forma que uma. Era predatório e mortal. Do tipo no que as mulheres cravariam seus olhos e se deteriam admirar.


Quando ele se dirigiu à porta do passageiro, lhe olhou desconcertada.


- O que, não há hocus-pocus esta vez? Não vais entrar e pôr-se a andar o carro outra vez?


- Não conheço o caminho.


Ela ficou, mas bem aturdida quando ele admitiu isso. Fez-lhe parecer quase humano. Ele tinha sido tão impressionante até agora que ela assumiu que ele poderia fazer tudo.


- Soube como chegar aqui sem minha ajuda.


- Fiz armadilha. Havia sinais ao longo da estrada, e uma vez estivemos no Aberdeen, não foi difícil encontrar a casa correta já que está fora do caminho principal. Reconheci o exterior dela pelo sfora. Mas não vi nenhuma estrada que levasse ao Columbus ou Starkville.


Danger riu. Gostava-lhe de um homem que fosse honesto… e relativamente normal.


- De acordo. O cavaleiro solitário está aqui e você está coberto. Sobe.


Ela se meteu no assento do condutor e colocou o cinturão enquanto ele se unia a ela. Ela foi arrancar o carro, até que se deu conta que em sua pressa para deixar ao Charonte, ela tinha esquecido suas chaves. - Um, uma ajudinha, por favor?


Ele franziu o cenho, logo sorriu.


- Claro.


O carro arrancou.


Ela negou com a cabeça quando acionou a embreagem.


- Sabe, assim como de conveniente é esse poder, também poderia fazer que lhe prendessem.


O sorriso que lhe dedicou a esquentou até os dedos do pé. Sem mencionar ela adorava a forma que ele cheirava… fresco sabão e todo homem.


- Então tomarei cuidado de que motor ponho em marcha. - disse ele em um tom malicioso, indicando o duplo sentido que ela intuiu.


Oxalá, sussurrou pelo baixo enquanto retrocedia atrás do caminho de acesso. Ela realmente desejaria que ele não começasse com ela todo o tempo. Era difícil ficar na estrada quando sua libido estava babando literalmente incontrolável em sua presença.


Ao menos no assento do condutor ela tinha que concentrar-se mais em conduzir que no muito que gostaria de lhe tirar essas roupas e lhe provar a ele. Jeez, Danger, para com essas más analogias dos carros e os clichês. Está atuando como uma cadela em zelo, ofegando atrás dele.


Isso era verdade, mas ela não parecia ser capaz de ajudar a si mesmo. Ele era premente.


Esclarecendo a voz, ela se forçou em pensar no trabalho.


- Há alguma forma mágica em que possa precisar onde está Kyros está agora mesmo?


- Oxalá, mas não. Não sem o sfora.


- Por que não a trouxeste contigo?


Ele suspirou antes de responder.


- Está proibido. Poderia ser muito destrutivo que algo tão capitalista caísse nas mãos equivocadas.


- Você acredita?


Harry negou com a cabeça e se esforçou em não rir. Último ele queria era respirá-la. Ela tinha que ser a humana mais sarcástica que alguma vez tinha existido. Mas ele a encontrava estranhamente entretida.


Mais que isso, ele a encontrava energizante. Ela era uma mudança tão bem-vinda na monotonia de sua vida normal. Seu mundo estava sem cor ou emoção. Era frio e solitário. Ela, por outra parte, era vibrante e cálida. Ele desejou poder ter uma parte dela que levar de retorno ao Katoteros com ele.


Só que isso nunca poderia ser.


Muito logo, ele retornaria ao que ele tinha sido.


E ele não saberia se queira que ela alguma vez o tivesse conhecido. Ele não poderia ser uma longínqua lembrança de um sonho. Todo conhecimento do tempo que passassem juntos seria apagado de sua mente.


Mas ele a recordaria, e teria saudades sempre. Sentiria saudades como nunca antes tinha sentido saudades a ninguém. Ele pensou a respeito dos Caçadores Escuros com os que tinha passado o tempo no passado enquanto ele julgava a outros, mas não havia pena dentro dele por não manter-se em contato com eles.


Ele logo que tinha conhecido a Danger já sabia que ele a teria saudades.


Que peculiar.


Ele observou como ela manobrava o carro com precisão total. Pela primeira vez alguma vez, ele se sentiu totalmente curioso a respeito dela.


O que gostava? O que odiava?


Normalmente, ele não fazia pergunta pessoais a ninguém. Depois de viver tanto tempo com o Acheron, ele conhecia a futilidade disso. Sem mencionar, que não gostava de chegar a conhecer alguém o qual teria que abandonar e não ver nunca mais.


Não te envolva pessoalmente. Seria um engano de proporções gigantescas.


Ainda assim, ele não se escutava.


- Você gosta de ser um Dark-Hunter? - Perguntou-lhe ele antes que pudesse deter-se si mesmo.


Sua resposta foi automática.


- A maioria das vezes.


- E as demais? - Basta. Mas isso era mais fácil pensar que fazer. Ele em realidade queria saber que pensava ela de tudo.


Deu-lhe um sorriso atrativo que o fez sentir um puxão na virilha em reação. Ela era verdadeiramente preciosa e não era simplesmente seu aspecto geral. Havia algo contagioso a respeito dela. Inspirava-lhe, lhe fazendo desejar algo que nunca poderia ter.


- Igual a com a vida de qualquer. – disse - Alguns dias são maravilhosos e outros é ruim. As noites se voltam realmente solitárias quando não há ninguém ao redor. Algumas vezes te pergunta se tomou a escolha correta. Se possivelmente te encolerizou muito logo e fez um pacto que não deveria ter feito. Não sei. Não levava morta o tempo suficiente para recordar ou saber se a morte seria preferível a esta vida, assim que talvez escolhi corretamente.


Percorreu-lhe com o olhar.


- Assim, Senhor Sabe, quer me pôr a par de qual era a alternativa? Recorda estar morto?


Ele considerou a idéia.


- Sim, recordo. Quando não é uma Sombra, isso é pacífico. Sempre pensei que como um homem mortal passaria a eternidade nos Campos Elíseos com minha família a meu redor.


- Assim, que foi o que fez que acudisse a Ártemis em lugar disso?


Aquela velha dor o atravessou. Era estranho que depois de tantos séculos ainda doesse recordar à esposa que ele uma vez tinha amado tanto e a forma cruel em que lhe tinha deixado morrer. Mas como Acheron tantas vezes disse, havia algumas feridas que nem mesmo com o tempo podiam curar-se. Os humanos aprendiam de sua dor. Era um mal necessário para o crescimento.


Se, bom. Ele algumas vezes se perguntava se Acheron seria um sádico ou um masoquista. Mas ele tinha melhor critério. Acheron entendia a dor em certa maneira que muito poucos entendiam. Ao igual à Harry, ele vivia com isso constantemente e se ele o pudesse o descartaria para sempre.


Ele observou a Danger, e viu como os faróis iluminavam seu frágil rosto. Com exceção do Kyros, Brax, e Acheron, ninguém sabia nada a respeito de seu verdadeiro nome. Ele era uma lenda ambígua que contava como os primeiros Dark Hunters se converteram em uma Sombra.


Ele era essencialmente o Homem do saco. Um exemplo do que aconteceria se a pessoa equivocada tratava de restaurar sua alma de volta a seu corpo. Mas essa era a extensão do que lhes haviam dito.


Não sabiam nada da vergonha de ter crédulo em sua esposa, ou o fato de que ela tinha tido um amante. Não estava para nada à corrente o fato que ele tinha sido um cego, confiando tolo.


Kyros e Brax tinham mantido seu silêncio ao respeito durante todos estes séculos. Era uma das razões por que Harry tinha querido retornar e salvar ao Kyros se ele podia.


Até na morte, o homem tinha sido seu amigo.


Harry aspirou profundamente antes de falar.


- A primeira vez que morri, fui assassinado. - disse ele simplesmente. - Ao igual a você, traído por alguém em quem confiava.


Ela franziu a frente em compaixão.


- Quem te matou?


- O amante de minha esposa.


Ela fez uma careta.


- Uch.


- Sim.


- E logo sua esposa deixou cair o medalhão em lugar de liberar sua alma. - disse ela, sua voz se encheu de cólera. - Não posso acreditar que ela fizesse isso contigo.


Harry apreciava sua indignação sobre seu caso.


- Inferno chegou quando descobre que os meninos que pensa que são teus não o são.


Para seu assombro, ela colocou sua mão apaziguadoramente contra a dele. A bondade inesperada dessa ação só enviou calafrios sobre ele. Significou muito para ele que lhe tratasse como um homem normal quando ambos sabiam que ele não o era.


- Sinto realmente.


Ele cobriu sua mão com a dele e deu um ligeiro apertão. Os ossos delicados sob sua pele desmentiam a força que ele sabia que ela levava dentro dela.


- Obrigado. Lamento que seu marido fosse uma suja mala.


Danger riu ante seu inesperado uso da palavra germana. Contra sua vontade, ela sentiu que sua guarda abaixava um pouco para ele. Tinha passado muito tempo desde que ela tinha dedicado tempo a conversar com um homem dessa maneira. A maior parte das pessoas com quem ela falava eram outras Dark-Hunters fêmeas, e todas se conheceram por décadas. Esta era uma mudança agradável.


- Voltou e matou a sua esposa?


- Não. - Ele deu uma risada curta, amargurada. - Tenho que dizer que esse foi um dos momentos mais finos de minha vida… ou a morte. Senti-me como um total e absoluto estúpido, mentindo ali, olhando-a quando me via morrer. Não havia piedade ou a mais mínima quantidade de pena nos olhos dela. Mais que nada, lhe encantou partir.


Pobre tipo. Ela sabia de primeira mão que isso não era só doloroso era também humilhante ter julgado tão mal a alguém assim.


- Assim, o que aconteceu com ela?


A comissura de sua boca se levantou em um gesto sardônico.


- Acheron a converteu em pedra. Ela é agora uma estátua que está no corredor fora de minhas habitações.


Danger alargou seus olhos.


- Está falando a sério?


- Absolutamente. Chateio-a cada manhã lhe atirando um beijo sarcástico quando passo de comprimento.


- Homem. - ela disse, negando com a cabeça - Isso é frio.


- Acredita assim?


- Honestamente? Não. Eu teria sido muito mais cadela.


Harry sentia curiosidade a que se referia ela com um castigo ainda pior de que ele tinha atribuído para ela.


- Assim como?


- Eu a teria posto em um parque de alguma parte de modo que os pássaros lhe cagassem em cima.


Ele riu. De acordo, isso realmente seria muito pior.


- Me recorde que me ponha sempre de seu lado.


- Yeah, bom, minha mãe estava acostumada dizer que o inferno não é tão terrível como a fúria de uma mulher zangada.


- Pensei que o dito era como uma mulher desprezada.


- Zangada, desprezada, é o mesmo. Venho de uma longa linha de mulheres vingativas. Minha avó teria dado à Madame Defarge uma volta por seu dinheiro qualquer dia.


Ele assentiu.


- Então me assegurarei de não afinar com essa parte de sua personalidade. Os deuses sabem que tive minha cota de mulheres vingativas.


Danger suspirou ante seu ligeiro tom a respeito de uma matéria que ela estava segura ele não encontrava divertida. De fato, suas palavras lhe tocaram o coração.


- Suponho que a tem.


Ela apertou sua mão.


- Assim, que foi o que aconteceu com os meninos depois de que Ash convertesse a sua mãe em pedra?


- Acheron lhes encontrou uma boa casa. Ele não é o tipo de pessoa que deixaria que um menino sofresse por algo que ele fez.


- Sim, notei isso a respeito dele.


Nenhum deles falou outra vez enquanto continuavam para o campus da MSU. Era uma noite nublada sem muita luz de lua. Exceto o que a pouca luz que ali se refletia contra as árvores, formavam, monstruosas sombras.


A Danger sempre tinha gostado de conduzir de noite. Havia algo muito tranqüilo a respeito disso. Bom, exceto por quando o ocasional cervo se voltava suicida e decidia jogar a frango com ela na auto-estrada. Ela poderia viver sem isso.


Mas ao menos ela não tinha que preocupar-se por isso no Starkville. Tinham baixado tanto nos últimos anos que até que voltassem para Entope, evadir aos cervos não seria um problema.


Harry apareceu à janela do carro enquanto Danger os conduzia detrás das casas da irmandade de mulheres para o centro do campus. Parecia como se uma festa de algum tipo arremetesse contra uma casa. Ele podia ver automóveis estacionados com montões de meninos pendurando pelas janelas enquanto os outros se apoiavam contra do marco, falando para os que estavam no interior. Os grupos de estudantes de universidade circulavam em massa no alpendre e no pátio enquanto podiam ver-se a mais dentro, dançando.


- Lhas. - disse ele quedamente. - Recorda ser humano e a essa idade?


Ela percorreu o olhar pela festa da fraternidade.


- Sim, faço. Naquele tempo em minha vida, pensava que ia ser uma das maiores atrizes na França, como minha mãe. Pensava que Michel e eu nos retiraríamos ricos, para o campo, para criar nossa multidão de meninos e observar jogar a nossos netos. - Ela suspirou como se a memória fosse muita dolorosa para recordá-la muito tempo. - Que me diz de você?


Harry deixou que sua mente vagasse pelos séculos para trás. Não era algo que ele fazia freqüentemente, por muitas razões. Mas os velhos sonhos nunca morriam realmente. Estavam sempre ali, vivendo pesando pelo que poderiam ter sido.


- Quis me retirar do exército. Nunca quis me alistar realmente em primeiro lugar. Mas meu pai insistiu nisso. Quando vieram a nosso povo procurando meninos, ele agarrou a meu irmão maior e a mim, e literalmente atirou aos recrutadores. Ele queria que nós fôssemos mais que uns simples agricultores tratando de sair adiante com muita dificuldade em uma vida e em um infértil terreno que bem nos veria desnutridos antes que nos alimentasse. Ele pensou que o renomado soldado era nossa oportunidade para uma vida muito melhor.


- Que aconteceu a seu irmão?


Harry se deteve para recordar o rosto do Darius. Seu irmão tinha estado cheio de vida e nunca tinha querido nada mais que ser um agricultor com uma boa esposa a seu lado. Tudo do que ele alguma vez tinha falado era o de ir-se a casa outra vez, ver o gado e atender os campos.


Seu coração se doía pelo que lhes tinha ocorrido aos dois.


- Ele morreu quase um ano antes que o fizesse eu. Eu deveria haver feito também, não tinha que ter estado em um regimento com o Kyros. Por alguma razão que nunca entendi, ele tomou sob sua asa.


- Ele era o mais velho?


- Só três anos, mas ao mesmo tempo parecia que era um adulto enquanto que eu era simplesmente um menino aterrorizado.


Danger podia ouvir a admiração em sua voz. Era óbvio que ele tinha adorado uma vez a seu amigo. Não era estranho que ele queria lhe salvar.


- Aos outros meninos não gostava muito. - confiou-lhe ele. - Ao igual à Kyros, eles vinham de uma longa linha de soldados e pensavam que eu devia voltar para a granja. Não queriam perder o tempo me treinando ou abastecendo a alguém que acreditavam morreria logo de todas as formas. Melhor salvar a comida para alguém que podia ganhar.


Ela não necessitou de seu sfora para ver que eles lhe tinham feito conhecer seu desgosto. Nove mil anos mais tarde, ela ainda podia ouvir a dor em sua voz.


- Mas você ficou ali.


- Como Nietzsche disse ‘O que não te mata...


- Só requer uma breve hospitalização. E se for um Dark-Hunter, simplesmente um bom dia de sonho.


Harry riu de seu humor. Ela definitivamente tinha uma maneira única de ver as coisas.


Ele voltou sua atenção ao campus e aos carros que passavam deles com o Armado barulho e com meninos gritando e rindo simplesmente da pura alegria de estar vivos.


Como os invejava ele. Com exceção de Danger, quem tinha um talento natural incrível para golpear seus pontos débeis, ele normalmente não sentia absolutamente nada.


- Não tem nem idéia simplesmente que tão assombroso é este mundo. Realmente não mudou tanto desde que você nasceu, mas o meu...


- O seu foi do que, a Idade de Bronze?


Harry bufou.


- Não, eu poria uma data incluso anterior. Nós fomos tão primitivos, que em realidade deveríamos ter deslocado com os dinossauros.


- Como de primitivos?


Interiormente, ele se encolheu de medo ante as lembranças de como tinham vivido sua gente, o que se tinham visto forçado a endurecer-se simplesmente para sobreviver. Tinha sido sobrevivência em sua forma mais pura, mais crua. O homem moderno não tinha idéia de fácil o tinham.


- Não tínhamos espadas, não havia verdadeiros metais, nenhuma olaria. Nossas adagas e nossas pontas de lança eram feitas de pedra que picamos em rodelas com nossas mãos até que estas estavam ensangüentadas e arroxeadas de fazer. Nossa armadura era feita de couro das peles de animais, matamos para comer. Cozíamos-nos e formávamos a nós mesmos. Não tínhamos governo ao que falar, não havia leis algumas. Se lhe atacavam, não havia ninguém a quem apelar. Ou o arrumava por ti mesmo ou o deixava ir.


Ele suspirou ante as rudes lembranças de sua vida humana.


- Demônios, não havia juízes, polícia, ou políticos. Fomos só duas classes de pessoas: Os agricultores que colhiam e soldados protegiam aos agricultores de modo que esses que queriam roubar sua comida e matá-lo. Faziam-no.


- Não havia sacerdotes?


- Tínhamos um. Ele tinha sido um agricultor que tinha perdido o uso de sua mão direita em um incêndio. Desde que ele não podia manter-se por si mesmo, ele interpretava os sinais e os agricultores lhe alimentavam para isso.


Danger franziu o cenho tratando de imaginar o mundo que ele descrevia. E ela tinha pensado que sua vida sem uma verdadeira privada era incômoda. Repentinamente seu mundo do século dezoito se via muito adiantado.


- Minha gente nunca sonhou com um mundo como este. - Harry continuou. - De ter tanto sem esforçar-se, debilitarias. E ainda em que pese a todas as melhoras físicas, as pessoas eram ainda pessoas. Eles se matavam só para provar que entendiam o assassinato. Ainda tratando brutalmente e torturando um ao outro sobre coisas que em outros cem anos nem sequer terão importância.


A dor nos olhos de Danger golpeou um acorde particular em seu coração.


- Diga-me isso.


- Ao igual à em outras partes do mundo, os ricos na França eram ainda ricos. Há ainda incontáveis em minha terra natal que passavam fome cada dia, e não porque fossem anoréxicos ou jejuassem. Era porque não podiam permiti-la comida enquanto os ricos esbanjavam o dinheiro todo o tempo em coisas corriqueiras. E ainda assim toda minha família foi assassinada. Eu fui assassinada para fazer uma melhor França onde ninguém outra vez tivesse que passar fome. Cada vez que ouço da inanição em Paris, pergunto-me que bem fez chamá-la Revolução? Tudo o que fizeram foi arruinar milhares de vidas.


- Chronia apostraph, anthrice meu achi.


Ela franziu o cenho.


- Que é isso?


- É Atlante. Algo que Acheron diz o bastante. Logo que traduzido, quer dizer 'o tempo segue para diante, as pessoas não o fazem.'


Danger pensou a respeito disso. Era muito certo e muito como do Ash.


- Pode imaginar o mundo que ele deve ter conhecido? É mesmo muito mais antigo que o teu.


- Seu mundo era extremamente avançado. - disse ele, interrompendo-a. - A maioria dos Atlantes definitivamente não estava na idade de pedra.


- Que quer dizer?


- O mundo no que ele nasceu era assombrosamente avançado. Tinham alguns tipos de carruagens, medicina, operavam com metal, por dizer de algum modo. A Grécia e Atlântida que ele conheceu estavam vários milênios adiante de seu tempo.


- Então, o que aconteceu para que tudo isso se perdesse?


- Sucintamente ponhamos a fúria de uma deusa. A Atlântida foi varrida no mar, não pela maneira natural, e sim pela cólera de uma mulher que quis vingar-se em todos eles. Ela violou seu próprio continente e às pessoas, logo se moveu através da Grécia, devolvendo a todos eles à idade dos dinossauros.


- Por quê?


Ele deixou escapar um cansado suspiro.


- Agarraram algo dela que ela queria que lhe devolvessem.


Danger assentiu como se repentinamente entendesse.


- Agarraram a seu filho.


Ele a olhou estupefato quando ela chegou a essa conclusão.


- Como o soubeste?


- Sou uma mulher e essa é como muito a única coisa que causaria que uma mulher destrua a sua própria gente.


Ele não fez comentários. De fato, lhe parecia extremamente incômodo o giro que estava tomando aquela conversação. Se ela não tivesse melhor critério, ela pensaria que lhe escondia algo.


Repentinamente, Harry ficou rígido no assento ao lado dela.


- Que acontece? - Ela perguntou.


- Gira à direita.


Seu tom disse a ela que era urgente. Optando por não discutir, Danger se voltou para o Creelman Street para a pequena estrada que discorria por diante do Ginásio McCarthy. Ao final da estrada havia uma série de estacionamentos.


- Detenha o carro.


Logo que ela fez, o motor do carro se apagou se por acaso só e Harry já tinha saído pelo lado do passageiro, dirigindo-se para os edifícios Holmes. Danger imediatamente foi atrás dele.


Alcançou-lhe justo atrás do ginásio. Como ela diminuiu a velocidade, seu coração golpeou com força ante o que ela viu ali.


Profundo nas sombras, Kyros se elevava sobre o corpo que parecia de ter sido Marco, um Dark-Hunter que era da região basca da França.


- Que aconteceu, Kyros? - Exigiu ela, com tom ofegante pelo recente sprint.


Ela sabia que Kyros não tinha matado a Marco. Nenhum Dark-Hunter podia machucar outro. Se um Dark-Hunter golpeava de algum jeito a outro, o golpe lhe era devolvido dez vezes mais forte do que o tinha recebido.


Se Marco tivesse matado ao Kyros, ele estaria morto também.


Kyros se voltou lentamente para ela. Ele se via pálido e estremecido.


- Não te metas comigo, Danger. Esta noite não.


- Kyros?


Sua cabeça girou para o Harry. Se ela pensou ele tinha estado pálido antes, não era nada comparado com como ele se via agora. Ele cravou os olhos no Harry como se ele visse um fantasma… e isso é exatamente o que ele estava fazendo.


- Las?


Harry caminhou para ele lentamente.


- Tenho que falar com contigo, irmão.


Ela viu o olhar fixo do Kyros estreitar-se quando ele se fixou no casaco do Harry.


- Você? - Ele perguntou, sua voz era de desgosto, mas ela ouviu uma nota lastimosa por baixo disso. - Você é a mão direita do Acheron? Você é o que entrega seu ultimato? - Ele negou com a cabeça com incredulidade. - Não é possível. Está morto. Você esteve morto.


- Não. - disse Harry serenamente, movendo-se outro centímetro para ele. - Estou vivo.


Kyros deu um passo atrás.


- Você é uma Sombra.


Harry se deteve ante ele.


- Sou real. Agarra minha mão, irmão, e comprova por ti mesmo.


Danger agüentou a respiração. Dada sua hostilidade, ela meio esperava que Kyros atacasse-se ao Harry.


Mas ele não o fez.


Ele estirou sua mão metodicamente até onde Harry tinha estendido a sua. Mas no mesmo momento em que ele tocou a mão do Harry, ele a soltou e tropeçou de volta.


Ela poderia assegurar que Kyros ainda não queria aceitar o que estava ali mesmo ante ele.


- Está bem. - disse Harry, quando se aproximou outro centímetro para o zangado, e aterrorizado Grego.


- Não me toque!


Harry se parou em seco. Ela poderia ver a dor em seus olhos causado pelas rudes palavras do Kyros.


Kyros continuou negando com a cabeça como se ele não pudesse acreditar nisso.


- Não pode ser você. Você não pode ser o destruidor do Acheron. Você não.


- Não sou seu destruidor. Estou aqui para te ajudar a evitar que cometas um engano fatal. Seja o que seja que faça, não pode confiar no Stryker. Ele mente. Acredite-me, Kyros. Fomos irmãos uma vez. Confia em mim então.


Os olhos do Kyros flamejaram ante seu anterior amigo.


- Isso faz nove mil anos. Fomos humanos.


Harry procurou em sua mente as palavras que fariam que seu amigo lhe acreditasse. Mas lhe poderia dizer que não estava funcionando. Havia também muita cólera e desconfiança. Era como se Kyros andasse procurando uma razão para lhe odiar.


- Vamos, Kyros. Confie em mim.


- Que se dane.


- Então confia em mim. - disse Danger aproximando-se do Kyros. - Você me conheceste durante cinco anos. Você confiava em mim o suficiente para me levar ante o Stryker e lhe deixar que vertesse essa fileira de mentiras a respeito do Acheron. - Ela jogou uma olhada ao Harry cuja angústia cintilava em seus olhos. Ele queria salvar a seu amigo e ela queria lhe ajudar. - Acredito no Harry, Kyros. Completamente. Stryker nos mente. Ele quer que você morra.


Kyros olhou ao Harry.


- Eu me culpei de sua própria morte. Por que não me disse alguma vez que estava vivinho e abanando o rabo? Por que não o fez Acheron?


- Porque não posso viver neste mundo. - explicou Harry nesse mesmo tom racional. - De que maneira podia ter ajudado isso?


Kyros devolveu as palavras com até mais fúria.


- Teria ajudado no fato de que fomos irmãos. Devia me deixar saber que estava bem.


- Talvez então me equivoquei, mas vim aqui agora a te salvar.


- Sandices. Isto é só um jogo para ti, verdade? - Kyros olhou ao céu como se procurasse algo. - Está observando isto, Acheron? Maldição, bastardo mentiroso. Como pôde haver me oculto isso?


Kyros começou a afastar-se deles.


Harry agarrou seu braço.


- Que aconteceu a Marco?


Ele afastou a trancos ao Harry dele.


- E a ti que te importa? Enviaram-lhe aqui para lhe matar de todos os modos.


Era certo. Porque ele tinha matado ao estudante de universidade a noite anterior, Marco estava destinado a morrer.


- Ele tinha cruzado ao outro lado até o ponto que não havia volta possível para ele, nenhum alívio temporário. Em troca você… está a tempo. Eu posso te salvar, Kyros. Se só me deixasse. Não seja estúpido, adelfos.


Kyros franziu seus lábios ante ele.


- Não quero sua condenada ajuda. Não quero nada de você.


Harry brigou para manter seu temperamento sob controle. Ele tinha que permanecer calmo e racional para passar através disto. Mas realmente, o que ele queria fazer era sacudir ao Kyros por ser tão cego e estúpido.


- Acheron não é um Daimon.


- Então o que é ele?


Harry afastou o olhar, incapaz de responder. Mas ele estava destroçado animicamente. Em parte dele queria trair ao Acheron e dizer a seu amigo a verdade que ele precisou ouvir para salvar a vida.


Mas ele não o faria.


Não, devia muito ao Acheron para lhe trair.


- Ele é um de vocês. - disse Harry com uma calma que ele não sentia.


- Sim, claro. - disse Kyros sarcasticamente. - Então por que eu não posso caminhar à luz do dia?


Ele teve que lhe dar isso.


- De acordo, Acheron é um pouco diferente.


- Um pouco? E você?


- Eu sou muito mais diferente.


- E eu sou um completo bêbado de feira. - Kyros o empurrou para passar e se encaminhou para o estacionamento.


Harry fechou seus olhos como se ele debatesse o que fazer. O que dizer.


O que faria ao Kyros lhe escutar?


Então repentinamente lhe aconteceu algo.


- Não foi culpa tua que Liora me matasse.


Isso fez deter a retirada do Kyros. Ele se congelou no lugar.


- Deveria te haver dito que ela era uma puta. - ele disse sem dar a volta.


Harry dava obrigado a que ele pelo menos falasse com ele em um tom quase cortês.


- Não te teria acreditado. Nunca. Teria-te odiado por tratar de me salvar. Por favor, não cometa meu engano, Kyros.


Ele se voltou para lhe encarar.


- Não se preocupe. - disse ele como se seu negro olhar queimasse ao Harry com sua intensidade. - Não o farei. Seu engano foi que não teria acreditado em seu amigo embora ele te dissesse a verdade. Meu engano seria escutar a meu amigo-agora… Não obstante, não é meu amigo, verdade? Meu amigo morreu nove mil anos atrás, e se tivesse vivido, ele me haveria isso dito e não me teria deixado viver durante séculos com a culpa de haver matado.


Kyros deu a volta e partiu apressadamente para o estacionamento.


- Kyros.


- Dialegomaiana ou echeri. - Kyros disse sem voltar o olhar atrás.


- Que idioma era esse? - Perguntou Danger.


- Nossa língua materna.


- E que te disse?


Harry deixou escapar um aborrecido suspiro.


- Brevemente digamos que, 'fala com a mão.'


Ela viu como humilhado ele se sentia.


- Deveríamos seguir?


- Para fazer o que? Não posso lhe golpear para que entre em razão, embora eu gostasse. A escolha tem que ser dele.


Maldito o destino por isso. Às vezes ele odiava o livre-arbítrio. Não é estranho que Acheron o amaldiçoei constantemente. Seu chefe tinha razão, a liberdade é ruim.


Seu olhar caiu em Marco. O pobre desventurado Dark Hunter ainda tinha uma adaga cravada em seu peito, onde alguém, provavelmente um Daimon, tinha-lhe apunhalado. Negando com a cabeça ante a pena da estupidez do homem, Harry foi ao Dark-Hunter cansado e devorou a adaga livremente. É obvio que não era a adaga o que lhe tinha matado. Sua cabeça decapitada se encontrava a alguns metros.


Danger se aproximou dele para examinar também o corpo. Ele poderia sentir sua revolta, mas também era um soldado que ela conservava a calma e a profissional.


- Não acredita que foi Kyros quem fez, verdade?


- Ele não pôde ter sido.


- Então quem?


A voz que respondeu a sua pergunta não era a dele e vinha do outro lado das sombras.


- Simplesmente sua amigável patrulha do Daimons.


Harry se reclinou muito ligeiramente a fim de que ele pudesse ver detrás de Danger.


Ali nas sombras havia um grupo de seis Daimons


 


 


Capitulo 12


 


O olhar fixo de Danger se estreitou colericamente ante as risadas burlonas dos Daimons. Que tão estranho para os Daimons não fazer o intento e escapar. Podiam ser os Spathis que Harry tinha mencionado?


Não obstante se realmente tinham matado já até Dark-Hunter, provavelmente teriam tomado seu poder e iriam por mais.


- Ha, eu não gosto. - grunhiu ela.


- Sentimento é inteiramente mútuo. - disse o Daimon que liderava.


O Daimon jogou uma olhada até dar com o corpo de Marco.


- Não é um formoso trabalho?


Ela se encolheu de ombros, sem lhes dar qualquer tipo de recompensa ou louvor por sua barbárie, o qual trazia também de volta muitas dos pesadelos de sua vida humana.


- A mim parece que se suicidou. Ele provavelmente jogou um olhar a seu feio rosto e se voltou cego, assim é que ele decidiu que valia mais estar morto a ser a última coisa que tinha visto.


Harry realmente soltou uma gargalhada ante isso.


O Daimon a olhou furiosamente.


- Asseguro que ele morreu gritando como uma garota.


Ela olhou no Harry e negou com a cabeça com repugnância.


- OH, isso me ofendeu muito. O que acontece essa declaração sexista? Eu sou uma garota e não grito. Mas matei a um bom número do Daimons que sim o fizeram.


Harry não fez comentários.


Danger se voltou para os Daimons, quem ainda a olhavam como se ela fosse um prato forte. Ela definitivamente ia ficar com a vida de muitos deles, mas antes que o fizesse, ela tinha uma pergunta.


- E por que o matou?


O Daimon se encolheu de ombros.


- Ele tinha uma vítima que ele não queria compartilhar. Parece que ele pensava que ele poderia fazer que a alma passasse a seu próprio corpo como fazemos nós. Pensamos que não valia a pena já que não tinha jogado limpo e nos arriscamos para liberar. Sabe o Dark-Hunters não explodem quando lhes libera de uma alma. Por quê?


- Não somos escória?


Harry riu outra vez.


Olhou-lhe sobre seu ombro.


- Você desfruta disto muito. - Ela chamou por gestos aos Daimons. - Keller disse que vós podiam fazer Poof?


- Os Daimons normais, sim.


- E me deixe supor, estes não são Daimons normais?


Ele negou com a cabeça.


- Vê muitos DVDs, e sim, são Abby Normais. - Ela estava assombrada de que ele entendesse sua referência ao filme O Jovem Frankenstein.


- H, cara. - ela disse, enrugando seu nariz em desgosto. - E aqui estou eu sem minha estaca favorita e isso por quê? Porque o demônio alado feio do inferno – literalmente – veio atrás de nós. - Ela voltou o olhar atrás para os Daimons e suspirou com excesso. - Agora temos a estes tipos para brigar. Bom, ao menos não são escamosos.


- E são loiros. - somou Harry. Danger encontrou divertido que ele usasse seu mesmo tom. - Você adora os loiros.


- Certo, mas depois de olhá-lo, acredito que meus gostos trocaram. Eu gostava mais do demônio que um destes. - Danger se girou, agarrou a adaga das mãos do Harry, então se apressou lançá-la contra os Daimons.


Harry observou com temor como se enfrentava aos Sphatis. Ela era uma lutadora incrível com mais atrevimento que habilidade. E não é que ela carecesse de habilidade de qualquer modo. Ela não o fazia. Era por causa de seu atrevimento que o deixava atrás constantemente.


Ela feriu um Daimon através do peito um segundo antes de evadir. Sua pequena estatura lhe dava uma vantagem bem definida sobre os Daimons muito mais altos.


Ela apunhalou um.


Ele estalou em pó.


Foi então quando se voltou para o Harry com semblante carrancudo.


- Vais ficar-te simplesmente aí, me olhando impressionado, ou vais ajudar-me com esta pequena questão?


Ele se encolheu de ombros despreocupadamente.


- Você parece o ter tudo sob controle.


Dedicou-lhe um olhar enquanto ela se afastava de um salto de outro Daimon atacante. Devolveu-lhe o golpe.


- Realmente odeio aos homens a maioria das vezes. - ela falou entre dentes.


Não foi até que um dos Daimons se aproximou dela pelas costas que Harry se moveu. Ele apanhou ao Demônio com um punho em sua mandíbula.


Danger se girou estando a ponto de lhe apunhalar. Harry apanhou sua mão, beijou seu punho fechado com força, logo devorou a adaga de seu agarre.


- Eu a colocarei no lugar correto. - disse ele, um instante antes que ele a mergulhasse no Daimon. O daimon estalou em pó dourado antes de chegar ao chão.


Ele mudou de direção e logo lançou a adaga ao peito de outro Daimon que estava a ponto de atacar a Danger.


O Daimon se congelou ao meio movimento, pronunciou a palavra maldição e explodiu.


O último Demônio restante pôs-se a correr.


Danger agarrou a adaga da terra, logo a lançou para suas costas. Golpeou totalmente entre os ombros. Ao igual a outros antes que ele converteu-se em pó.


Harry elevou a mão para que adaga retornasse a ele. Voou pelos ares até que ele a pegou firmemente.


Danger lhe deu um olhar fixo ressentida.


- Sabe, esses truques de salão seriam bastante mais impressionante se realmente me tivessem ajudado.


Com uma torção sardônica para seus lábios, lhe deu a adaga.


- Queria ver do que foi capaz.


- A próxima vez que não me ajude, eu arremeterei isto completamente contra você.


Ele tinha que admitir que adorasse ver o fogo nos olhos dela cada vez que ela estava zangada. O rubor de paixão em suas bochechas e feito de perguntar-se como se deveria ver nua em baixo dele. Ela definitivamente seria uma gata montês e isso fazia que sorrisse contra sua vontade.


O que ele não daria de saborear a Danger.


- Não me faz graça. - ela disse mal humoradamente.


- Me acredite, não encontro à idéia de que saia machucada nada graciosa.


- Então por que está sorrindo?


- Sorrio por que é absolutamente preciosa.


Danger não pôde ter ficado mais aturdida que se dissesse a ela que se atirasse da Torre Eiffel. Tinha passado muito tempo desde que um homem, especialmente um tão de aparência agradável como Harry, tinha-a elogiado. Ela quase tinha esquecido a revoada estranha que tal coisa causava no estômago. A pequena quantidade de vergonha que se contrabalançou por uma fatia de orgulho e gratidão.


- Obrigado.


- De nada.


O mais estranho, nesse momento era, que ela queria lhe beijar. Com dureza.


Mas isso estava mau e ela sabia.


Ele não é nem humano.


Nem você tampouco.


Pois bem, sua mente tinha um ponto, mas ainda… este não era nem o momento nem o lugar.


Harry jogou uma olhada a Marco, logo na direção em que Kyros tinha escapado. O familiar olhar de tortura voltou de novo para seus olhos verde avelã, como se ele quisesse ir detrás de seu amigo. Este era seguido por um olhar reservado que dizia que ele sabia fútil era essa ação.


- Lhe dê tempo para considerar a idéia. - disse ela quedamente, sentindo compaixão dele. - Ele voltará.


- E se não o faz?


Ele estaria morto, mais provavelmente pela mão do Harry. E como desagradável ela encontrava, só podia supor o muitíssimo mais que resultaria para ele. Por conseguinte, pensar isso já era cruel, e ela tinha o pressentimento de que Harry já tinha tido suficiente crueldade em sua vida.


- Não pode te dizer Ash o resultado? Sei que ele pode ver o futuro.


- Sim e não. Nem ele nem eu podemos ver o futuro quando guarda relação conosco ou com alguém próximo a nós.


Isso não lhe parecia justo. Do que servia ver o futuro se não podia ajudar às pessoas mais próximas a você?


- Deve ser ruim saber o futuro de todo o mundo exceto o teu.


Ele soltou um cansado suspiro.


- Não tem idéia. É realmente cruel em meu parecer. Mas então possivelmente não importe tanto depois de tudo desde que o futuro pode e está acostumado a trocar. Um pouco tão simples quanto você suponhamos, baixas uma rua um dia… em seus ossos sabe, e ainda para razões que ninguém entende você decide desafiar ao destino e te decide pela esquerda. Agora em lugar de encontrar ao marido de seus sonhos e ter uma casa cheia de meninos, você fica esmagada por um caminhão frigorífico e passas os seguintes cinco anos em fisioterapia te recuperando das lesões; Ou pior, morre por isso. E tudo porque escolheu com liberdade e tomou o caminho oposto.


Isso era algo que lhe dava pesadelos. Realmente não suportava pensar nisso e perguntar-se aonde se equivocou em sua trágica vida. Era o destino ou o livre-arbítrio o que a havia ferrado?


- Agora isso é realmente mórbido, Doutor Sunshine. Muito obrigado.


O sorriso aberto que deu a ela era absolutamente deslumbrante com seu encanto e sua beleza.


- Não, mas te tive ali por um minuto, verdade?


Danger negou com a cabeça. Havia algo tão raramente contagioso a respeito dele. Ela odiava pensar que ela podia ser enfeitiçada de fácil, e, mas ele o estava fazendo pouco a pouco.


- Assim, o que deveríamos fazer com Marco? - Perguntou ela, retornando ao assunto que tinham entre mãos.


Harry olhou o corpo.


- Há pouco que possamos fazer agora.


Danger teve uma resposta retardada ao comentário quando ela se precaveu que o corpo já tinha sumido. Ela cravou os olhos no lugar em branco onde ele tinha estado tendido simplesmente alguns minutos atrás. A única coisa que ficava era a marca onde tinham estado ele e suas roupas.


- Mon Dieu. - ela respirou. - Todos nós fazemos isso?


O tom do Harry estava sem emoção.


- Todos os humanos fazem eventualmente.


- Yeah. - disse ela, sua voz levando o peso de cólera que crescia dentro dela ao pensar em simplesmente evaporando-se como isso. - Mas normalmente leva mais que cinco minutos.


- Não para um Dark-Hunter.


Danger continuava cravando os olhos no lugar. Era altamente perturbador. Ela não estava segura de por que. Só que parecia que um corpo tão forte como o deles, o qual era imune a tantas coisas, não deveria simplesmente desmoronar-se em questão de minutos.


A finalidade da morte a impactou com dureza.


Harry tomou em seus braços. Seu primeiro instinto foi lhe apartar à força, mas honestamente, ela necessitava seu contato agora mesmo. Ela necessitava a alguém que a sustentasse e a liberasse da apavorante realidade que nunca tinha enfrentado antes.


A morte definitiva.


Não havia Artemis que os trouxesse de volta. Nenhum céu. Simplesmente total aniquilação e desolada dor. Ela poderia ser como esse homem que Harry lhe tinha mostrado mais cedo. Sem esperança. Sem nada absolutamente.


- Tudo está bem, Danger. - ele disse brandamente contra a parte superior de sua cabeça enquanto a embalava. - Não sei se isto fará que se sinta melhor, mas, ele tinha começado a matar humanos.


Em certo modo o fazia, em certo modo não o fazia.


- Não quero morrer assim, Harry.


E logo ela se deu conta de algo…


Ele o fez. Ele tinha morrido a sós com a mulher que havia deixando cair sua alma e negando-se a lhe ajudar.


Como podia sua esposa ter feito tal coisa? Era tão frio. Tão cruel.


Danger se separou muito ligeiramente para lhe contemplar.


- Isto foi o que aconteceu com seu corpo?


Ele assentiu.


- É por isso que não tenho nenhum agora.


Mas ele se sentia tão real tão sólido.


- Então como pode estar aqui, me abraçando?


Havia ternura em seus olhos que faziam arder seu sangue. Ele possivelmente fosse um destruidor, mas ele entendia a compaixão, e verdadeiramente lhe apreciava por mostrar-lhe agora quando ela mais a necessitava.


- Acheron tem um montão de poderes e felizmente a reencarnação é um deles. Este corpo temporário é idêntico ao meu, mas realmente é indestrutível. Corta minha cabeça e eu ainda posso voltar aqui depois de fazer poof.


Isso não tinha sentido para ela.


- Não o entendo. Então por que estava assustado do Charonte?


Ele deu uma risada nervosa.


- Os Charontes simplesmente não destrói o corpo. Destroem ao ousia.


- Que?


Afastou-lhe o cabelo do rosto enquanto lhe explicava.


- É a parte de nós que existe mais à frente do corpo ou a alma. A alma é nossa parte espiritual. O ousia é o que nos dá nossa personalidade. É nosso ser, nossa força vital se o preferir. Sem isso, não há absolutamente nada de nós. É a última morte, de que ali não há volta de nenhuma classe. Um Charonte é uma das poucas coisas que facilmente podem acabar com a pequena existência que deixei. E embora minha existência possivelmente seja sem valor para outros, para mim é tudo e não tenho vontades de acabar sem ela o fim de meus dias.


Ela ainda não entendia.


- Mas se Acheron for tão capitalista que ele te pode conceder um corpo temporário, por que ele não te pode dar a um permanente?


Harry ficou rígido e retrocedeu um passo.


Seu rosto se tornou de pedra outra vez, fazendo-a saber, que ela havia tocado levianamente um tema muito sensível.


- Vamos, Harry, solta. Há algo mesmo mais estranho a respeito de você, não é assim? Algo que te assusta.


Ela o podia ver em seus olhos.


Ele se afastou dela, voltando para o carro. Ela foi detrás dele, não realmente esperando uma resposta.


Mas depois de alguns segundos que ele disse.


- Acheron era muito jovem quando ele me trouxe de volta. Naquele tempo, ele não tinha pleno conhecimento de seus poderes e os deuses sabem que Artemis não estava nem de longe de lhe dar instruções. Se ela se saiu com a sua, ele não teria aprendido nada.


Um mau pressentimento a transpassou.


- Basicamente me está dizendo que ele experimentou contigo.


Ele assentiu sem olhá-la.


- Se tivesse morrido cem anos mais tarde, teria sido uma história diferente para mim. Mas o que se fez comigo é irreversível até para o Acheron. Nunca mais posso ser humano ou posso viver como um homem. Não há nada que se possa fazer por mim. Nunca.


Ele tomou com notável dignidade, mas ele tinha tido muito tempo para fazer-se à idéia. Ela, ela mesma, ainda não se fazia à idéia de que Acheron a tivesse vexado.


- Sinto muito, Harry.


- Está bem. Ao menos lhe importei o suficiente para me salvar. Se ele não o tivesse feito… - ele percorreu com o olhar o lugar aonde tinha estado Marco.


Que sem sentido. Não gostou do pensamento de que ele morresse de maneira nenhuma. Ela supôs que ele tinha razão. O que ele tinha agora era muito melhor que a alternativa.


Danger inclinou sua cabeça para indicar a direção do carro.


- Por que não vamos comer algo? Estou realmente faminta.


- Claro.


O carro se desbloqueou por si mesmo no mesmo momento em que eles se aproximaram dele. Danger sacudiu sua cabeça ante seus poderes. Algumas vezes ele era igual de horripilante que Acheron.


Ela subiu ao carro no lado do condutor enquanto ele entrava no lado do passageiro.


- Assim, como deveria te chamar? - Perguntou-lhe ela enquanto saía do estacionamento. - Ias ou Harry?


Deu a ela um malicioso sorriso que prendeu fogo a seus hormônios.


- Preferiria que dirigisse a mim como a seu amante. - Ele arqueou suas sobrancelhas a modo de brincadeira.


Danger começou a rodar seus olhos. Igual a todos os homens com mentalidade fechada, ele era incorrigível.


- Não me culpe. - disse Harry disse em um tom quase ofendido. - Não o posso remediar. Deveria ver a forma em que brigas.


- Realmente me acende. Pode me explicar como te apagar?


Ele bufou.


- Passa duzentos anos sem sexo e depois me pergunte. Não há ducha o bastante fria. - Seu olhar passeou pela quadra de esportes de tênis onde um molho de estudantes de universidade jogava. - Não são as mulheres da fraternidade bonitas?


Ela resmungou com repugnância.


- Nem se queira o tente.


- Bom, se você não me quer…


Ela o cortou com um travesso olhar.


- Eu alguma vez disse isso, ou o fiz?


 


 


Capitulo 13


 


Kyros entrou em sua casa, suas mãos ainda tremiam. Ele não poderia acreditar no que ele tinha visto esta noite. O que ele tinha ouvido. Marco tinha sido assassinado.


E Ias estava vivo.


Las tinha estado vivo em todos estes séculos.


A fúria e a pena lutaram contra o alívio e a felicidade. Ele estava tão confundido por suas emoções que ele sabia o que sentir ou pensar. Uma parte dele queria abraçar o seu velho amigo.


Como homens, tinham estado mais próximos que meros irmãos. Havia uma união especial que provinha de confiar sua vida às mãos de outro homem, uma união que provinha da confiança. Era comunal e inquebrável. Tinham compartilhado isso.


Quantas vezes tinham brigado juntos? Desnutridos nas longas marchas para a batalha? Quando a gente tinha sido ferido, o outro tinha se sobressaído por cima dele e tinha lutado contra os assaltantes até ter destruído a todos e acabado a briga. Então o que ficava tinha que procurar ajuda médica ao outro.


Costas com costas, tinham brigado incontáveis vezes, mantendo  um ao outro a salvo.


Devia a Las mais do que alguma vez pudesse ser recompensado por moedas ou ações. Isso era pelo que parte de si mesmo estava eufórico de que Las estivesse vivo.


Mas a outra parte dele estava tão traída, tão ferida. Como tinha podido sobreviver Las e não lhe dizer nada?


Como?


Por que não o havia mencionado Acheron alguma vez? Ele mais que qualquer outro sabia simplesmente quanto à morte de Las lhe tinha feito migalhas. Ao princípio, a perda de Las tinha sido mais do que ele poderia agüentar. Ele se havia sentido tão responsável. Se lhe tivesse contado a Las sobre sua esposa, logo seu amigo não tivesse cometido o trágico engano de pensar que lhe amava. Mas ele tinha sabido que o conhecimento teria destruído a Las, que queria mais a Liora que qualquer outra coisa.


Mesmo sua própria vida tinha estado confiscada porque ele se manteve em silêncio. Ele tinha morrido protegendo a Las do Lycantes, quem tinha sido o amante da Liora, a primeira vez que Lycantes tinha ido por Las.


Por que não o disse alguma vez?


Durante séculos ele tinha levado essa culpabilidade em seus ombros como Atlas. Tinha havido muito poucas noites nos últimos nove mil anos que o remorso não lhe tivesse mordido.


Cada vez que um Dark-Hunter tinha falado da possibilidade de ser livre, de ter um amante que deixasse cair o medalhão que continha sua alma antes que fosse devolvido a eles, ele tinha recordado a seu amigo.


Mais que isso, Las tinha sido o que lhe tinha dado a todo Dark-Hunters sua maneira de escapamento. Sem Las, Artemis ou Acheron ou quem fosse não lhes teria permitido recuperar suas almas ou ser livres. Nunca.


Mas apesar de tudo isso, Kyros sabia uma coisa, Las não lhe mentiria. Não estava em seu amigo fazer tal coisa. Seu amigo nunca tinha sido outra coisa exceto honorável:


Mas era este Las o mesmo que tinha sido de mortal?


- Que está fazendo?


Kyros levantou o olhar para ver Stryker parado ao lado da porta de seu escritório aonde ele se dirigia. Com uma indiferença que ele não sentia, Kyros passou dele e se sentou detrás de seu escritório de mogno em uma cadeira de couro cor vinho.


- Estava contemplando.


- Contemplando o que?


Ele imobilizou ao Demônio com um assassino olhar.


- Sabia que o destruidor foi alguma vez meu melhor amigo?


Stryker fez uma pausa quando essas palavras lhe impactaram. Agora havia algo que ele não tinha visto vir. Ele sempre se perguntou de onde o Harry tinha saído.


Mas nos enfrentemos, Acheron não estava realmente por compartilhar nenhuma classe de informação com ele, especialmente nada que o insignificante Stryker pudesse usar em seu contrário. Essa era a vergonha para seus inimigos. Manter sempre na ignorância.


Mas sua mente processou rapidamente este conhecimento recém descoberto. Assim é que o Harry havia sido humano uma vez… E ele tinha conhecido ao Kyros.


Bem. Ele poderia trabalhar com isto.


- Deve te sentir muito traído agora mesmo. - disse Stryker em uma voz calculadamente compassiva. - Disse algo?


- Disse-me que vinha a me salvar de ti.


Stryker manteve seu rosto inexpressivo. Ele tinha que jogar isto cuidadosamente se não queria cair ao fogo que esperava para engolir e arruinar todos seus planos.


- Interessante.


Assim que, Harry queria salvar ao peão do Stryker da morte. Isto poderia ser extremamente benéfico. O Harry o pensaria duas vezes antes que condenasse o seu amigo às sombras e isso daria ao Stryker um peão para usar contra ele. Certamente o Harry não mataria ao mesmo homem que ele tinha vindo a salvar.


OH, sim, estas eram muito boas notícias certamente.


- Sabe que ele está mentindo, certo?


Kyros negou com a cabeça enquanto se reclinava em sua cadeira. - Não acredito que o faça.


- Não o acredita? - Perguntou Stryker enquanto se adiantava para empurrar a um lado o lápis de couro negro. Ele estava sentado sobre um canto do escritório. - Usa a cabeça, Kyros. Ele clama ser seu amigo, mas onde esteve metido todos estes séculos?


- Ele disse que ele não podia estabelecer contato.


- Não podia ou queria?


Os olhos do Kyros se estreitaram ante ele.


- Só dava o que vás dizer Stryker. Não estou de humor para sandices agora mesmo.


- Bem. - disse ele, inclinando-se para frente para enfrentar levemente o olhar do Kyros. - O que tenho que dizer é isto. Se ele em realidade é seu amigo, onde esteve todo este tempo enquanto você esteve adoecendo neste remoto lugar do inferno? Quantas vezes pediste ao Acheron que te translade do Mississipi a um casco urbano onde haja algo mais além da festa da cerveja? E quantas não foi respondida sua petição?


Kyros afastou o olhar dele.


- Ash tinha suas razões.


O pobre patético parvo. Ele não tinha idéia do que se trazia já fosse Acheron ou ele mesmo.


- Tinha-a? - Stryker perguntou. - Ou foi seu amigo quem recusou sua petição? Pensa nisso, Kyros. Acheron é um homem ocupado que não tem tempo para fiscalizar a todos os milhares de Caçadores Escuros fora daqui que ele criou para nos destruir. A quem deixaria ele a cargo de tais coisas? Hmm?


Stryker não lhe deu tempo a responder. Ele não queria que Kyros chegasse a uma discussão lógica antes que ele semeasse dúvidas em sua mente.


- Sua mão direita, isso é quem é ele. O único no que confia por cima de todos os outros que cumprirá suas ordens.


Ele insistiu.


- Demônios, o Harry incluso tem a capacidade de tomar parte dos poderes de meu irmão. Que diz ser seu amigo, o Harry, mesmo compartilha o sangue do Acheron. Assim já sabe que seu assim chamado amigo foi o responsável por suas atribuições. Ele era o que não pensava que merecesse estar rodeado de mais gente. E até se ele não foi o único em tomar a decisão, certamente um amigo teria a capacidade de convencer ao Acheron e intervir para te salvar faz já muito tempo. Não acredita?


Ele viu a incerteza nos olhos do Kyros e se esforçou para não sorrir na vitória.


- Ambos estão jogando contigo, Kyros. Pensa nisso. Isto não é simplesmente outra ida de panela. Eles se estão rindo de ti agora mesmo. Neste instante. Os dois. O Harry está aqui para matá-lo a todos vocês, não te salvar. Se ele realmente tivesse querido te salvar, ele te teria atribuído a uma aceitável próspera cidade faz muito tempo. Mas, ele não o fez, verdade?


Stryker tratou de mostrar-se compassivo.


- Confia em mim, não ficará um só Dark Hunter vivo nesta área uma vez que ele retorna com o Acheron a menos que mate primeiro Harry.


Stryker se deslizou fora do escritório, aproximando-se mais a ele.


- Já viu seu trabalho. Não estava Marco onde te disse que ele estaria?


- Sim.


- Bem, seus Daimons fazia o que se supunha que tinham que fazer.


- Não foi assassinado como eu te disse?


- Sim.


- E não estava o Harry ali?


Kyros assentiu a cabeça.


- Tudo o que me há dito esteve passando.


- Então, quem está te mentindo?


Sua resposta foi automática.


- Eles.


- Sim. - disse Stryker, finalmente sorrindo. - Mentem e que vamos fazer com eles?


Kyros lhe deu um duro, sinistro olhar.


- Lhes matar.


 


Danger observava ao Harry enquanto permanecia sentado na pequena mesa redonda vendo-se completamente derrotado. Para um homem que manteve não possuir emoções algumas, ele definitivamente as mostrava agora.


Tinha insistido em que não voltassem para sua casa onde poderiam ser encontrados outra vez pelo demônio (ou com tudo o que sabiam o demônio ainda poderia estar ali esperando), e tinham alugado um quarto do hotel.


Para ser honestos, Danger estava um pouco nervosa a respeito de ficar aqui. Não gostava de sentir-se exposta. Se a criada abrisse a porta durante o dia e deixasse entrar luz do sol…


Harry, segundo sua admissão, não explodiria em pó, mas ela sim o faria. E sem ofender, acabar assada não era algo que ela queria experimentar a menos que envolvesse a algum de seus amigos contando histórias vergonhosas a respeito dela.


Mas Harry lhe tinha assegurado que não deixaria que nada lhe fizesse mal.


Suponho que será assim então.


Se ela sobrevivia ao dia, ele teria razão. Se ela não o fazia… ela estaria seriamente ferrada.


E morta.


Enquanto isso eram simplesmente eles dois no pequeno quarto do hotel. E para ser honestos, Harry se via rendido e esgotado pelo que acontecia com o Kyros. O pobre homem tinha estado tão contrariado que nem sequer havia tocado seu jantar.


- Ele virá. - disse ela enquanto se tirava as botas e as meias.


Ele a contemplou.


- Desejaria ter sua fé.


- Então tenha fé no Acheron. Isso é o que te passa me dizendo que faça. Enviá-lo-ia aqui a falhar?


- Sim. - ele disse sua voz cansada e ainda estranhamente determinada.


Sua resposta a assombrou.


- Não, ele não o faria. Isso seria cruel.


- Sim. - insistiu ele. - Faria. Como diz Acheron, algumas vezes tem que falhar para ter êxito. O lutamos ou não, há uma ordem no universo. É difícil de entender e muitas, muitas vezes é duro de roer, mas isso está ali e nossas escolhas são nossas. O fracasso é parte da vida e ninguém pode ter êxito cada vez que tenta algo.


Ela lançou bufos no que a isso se refere.


- Bom isso suga.


Ele assentiu concordando.


- Mas o fracasso é o preço de ter-livre-arbítrio.


- Talvez estivéssemos então melhor sem isso.


Ele deu uma risada curta.


- Isso é o que Acheron pensa a maioria das vezes. Ele em realidade odeia o livre-arbítrio, mas ele nunca interferirá com ele.


- Como poderia ele?


Harry ficou quieto outra vez.


Ela poderia sentir sua inquietação e ainda ele permanecia sentado ali em silêncio. Ela tinha comido duas vezes durante a noite. Ele não o tinha feito. Ele só havia dito que não tinha fome. Mas então dado o fato que ele realmente não podia saborear comida, ela poderia entender isso.


- Vais vir à cama?


Ele deixou escapar um comprido suspiro antes de responder. Dormirei mais tarde.


- Harry…


- Estou bem, Danger. Seriamente.


Não ele não o estava. Ela não necessitava de um sfora para ver isso.


Compadecendo-se dele, ela foi ficar ao lado de sua cadeira.


- Não está realmente bem.


Ele a contemplou. Esses olhos verdes a enfeitiçavam com sua beleza e sua dor.


- Não, não o estou.


Sua confissão a colheu com a guarda baixa.


- Sabe, - ele disse quedamente - sou o que comprova a conta de correio eletrônico do Acheron. Estou ali no Katoteros quando seu telefone celular começa a timbrar com chamadas de todos vocês querendo falar com ele, noite e dia. Há vezes que isto lhe enlouquece. Mas lhe invejo o caos. O contato 'humano'. Acredito que é por isso pelo que ele nunca se queixa disso ao redor de mim. Ele sabe quanto mataria para isso.


Seu coração se doeu por ele e pela tristeza perdida que ela viu nas profundidades desses olhos verdes.


- Minha vida é tão interminável. - disse ele, sua voz levando o peso de seu sofrimento. - O único contato que tenho fora do Acheron e Simi são com outras Sombras. Os que são condenados me gritam pedindo ajuda por que sou um dos poucos seres que os podem ouvir. Os que vivem a Ilha do Padesios não estão interessados em fazerem-se meus amigos. Evitam-me cada vez que me aproximo deles.


- A Ilha do que?


Ele suspirou.


- É uma região no Katoteros onde Acheron permite às Sombras uma simulação do Paraíso. Sua existência, como a minha, é limitada, mas não sofrem. Não como o fazem outros. Embora acredite que o saber que nunca mais poderão ser humano é castigo bastante. Acredito que por isso é que me odeiam. Eu ao menos tenho um pouco parecido a uma forma corpórea. Eles não a têm, nem a terão nunca.


- Por que Ash não lhes dá uma?


- Pela mesma razão que ele não me envia à terra a menos que tenha que fazer. É cruel estar assim tão perto de um ser humano e saber que não o é. Que nunca o será. Isto só te faz desejar voltar para casa.


A angústia que ele sofria passou através dela. Ele se via perdido, só. Ela entendia ambos os sentimentos. Havias sentido bastante durante os últimos duzentos anos. Ela só podia supor pior deveria ter sido experimentar durante nove mil anos.


Ela colocou sua mão contra sua bochecha barbuda. O restolho lhe deu brincadeiras a sua palma, enviando um frio acima de seu braço.


Ele fechou seus olhos e respirou a fundo como se saboreasse o perfume de sua pele. A percepção de seu contato.


Sua solidão tocava uma parte interior, estranha dela. Isto tocava a parte dela que era igual à dele. A solitária eternidade.


Seu coração se acelerava, ela inclinou sua cabeça para saborear seus lábios.


Harry ficou aturdido por seu beijo. Ele esperava que ele realmente pudesse saboreá-la. Realmente conhecia a completa sensação de seu fôlego fazendo amizade com o dele como sua língua arrasava através de sua boca.


Seu corpo voltou para a vida, querendo senti-la nua contra ele. Ele aprofundou seu beijo um momento antes de retirar-se para olhá-la.


- Não me faça isto, Danger. É cruel quando sabe quanto tempo passei sem uma mulher.


Seu fôlego caiu contra a bochecha dele um momento antes que ela se tirasse sua camiseta pela cabeça.


Seu coração se deteve a contemplar o sutiã negro que cobria um pouco seus peitos. Seus mamilos rosados estavam tensos, rogando somente por sua boca.


Era a coisa mais bela que ele alguma vez tinha visto.


Danger sabia que não deveria estar fazendo isto e ainda assim não poderia deter a si mesmo. Gostava, tinha passado muito tempo da última vez que ela tinha tido relações sexuais. Mas mais que isso, ela sentia uma conexão estranha com ele. Com razão ou sem ela, ela queria este momento. Em uma forma estranha, necessitava tanto como ele.


Tomando sua mão nas suas, ela a conduziu a seu peito.


Ele reteve o fôlego antes que inundasse seus dedos sob o sutiã para tocá-la. A pele dele era áspera, mas seu toque era gentil quando ele ligeiramente amassava seu peito.


Ela se elevou muito ligeiramente a lhe beijar febrilmente enquanto começava freneticamente a lhe desabotoar a camisa. Cada polegada de carne que deixava exposta era perfeita. Não havia cicatriz ou marca de algo em seu bem formado corpo masculino. A única marca que ele tinha era uma estranha tatuagem em seu ombro esquerdo de um sol amarelo atravessado por três relâmpagos brancos. Ela o avaliou ligeiramente, perguntando-se que seriam a espécie de letras que apareciam no meio. Era um alfabeto que nunca antes tinha visto.


- Que é isto? - Perguntou ela enquanto o acariciava.


- Simplesmente uma tatuagem. - ele disse, sua voz rasgada. - Já estava aí quando adquiri esta forma.


Descartando, ela abriu sua camisa, logo baixou esta e seu casaco fora de seus ombros.


Ele tirou sua mão de seu peito para deixá-la lhe despir.


Harry realmente tremia ante sua abrasadora rapidez. Tinha passado muito tempo desde a última vez que ele provasse o desejo dessa maneira. Danger literalmente engatinhou por seu regaço quando retornou avidamente a beijar seus lábios.


Ele grunhiu ante a ferocidade desse beijo, ante a maneira desumana de seu corpo, esperando saboreá-la. Seu fôlego se misturou com o dele quando ela percorreu com suas ardentes mãos sobre o traseiro nu dele. Ele a rodeou para desabotoar seu sustento. O negro sutiã caiu livremente, permitindo a seus pequenos seios pequenos pressionar-se contra seu peito nu.


Sua cabeça deu voltas ante a sensação de seus duros mamilos contra sua carne. Ele nunca tinha desejado a nenhuma mulher mais do que a desejava a ela nesse momento.


Ela deixou seus lábios para passar sua boca sobre sua orelha. Juraria que viu estrelas quando a língua acariciou a sensitiva carne dali. Incapaz de suportar, ele ficou de pé, apertando-a contra ele.


Ela passou suas pernas ao redor de sua cintura enquanto ele a levava para a cama. Ele necessitava a esta mulher mais do que ele precisava viver. Não sabia por que era tão importante para ele tê-la. Mas o era, e se alguém tentava deter nesse mesmo momento, ele os faria passar muito mal.


Ele a despiu rapidamente deixando cair suas roupas ao chão. Seu coração martelando, ele abriu a cremalheira das calças dela, querendo ver a beleza nua de seu corpo.


Danger gemeu quando Harry afundou sua mão sob suas calcinhas para tocá-la onde estava acesa para ele. Chiando, ela arqueou seu traseiro e separou suas pernas a fim de que ele pudesse aliviar a dor agridoce tão ardentemente desejada de seu contato. Enquanto sua mão dava prazer a ela, ele se separou ligeiramente para observar seu rosto.


Seus olhos estavam escuros pela paixão e cheios de admiração. Eles flamejaram a uma estranha sombra de verde um instante antes que ele devorasse suas calças e suas calcinhas liberando os de seu corpo e atirando ao chão. Antes que ela pudesse mover-se, ele retornou a posicionar-se entre suas coxas abertas. Seu fôlego quente abrasava sua coxa enquanto sua mão retornava a atormentá-la.


Ela não podia pensar corretamente quando afastou sua mão e a mudou por sua boca. Danger gritou fora no êxtase. Ela afundou profundamente sua mão nos fios dourados de seu cabelo. Ele se tomou seu tempo agradando-a. Ninguém alguma vez a tinha feito sentir-se tão desejada, assim de necessitada como ele o fazia e ela não compreendia o porquê.


Os pensamentos e os sentimentos formaram redemoinhos através de sua mente quando sua língua lhe dava profundo prazer. E quando ela gozou, juraria que viu as estrelas.


Harry fechou seus olhos quando sentiu seu estremecimento. Não há nada que ele desfrutasse mais que provocar o corpo de uma mulher, que observá-la desfrutar pelo que lhe dava. E Danger era a mulher mais doce que ele alguma vez tinha conhecido. Ele apoiou sua cabeça contra sua coxa enquanto seu corpo pulsava ainda por ela


Mas ele não queria acabar assim. Por alguma razão, ele queria tomar o tempo de sentir sua pele contra a dele. Havia algo dela que lhe impregnava no mais fundo e que em certa forma o fazia sentir-se vivo outra vez.


Não tinha sentido, mas ele podia sentir quando ele estava com ela. Pela primeira vez nos séculos, ele tinha emoções em um estado humano. O fazia sentir-se assim ainda quando ele não quisesse.


Seus olhos negros ardiam quando ela se endireitou lentamente, como uma leoa faminta. Ela se encurvou na cama no que tinha que ser a atitude mais erótica que ele alguma vez tivesse contemplado.


- Que está…


Ele não teve oportunidade para terminar sua pergunta antes que lhe abraçasse do traseiro, atirando de suas calças. Harry não discutiu quando ela os tirou. Ele quase se gozou quando lhe pegou em sua mão. Tinha passado tanto tempo desde que alguém lhe havia tocado dessa maneira.


Danger fez uma pausa ante a expressão no rosto do Harry. Ela nunca tinha conhecido a alguém que apreciasse tanto como o toque de um amante. Isso só dizia a ela que tão verdadeiramente só ele estava. Era quase um crime ter a um homem assim encerrado para si mesmo.


Ele pegou seu rosto em suas mãos e a beijou profundamente, carinhosamente. Ela poderia dizer quanto isto significava para ele. Quanto precisava tocá-la.


Isso fez algo nela. Fez que sentisse uma ternura para com ele, que nunca pensou que fosse possível nela.


Ele a levantou então e a colocou sobre ele. Danger se mordeu o lábio ao notar sua plenitude dentro dela. Ela se apoiou em suas mãos, as quais tinha deixado contra seu peito, enquanto lhe montava lentamente e com facilidade.


Harry arqueou seu traseiro conduzir-se até mais profundamente em seu abrasador e úmido canal. Ele tomou uma de suas mãos nas dele e lhe beijou a palma. Ela era tão preciosa para ele. O senti-la, o calor de sua pele. Ele colocou sua palma aberta contra sua bochecha, revelando a brandura, o perfume de sua carne.


Ele queria devorá-la com uma selvageria que o assombrava. Seu corpo ágil se deslizava sensualmente contra ele, prendendo fogo a cada polegada dele.


Ele jogou atrás a cabeça quando gozou em uma onda feroz de prazer.


Os olhos de Danger realmente sorriam ante o clímax do Harry. Era como se ele tivesse acabado feito pedaços por isso. E quando seu olhar fixo encontrou a dela, ela se derreteu.


Ele pegou o rosto dela em suas mãos, logo amavelmente atirou dela para lhe dar um dos beijos mais doces, mais tenros que ela alguma vez tinha experiente. Ele não falava, mas nem sequer tinha por que fazer. A gratidão e a admiração em seu rosto o diziam tudo.


Danger sorriu quando se deslizou lentamente de seu corpo. Ela deitada na cama com o aroma do Harry fortemente em sua cabeça. Ela amava a intimidade de ter seu corpo nu envolto ao redor dela. Sua cabeça descansava sobre seus bíceps enquanto seu fôlego fazia cócegas no pescoço dela.


- Obrigado, Danger. - ele sussurrou brandamente.


Ela se deu volta ligeiramente a fim de poder lhe ver nos inícios da luz matutina. Ela não tinha passado uma noite inteira com um homem desde que havia sido humana. Era tão estranho estar com um agora.


E havia uma tranqüilidade no Harry que não tinha estado ali antes.


- De nada. - disse ela, tomando suas mãos nas suas e as levantando a fim de que ela pudesse mordiscar ligeiramente seus dedos. - Tenho que dizer que estiveste incrível.


- Já, bom, eles não me deixam sair muito.


Ela sorriu ante isso enquanto arrastava seu mamilo duro.


- Acredito que me alegro disso.


Ele a beijou amavelmente, logo a colocou de volta no colchão.


- Deveria poder dormir ao menos um dia inteiro.


Ela enrugou seu nariz no que a isso se refere.


- Isso vai ser difícil. Não dormi fora de casa em séculos. Não é seguro que a luz do dia não comece através das cortinas. Põe-me um pouco nervosa.


Ele a envolveu com seus braços e a aproximou.


- Não deixarei que isso te machuque.


O calor se propagou através dela.


- É um pensamento agradável, mas mesmo com seus poderes, em certa forma penso que Apollo poderia ganhar.


O quarto se voltou negro como o azeviche. Não havia rastro de raio algum de sol agora.


- Dorme tranqüila, Danger. Não deixarei que nada te machuque. Prometo-lhe isso.


E essa era a coisa mais amável que alguém alguma vez tinha feito por ela. Seus olhos sorriam com a estranha ternura que alagava a ela, ela moveu sua cabeça para beijar seu braço, logo se aconchegou para descansar.


Ficou dormida com a sensação de sua mão acariciando amavelmente seu cabelo enquanto lhe murmurava brandamente ao ouvido em um idioma que ela não entendeu.


Harry sentiu relaxe-se. Um sorriso lento curvou seus lábios quando recordou a maneira em que lhe tinha feito o amor.


Ela tinha sido sublime. Seus lábios estavam ainda doloridos por seus famintos beijos e ele se sentia muito bem. Mas com esse sentimento de total saciedade veio o conhecimento de que o que tiveram neste momento tão fugaz – não seria nada mais que uma mera piscada.


Ele a recordaria por sempre e lhe esqueceria uma vez que ele saísse dali.


Essas eram as ordens do Acheron. Nenhum Dark-Hunter alguma vez poderia lembrar-se de que lhe tinham visto. A esses que eram salvos sempre lhes apagava a memória.


Sua vida seguiria sem ele. Isso nunca lhe tinha incomodado antes, mas agora…


Agora ele queria mais.


Querer mais é a raiz de todo mal. Esse conceito arruinou mais vidas das que alguma vez tenha feito eu.


Se não fosse pelo fato de que sabia que essas eram um eco das palavras do Acheron, ele quase juraria que seu chefe estava outra vez em sua cabeça.


- Onde está Ash? - Sussurrou ele. - Eu poderia usar realmente seu guia agora mesmo.


Mas era inútil. Não havia nada que Acheron lhe pudesse dizer que ele queria ouvir e ele sabia. Ele não tinha cláusula de escapamento. Ele carecia de um corpo ou uma alma. Literalmente, ele não tinha nada que lhe oferecer a ela. Nunca.


Ele não tinha nada que lhe oferecer a nenhuma mulher.


Tudo tem um preço. Nada é completamente grátis. Seu preço por não ser condenado era passar a eternidade só.


Ao menos tenho este momento.


Pelo que estava agradecido e o qual não lamentava. Nunca o faria.


Harry se esticou quando sentiu essa estranha sensação de coceira do sfora outra vez.


- Se for você, Stryker, então faz o que possa.


Se ele não tivesse melhor critério, ele juraria que ele ouviu uma voz zombadora, Assim o farei.


 


 


Capitulo 14


 


Danger despertou com algo fazendo cócegas em seu nariz. Negando com a cabeça, ela o afastou, para retornar outra vez para incomodá-la.


Exasperada, ela abriu seus olhos para encontrar ao Harry ajoelhado no chão a seu lado dela com um devastador sorriso em seu rosto. Ele colocou a rosa com a que tinha estado atormentando no colchão frente a ela


- Boa noite, preciosa. Temia que fosses dormir toda a noite.


Danger lhe devolveu o sorriso enquanto ela se espreguiçava e bocejava.


- Que horas são?


- Quase oito.


Ela se congelou em suas palavras.


- Que?


Ele recostou seu queixo no colchão. Havia algo muito inocente e doce nesse gesto. Era totalmente inesperado em um homem que era capaz de poder comandar.


- Disse-lhe isso. Estava por dormir toda a noite.


Ela ficou completamente aturdida. Ela não podia recordar a última vez que tinha dormido muito. Postos a pensar, ela nunca o tinha feito isto antes. Seis horas em uma noite era seu máximo. Mas essa vez ela tinha conseguido dormir doze e não tinha ido sequer à cama. Como tinha ocorrido?


Possivelmente precisa alterar a mente com sexo mais freqüentemente?


Pois bem, isso se subentendia.


Bocejando, ela ficou direita lentamente, agarrando firmemente o lençol para encontrar um jantar agradável posto sobre a mesa pequena. Isto era só muito bom para ser certo – um homem que poderia ser espantosamente poderoso e protetor, impressionante na cama, e ainda ser o suficiente considerado para alimentá-la com uma comida decente ao dia seguinte.


Nenhum homem era assim de perfeito.


Ela se encolheu quando esse pensamento a traspassou. OH, claro, ele tinha um pequeno inconveniente. Ele estava bem morto e ultra-Mas por uma eternidade desta classe de mímicos, ela poderia estar disposta a passar por cima desta pequena insignificância. Depois de tudo, ela não era um picnic nem muito menos.


Harry acendeu o abajur sobre a mesa.


- Espero que você goste da comida Chinesa.


- A verdade é que sim, eu gosto. - Por alguma razão isso não tinha sentido algum, ela teve um repentino caso de acanhamento a respeito de deixar sua cama nua enquanto ele estava aí parado olhando-a com intensidade. Ela olhou ao redor do quarto torpemente, perguntando-se como poderia vestir-se sem que ele a olhasse.


Cegando?


Isso poderia ser um problema, sem mencionar que também seria… rude.


Ele se arranhou o queixo antes que indicasse a porta com seu polegar.


- Quer uma Coca-cola? Posso-lhe ir procurar isso. - Ela sorriu, aliviada de que ele fosse algo mais intuitivo que a maioria de homens. Ele em realidade eram um dos ultras. Nenhum simples homem mortal fazia tal coisa.


- Sim, obrigado. Isso estaria bem.


Ele inclinou a cabeça, logo a deixou sozinha.


Recolhendo a rosa para inspirar sua fragrância, Danger se tomou o tempo para recostar-se na cama e recordar a maneira em que tinha passado as anteriores horas matutinas.


Ser despertada desta maneira era algo maravilhoso certamente.


- Uma mulher poderia acostumar-se a isto. - Ela suspirou entre sonhos quando uma sensação estranha de calor e felicidade ondeou através dela. - Acredito que eu gosto dos ultras.


Nenhum outro satisfazia seus gostos de uma maneira que nunca antes havia sentido. Fez-lhe sentir coisas que ela nunca pensou em voltar a sentir outra vez. Ela estava de fato desejosa ante a idéia de passar outra noite com ele.


Desejosa? Eu?


Era inconcebível que se sentisse assim. Mas o fazia. Não havia maneira de negar isso.


Se tão só pudesse durar. Mas ela tinha melhor critério. Seu tempo juntos era muito limitado.


Suspirando, ela se levantou e se foi dar uma ducha rápida.


 


Harry vacilou dentro do quarto quando ouviu a água correndo no quarto de banho. Ele tinha em mente uma imagem perfeita da água correndo sobre o corpo nu de Danger. Ensaboando-se a ela mesma… acariciando intimamente sua carne.


Uma imagem das mãos dela percorrendo seus seios e passando por suas pernas ligeiramente separadas.


Seu pênis se endureceu imediatamente.


Era mais do que podia suportar. Com a boca seca, ele deixou sobre chão a bebida e se dirigiu a abrir lentamente a porta do quarto de banho.


- Necessita que alguém te esfregue as costas?


Ela fez um chiado como se ele a tivesse sobressaltado.


- Que está fazendo aqui? - Estalou ela.


- Queria verte nua sob a ducha. - disse ele sem vergonha ou vacilação.


Ela abriu a cortina para permanecer ante ele. Seu cabelo estava pego a seu corpo, mas os fios divididos sobre seus seios deixavam-nos nus para seu faminto olhar.


- Precisa aprender a te controlar.


- No tenho nas espadas.


Ela percorreu com igual ardor seu corpo vestido.


- Estou tentada, mas dormi até tarde. Precisamos retornar ali fora e ver o que acontece com Kyros e com outros.


Ela estava no certo.


- Bem. - disse ele, odiava o fato de ter que trabalhar em algo que não incluía estar nu com ela. - Terei que pôr correia aos hormônios. - Disse deixando escapar um suspiro, logo se afastou dela.


Ela apanhou sua mão para lhe deter.


- Sempre fica o amanhecer, Sabia?


Ele levantou sua mão a fim de que ele pudesse depositar um beijo no dorso dos nódulos dela.


- É que uma promessa?


Ela assentiu.


Ele fechou seus olhos e saboreou a brandura de sua pele antes que ele a soltasse e permitisse a ela terminar seu banho. Mas era duro.


Não tão duro como o estou eu.


Isso era suficientemente certo. Ele estava tendo um momento difícil para sentar-se com a ereção que não poderia negar.


Enquanto ela terminava de tomar banho, ele distraiu a si mesmo lhe preparando a comida. Impulsivamente, ele recolheu um pedaço do frango para saborear.


Seu coração se apertou com força quando não saboreou nada. Era como com as pipocas de milho. Não havia diferença absolutamente. Só a textura diferenciava um do outro.


- Tenho saudades comer. - ele suspirou, movendo-se através das brancas vasilhas de comida. Como homem, a ele nada tinha gostado mais que esse enorme festim depois de uma batalha. O cordeiro assado e a carne vermelha que tinha estado adubada em vinho e especiarias. As substanciosas taças de vinho tinto e hidromel.


Sua mãe tinha feito o melhor pão adoçado com mel que ele alguma vez tinha saboreado.


De todas as coisas que ele tinha perdido sendo reencarnado, ele odiou perder a habilidade para saber a maior parte das coisas.


Não, isso não era certo, ele odiou perder sua alma, mas a comida estava perto de ser o segundo.


Ele ouviu a porta abrir-se. Trocando de direção, ele viu Danger saindo do quarto de banho, completamente vestida. Ela tinha uma toalha branca enrolada ao redor da cabeça.


- Como vai?


- Ainda quente. - É tudo o que podia lhe dizer da comida.


- Estava comendo?


- Já comi. - mentiu ele. Ela já suspeitava bastante a respeito do que o mantinha. Último ele precisava fazer era lhe confiar à maneira em que Acheron lhe mantinha vivo. Havia algumas coisas que ela não precisava saber.


Justo quando ela se sentou, seu telefone celular timbrou. Recolhendo, Danger olhou a pessoa que chamava.


- É Kyros. - Ela abriu o telefone, logo respondeu.


- Yeah. - disse ela depois de uma pausa breve. - Nós estamos ainda no Starkville. Onde está você?


Harry fechou seus olhos e se concentrou a fim de poder ouvir o Kyros através do telefone.


- Onde te está ficando? - Kyros perguntou.


- Em um hotel.


- Está Las contigo?


Danger se esclareceu sua garganta antes que ela respondesse.


- Por que quer saber?


- Estive pensando a respeito do que me disse e que queria falar com ele outra vez.


- Espera. - Entregou o telefone ao Harry.


Esperando que seu amigo tivesse entrado em razão, Harry levou o telefone a sua orelha.


- Sim?


- Como é de próximo para o Acheron?


- Muito. Por quê?


- É certo que tem seu próprio demônio?


Harry decidiu ser ambíguo. A existência de Simi era algo que Acheron só compartilhava com alguns Caçadores Escuros, e Kyros não era um dos poucos privilegiados. - Que demônio?


- Seja honesto comigo, Lãs. - grunhiu ele. - Maldição, deve-me muito.


Harry moeu seus dentes. Que dano podia haver em lhe responder a uma pergunta? Não era como se Simi não pudesse proteger a si mesma, especialmente contra um Dark-Hunter.


- Sim, ele tem um demônio.


- Então, se eu fosse você, chamaria.


- Por que?


Não acabava de abandonar a pergunta sua boca quando bateram na porta.


Kyros desligou o telefone.


- Isto foi estranho. - disse ele, apertando o botão para apagar o telefone enquanto Danger ia abrir a porta.


Antes que ela chegasse a ela, uma pequena bola de luz passou através da madeira como se não fosse nada resistente. A mesma porta ficou intacta enquanto a bola de luz girava em espiral no centro do quarto onde se fez mais e maior até alcançar o tamanho e forma de uma mulher adulta.


Dois segundos mais tarde, um desdobramento violento de brilhante luz cintilou intermitentemente no quarto e a forma que cobrou era a de um demônio alto, com aspecto de fêmea.


Tinha chifres negros, lábios negros, asas vermelhas, cabelo negro, e olhos amarelos. Sua pele estava manchado com vermelho e negro.


Mas o que tomou por surpresa era o fato de que ele conhecia seu rosto assim como também ele conhecia a sua própria.


- Simi?


Vaiou-lhe, logo o atacou. Ela agarrou seu braço e o lançou contra a parede.


Harry ricocheteou contra a parede, sem poder evitar o impacto. Que diabos estava passando aqui? Simi nunca o machucava. Não dessa maneira.


Ela se moveu para lhe golpear outra vez.


Ele escoiceou para trás, de seu alcance.


- Que passa contigo, Simi? - Ele perguntou ao Charonte.


- Não profane meu idioma, escória humana. - grunhiu ela colericamente.


Ao menos isso foi o que acreditou que ela havia dito. Suas palavras e pronúncia eram parecidas com o Charonte que Simi falava. Era como outro dialeto.


Danger avançou para ela.


- Não! - deteve-a. Ele tinha que entender isto. Como podia ser este demônio tão parecido ao do Acheron?


- Quem é você? - Perguntou a ela.


Ela fez ranger sua cabeça e o olhou com ódio absoluto. Suas presas brancas brilharam intermitentemente contra seu tom de pele muito mais escuro.


- Sou morte e destruição e eu estou aqui para reclamar sua vida, verme.


Danger realmente lhe grunhiu.


- Harry...


- Por favor, Danger, confia em mim.


As palavras logo que tinham abandonado sua boca antes que o demônio lhe agarrasse pela garganta e o lançasse contra o chão.


- Protula akri gonatizum, vlaza!


O demônio franziu seus lábios nele.


- Você não é um deus para ordenar a mim, criado. Xirena não se inclina ante ninguém.


Ele teria rebatido isso, mas a pressão em sua garganta lhe impossibilitava falar. Ela rasgou sua camisa como se estivesse a ponto de rasgar seu coração.


- Acredito que preciso interferir, Harry. - disse Danger, avançando pouco a pouco para eles. - De onde eu o vejo, leva um bom momento perdendo.


- Não! - temendo que o demônio a fizesse migalhas se ela tentava algo.


O demônio tirou uma adaga de sua cintura. Harry lutou com todas suas forças. Isso era o que ele mais temia, uma adaga da Destruidora.


Isso o mataria.


Mas apesar de sua resistência, ele não podia escapar ou afrouxar o mais seu mínimo agarre.


Até que seus olhos caíram sobre o ombro onde ele levava a marca do Acheron.


Seus olhos cintilaram ao vermelho. Ela soltou sua garganta para mover para trás o tecido a fim de que pudesse estudar a marca mais de perto.


Ainda assim seguia sem poder escapar dela.


Ela fez ranger sua cabeça enquanto estudava a tatuagem fixamente.


- Serve ao que está maldito?


- Sim.


Ela se mostrou mesmo mais perplexa ante isso.


- Chamou-me Simi no idioma de um menino. Conhece meu Simi?


Harry aspirou profundamente, doendo-se enquanto o ar chegava a seus pulmões. Ardia e doía. Ele não estava seguro se a dor alguma vez cessaria.


- A mãe do Simi está morta. Disseram-nos que todos os Charontes se foram. Quem diabos é você?


Seu olhar fixo se estreitou nele, como se ofendesse o fato de que ele não soubesse quem era ela.


- Sou Xirena, o hatchling maior da Xiamara e Pistriphe, os guardiões supremos do vestíbulo dos deuses. Fui o protetor de Simi de minha mãe… seu bebê. Meu simi foi arrebatado pela deusa cadela Apollymi, depois da morte de minha mãe, para ser um presente para o deus maldito. Sabe onde está meu Simi?


Harry não poderia pensar enquanto o demônio estava sobre seu peito.


Simi quer dizer bebê no Charonte?


Filho de puta. Perguntava-se se Acheron sabia isso.


- Você é a irmã do Simi?


Xirena chiou com cólera.


- Ela é Xiamara, foi o nome que lhe pôs nossa mãe.


- Ela não sabia, me acredite.


Ela começou a separar-se dele muito ligeiramente. Seu rosto mostrava sua confusão.


- Conhece-a?


- Cuido dela.


Para sua completa estupefação, lágrimas sangrentas encheram seus olhos.


- Você cuida de minha irmã?


Ele assentiu.


- Sempre. Ela é como minha filha.


Uma lágrima vermelha caiu rapidamente por sua bochecha.


- Meu simi vive? Ela está bem?


- Igual a uma rainha em um trono.


Jogou para trás a ela cabeça e deixou escapar um grito desumano que soou como a uma mescla bizarra de angústia e alegria. Ela se separou dele e ficou agachado a seu lado. Suas asas pregadas ao redor de seu corpo, formando uma capa.


- Chama-a para mim, por favor.


Ele encontrou o olhar fixo de Danger. Ela se via tão confundida como ele se sentia.


Simi não estava sozinha no mundo? Havia dois deles? Ele não estava seguro se essas eram boas ou más notícias.


- Eu a chamaria para você, mas isso não é exatamente como funciona.


- Sim que o é. - disse ela no mesmo tom do Simi. - Se lhe disser que venha ela te obedecerá.


- Yeah. - disse ele em um tom que era uma mescla de dúvida e humor nervoso. - Simi não obedece a ninguém exceto ao Simi.


Xirena negou com a cabeça.


- Ela obedece a seu akri. Ela deve fazer.


- Pois bem. - Harry disse lentamente, ainda assustado de que o charonte voltasse para sua força de ataque. - Em seu caso, seu akri obedece a ela. E nenhum dos dois me escutam agora mesmo.


Olhou-lhe com cenho franzido.


- Isso não é natural. Uma vez que um Charonte é prezo, deve obedecer. Neguei-me à união e sou livre, mas meu simi foi unida de pequena ao deus maldito. Ela deve lhe obedecer. Não tem alternativa.


Se, bom. Nenhuma só vez Harry a tinha visto atuar desse modo.


- Em caso do Simi, acredito que é Acheron o que está unido a ela, mais que nenhuma outra coisa.


Ela não parecia entender isso.


- Mas pode me levar com meu simi?


- Sim.


Ela estirou seus braços ao redor dele e o manteve perto. Durou aproximadamente dois pulsados, antes que ela se tornasse para trás e se expressasse furiosamente com ele outra vez. Agarrou-lhe pela garganta.


- Se me enganar, verme, arrancarei o cérebro e comerei isso tudo.


Harry franziu o cenho ante o pensamento. Sim, ela era a irmã do Simi. Algumas coisas simplesmente deviam vir de família.


- Isso é realmente asqueroso e não, não te mentiria. Não a respeito disto.


Ela começou a considerar a Danger.


- É sua fêmea?


- Não.


- Matá-la-ei de qualquer maneira se enganar a Xirena.


- Não minto.


Danger não entendeu nenhuma só palavra do que diziam além do nome Acheron. Ela observou com apreensão como o demônio se levantava, logo ajudou ao Harry a ficar em pé.


- Que está passando? - Perguntou Danger.


Harry ainda se via um pouco nervoso e estremecido.


- Parece que temos uma nova amiga. Danger, apresento a Xirena.


Xirena baixou o olhar para cheirá-la. Ela se movia muito como um pássaro, pondo sua cabeça em ângulos estranhos e com sacudidos movimentos.


- Não és humano. - anunciou o demônio. - Não tem alma.


- Obrigado pelo óbvio. Sabia que leva chifres na cabeça?


O comentário sarcástico pareceu perder-se no demônio.


- Realmente, ela ganha um ponto. Xirena pode manter aparência humana?


O demônio grunhiu como se o mesmo pensamento a desgostasse.


- Por que Xirena teria o desejo de fazer isso?


- Para não assustar de morte aos outros humanos. - explicou Harry. - Simi o faz todo o tempo.


Ela pareceu horrorizada.


- Seu akri a faz permanecer como humano? Essa é a pior tortura. Meu pobre Simi está sendo explorada!


- Não realmente. Ao Simi adora.


Ela se cobriu sua cabeça com a ela mãos como se ela estivesse com grande sofrimento.


- Que têm feito a meu Simi?


Harry atirou de uma das mãos dela e lhe dedicou um significativo olhar.


- Amamo-la como se ela fosse a coisa mais preciosa alguma vez nascida.


Xirena apareceu até mais desconcertada. Dois segundos mais tarde, ela se parecia com uma bela mulher loira.


Exceto por uma coisa.


- Uh. - disse Danger, assinalando a parte superior de sua cabeça - Os chifres também, por favor.


Deixaram de existir imediatamente.


Xirena se transladou ao espelho para olhar-se. Ela escoiceou para trás e franziu seus lábios.


- Pareço-me com a deusa cadela Atlante. - Ela mudou a negro seu cabelo. – Melhor.


Danger cravou os olhos nela.


- Sou só eu ou ela se parece muito ao Acheron agora?


- Não pergunte. - disse Harry. - Xirena, tenho que supor que lhe enviaram aqui a nos matar?


- Sim.


- Quem te enviou?


Ela deixou escapar um estranho som miserável.


- O atrasado mental meio deus Daimon, Strykerius. Ele disse que era um criado, mas você não leva a marca de um criado. Você leva a marca da família real.


Harry estava surpreso por isso. Acheron nunca lhe tinha explicado o significado.


- Deveras?


- Não sabia? - Perguntou o demônio.


Ele negou com a cabeça.


Xirena suspirou.


- Os humanos, ainda mesmo os que não o são, são estúpidos.


Ele ignorou as palavras de sua mesma Simi. Havia muito mais para havê-la mandado ali e ele queria saber o por que.


- Por que me quer Stryker morto?


- Não sei. Importa a razão? A morte é a morte. A quem lhe importa, total, evitaste-a, não?


Ela teve um ponto realmente bom com isso.


- Por que aceitou me matar?


Xirena se ergueu e lhe dedicou um enfastiado olhar.


- Pensei que o deus maldito tinha abusado de minha irmã. Que ele a tivesse machucado ou a maltratasse. Ela não era o suficientemente maior para ser enviada fora. A deusa cadela sabia, mas me tirou isso, mesmo que tenha pedido a ela para preservar a meu simi. Meu simi era apenas mais que um infante e incapaz de manter-se. Odiei à deusa após por isso.


Danger sustentou em alto sua mão para obter sua atenção.


- Simplesmente por curiosidade, é Acheron o deus amaldiçoado?


Harry se encolheu de medo.


- Sim. - disse Xirena antes que ele a pudesse deter.


- E a deusa cadela? - Perguntou Danger.


- Apollymi.


Harry disse a Xirena que parasse no Charonte, mas ela não escutou.


- Rainha Daimon? - Perguntou Danger outra vez.


- Rainha Demônio? - Xirena fez um som de desprezo completo. - Não. Ela a Destruidora de todas as coisas. A que traz as pragas e a pestilência. Ela é a força que destruirá o mundo para sempre. Ela é o último no poder e a destruição. Sua vontade é lei divina.


Danger se emocionou ante isso.


- OH, Deus. Isso é justo o que queria ouvir.


- Relaxe. - disse Harry a ela. - Apollymi está encerrada. Ela não vai destruir nada em um futuro próximo… espero.


Danger só ouvia a metade disso. O resto de seus pensamentos retornou ao que Xirena havia dito faz alguns momentos.


- Assim é que Ash é um deus e não um Dark-Hunter. É isso o que estiveste protegendo?


Um tic sortiu efeito na mandíbula do Harry.


- Você também poderia admitir. Isso é o que a demônio disse, e a menos que eu seja estúpida, o qual não o sou, ele é um deus.


Harry deu a ela um olhar fixo arruda, penetrante.


- Ninguém alguma vez pode saber isso a respeito dele. Dar-lhe-á um ataque, e será de proporções titânicas, e me acredite um deus zangado não é algo com o que melhor não tratar.


Danger deixou escapar um comprido suspiro, exasperado. Repentinamente pela primeira vez tudo parecia estar claro para ela.


- Sabe, Ash como um Daimon tinha muito sentido. Mas isto… isto o explica tudo, não é certo?


Ele afastou a vista dela. Não lhe importava já que mantivesse o segredo.


- Mas por que não nos disse isso Ash? Qual é o ponto de manter isto para si mesmo?


E quando sua mente se enfrentou com esta nova peça, ela pensou no que Harry lhe tinha contado sobre a relação do Ash e Artemis.


- Por isso é que Artemis nos necessitava, Uh? Ela só não pode dirigir a outro Deus sem alguma influência maior.


- Não, ela não pode.


Ela teve que dizer que é ruim o de dizer influência. Pobre Acheron, ser controlado por eles. Era admirável que ele não os odiasse a cada um deles. Desde não ser por eles, ele seria livre.


- Assim é que somos seus peões enquanto ela e Acheron jogam o um com o outro.


- Não. - disse Harry, sua sinceridade lhe queimou. - Acheron nunca usaria vidas humanas como peões. Nunca. Ele não encontra nada entretido o jogar com as pessoas.


Ele suspirou.


- Mas Artemis não é tão amável. Ela não entende à humanidade da forma em que Acheron o faz.


- Como é que é tão afortunado?


- Ele viveu como um humano. - ele disse simplesmente. - Essa é a parte da maldição a que Xirena se refere. Ele nasceu como um bebê humano e morreu brutalmente como um homem humano.


Isso não tinha sentido para ela.


- Mas ele é um deus.


- Um Deus maldito.


- Por que foi ele amaldiçoado? - Perguntou Danger.


Ele velou sua expressão.


- Isso é melhor não discutir. Ele já estará suficientemente cheio o saco por que tenha saído à luz esta pequena parte. Não lhe cravemos mais, Vale?


Xirena recuperou a atenção ante este último.


- Ele é um deus de mau caráter, como a Destruidora?


- Não. - reconfortou-a Harry. - Ele permanece tranqüilo o noventa e nove por cento do tempo. O outro um por cento, entretanto, é um assassino… literalmente.


A demônio assentiu com a cabeça enquanto se movia para a televisão.


- Captada a advertência.


- Assim, o que vamos fazer com ela? - Perguntou Danger, indicando ao demônio com uma inclinação de sua cabeça.


- Essa é uma pergunta realmente boa e eu não tenho absolutamente resposta para ela. Sou completamente acessível a sugestões de qualquer tipo. - Harry suspirou. O que podiam fazer com o demônio? Simi tinha passado uma grande quantidade de tempo ao redor de humanos e ela estava menos que longe de ser civilizada.


Xirena…


Ele fez uma pausa nesse pensamento quando ela fez pedaços à televisão.


Xirena ficou olhando com horror.


- Por que se tem quebrado?


- Não pode colocar o punho de repente na tela. - explicou-lhe ele.


- Por que não? - Perguntou ela em uma voz que soou misteriosamente parecida com a do Simi.


- Rompe-se. - respondeu Danger.


- Mas por quê?


Danger se levou a mão à têmpora como se ela começasse a sentir uma dor ali.


- É este o comportamento normal de um demônio?


Ele assentiu.


- Só espera. Isto não é nada. Ficará muito pior.


- Grandioso. Estou realmente desejando.


Xirena recolheu o remoto para colocar em sua boca. Harry o tirou.


- Plástico não é bom para os demônios.


Xirena lhe olhou.


- Como sabe?


- Ao Simi dá dor de barriga todo o tempo. Confia em mim. Não é um bom bocado para os Charonte.


Danger observou ao demônio explorar o quarto do hotel.


- Sabe, acredito que já podemos retornar a minha casa.


- Como assim?


Ela inclinou sua cabeça para a Xirena.


- Nós temos nosso próprio demônio agora, correto?


Harry sorriu quando ele compreendeu o que pensava.


- Se o outro estiver ainda ali, ela poderá o tirar a patadas.


- Sim. Saiamos daqui e vamos à caçada do demônio, de acordo?


 


O passeio de carro de volta a Entope era positivamente aborrecido, exceto por quando o demônio descobriu o rádio. Ela quase causou que Danger se matasse quando ela se recostou sobre o assento dianteiro, jogando com as emissoras.


Com cada nova canção, Xirena tratava de cantar as palavras, o qual não sabia.


Pior, que ela não tinha afinação alguma para cantar.


Danger olhou ao Harry quem se tomava isto com muita calma.


- Não te está ficando surdo? - Perguntou-lhe.


Ele negou com a cabeça.


- Estou acostumado a isto, entretanto para ser honesto, Simi ao menos tem afinação a maioria das vezes. Ela vive para cantar.


Ao cabo de um momento, o demônio reduziu seu tamanho e logo se estendeu no assento com seus pés acima no ar e a cabeça lhe pendurando fora do assento, para o piso.


Danger franziu o cenho.


- Que está fazendo?


- Descansando. Dormem assim.


- Seriamente?


Ele assentiu com a cabeça.


- Simi escora seus pés na parede a maioria das noites. Não tenho idéia por que.


- É muito cômodo. - disse Xirena. - Deveria provar.


E dois segundos mais tarde, o demônio estava dormido.


Danger se encolheu de medo ante o horrendo som de seus roncos.


- Não me diga que Simi faz isso também?


- Não, ela o faz mais forte.


- E a tolera?


- Considerando que ela é a única coisa que Acheron quer neste mundo, sim. Honestamente penso que ele literalmente morreria se algo ocorresse a ela.


- E que tem que ti?


- Eu mataria ou morreria para mantê-la a salvo.


Danger sorriu a isso.


- Não há muitos homens no mundo que dariam sua vida por um demônio.


- Isso é só por que não têm a um a quem amar.


Talvez, mas se requereria uma classe especial de homem para olhar depois da raridade sarrenta de tal criatura e amá-la.


- Deveste ter sido um bom pai.


A tristeza enrugou sua frente um instante antes que voltasse às costas a ela para olhar pela janela.


Danger mentalmente se reprovou por dizer isso em voz alta.


- Sinto muito, Harry, não quis dizer isso para.


- Está bem. - ele disse - Simi me diz isso todo o tempo, sempre que não se mije em mim por tentar lhe ensinar maneiras. - Ele riu ligeiramente. - Ela diz que sou o melhor 'outro' papai que um demônio tenha tido.


Mesmo assim, ela poderia dizer que aquilo lhe machucava. Mas então também a machucava a ela. Ela tinha desejado tanto ter filhos quando era humano que ainda doía só pensar nisso.


Isso era uma das maravilhas a respeito de ser noturna – ela não encontrava a meninos exceto em filmes e em televisão. E incluso assim doía.


Mas não tanto como ver os meninos jogando na vida real, ouvindo suas risadas.


O que não lhe daria de sustentar a seus próprios filhos em seus braços, uma só vez. Por estar em uma sala de partos com seu marido sujeitando sua mão quando lhe amaldiçoava pela dor que lhe causava essa vida que lutava para nascer.


Realmente era tudo o que ela alguma vez tinha querido.


Ela se tragou com dificuldade o doloroso nó que lhe tinha formado na garganta. Alguma coisa simplesmente não podia ser.


O amor. A família


Foram-se seu futuro. Mas ao menos ela tinha alguma semelhança de vida. Harry nem sequer tinha tanta sorte. A ele lhe tinha negado mesmo mais que a ela e isso feria ela no mais profundo de seu coração.


Danger mudou de direção para sua rua. Ela não falou enquanto se aproximavam de sua casa, a qual se via igual. Ela entrou na garagem, mas deixou aberta a porta em caso de que tivessem que fazer outra saída apressada.


Harry saiu primeiro, depois de uma pausa.


- Xirena?


O demônio bufou, logo começou a dá-la volta para seu lado.


Ela mudou um olhar distraído com o Harry antes que ele entrasse no carro e amavelmente sacudisse seu ombro.


- Xirena?


- Que? - O demônio estalou.


- Já estamos aqui, e se tiver o desejo de encontrar ao Simi, necessito que entre para nos assegurar de que o demônio não está ainda aqui.


Ela abriu seus olhos, os quais não tinham aparência humana. Era outra vez esse estranho amarelo.


- Que demônio?


- Que tratou de me matar antes que você.


Ela fez um som parecido a um grunhido.


- Ele não está aqui. Por que acredita que Strykerius me enviou? Caradoc é um inútil.


- Caradoc?


- Já sabe. - disse ela nesse acento cantante. - Um Charonte grande, feio e que cheira mal. Deu-lhe medo lhe matar porque lhe falou no Charonte. - Como Xirena disse… demônio estúpido.


Ele finalmente a entendeu.


- Ah, bom. Pois bem, de todos os modos, precisamos te colocar dentro por agora a fim de que possamos te esconder.


Lançando bufos ofendida, ela saiu do carro e lhe seguiu dentro.


- Assim que qual é nosso plano de jogo? - Perguntou Danger quando Xirena entrou em sua sala de estar.


- Quero encontrar ao Kyros e falar com ele.


Isso não tinha sentido para ela. Kyros tinha deixado sua posição mais que claro. Ela negou com a cabeça ante sua sugestão.


Harry estava sério.


- Por quê?


- Quero saber por que me chamou para me advertir sobre a Xirena. Se ele me quisesse realmente, ele não se tomou a moléstia.


Ela viu a esperança que em seu rosto tão ao que Kyros em certa forma tinha feito algo para lhes ajudar. Ela não estava tão segura disso.


- Poderíamos somente lhe dizer que voltasse.


- Não. Quero ver seu rosto. Acredito que ainda pode salvar-se.


Para seu bem, ela esperava que assim fosse.


- Bem. O que fazemos com a Xirena enquanto isso?


- Deixá-la aqui.


Não gostou da idéia nem um pouquinho.


- Mas o que acontece se outro demônio vem detrás de ti enquanto vamos? Ela não pode te ajudar se estiver aqui.


Ele aspirou profundamente como se ele o considerava.


- Não acredito que se tomassem a moléstia. Dois já falharam. Por que enviar outro?


- Persistência?


Ele riu disso.


Danger saltou quando um de seus caros floreiros caiu ao piso e se fez pedaços.


- Uh. - disse Xirena em um tom que recordou a ela ao de um menino. - Isso também era frágil.


- Não a podemos deixar aqui sozinha. - disse ela ao Harry. - Ela destruirá toda minha casa.


Repentinamente, seu floreiro se remontou a si mesmo e retornou a seu lugar na chaminé.


Danger o olhou carrancuda.


Ofereceu a ela um torcido sorriso.


- Xirena. - ele se voltou para a demônio. - Sabe como escrever?


- É obvio sei. Não sou um desses demônios analfabetos. Que classe do Charonte pensa que sou?


- Bom. - Disse ele, ignorando sua acalorada reclamação. Ele se girou para Danger. - Pode-me conseguir papel e lápis?


- Para que? - Perguntou Danger.


- Confia em mim.


Não estava segura de se deveria, ela acessou e foi em sua busca enquanto Harry acendia a televisão sem tocá-la.


Ela retornou à habitação para encontrar a TV no QVC (A Televenda). O demônio ficou ante a TV como se ela tivesse encontrado o Santo Gral. Seu belo rosto refletia pura alegria. Danger nunca tinha visto algo assim.


- Que é Diamonique? - Perguntou Xirena ao Harry em um tom impressionado.


- Algo que estou seguro que você adorará. E segundo Simi, é realmente bom e rangente, e afiará suas presas. - Ele tomou o papel e o lápis das mãos de Danger e o passou a demônio - Aqui tem. Toma nota de algo que veja e que queira.


Ele deixou de falar quando uma voz em off soou no programa da televisão.


- Olá! - disse uma alegre voz cantarina.


- Olá, Senhorita Simi. - disse o anunciador à pessoa que chamava. - Estamos muito contentes de ter a de volta.


- OH! Obrigado. - disse Simi. - Eu realmente adoro os sparklies. Tenho que conseguir montões deles. Quantos lhes chegaram esta vez? Diga-lhes às outras pessoas que elas podem comprar qualquer outra coisa, por que a Simi quer todos os Diamonique que trouxeste. Eu tenho um cartão de plástico novo simplesmente esperando para ser usado.


Xirena levantou a cabeça, pura felicidade iluminando seu rosto.


- Meu simi? Essa é meu Simi?


Harry estava absolutamente com má cara.


- Akri. - disse ele pelo baixo. - Espero que esteja aí para apartar desse telefone.


Mas aparentemente ele não estava.


- Levar-me-ei sete dúzias deles anéis. - disse Simi - OH, e essas gargantilhas, também, as que ensinou recentemente. Preciso ter um montão de sparklies em meu quarto. São realmente simpáticos quando esses dragões entram em jogar. Mas esse pequeno, ele se entretém comendo meu Diamonique. Eu lhe digo que não. É para comer isso eu. Mas me escuta? Não. Esse é o problema com dragões.


- Bem, senhorita Simi. - disse o operador, cortando-a. - Obrigado por chamar. Transferiremos a um dos operadores e lhe deixaremos que faça seu pedido.


Xirena estava em frente da televisão agora, com sua bochecha apertada contra a tela e sua mão estendida ao lado de seu rosto. Ela o olhava como se pudesse entrar no aparelho.


- Onde está meu simi? - A tristeza e a dor em sua voz trouxeram uma doença ao peito de Danger.


- Ela está no Katoteros. - disse Harry a ela.


- Os deuses estão todos mortos ali. - disse Xirena em um tom esfarrapado. - Ela estava sozinha no Katoteros.


- Não todos eles estão mortos.


- Simi!


Danger se encolheu de medo ante o grito, o qual foi tão forte que lhe assombrava que não fizesse pedaços suas janelas ou seus tímpanos. Era um grito de dor e de felicidade.


Harry se adiantou para tomar a Xirena em seus braços enquanto ela soluçava e continuava gritando pela volta de sua irmã. Seu desejo era tão triste que trouxe lágrimas aos olhos de Danger.


- Shhh. - disse ele, balançando-a em seus braços. - Está bem, Xirena. Simi está sã e feliz e comprando como um demônio. Literalmente. Ela nunca conheceu um momento de dor em sua vida.


Xirena se tornou para trás.


- Nunca?


- Quase nunca e te asseguro que os que a machucaram pagaram com sua morte por isso.


- Como sei que não me engana?


Harry lhe agarrou a mão entre as suas.


Danger franziu o cenho enquanto ela observava como ele fechava seus olhos e o demônio se balançava. Ficaram ali no piso durante vários minutos antes que o demônio abrisse seus olhos e levantasse o olhar ao Harry. Havia admiração e amor nesse fixo e estranho olhar amarelo.


- Você é uma boa pessoa. - anunciou o demônio. - Não duvidarei de ti nunca mais.


Harry inclinou sua cabeça ante ela para a ela antes de soltá-la e levantar-se.


O demônio sorveu pelo nariz, logo afastou suas lágrimas.


Danger girou a cabeça quando ele se aproximou dela.


- Que tem feito?


- Mostrei-lhe parte de minhas lembranças com o Simi a fim de que ela entendesse como era tratada sua irmã.


- Pode compartilhar suas lembranças comigo?


Ele não respondeu quando ele empreendeu a volta para a porta de sua garagem.


- Precisamos encontrar ao Kyros.


- Me responda Harry.


Ele fez uma pausa em seu vestíbulo.


- Sim. - disse ele, sem olhar atrás.


Um tremor a transpassou ante o alcance de seu poder.


- É horripilante.


Ele se voltou a confrontá-la. Um canto de sua boca se elevou em um sorriso quase zombador.


- Não tem nem idéia.


Talvez, mas ela tinha o mau pressentimento de que antes que tudo isto tivesse terminado, Kyros provaria esses poderes em primeira mão. Ela só esperava não acabar sendo a receptora também desses poderes.


 


 


Capitulo 15


 


Danger fez uma pausa quando ela deixou seu carro. Estavam na casa do Kyros e eles não estavam sós. Havia um Ferrari vermelho estacionado na rua, junto com uma motocicleta. Ela conheceu muito bem esse vistoso carro italiano.


- Que está fazendo Rafael aqui? - Perguntou ela.


Harry fechou sua porta.


- Kyros provavelmente esteja tratando de convencê-lo para sua causa, tal como tentou fazer contigo.


Certamente seu amigo não era assim de tolo. Gostava muito de Rafael e último que ela queria era lhe ver machucado por isso.


- Isso alguma vez funcionará, verdade?


Quase como em resposta a sua pergunta, a porta principal se abriu.


Um alto, de aparência agradável, varão afro americano saiu da casa. Seu cabelo estava barbeado, deixando sua cabeça calva a fim de mostrar os intrincados adornos de voluta que tinha tatuado acima da parte de atrás de seu pescoço até a coroa de sua cabeça. Rafael Santiago levava posta sua assinatura, um casaco comprido de couro negro, calças negras de pregas, e uma camisa negra.


Maravilhoso e mortífero, o homem era o epítome da palavra difícil como humano, ele tinha sido conhecido por cortar a garganta de alguém o suficientemente estúpido para lhe olhar muito tempo. Ele não deixava a ninguém ir-se sem alguma coisa. Seu único lema na vida era, Golpeia antes que outros o façam por ti.


Mas em que pese a sua aparência e extremada dureza, ela sabia que tinha um coração doce. A esses que ele considerava seus amigos, ele não duvidaria em matar para proteger, e ele era excessivamente leal.


Ele trazia posto um par de óculos escuros que obscureciam completamente a maior parte de seu rosto, mas Danger conhecia muito bem ao antigo capitão pirata. Ele tinha estado vivendo felizmente no Colombo durante os últimos sessenta e seis anos.


- Rafael. - disse ela a modo de saudação quando ele se aproximou deles.


Dedicou-lhe uma inclinação de cabeça ao passar por seu lado. Ele começou a olhar ao Harry. Até com os óculos escuros diante, ela poderia sentir a curiosidade intensa de seu olhar.


- Quem é seu amigo?


- Seu nome é Har. - disse ela, não querendo dizer Harry em caso de que Kyros já tivesse deixado cair sua bomba. Ela teria usado Ias, mas havia um só Ias, e o último que ela queria era que Rafael se perguntasse a respeito disso. - Ele é um grego antigo.


Rafael estendeu sua mão ao Harry.


- Os novos caçadores são sempre bem-vindos.


- Obrigado. - disse Harry quando estreitou a mão que lhe oferecia.


- O que está fazendo aqui? - Perguntou Danger.


Rafael se tirou seus óculos escuros e pôs seus olhos em branco.


- Havia cinco de nós aqui originalmente, mas outros saíram recentemente. Kyros nos manteve aqui e ao Ephani mais tempo porque, a diferença dos outros estúpidos cabeça oca, não acreditam em suas sandices.


- Que sandice? - Perguntou Harry.


Rafael deixou escapar um suspiro cansado enquanto ele se esfregava a mão por sua mandíbula musculosa.


- Ele tem a estúpida idéia de que Acheron é um Daimon. Estou seguro de que por isso lhes chamou a vós dois. Ele quer fazer uma tentativa se também lhes pode convencer. O homem é um idiota. Vou patrulhar antes que lhe pegue uma patada no traseiro e me faça mal a mim mesmo.


Danger riu.


- Os outros o acreditaram?


- Igual a uma puta miserável no mole depois de uma viagem comprida no mar.


- O que te faz estar tão seguro de que ele não diz a verdade? - Harry perguntou.


- Encontraste alguma vez com o Acheron?


Danger ocultou sua diversão quando viu que Harry conservava sua compostura. Sem mencionar, ela estava orgulhosa do Rafael por não ser tão estúpido.


O rosto do Harry estava completamente sem emoção. - Encontrei-me com ele uma ou duas vezes.


- Então como pode duvidar dele? - Perguntou Rafael. - Caramba, os caras são estúpidos. Tenho que ir antes que seja contagioso.


Harry ficou rígido.


- Sabe isso me ofendeu.


Rafael lhe deu um olhar ameaçador.


- Tome a ofensa como quer, isso não troca os fatos. - Ele considerou o perigo. - Vamos, Pequena Flor Francesa, restaura minha fé e me diga que você não acreditasse nisso.


- Não, não o fiz.


- Boa garota. - ele disse com uma piscada encantadora. - Sabia que podia contar contigo.


Harry negou com a cabeça e riu.


Rafael se inclinou para dar a Danger um beijo ligeiro na bochecha.


- Até mais tarde, Francesinha.


- Au revoir. - disse ela quando ele se dirigia a seu carro.


Voltou-se para o Harry, quem a estava olhando de uma maneira que há punha um pouco nervosa, ela indicou a casa com uma inclinação de sua cabeça.


- Entramos?


- Abril s toi, MA pettit. - (depois de ti, minha pequena).


- Está bem? - Perguntou ela.


- Muito bem, por quê?


- Não sei. Recebo uma estranha vibração de você. Não estará ciumento do Rafe, verdade?


Repentinamente, ele se viu extremamente incômodo.


- Deveríamos entrar.


Danger atordoada atirou dele para deter.


- Está ciumento?


Harry moeu seus dentes na pergunta. Ele sabia que tão estúpida tinha sido sua reação, mas como dizia Acheron, as emoções não têm cérebro. E ele não deveria as ter absolutamente. Ele não havia sentido nada por uma mulher desde dia em que sua esposa lhe tinha deixado morrer no piso de sua casa de campo.


Ainda não podia negar o que ele sentia neste momento. E o que realmente lhe incomodava era o fato de saber que quando ele se fosse, Rafael ainda poderia ver Danger, falar com ela, enquanto que a melhor esperança que podia ele ter era o vê-la no sfora.


Não era justo. E lhe chateava que tivesse que deixar esse algo especial que ele tinha encontrado com ela a passada noite. Podia ser egoísta e ávido, mas ele queria algo mais ter que deixá-la em uns poucos dias.


Isto é estúpido e sabe.


Ele passou sua mão através de seu cabelo.


- Vale, sim, estive ciumento durante um minuto. Eu não gostei da forma em que ele te olhava.


- Somos simplesmente amigos.


Isto não detinha em demasia à parte dele que lhe resultava tão pouco familiar, uma parte dele que queria conservá-la para a si mesmo.


- Sei.


Danger ficou nas pontas dos pés e lhe rodeou o pescoço com os braços antes que lhe puxasse para baixo em um abraço.


- Não tem nada que temer, Las.


Ele entesourou essas palavras… o fato de que ela usasse seu nome. Tinha passado muito tempo da última vez que alguém lhe tinha falado dessa maneira. Isto fez que se sentisse humano outra vez.


Ele fechou seus punhos nas costas dela com seu coração pulsando apressadamente e alagando-o de ternura. Fechando seus olhos, ele desejou poder ficar dessa forma com ela para sempre.


OH, tinha esse poder. Para fazer deste último instante uma eternidade.


Mas muito logo, lhe soltou, e dirigiu à casa do Kyros. Harry moeu seus dentes como ele brigou contra o desejo de chamar a de volta e sujeitá-la simplesmente durante um pouco mais.


Isso era uma estupidez. Tinham trabalho que fazer.


Ele tinha que salvar ao Kyros.


Quando se estavam aproximando, Ephani saiu pela porta, atravessou o alpendre, e baixou as escadas para encontrá-lo. A amazona era umas doze polegadas completas mais alta que Danger. Magra e formosa, ela tinha o corpo tão endurecido e áspero como qualquer homem poderia esperar o ter. Seu cabelo vermelho chamejante caía por suas costas recolhida em um passador prateado na coroa de sua cabeça.


- Me faça caso nisto, Danger. - disse ela com marcado acento grego, quando os encontrou. - Vai até a casa e permaneça fora desta estupidez.


Ele poderia dizer pelo rosto de Danger que ela estava aliviada de ouvir esse ponto de vista da amazona.


- Assim tampouco você acredita em nada disto?


Ephani deixou escapar uma maldição profana.


- Nos deixe justamente dizer, não quero acreditar nisso.


- Mas?


A amazona se encolheu de ombros.


- Não confio no Acheron. Nunca o tenho feito.


Danger riu.


- Você não confia em nenhum homem.


O olhar fixo do Ephani foi significativamente ao Harry.


- E você tampouco deveria irmãzinha. Usa um pouco do conselho amazônico. Monte-lhe na terra durante toda a noite, e lhe crave uma folha nas costelas ao chegar a manhã.


Harry arqueou uma sobrancelha ante esse comentário inesperado.


- Isso é rude.


- Assim é a vida. - Ephani inclinou a cabeça repentinamente ao dar-se conta de que trazia posto um casaco branco.


- Impressionantes poderes precognitivos os que têm.


Ela olhou menos que agradada por seu tom seco.


- É o destruidor?


- Não. - disse ele sem titubear. - Esse título realmente pertence a uma mulher. Não lhe pode isso nem imaginar. Ela é alta, loira, e o aspecto geral realmente é ruim o noventa e cinco por cento das vezes.


Isso não saiu tão bem… Ephani o olhava como se pudesse lhe matar.


- Ele está aqui para nos ajudar. - disse Danger antes do Ephani lhe pudesse fazer qualquer dano.


Quando Harry não respondeu, Danger se girou para ele.


- Verdade, carinho?


Ele se encolheu de ombros.


- Ephani conhece a verdade. Não há verdadeira dúvida em sua mente. Ela escolherá sabiamente ao final.


Danger suspirou aliviada. Sempre lhe tinha gostado da guerreira amazonas e não queria vê-la machucada mais do que havia querido ver o Rafael morto.


O olhar fixo de Ephani se estreitou perigosamente.


- Está fazendo as sandices que te manda Acheron?


- Sim. - ele disse com um sorriso aberto zombadora. - E está bem que não me possa agüentar. Não estou aqui para fazer amigos.


Ela se voltou para o Danger.


- Desfaz dele, irmãzinha. Seu homem é um fenômeno, e eu preciso ir enquanto ainda ficam alguns poderes. Estive com o Kyros e outros muito tempo. - Ela tirou seus óculos escuros de seu bolso e os pôs. - Tome cuidado, Danger.


- Você também.


Ephani inclinou sua cabeça antes de partir.


Danger mudou de direção para o Harry.


- Como os vais salvar se puser contra eles?


- Só antagonizei com a Ephani quem, como disse, não está nem remotamente em perigo de chegar a equivocar-se. São os outros que me necessitam.


Ela só esperava que ele estivesse no correto. A desconfiança do Acheron, ou qualquer homem no que ao Ephani respeitava, não devia ser tomada a risada. Soube-se que sua amiga arrancaria de uma dentada seu nariz do rosto só por chateá-la. Ela só esperava que este não fosse um deles.


Ela se apressou a subir correndo as escadas com o Harry justo detrás dela.


Danger bateu na porta enquanto Harry dava um passo para trás. Tomou a uma par de minutos que Kyros atendesse a porta.


Seu olhar fixo se estreitou ominosamente quando ele os viu.


- Que estais fazendo aqui?


- Quero falar contigo. - Harry disse.


- Já expressei minha opinião.


- Sim, mas não te dei a minha. Por que chamou e me advertiu sobre o Charonte?


Kyros se encolheu de ombros.


- Pus-me sentimental. Mas o sentimento passou. Fiz uma advertência, não haverá outra.


- Kyros.


- Não o faça. - ele grunhiu.


Ele começou a fechar a porta, mas Harry lhe deteve.


- Me deixe entrar na casa, Kyros.


O rosto do Kyros começou a ficar duro como a pedra.


- Você precisa ir a casa. - Ele falou lentamente cada palavra, com enunciação cuidadosa.


- Preciso falar contigo.


Um tic começou a mandíbula do Kyros.


- Você nunca escuta granjeiro. - Ele separou de um empurrão ao Harry amaldiçoando. - Vai.


Ele fechou de repente a porta.


Antes que o Danger se precavesse do que ocorria, Harry tinha chutado a porta abrindo-a. Esta rebateu contra a parede e se soltou de seus gonzos.


Kyros parecia aborrecido pelo dano feito a sua casa.


- Não me faça chutar seu traseiro, Las.


De um nada, uma voragem de poder pareceu coligir-se ao redor do Harry. Um vento invisível açoitou seu casaco e seu cabelo. Formou redemoinhos ao redor dele, fazendo que o mesmo ar ao redor dele estalasse com energia. Danger se obrigou a permanecer acalmada no meio do caos quando se uniu aos homens no vestíbulo.


A porta se fechou de repente detrás dela e se reparou instantaneamente.


Os olhos do Harry resplandeciam em um verde estranho, sobrenatural.


- Os dias de chutar meu traseiro faz muito que se foram, Kyros. Sou o que exerce o poder agora.


- Realmente, essa não é certamente toda a verdade, não?


Danger assobiou quando ouviu a voz do Stryker. O Daimon saiu passeando da sala para reunir-se com eles. Ele ficou ao lado do Kyros e os contemplou ambos com ódio.


O Daimon falou.


- Parece que minha idéia do Charonte foi uma completa perda de tempo. Diga-me, que ordem utilizou para reprimir a Xirena?


O ar se acalmou como se Harry retraísse seu poder dentro de si mesmo.


- Não lhe dava nenhuma. A Xirena gosta de mim.


Stryker riu embora ele não se visse particularmente divertido.


- Outorgarei o crédito, é um bastardo engenhoso. Mas até os bastardos engenhosos podem morrer.


Harry riu dele.


- Estou seguro de que sabia.


Stryker mudou de direção para o Kyros.


- Seu amigo é muito arrogante para ser um homem que exerce poderes. Mas já sabe isso de que quando as coisas não são tuas, estão limitadas.


Harry bufou.


- Até limitados, são maiores que o teus.


- São?


Um mau pressentimento percorreu a Danger. Tudo isto formava parte de um esquema? Começava a sentir-se como um. Talvez por isso Kyros os tivesse chamado para lhes advertir. Ele provavelmente tinha sabido que se o Charonte falhasse então Harry deveria buscar uma explicação.


Stryker se moveu até ficar justo em frente do Harry. Não havia a mais mínima quantidade de medo em seus olhos. Ele acumulava principalmente um resplendor divertido sobre ele.


- É uma coisa maravilhosa permanecer na mão direita do poder, verdade?


Harry se encolheu de ombros despreocupadamente.


- Não me queixo.


- Não, mas possivelmente deveria.


Antes que alguém se desse conta o que tinha planejado Stryker, ele mergulhou uma adaga diretamente no peito do Harry.


Harry explodiu instantaneamente.


Kyros amaldiçoou.


- Que diabos lhe tem feito a Las?


O perigo começou a rodar seus olhos.


- Essa foi uma perda de tempo.


Acertando com suas palavras, Harry se rematerializou ante isso. Mas justo quando ele recuperava a forma, Stryker deslizou sua mão, a qual abraçou uma estranha lâmina de rocha, no peito do Harry. Stryker apertou a rocha, fazendo-a pedaços instantaneamente, logo tirou sua mão instantaneamente.


Harry lhe olhou com diversão quando começou a materializar-se de novo.


- Você sabia melhor que...


Ela observou como um olhar de horror descendia por seu rosto. Sua respiração se voltou débil, trabalhosa.


- Harry? - Perguntou ela, dando um passo para ele.


Ele tropeçou novamente enquanto a dor obscurecia seus olhos.


Deu ao Stryker um olhar fixo incrédulo.


- Que me tem feito? - Ofegou ele em um tom angustiado.


 


 


Capitulo 16


 


Stryker sorriu sarcasticamente.


- Pensei que poderia estar perdendo sua alma, Harry. É obvio, não tenho a original. Entretanto, depois de uma minuciosa busca encontrei o substituto. - Seu tom compassivo era desmentido pelo brilho de satisfação em seus olhos prata. - Pobrezinho. Ela é um pouco chorosa e a encontrará extremamente débil e indefesa. Provavelmente não durará mais de um ou dois dias antes que se morra completamente.


Stryker estendeu a adaga ao Harry a qual tinha usado para apunhalar originalmente.


- Já conhece as regras. É o único além de um Charonte que pode acabar com sua vida. Assim que seja bom menino e clama o que é. Dê-me ao fantasma. Se não matas a ti mesmo para salvar a alma dela, terá que ficar e escutá-la morrer. Imagina a pobre pequena humana indo para sempre deste mundo. Sua alma perdida para sempre. Certamente você não será tão egoísta, verdade?


Danger viu o horror que ela sentia refletida no rosto do Kyros. Mas não durou muito antes que ele recuperasse seu estoicismo.


Como podiam lhe fazer tal coisa? Harry não merecia isto. Malditos os dois por isso!


A fúria nublou sua vista um instante antes que ela se lançasse contra Stryker.


- Vous enculé!


Ele escapou de seu golpe. Danger manteve sua pressão, depois estirou sua perna para varrer e passar atrás dele. Ela lançou a si mesmo em cima dele, arrancando sua adaga de passagem.


Justo quando ela o enterrava em seu peito, Kyros a abraçou por atrás.


Ela afundou suas presas no braço do Kyros. Ele a soltou, amaldiçoando. Imediatamente, ela foi pelo Stryker quem se desvaneceu.


- É um covarde! - gritou ela. - Retorna aqui que te chutarei o traseiro como te merece!


Mas ele não retornou.


Só ficavam eles três.


Ela se voltou contra Kyros com um matagal.


- Por que me deteve?


- Não pode lhe matar, Danger. Nenhum Dark-Hunter pode.


- Estupidez. Se ele sangrar, ele pode morrer.


- Ele não sangra Danger. - disse Kyros. - Ele é um deus.


- E você é um asno total e absoluto. - Ela o voltou a empurrar, querendo lhe despedaçar - Las veio aqui a te salvar e vê o que tem feito a ele. Espero que durma bem esta noite, mas claro as pessoas como você sempre o fazem.


Seu rosto começou a voltar-se pedra.


- Você não sabe nada a respeito de mim.


- Tem razão. Não sei. Tudo o que sei é o que Las me há dito e ele esteve vivendo sob a falsa ilusão de que foi alguma classe de herói e amigo. Deus me salve de tais falsas ilusões.


Sacudida pela força de seu aborrecimento, ela embainhou sua adaga, logo lhe deixou para ver o Harry. Ele estava cheio de suor enquanto ele se apoiava contra a parede.


Seu coração clamava por ele e pela dor que ele devia estar sentindo. Sua pele estava pálida e úmida e pegajosa. Ele se via tão perdido e machucado. Tão torturado. Ela nunca tinha visto alguém com tanta dor.


- Vamos, doçura. - sussurrou ela. -Tirá-lo-ei daqui.


Para seu assombro, ele passou seu braço ao redor dos ombros dela e apoiou seu peso contra ela. Danger se cambaleou muito ligeiramente. Era uma coisa boa que como um Dark-Hunter ela fosse mais forte que os homens comuns. Mesmo assim, ele era pesado e sólido.


Kyros não disse nada quando deixaram sua casa. Não é que ela o esperasse. Ele tinha escolhido seu lado já e ela esperava que ele vivesse para lamentar o que ele tinha feito a um homem que tinha vindo aqui a lhe salvar.


- Sem intenção de ofender. - disse ela enquanto ia baixando as escadas com o Harry. - Seu gosto nos amigos rivaliza com o meu próprio. Agora sabe por que não deixo que qualquer um me cubra as costas.


Harry não falou quando lhe ajudou a entrar em seu carro. Sua cabeça se encheu do som de uma mulher pedindo a gritos ajuda. Por direção. Ecoou através dele violentamente, lhe fazendo sentir-se enojado e enjoado. Ele logo que poderia enfocar seus olhos. Se só a mulher dentro dele deixasse de gritar durante simplesmente alguns minutos a fim de que ele pusesse pensar corretamente outra vez.


Ele nunca havia sentido nada assim antes.


Não é estranho que Acheron tivesse tantos dores de cabeça. Como obtinha ele lhe fazer frente?


Harry só tinha uma voz com a que bater-se. Acheron tinha milhões.


- Estará bem, Harry.


Ele sentiu a mão quente de Danger em seu rosto. Que lhe estivesse ajudando lhe transpassou como uma bala, tocando algo em seu interior. Ninguém tinha ajudado a ele dessa maneira antes. Nem sequer Acheron. Claro que ele nunca tinha estado doente desde sua morte.


Como homem, ele só tinha tido a sua esposa para cuidar dele, e ela tinha tido pouco tempo para ele cada vez que ele estava doente. Havendo-se encarregado de seus pais doentes durante anos antes que falecessem, Liora só tinha tratado de livrar-se dele cada vez que ele a necessitou.


E embora Kyros lhe auxiliasse em combate, ele era tenro nisso o qual fosse provavelmente uma boa coisa.


Mas Danger se afastava por medo. Ela era amável e tranqüilizadora. E neste momento o significava tudo para ele.


Danger não sabia o que fazer para aliviar a dor do Harry. Ela conduziu a toda velocidade para retornar a Tupelo logo que pôde, tratando de pensar a respeito de algo, algo, que pudesse ajudar a acabar isto.


Infelizmente, ela não poderia pensar em nada mais que em encontrar ao Stryker e lhe golpear até lhe deixar sem sentido.


Ela entrou na garagem e rapidamente desceu do carro e rodeando este até o lado do Harry. Ele se via pior agora do que tinha estado quando tinham deixado à casa do Kyros.


Ela afastou o cabelo loiro úmido de sua frente e passou um pano sobre o suor de sua frente.


- Vamos, doçura, temos que te colocar em casa.


Ele assentiu antes de sair por si mesmo do carro, então se dobrou sobre si mesmo como se aumentasse a dor.


Ela ofegou ante a compaixão por sua dor.


- Sei que te dói, carinho, mas, por favor, não vomites em minhas botas novas do Manolo Blahnik, vale? Avise-me antes, sim.


Seu gemido se converteu em uma meia risada cheia da dor que só durou uns instantes. Ele se apoiou contra ela com excesso e juntos lhe meteram em casa. Mas não era fácil. Ele parecia que não podia manter-se e cambaleava bastante quando entraram.


Encontraram ao Keller na cozinha ocupado fazendo o que tinha toda a pinta de ser uma tigela de chili. Ele os olhou com o cenho severamente franzido.


- Que acontece?


- A História é longa, - disse ela enquanto se encaminhava para o vestíbulo. - O que faz você aqui de todas as formas? Acreditava te haver dito que ficasse em casa.


- Sim, sei, mas resulta que vim de visita e havia esta mulher realmente quente observando a QVC. Não sabia que tivesse amigos que não fossem Dark-Hunters.


Se não fosse à metade de uma emergência, lhe teria corrigido.


- Por que está fazendo chili?


- Xirena tinha fome. Ela queria um pouco temperado com especiarias.


Harry gemeu quando acidentalmente lhe fez se chocar com a parede.


- Sinto muito. - disse ela.


Ele não respondeu.


Keller os seguiu através da casa, acima ao quarto de hóspedes, onde ela deixou ao Harry na cama.


- Ele não se vê bem. Vai vomitar ou algo?


- Espero que não. - Mas ela aproximou o pequeno balde de lixo plástico à cama no caso de.


Keller estava completamente aturdido.


- Que vai mal com ele?


- Ele ouve uma voz em sua cabeça.


- É a primeira vez que ouço algo assim porque isso usualmente me diz que estar nu com uma mulher não é uma má coisa?


Danger lhe bufou com repugnância.


- TMI, Keller. Não quero nem um pouco de sua depravada vida privada.


Ele se levou suas palavras com ele.


- Nesse caso, tenho a um bebê ardente a minha espera.


- Faça um favor a ti mesmo Keller. - chamou-lhe ela quando ele saía. - E não te aproxime muito a ela.


Ele fez uma pausa na porta.


- Por quê?


- Ela não é humana.


- Sim, bom, nem sequer você e eu estou ao redor de ti todo o tempo.


- Não, Keller. - disse ela, pondo ênfase nas palavras. - Ela não é realmente humana. Nunca foi, nem nunca o será.


Ele franziu o cenho sobre isso.


- Simplesmente a mantém alimentada e feliz. - disse Harry entre os dentes apertados com força. - E te assegure que ambos conservam suas roupas e que ela não sai da casa.


Keller assentiu, logo saiu.


Danger se voltou para o Harry que se retorcia de dor.


- Que posso fazer?


- Preciso estar quieto e tranqüilo.


Ela não pensou em lhe assinalar que ele estava longe do distante silêncio que seria bom para ele neste momento.


- De acordo. - Danger deixou o quarto para conseguir uma compressa fria para ele. Quando ela retornou, Harry estava ainda prostrado na cama. Tinha passado muito tempo desde que ela se houvesse sentido assim doída por alguém mais. Ela odiava a dor que ele estava suportando e ela queria matar ao Stryker e ao Kyros por isso.


Ela acariciou seus fortes ombros, sentindo os músculos ali, antes que lhe apartasse o cabelo do rosto e colocasse o pano em sua frente.


Harry abriu seus olhos logo que ele sentiu o tecido frio em sua frente. Ele nunca tinha visto uma vista mais formosa. Ela era deliciosa.


Seus olhos escuros lhe demonstravam mais cautela e preocupação da que ele alguma vez teria visto antes e mesmo depois dessa noite…


Ele não se atrevia a confiar em ninguém. Quanta vez em sua vida teve ele que ser traído antes que aprendesse a lição? Não era estranho que Acheron lhe mantivesse afastado das pessoas.


Apesar de todo o tempo que tinha passado, ele ainda era ingênuo.


Ele tinha que ser um dos piores juízes de caráter que alguma vez houvesse nascido. Quando aprenderia?


E ainda uma parte dele que não queria escutar queria que confiasse no Danger. Ela tinha atacado para defender. Ela o havia posto a salvo. Mas então também tinha estado Kyros. As incontáveis vezes quando haviam sido humano. Até lhe tinha chamado esta noite para lhe advertir e ainda assim tinha sido traído.


Não, Danger lhe ajudava por que tinham dormido juntos. Isso não queria dizer que ela sentisse algo por ele. Ou que manhã não a encontraria do lado de seus inimigos. Quanta vez no passado tinha pensado que um Dark-Hunter estava salvo, e então no último momento, ele ou ela tinha elegido brigar contra Acheron e morreram?


Não podia confiar em ninguém.


E ainda a voz da mulher em sua cabeça pedia a gritos misericórdia e liberação.


- Te cale demônio do inferno! - Ele enredou ambas as vias quando o disse mentalmente e gritando.


Agora ela começou a chorar com um gemido lacerante que atravessava sua cabeça como um facão. Essa agonia era diferente a algo que ele alguma vez tinha experiente.


Como diabos agüentavam isto Daimon?


Harry gemeu de dor enquanto se encolhia até acabar em posição fetal, tratando de fazer que parasse. Ele manteve o talão de sua mão contra seu olho correto, mas sua cabeça ainda pulsava com os gritos e choros dessa mulher.


Danger engatinhou à cama com ele e o aproximou dela, lhe balançando brandamente. Ela passou suas mãos através de seu cabelo, fazendo que sua resistência a ela vacilasse. Nenhuma mulher alguma vez lhe tinha sujeitado dessa forma. Nem sequer sua mãe.


Era o momento mais tenro de sua vida. E o mais doloroso.


Danger apoiou sua bochecha contra a parte superior do cabelo loiro do Harry. Sentiu-se tão bem estar perto de um homem que ela conhecia. As curvas de suas costas duramente masculina pressionavam contra seus seios e suas coxas, lhes recordando que tão diferentes eram seus corpos. Ele era todo aço. Apertada carne. Dura pele. E ela adorava a sensação disso. O sentir a ele.


Ela só desejava saber o que fazer para lhe ajudar a passar por isso.


Inclinando-se para frente, Danger inspirou sua cálida essência ao cantar uma velha canção de ninar francesa que sua mãe estava acostumada cantá-la cada vez que ela estava zangada. Quanto desejava ser capaz de silenciar a voz dentro dele. Ela passou sua mão contra sua bochecha, deixando que seu bigode fizesse cócegas contra sua palma.


Havia algo incrivelmente íntimo nesse momento embora eles estivessem completamente vestidos.


- Danger?


Ela mentalmente amaldiçoou ao Keller quando ele abriu a porta de seu quarto, mas ela não se separou do Harry.


- Sim?


- Tem uma chamada do Rafael e ele diz que tem que lhe responder agora mesmo. Diz que é urgente.


Seria. Condenado o dom da oportunidade desse homem. Você pensaria que um pirata teria um melhor sentido de quando deixar só a alguém. De todas as formas, sua vida tinha dependido de tais instintos.


- Agora mesmo vou. - Ela a contra gosto se separou do Harry. - Retornarei em seguida. - ela disse brandamente em sua orelha.


Ela não estava segura se ele a ouviu ou não. Com o coração ferido, lhe deixou na cama e foi responder à chamada.


- De acordo. - disse Harry depois de alguns minutos, tratando de falar com sua recém encontrada alma. Que diabos? Ele não tinha que perder e ficando aqui na cama até que ela morresse não parecia tampouco produtivo para nenhum deles. - Se você quer ser livre, senhora, você e eu temos que chegar a um acordo.


Ela continuou gemendo.


- Mulher, me escute. - grunhiu ele em voz alta. - Nem sequer posso pensar se não deixar de fazer isso. Vai conseguir acabar com ambos a menos que se controle.


- Quero ir a casa. Onde estou eu? Por que estou aqui? Quem é você? Por que está tão escuro? Não entendo que me aconteceu. Preciso ir a casa agora. Por que não posso ir a casa…?


Suas perguntas se equilibraram sobre ele numa rápida sucessão. Tantas que ele logo que podia enfocar sua atenção em alguma delas.


- Se um Daimon pode fazer isto, eu também posso. - grunhiu ele, obrigando-se a sentar-se. O quarto dançou a seu redor.


Ele sacudiu a cabeça, tratando de esclarecer. Ele tinha que assumir o controle desta situação. Ele tinha que fazer.


- Quem é você? - Perguntou-lhe à mulher.


- Carol.


O gemido se sossegou um pouco, como se ela estivesse tratando de dominar-se.


- Bem, Carol. Tudo sairá bem. Prometo-lhe isso. Mas tem que acalmar-se e guardar silêncio por um pouquinho.


- Quem é você? Por que me está pedindo que guarde silêncio?


Como respondia ele a isso?


- Está tendo um pesadelo. Se te mantiver em silencio por um pouquinho, melhorará.


- Quero ir a casa!


- Sei, mas tem que confiar em mim.


- Isto é realmente um pesadelo?


- Sim.


- Melhorará?


- Sim.


Para seu alívio, ela se acalmou. Harry aspirou profundamente enquanto sua visão se esclarecia um pouco. Ele poderia ouvir a alma sussurrando em seu interior, mas ao menos ela já não chorava ou gritava.


Esfregando os olhos, ele continuou respirando profundamente, e esperou que essa calma permanecesse na Carol por algum tempo.


Ele se levantou lentamente da cama e se tirou o casaco. Stryker lhe tinha dado só alguns dias para viver ou a alma da Carol morreria…


Não tinha escolha. Ele tinha que matar-se para liberá-la. Mas ele tinha um montão de trabalho que fazer antes que chegasse esse momento.


Esta vez ele deixou toda sua tolice com a Danger atrás. Ele estava aqui para fazer um trabalho.


E graças ao Stryker, seria o último que ele alguma vez faria.


Depois de desligar o telefone, Danger se requereu um minuto para averiguar sobre o Keller e Xirena, quem parecia estar imitando a algum famoso. Viam um filme e comiam o Chile enquanto Keller falava com fervuras.


Aparentemente a demônio não compartilhava a necessidade de Danger do silêncio para ver a televisão.


Satisfeita de que a demônio não ia comer a seu escudeiro, Danger voltou para quarto de hóspedes. Ela abriu a porta quedamente, esperando encontrar ao Harry ainda na cama.


Ela abriu a boca surpreendida quando lhe encontrou no escritório, escrevendo o que parecia ser uma nota.


- Está bem? - Perguntou ela, entrando no quarto lentamente.


Ele assentiu enquanto continuava escrevendo.


Danger se aproximou mais só para precaver-se que ele escrevia em grego.


- Que está fazendo?


- Nada.


Ela o olhou carrancuda. Havia algo muito diferente nele agora. Ele era como o tinha sido a primeira noite que se encontraram. Brusco. Insensível. Distante.


Mesmo o ar ao redor dele estava frio.


- Ouça. - ela disse, estendendo a mão para deter sua mão. Essa também, estava geada. - O que acontece?


Ele a olhou, seu rosto duro como a pedra.


- Não estou aqui para fazer amigos, Danger. Estou aqui para entregar um ultimato. Necessito que reúna a todos os Dark Hunter que há nesta lista.


Deu-lhe a folha de papel.


- Não posso ler... - Antes que ela pudesse terminar as palavras, a escritura mudou do grego ao inglês.


Latido. Isso foi impressionante.


Ela viu que ele ainda apontava coisas.


- E que tem que isso?


- É minha lista pessoal.


Seu cenho se fez mais fundo, especialmente depois de que ela olhasse por cima os nomes naquele papel e encontrasse um particularmente desaparecido.


- Onde está Kyros?


Harry não respondeu.


Danger agarrou sua mão e esperou até que ele a olhasse.


- O que está acontecendo contigo?


- Tomo a sério o trabalho. Se Stryker dizia a verdade, e nisto acredito que o fazia, só tenho três dias para chegar aos Dark-Hunters que estejam nos arredores e os convencer de que fiquem do lado do Acheron.


- E Kyros?


Seus estranhos olhos verdes estavam apagados e tão frios como sua pele.


- Deixei fora.


Ela negou com a cabeça com incredulidade.


- Não pode fazer isso. Foram amigos.


- Sim, fomos amigos. Agora somos inimigos.


Ela estava consternada ante suas palavras.


- Como pode...


- Não há ninguém neste mundo no que possa confiar. - Disse ele duramente, ferindo-a profundamente ao colocá-la na lista depois de tudo o que ela tinha feito por ele. Deus bendito lhe tinha dado mesmo sua confiança e isso era algo que ela não fazia com ninguém.


- Nunca deveria ter tratado de lhe salvar. - disse Harry. - Ártemis tinha razão, a compaixão é para os fracos.


- Assim estão as coisas? - Perguntou ela, desgostada por seu repentino giro. - Vais perder as esperanças com seu melhor amigo?


- Não me dou por vencido. Estou morrendo. Tenho uma alma dentro de mim que terá que ser liberada.


Danger entrecerrou seus olhos dois segundos antes que ela tirasse a adaga de sua bota e a cravasse diretamente no coração do Harry.


Ele explodiu.


 


 


Capitulo 17


 


Dois segundos mais tarde, Harry estava de retorno em forma humana, de pé ante o Danger, quem esperava com suas mãos nos quadris.


Ele apalpou seu peito como se não pudesse acreditar que ele tinha retornado. Ele estendeu a mão e a pôs sobre o escritório dela.


- A alma que levava dentro se foi? - Ela perguntou.


Ele assentiu lentamente.


- Bem. Agora pode deixar de ser um idiota integral. - Começou ela queixar-se.


Harry a agarrou e a segurou para detê-la. Ele não poderia acreditar que ele recuperasse seu corpo.


-Como sabia a respeito disto?


- Não sabia. Só era uma hipótese. Mas era algo no que pensei enquanto estava abaixo falando com o Rafe. A primeira regra de ser um Dark-Hunter é apunhalar ao anfitrião para liberar a alma. Stryker disse que tinha que te matar, o qual causaria que morresses permanentemente, ele convenientemente deixou no ar o que aconteceria se qualquer outro 'matasse'.


Harry estava ainda consternado. Era certo. Cada vez que um Caçador Escuro apunhalava um Daimon e seu corpo explodia, as almas furtadas sempre retornavam a seus lugares de descanso.


Ela riu com vontades.


- Sou uma católica inquebrável. Minha mãe sabia muito sobre o pecado de omissão. Crescendo com ela, aprendi logo a escutar o que ela dizia não o que eu ouvia. E sobre tudo, em pôr atenção ao que ela não dizia. Já que Stryker te colocou a alma em uma de suas explosões, apostava que outro poof dado por alguém de fora deixaria em liberdade a alma. Por que se não diria ele que tinha que te apunhalar a ti mesmo?


Harry ficou completamente aturdido a tantos níveis que não sabia por onde começar. Por uma parte ele queria estrangulá-la, mas por outra estava impressionado pelo fato de que ela tinha deduzido corretamente da lógica do Stryker.


- Não estava sendo idiota. - disse ele mal humoradamente, retornando a seu anterior insulto.


Ela cravou os olhos nele secamente.


- Sim, o estava.


- Não. - ele disse honestamente. - Sou só o que sou. Eu estou aqui para...


- O que é Harry... - disse ela lhe interrompendo. - É um homem compassivo.


Ele negou com a cabeça na negativa.


- Sou o Harry. Minha única meta é proteger ao Acheron.


Ela colocou sua mão contra sua bochecha.


- Não era uma fria entidade insensível a que dormiu comigo ontem à noite e não foi um 'outro insensível o que se viu ferido quando Kyros lhe traiu. Você é ainda humano.


- Não, - ele insistiu enfaticamente - não o sou.


Ela ficou nas pontas dos pés e jogou a cabeça atrás de modo que pudesse lhe beijar. O frio de sua pele imediatamente desapareceu enquanto ele cavava seu rosto em suas mãos e beijava suas pálpebras.


Ela poderia sentir seu incremento de seus batimentos do coração quando sua língua se encontrou com a dela.


Danger se afastou.


- Não é insensível ou desinteressado. Duvido se alguma vez o foste.


A cabeça do Harry deu voltas ante suas palavras e a reação de seu beijo. Era certo. Ao redor dela ele era completamente diferente. Ele se encontrou sentindo coisas que ele não tinha sentido em séculos. Até o momento em que ela se introduziu em sua vida, ele tinha começado a duvidar de se ele alguma vez realmente poderia voltar a sentir.


Com ela, ele fez.


Como podia ser?


- Nunca poderá haver nada entre nós, Danger.


- Sei. - Ele ouviu a dor em sua voz. - Sou uma garota grande, Las, e posso me cuidar. Mas você… você precisa atuar como o destruidor ao redor de mim. Não gosto.


Ele a olhou carrancudo ante suas palavras.


- Por que me chamaste Las?


- Porque Las é o homem que considera um demônio sua filha e por que foi Las quem me despertou esta noite com uma rosa fazendo cócegas minha bochecha.


- Mas sou também o Harry.


Ofereceu-lhe um sorriso que derretia a extrema frieza de sua existência inteira.


- Há um lado duro em todos nós. Agradece; Foi meu lado duro o que te cravou a adaga faz alguns minutos.


Ele riu ante isso, depois se serenou.


- Não sei o que sentir quando estou ao redor de ti.


- Bem, eu também estou confundida. Não posso acreditar que esteja a ponto de te ajudar a enforcar a meus amigos.


- Não estou tratando de enforcar a ninguém, Danger.


- Não? Então que tem que essa lista de desesperados que tem por aí?


Ele percorreu com o olhar o papel onde ele tinha estado escrevendo.


- Essa não é uma lista de nomes. É uma lista de regras para o Keller a fim de que a demônio não o coma.


Ela riu dele. Deixar que Harry pensasse naquilo.


- Sabia que deveria ter estudado grego na escola.


Agradecida de que ele quase voltasse para a normalidade, ela tomou sua mão nas dela. Ainda estava cálida.


- Amigos outra vez?


- Yeah, acredito que o somos.


 


- Akri!


Ash se deu volta em sua cama quando ouviu o Simi correndo pelo vestíbulo fora de seu quarto no Katoteros. Ela atravessou a porta, logo se lançou a si mesmo à cama.


Ele ofegou quando ela aterrissou e se sentou sobre seu peito.


- Estava dormindo, Sim.


- Sei, mas ouvi o Harry gritando outra vez. A Simi quer ir ver lhe, akri. Me leve! Por favor.


Ash sentiu o excessivamente familiar nó em seu intestino quando ele lutava consigo mesmo para opor-se a um dos desejos dela. Mas ele não podia.


As últimas duas vezes que tinha deixado sair ao Simi sem ele tinha sido desastroso. No Alaska, ela quase tinha morrido, e em Nova Orleáns...


Isso era algo a respeito do que ele ainda não poderia pensar sem que seu temperamento não fizesse erupção.


- Não posso Simi.


- Por que não?


Ele suspirou com excesso.


- Não posso manipular indevidamente seu destino. Sabe. Este é seu momento e se lhe responder provavelmente farei o que seja que ele me peça. Assim para o bem de todos, eu desativei sua voz em minha cabeça e eu aconselharia que fizesse o mesmo.


Ela fez panelas quando tirou o sfora de sua bolsa em forma de ataúde rosado.


- Ao menos faz funcionar isto de modo que assim lhe posso ver.


- Não.


Grunhiu-lhe.


- Mas que passa se lhe machucam? O que acontece se ele morrer? - Seu rosto ficou pálido. - Não pode deixar que se morra akri. Não pode. A Simi ama a seu Harry.


Ele estendeu uma mão para apartar seu comprido cabelo negro de seu rosto.


- Sei edera. - disse ele, utilizando a palavra Atlante para bebê precioso - Mas seu destino está em suas mãos, não nas minhas. Não o alterarei.


Sua expressão se fez mais profunda.


- Você controla o destino. Todo o destino. Pode fazer que tudo saia bem. Por favor, o fará por seu Simi?


Isso era mais fácil dizer que fazer. Ele era um exemplo vivo do desastre que provinha de tratar de interferir com o destino de alguém. Sua vida inteira tanto como homem e como deus tinham sido destruídas por pessoas que se entremeteram com seu destino. Ele nunca faria tal coisa a alguém.


- Simi, isso não é justo e sabe.


- Não está bem ouvir o Harry em minha cabeça e não poder lhe ajudar. Ele não soa nada bem, akri. Creio que essas pessoas são mesquinhas com ele. Deixa que a Simi vá come-los. - Ash fechou seus olhos e tratou de ver o futuro para o Harry a fim de que ele pudesse dar ao Simi alguma paz.


Mas não havia nada que ver exceto névoa negra. Maldição. Ele odiava não poder ver o destino de seus seres queridos, algo mais de que ele não pudesse ver o seu próprio.


Ele considerou chamar a Átropos, quem era a deusa grega a cargo de cortar o fio da vida que governava aos humanos. Ela poderia lhe dizer se Harry morreria. Mas ele tinha melhor critério que chamá-la. Odiava-lhe apaixonadamente.


Nenhum dos Destinos Gregos alguma vez lhe contavam nada sobre o futuro. Elas haviam lhe tornado as costas fazia séculos. Para elas, ele estava bastante morto e esquecido.


- Teremos que esperar e ver o que acontece.


Simi lhe fez uma careta, logo se levantou para sair.


Ela deu uma portada ao sair do quarto.


Ash se passou uma mão pela cabeça ante o som da portada que ecoou no quarto. Desde que suas emoções não estavam atadas aos Hunters do Mississipi, ele sabia quais deles viviam e quem morreria. Isso o entristecia enormemente, e tudo o que ele poderia fazer era esperar a que Harry pudesse apartá-lo longe de seus destinos com o tempo.


Só seu livre-arbítrio poderia alterar o que ele viu para eles.


Esse foi o motivo de por que ele tinha enviado ao Harry a Danger. Desde o dia que ele tinha começado a treiná-la, ele tinha tido um lugar especial para ela. A pequena francesa cobria seu brando coração com um casaco de arsênico para manter a distancia a outros, mas ele sabia o que ela escondia aos outros. Ela era uma boa mulher a que lhe havia tocado uma má mão. A última coisa que ele queria era vê-la morrer. E ainda ele sabia em seu coração a futilidade de esperar com ilusão o que poderia ter sido.


Os dias de Danger estavam extremamente contados, e a menos que ocorresse um milagre, não havia nada que qualquer deles pudesse fazer para ajudá-la.


 


 


Capitulo 18


 


Eles realmente tinham falhado todos os tiros e não havia rebatedor suplente à vista. Danger suspirou com excesso como retornaram a sua casa. Tinham passado as últimas horas saindo a procurar os Dark-Hunters na área só para encontrar-se com que a maior parte deles tinha algum problema com Acheron.


Eles lhe culpavam de haver estagnado no Mississipi (qual ela pessoalmente amou). Realmente não era um lugar mau para viver. Vale, fazia calor no verão, mas a beleza abundava aqui.


Também não lhe culpavam por não fazer sua imortalidade mais suportável. Culpavam-no por toda classe de coisas que não eram basicamente sua decisão, nem a dele.


O pior era o fato de que ela sabia que Acheron poderia ler suas mentes. Não era estranho que ele não fizesse uma visita aqui mais freqüentemente. Como podia continuar ele deixando que Artemis usasse aos Dark-Hunters contra ele enquanto amaldiçoavam tudo a respeito dele? Esse homem tinha mais fortaleza de ânimo que alguém que ela alguma vez tinha conhecido.


Pessoalmente, ela diria a todos adeus e se iria a seu próprio paraíso privado.


O fato de que ele não o fizesse…


Ele era um Santo ou um Masoquista.


Possivelmente um pouco de ambos.


- Não posso acreditar em seu descaramento. - disse ela ao Harry quando ele fechou sua porta traseira. - Quem ia se imaginar que um escudeiro tivesse essas vontades de matar?


A diferença dela, ele se tomava isto com mínimo estoicismo. Isso era verdade, ao redor dos outros ele era frio e sem absolutamente nenhuma emoção. Suas palavras o incomodavam tanto como a forma em que as diziam a ela. Ele só permanecia ali de pé e escutava enquanto se lançavam sarcasmos.


Harry se encolheu de ombros quando se voltou para o hall iluminado sobre ela.


- Isto acontece mais do que seu pensa. Se puder salvar aos dez por cento, é uma boa noite.


Ela não queria 10% de taxa de sobrevivência. Ela queria o 100%. Mas Squid os tinha jogado fora no mesmo instante que tinham começado a falar a respeito do Acheron.


Graças a deus que tinha podido convencer ao Harry de não trazer seu casaco branco. Não haveria nada que dizer desse zangado ex-pirata se ele chegasse a suspeitar que Harry fosse o destruidor que Kyros tinha profetizado que seria.


Squid se tinha negado completamente para ouvir. Maldito fosse por sua obstinação.


- Sabe, acredito que precisamos trabalhar mais em seu discurso.


Harry arqueou uma sobrancelha.


- Que vai mal com meu discurso?


Ela se dirigiu a sua sala de estar.


- Bom, acredito que foi na parte 'ou se não' onde perdemos ao Tyrell. Nunca advertiste que os caçadores não são a classe de tipos dos ou a não ser? Eles são da classe de fazer justo o contrário ao que quer ou romper o peito tentando. Condenarão a si mesmos simplesmente para te chatear porque lhes disse que não o fizessem.


Ele franziu o cenho.


- O que me sugere que lhes diga? 'Olá, estou aqui para me fazer seu amigo? Deixa que nos sentemos, tomemos uma taça de café, e conversemos?'.


Ela riu dessa imagem. Yeah, Harry definitivamente não era o tipo de sentar-se e conversar.


Não obstante, outros tampouco o eram. Na maioria dos casos, os Dark-Hunters eram mais da classe de beber cerveja, e alvoroçar a barra do bar. Eram muito mais provável que lhe pegassem uma porrada a que se sentassem a falar.


- Não. - disse ela, suspirando. - Mas poderia tratar de ser mais agradável com eles.


Esse familiar olhar cômico apareceu em seu rosto.


- Não preciso ser amável com eles. Só necessito tentar para saber de que lado vai ficar. Os únicos por quem preciso nos preocupar são os que estão indecisos. Tyrell ainda pode regressar.


- Não sei. Ele fez um uso muito criativo da linguagem quando mandou a passeio.


- Não obstante, ele poderia ser um dos que não caísse tão facilmente.


Ela negou com a cabeça enquanto subia as escadas para a sala de vídeo onde se encontraram a Xirena dormindo no sofá. Não havia sinal do Keller.


Danger tirou o telefone celular de seu bolso e lhe chamou só para descobrir que ele se foi fazia um par de horas e tinha ido para casa dormir.


- Perdoa por te despertar. Só estava preocupada. Boa noite, Keller.


Desejou-lhe boa noite, logo desligou o telefone.


Harry se moveu até ficar detrás dela. Ele se inclinou muito ligeiramente a fim de que ele pudesse inspirar seu perfume de magnólias e de mulher. Seu corpo se sacudiu com força e se acendeu em resposta, mas então ele tentou ocultar a ereção que lhe provocava sua presença. Tudo a respeito dela pegava fogo a seus hormônios.


E não era somente por que ele estava quente.


Era mais sua atração para ela que isso. Gostava dela. Mesmo mais que isso, ele a respeitava. Ela era uma mulher inteligente, valente.


Em resumo, ela era uma jóia.


Ela retrocedeu, dentro de seus braços, e recostou sua cabeça contra seu ombro a fim de que ela pudesse lhe olhar. Seus olhos eram escuros e indagadores. Algo nesse olhar lhe atravessou, fazendo que seu coração pulsasse a toda velocidade.


Era sua salvação ou sua queda?


O pensamento o aterrava. Mas lhe tinha feito viver outra vez quando nada mais o tinha conseguido. Ela havia tornado a despertar suas emoções, fez que lhe importasse…


Mais que algo, ela tinha conseguido que voltasse a desejar algo.


Em mais que nove mil anos nada tinha estado tão perto de fazê-lo se sentir humano. Havia vezes quando ele estava ao redor dela que juraria que quase podia saborear outra vez. Ele queria que o distraísse.


Sobre tudo, queria que lhe tocasse.


Ele colocou sua mão contra sua bochecha antes que baixasse sua cabeça para beijá-la. Ela gemeu profundamente em sua garganta e afundou sua mão em seu cabelo enquanto se girava em seus braços.


Harry grunhiu ante a doçura de seu beijo enquanto seu coração pulsava rapidamente fora de controle. Rompendo o abraço, ele a levantou em seus braços e a levou a sua cama.


Ele não deveria estar fazendo isto outra vez. Tudo estava saindo mal nesta missão e ainda assim, ela o fazia tudo passível. Em certa forma não parecia tão mau com ela aqui.


Danger suspirou quando ele a depositou na cama, logo se uniu a ela. O que havia nele que a fazia crepitar? Esta noite tinha sido um desastre, em mais de uma forma e ainda estar aqui com ele estava bem.


Não tinha sentido. Ela somente queria que a abraçasse que esquecesse a todo mundo até que não ficassem mais que só eles dois. Ela nunca se havia sentido dessa maneira antes.


Ela se elevou a capturar seus lábios enquanto ele começou a lhe desabotoar sua camisa. Ele moldou seu seio com sua mão, lenta e amavelmente. Ela acariciou com o nariz sua bochecha, amava a maneira em que seu bigode cravava sua pele. Enviando calafrios através dela.


Incapaz de agüentar, lhe tirou o pulôver pela cabeça a fim de que ela pudesse percorrer com suas mãos os tensos músculos. Rodeou-lhe a cintura com suas pernas e se esfregou a ele convidativamente.


Ele riu em sua orelha.


- Está bem? - Sussurrou ele.


- Sim. Mas quero devorar-te.


Ele riu outra vez.


- Menos mal que não é um Charonte. De outra maneira, poderia me assustar.


- Sim, mas eu tenho presas…


Sua resposta foi outro profundo beijo apaixonado enquanto ele desabotoava o sutiã. Ele atirou dela para levar seu peito à boca. Danger arqueou as costas enquanto se deleitava com a percepção de sua língua agradando-a.


Querendo lhe saborear também, ela se deu a volta e lhe imobilizou na cama.


Ele a olhou enigmaticamente quando ela deixou parte atrás e engatinhou descendo por seu corpo.


Harry chiou seus dentes ante a vista de Danger lhe fazendo o amor. Ela se via predatória e selvagem, e isto lhe transpassou como uma lança quente. Ela sorriu malvadamente quando lhe tirou suas botas e suas meias.


Ele começou a sentar-se, só para tê-la lhe empurrando de volta.


Nunca lhe tinha gostado realmente que a mulher levasse o controle, mas com a Danger era diferente. Ele desfrutava ao ver a maneira em que ela se movia. Recostando-se, ele observou como ela desfizesse suas calças e seu pênis deu um salto para frente.


Ela gemeu ante a vista dele antes que percorresse com suavidade, sua fresca palma da base até a ponta. Era um esforço não correr-se da tão só pura beleza disso.


Mordendo os lábios, ela lentamente tirou suas calças por suas pernas. Ainda não lhe deixava ficar direito. Empurrou-lhe para trás outra vez.


- Quero te olhar. - disse ela quando insistentemente lhe despojou completamente do resto de suas roupas.


Seu coração palpitava à vista de sua pálida beleza. Ela era deliciosa. Ela percorreu com tenra cautela sua perna até chegar à planta de seus pés. Ondas de prazer lhe transpassaram, até que ela tomou um beliscão da carne ali.


- Está-me matando, Danger. - ofegou com dificuldade.


- Há uma razão pela que minha gente chamava a isto de a petit mort.


Harry começava a entender exatamente, especialmente quando ela o fez passar a sua boca. Ele não poderia recordar a última vez que uma mulher havia tocado a ele dessa maneira. Mas uma coisa era certa, ele nunca o tinha desfrutado tanto como o fazia agora.


Grunhindo com satisfação, ele pegou seu rosto com sua mão quando ela o satisfez completamente.


Danger gemeu ante o sabor agridoce dele. Ela realmente queria lhe devorar, mas ela punha cuidado em não machucar com suas presas. Ela desejava ardentemente o perfume e o sabor deste homem e ainda não sabia por que.


Mas ela tinha que ter mais dele.


Ele ficou direito repentinamente e se retirou dela. Ela estava confundida até que ele a volteou, em cima de suas costas. Ele se posicionou assim mesmo com seus joelhos em seus ombros, logo abriu suas pernas a fim de que ele pudesse saboreá-la a igualmente.


Danger fincou seus calcanhares na cama enquanto o prazer a consumia. Houve algo incrível a respeito deste mútuo uso compartilhado. Chegou-lhe ao fundo que Harry não estava contente com só receber prazer. Ele se tomou o tempo assegurando-se de que ela estava igual de satisfeita que estava ele.


Havia muitos homens ali fora aos que lhes podia importar menos uma mulher. Ela estava agradecida de que ele não fosse um deles.


Harry desejou que pudesse saboreá-la completamente. Odiava ter seus sentidos embotados. Mas mesmo assim não havia maneira no fato de que ele adorava a esta mulher. Suas mãos agarraram firmemente suas nádegas enquanto sua língua operava magia nele.


Ele queria mais dela. Afastando-se, ele mudou as posições outra vez a fim de que pudesse afundar-se profundamente em seu interior. Ela ofegou no mesmo momento em que ele fez, e esfregou suas costas com as unhas.


Ele logo que tinha começado a empurrar antes que ela se corresse tão ferozmente que quase o joga fora. Harry riu em sua orelha enquanto desfrutava das choramingações de prazer dela. Soava como se estivesse cantando.


Danger se abrigou em seu corpo enquanto ele continuava empurrando nela. Cada impulso a transpassava, aumentando seu orgasmo até mais. Ela atirou de seus lábios até os dela e lhe beijou ferozmente enquanto acelerava ainda mais o ritmo. Ela amou a sensação de lhe ter dentro dela. A intimidade de lhe sustentar assim. Ele era incrível.


Sentiu-lhe esticar um instante antes que ele se enterrasse profundamente com estremecimento em seus braços. Sorrindo, lhe abraçou perto quando seu clímax o reclamou. Quando teve terminado, ele se deixou cair sobre ela e a abraçou ligeiramente.


Danger lhe afastou o cabelo do rosto enquanto jaziam ali perdidos na seqüela de sua paixão. Estava tudo quieto e em silencio na casa. Mas seu coração doía ante o pensamento de deixá-la quando acabasse. Ele se iria muito logo e sua vida duraria uma eternidade sem ele.


- Há alguma maneira de que possa me visitar depois deste trabalho?


Ele se esticou.


- Não. - Ela ouviu a pena em seu tom.


- Por que não?


- Por que ainda se o fizesse você não me recordaria. - Ele voltou a olhar para baixo a ela. - É a forma em que tem que ser.


As lágrimas se reuniram em sua garganta, mas ela se recusou a lhe deixar as ver.


- Isso não é justo para você. Você nunca poderá fazer amigos.


- Não, não posso. Isto é tudo o que eu tenho. - Ele suspirou cansadamente. - É tudo o que nós temos.


- Não entendo como pode permanecer tão indiferente ante isto. Não te revelaste alguma vez contra essas estúpidas regras?


Ele afastou o olhar, mas ela ainda viu a dor em seus olhos.


- Não, Danger. Não o faço. Acredite-me, isto é de longe melhor que a alternativa. Ao menos desta maneira tenho momentos de muda felicidade.


Ela volteou sua cabeça a fim de que ele a pudesse olhar.


- Me diga a verdade, Las.


Ele suspirou cansadamente.


- Sim, há vezes que daria algo para poder ter uma oportunidade de ser normal outra vez. Por ter um momento como quando era humano e poder comer e perceber. Mas estou simplesmente agradecido do que tenho esta vez contigo agora mesmo. Você faz que me sinta quase humano. Ao menos mais perto do que tenha estado alguma vez disso.


Ela beijou sua bochecha barbuda, saboreando a sensação de sua sombra áspera contra seus lábios.


-Desejaria que isto pudesse durar.


- Sei, mas isso recorda a uns dos termos que Acheron usa muitíssimo.


- E qual é?


- Administra suas penas. Trata de mitigar a pena com os bons momentos que viveste.


- Funciona?


Harry bufou.


- Não realmente. Ao menos não para mim. Embora Acheron pareça prosperar com isso. Ao menos ele parece lhe fazer frente a seu pesar a maioria dos dias.


Ela franziu o cenho.


- Do que teria que lamentar-se Ash?


- Assombraria saber.


- E que passa contigo? - Perguntou ela, precisando saber a resposta. - Qual é sua maior pena?


Seu olhar fixo a queimou com sua intensidade.


- Que não houvesses nascido nove mil anos atrás.


As lágrimas fluíram em seus olhos ante as palavras que a ela nunca lhe tinha ocorrido escutar dele ou de qualquer homem.


- Desejaria que nos tivéssemos conhecido quando ambos os fomos humanos. - sussurrou ela.


- Sim, mas provavelmente me teria matado logo.


Ela bufou ante ele, tinha-a ofendido.


- Como acredita?


Seus olhos verdes resplandeciam de brincadeira.


- Apunhalaste-me duas vezes desde a primeira vez que nos encontramos.


- Esse parece ser um mal recorde comigo. - Ele negou com a cabeça. - Deve haver algo realmente mau comigo que todas as mulheres que amo acabam me matando.


Danger não estava segura de qual dos dois ficou mais aturdido por suas palavras.


- Que?


Ele se afastou imediatamente e começou a sair da cama.


Danger se deteve.


- Fala comigo, Las.


- Não chame, Las, Danger. Já não sou esse homem.


- Não, é o homem ao que deixei entrar em minha cama, e me acredite, essa é uma façanha. Não há muitos que tenham transpassado a porta principal. - Ela o manteve a seu lado embora ele estava tratando de apartar-se. - Agora termina o que começou.


- Não importa o que sinta. Ou o que pense. O tempo está limitado nós.


- Não Harry, tem importância para mim. Quero a verdade. Mereço isso.


O sofrimento teceu sua frente.


- O que tem que bom na verdade? Seriamente? O que o bem nos faz?


Mas ela não estava de acordo. Ela precisava saber se ele havia dito o que ela tinha entendido.


- Ama-me?


Ele afastou o olhar e ela teve sua resposta.


Soltando-lhe, Danger se sentou ali com um nó na garganta enquanto as emoções formavam redemoinhos através dela. Nunca tinha pensado que outro homem lhe diria isso. Nunca.


Mas o que a surpreendia era o que ela sentia em troca. Era quente e entristecedor e a enchia de alegria e medo.


Ela atirou dele contra ela e descansou sua frente em seu ombro.


- Eu também te amo, Harry.


Ela sentiu o tic em sua mandíbula através dela.


- Esta é uma relação impossível. Sabe verdade?


- Sei. - aspirou ela. - E chegado o momento, beijarei na bochecha e te direi adeus. Não te rogarei que fique e eu não farei isto difícil para ti. Prometo.


Harry apertou seus dentes ante suas palavras. Mas isso não era o que ele queria.


Ele queria…


Maldito seja Acheron.


Mais que nada, ele se amaldiçoava a si mesmo. Se não tivesse sido tão estúpido no que se referia a voltar com sua esposa logo que teve chegado a um pacto com a Artemis, ele ainda teria a possibilidade de ser humano outra vez.


Acheron teria sido capaz de trazer sua alma de volta…


Não obstante, se ele não tivesse querido retornar com sua esposa tão desesperadamente, Acheron não teria feito o pacto com a Artemis que os permitia aos Dark-Hunters ficar livres.


Nenhum deles teria a oportunidade de ficar livre de seu serviço. Sua vida e alma tinham sido sacrificadas por um bem maior.


Um dia, Danger seria livre outra vez.


Sem mim.


Isso era verdade. Para ele não havia saída. Não havia futuro possível que se inclui a Danger ou a alguma outra mulher. Não é que ele quisesse qualquer outra mulher. Ela era a única ele alguma vez amaria. Ele sabia.


- Não deveria ter vindo a salvar ao Kyros. - disse ele em um tom rouco. - Kyros está quase morto e tudo o que tenho feito são lembranças que só causarão dor nos séculos vindouros. - mas ao menos ela não conheceria a pena. Ela não sentiria sua dor.


Ele enterrou a mão em seu cabelo.


- Eu seria capaz de verte, até poderia me cruzar contigo pela rua e nunca saberia quem ou o que sou. Serei um desconhecido.


As lágrimas nadaram em seus olhos escuros.


- Não quero te esquecer, Harry. Nunca.


- Não tem alternativa. Agora sabe mais da conta a respeito do Acheron. Ele nunca te permitirá conservar suas lembranças intactas.


A cólera cintilou sob suas lágrimas.


- Não me importa o que ele faça. Não te esquecerei. Em certa forma vou recordar-te, sei. Não me importa que tão capitalista ele seja, ele não fará que te esqueça.


Ele desejava poder acreditar nisso, mas ele tinha melhor critério.


- Precisa dormir um pouco, Danger. Temos uma longa noite por diante.


Ela inclinou a cabeça.


- Vais dormir também?


- Breve. Você descansa.


Soltou-lhe para recostar-se na cama. Harry se levantou e se vestiu enquanto os pensamentos e o pesar sussurrado através dele.


Apartados a um lado, ele foi visitar a Xirena, quem estava ainda dormida no sofá.


Seus pés estavam escorados por detrás enquanto sua cabeça caía pendurando pelo outro lado. Um braço estava arrojado sobre sua cabeça e se recostava contra o piso enquanto o outro estava cruzado ao outro lado de seu peito. Sorrindo à atitude análoga ao Simi, ele agarrou a manta da poltrona e a cobriu completamente.


Sua estadia aqui no Mississipi definitivamente tinha sido sua atribuição mais estranha.


Mas ao menos o tempo estava de seu lado. Stryker pensava que ele ainda tinha a alma dentro dele e que lhe deixava incapacitado.


Até o momento em que Stryker previa que a alma morresse, o Daimon deveria deixá-lo sós. Isto lhe dava alguns dias para contatar com os outros Dark-Hunters para sondá-lo.


Ele deveria reunir aos Dark-Hunter em três dias e logo o destino de todos eles estaria decidido.


Seus pensamentos foram à deriva de volta ao Kyros e quis amaldiçoar a injustiça. Kyros estava perdido para ele.


Mas encontrei a Danger.


E ao final, ele perdia a ambos.


A vida, certamente, é ruim.


Vigia a Dangereuse.


Harry se congelou quando a suave voz feminina sussurrou através de sua cabeça. Se ele não tivesse melhor critério, ele juraria que era…


- Artemis?


- O Daimon quer que você morra. Se não pode te agarrar, ele tomará a alguém mais.


Harry tragou ante seu tom direto.


- Por que me está ajudando, Artie? Sei que me odeia.


- Não sou Artemis. Sou simplesmente uma amiga que não quer ver o Stryker machucar a ninguém mais.


- Então como lhe derroto?


- Para derrotar o invencível nunca pode lhes golpear a eles. Sempre deve investir seu coração.


- Provei investir seu coração. Ele é um pouco veloz com seus pés.


A voz não disse nada.


- Olá? - Perguntou Harry, mas ela se foi. - Fantástico. - disse ele, apertando os dentes.


Stryker ia fazer um movimento sobre a Danger e a única forma de salvá-la seria investir a um deus que não tinha absolutamente coração.


- Merda! Estamos ferrados.


 


 


Capitulo 19


 


Harry passou o dia inteiro observando o sonho de Danger. Ele se sentou na cadeira estofada ao lado de sua cama, completamente absorto por sua pálida beleza. Ela não tinha defeitos. Nem malícia. Nem crueldade dentro. Ela nunca machucaria a alguém a quem ela amasse. Certamente, ela tinha morrido tratando de salvar a sua família quando teria sido o suficientemente fácil para ela lhes haver voltado às costas e se teria salvado a si mesmo.


Esta era em parte o porquê ele a amava.


- Não quero deixá-la. - Ele sussurrou as sinceras palavras na segurança de que ao fim ele não tinha escolha. Maldito fora ele por não saber controlar suas emoções quando ela estava preocupada. Tudo o que ele tinha feito era arruinar seu futuro.


Por que era assim?


Por que tinha que existir tal dor no mundo? O amor deveria ser fácil. Deveria ser simples. Uma pessoa deveria ter permissão de encontrar essa única pessoa sem a que não poderia viver e simplesmente ir de caminho à felicidade.


Mas não funcionava desse modo. Ele estava vivendo, ou morto, era a prova disso. Liora tinha jurado que lhe amava e olhe como tinha resultado. Era difícil confiar em que outra pessoa não te machucaria. Havia ainda uma parte dele, até agora, que se perguntava se o pudesse ser livre, Danger deixaria cair o medalhão para salvar-se a si mesma?


Seria sua própria dor tão grande que ela se ajudaria a si mesmo antes que a ele?


Não havia maneira de saber a resposta. Especialmente não agora.


Ele suspirou. Ele sabia pelo Acheron que não servia de nada viver no que queria ou podia ter sido. Ele tinha que ocupar do presente e isso queria dizer manter a Danger a salvo do que fosse que Stryker tinha planejado.


Ele tinha a Xirena com ele agora. Certamente o dois seriam capazes de proteger a uma mulher. Não?


Mas quando tratava com um egocêntrico deus sumido na vingança, não convinha ficar insolentemente presunçoso.


- Vamos, chefe. - ele disse em voz baixa - Me fale.


Harry negou com a cabeça ante a ironia. No passado, ele sempre o tinha odiado cada vez que Acheron se entremeteu em seus pensamentos ou espaço. Agora que lhe necessitava, o Atlante não estava em nenhuma parte para ser encontrado.


Isto parecia…


- Harry?


Ele se levantou e foi à cama onde Danger se movia. Ela se espreguiçou e bocejou enquanto lhe observava.


- Levanta sempre tão cedo?


- Sim. - disse ele, não querendo que soubesse que já que mais ou menos era um fantasma, ele não precisava dormir. Seu descanso não era o mesmo que o dos humanos.


Ela bocejou outra vez antes de lhe oferecer um sorriso.


- Assim, o que há na agenda para esta noite?


Ele se encolheu de ombros despreocupadamente.


- Enxaquecas, inutilidade, possíveis mortes. O mesmo de sempre, suponho.


Danger riu.


- Isso sonha igual a minha vida, sim. - Ela dirigiu seu olhar para a porta. - Assim, o que está fazendo nosso demônio?


- Não estive no quarto de vídeo há umas duas horas, mas a última vez que olhei, ela estava profundamente concentrada no Kirk´s Folly. Boa coisa que Acheron está forrado. Não obstante, pela maneira em que esses demônios vão às compras, não estou seguro de se lhe chegará o dinheiro para cobrir.


A Danger causou graça suas palavras. Era tão agradável despertar vendo seu rosto tão de aparência agradável olhando-a.


Ela tomou sua mão na dela a fim de que pudesse sentir a aspereza masculina desta. Ela não sabia o que havia na sensação da pele de um homem que estava tão atrativo, mas não havia dúvida de que ela desfrutava ao olhar que diferente era ele dela.


Ela respirou profundamente contra seus dedos, deleitando-se com o perfume quente, agradável deles. Suas mãos eram poderosas e ainda tenras. Abrindo a boca, ela amavelmente mordeu seu dedo indicador.


Ele gemeu em resposta.


- Continua fazendo isso, e não te deixarei sair dessa cama.


- Então por que não te une a mim? - Disse ela, jogando para trás as cobertas a fim de que ele pudesse ver seu corpo nu. Ela nunca tinha feito algo tão atrevido com um homem antes, nem mesmo seu marido. Mas por alguma razão, não lhe importava compartilhar-se a si mesmo com o Harry.


Seu sentido de modéstia tinha fugido e ela não estava realmente segura do por que.


Seus olhos arderam em um fogo verde.


- Temos trabalho que fazer.


- E temos três dias mais para encontrar aos Dark-Hunters, quem vai insultar-te e te exasperar. - Ela passou sua língua sobre a almofadinha de seu polegar, logo parte atrás. - Não vão a nenhum lugar. Como você disse, é simplesmente um exercício inútil. Eu voto por que tomemos uma noite e a desfrutemos. - Ela lambeu a parte de atrás de seus nódulos.


O puro prazer escurecia ainda mais seus olhos negros, mas ainda ele resistia.


- Com que propósito?


Ela ficou direita na cama e abrigou suas pernas ao redor de sua magra cintura, lhe devorando mais perto dela.


- Mudou desde que chegou aqui, Harry. A primeira vez que veio, foi frio e distante. Não é assim agora. É quente e divertido. Não quero perder isso. Não quero que você perca isso.


Harry tragou. Ela tinha toda a razão. Tinha-lhe mudado.


Danger lhe afastou o cabelo do rosto.


- Quero que tenha lembranças minhas que lhe ajudarão a te manter quente depois que vá.


Essas lembranças só o machucariam mais, mas seu coração estava emocionado ante a só idéia. Ele não tinha tido uma noite de normalidade desde que ele havia sido humano, e por alguma razão, estar com esta mulher lhe fez desejar ardentemente.


O que deveria fazer?


- E o que faremos?


Dedicou-lhe um aberto sorriso que o pôs duro imediatamente enquanto ela arrastava sua mão para baixo pelo frente de sua camisa.


- Foste a ver algum filme de verdade?


Ele negou com a cabeça. Acheron e Simi foram todo o tempo, mas a última vez que ele tinha estado no mundo humano, os filmes não tinham sido inventados ainda.


- Então isso é o que vamos fazer. - disse ela em um tom que lhe fez saber ela não aceitaria um não por resposta. - Jantar, um filme… algo assim como todos os dias Jane e Jack.


Harry negou com a cabeça.


- Acredito que perdeste o julgamento.


Lentamente lhe desabotoava sua camisa enquanto ela falava com ele. Cada carícia de sua mão contra sua carne enviava calafrios sobre seu corpo.


- Possivelmente, mas sabe o que Jack e Jane fariam para começar sua noite livre?


- Não tenho nem idéia.


- Começariam por ter grandioso sexo.


Harry ofegou quando ela afundou sua mão sob seu cinto para acariciar seu duro pênis. Seu corpo estava já palpitante e desejando ardentemente o dela da pior maneira. Ou possivelmente fosse do melhor tipo de maneira.


Realmente não havia nada melhor que suas mãos em seu corpo. Nada melhor que a percepção de Danger.


Harry riu como esse pensamento passou por sua mente.


- Do que ri? - Perguntou Danger quando ela deteve sua doce tortura.


- A passado por minha mente um mau trocadilho.


- E qual é?


- Que eu vivo para o perigo.


O coração de Danger pulsou ante suas melodramáticas palavras. Não a deveriam agradar, mas o fizeram. OH, se, havia algo realmente mal com ela. Ela estava de cabeça abaixo por esse homem e afundando-se mais a cada minuto.


- Como sabe sempre a coisa correta a dizer? - Perguntou ela.


- Não sabia que o fizesse.


- Aceita minha palavra, faz.


Ele fechou seus olhos quando ela passou as pontas dos seus dedos sobre seu membro. Ela amou lhe agradar. Mas quando observava o êxtase em seu rosto, o desejo se incrementava ainda mais.


Sem deixar de lhe acariciar, ela deslizou suas calças abaixo de suas pernas, logo atraiu seus lábios aos dela a fim de que ela o pudesse saborear.


Sua língua dançou com a dele enquanto ela afundava suas mãos em seu cabelo grosso, suave. Seu pênis duro roçou contra seu estômago nu enquanto ela tomava seu tempo explorando sua boca.


Delirante desse beijo, ela se tornou para trás muito ligeiramente.


- Amo a forma em que me toca. - respirou ela contra sua bochecha. - Amo a forma que cheira. A forma que olhas… preciso te sentir dentro de mim, Harry.


Harry inteiro estava em chamas quando ele a observou reclinar-se nua na cama. Suas coxas eram uma colcha aberta em um doce convite, lhe permitindo ver a parte mais tenra de seu corpo. Ele se recostou sobre ela para levar seu seio a sua boca a fim de que lhe pudesse atender o tenso mamilo rosado com sua língua. Seu corpo era o céu absoluto.


Fechando seus olhos para saboreá-la melhor, ele abaixou sua mão amavelmente até sua palpitante entrada. Ele explorou a carne branda entre suas coxas, separando-a a fim de que ele pudesse sentir simplesmente que tão molhada e pronta ela estava para ele. Era a sensação mais doce que ele alguma vez tinha conhecido.


O massageou enquanto lhe sussurrava palavras de ânimo em francês. E quando ele a penetrou profundamente com seu dedo, ela arqueou sua parte de atrás com um grito aprazível.


Incapaz de agüentar, ele afastou sua mão a fim de que pudesse entrar nela.


Danger gemeu ante a grossa plenitude do Harry dentro dela. Ele tomou as mãos dela nas suas e as abraçou sobre sua cabeça enquanto ele empurrava contra seus quadris. Ele se moveu dentro e fora, em um doce ritmo que a enchia de uma sorte absoluta. Saía-lhe ao encontro em cada investida, sumindo-se no agridoce prazer.


Rodeou-lhe com suas pernas a cintura enquanto sua paixão a afastava do presente e de todos seus medos sobre o futuro. Tinha passado tanto tempo desde que ela se sentisse assim com um homem. Houve uma conexão com ele. Uma amizade.


Mais que isso, havia amor.


Como desejava que pudesse conservar. Mas ao menos ela tinha este momento para recordar que era o que ela tinha perdido. Este único momento para pretender que poderiam ficar juntos.


Ele acelerou o ritmo, aumentando seu prazer até que ela não podia agüentar mais já. Gritando, ela sentiu o último êxtase.


Harry lhe observou quando se gozou por ele. Ele amava vê-la através dos estremecimentos do clímax. Mais ainda, ele amava a maneira em que seu corpo se sentia sob o seu. Ela era tão doce, tão tormentosa.


Ela atirou dele para baixo para lhe beijar enquanto ele a montava ainda mais rápido, procurando o pedaço de céu.


E quando ele gozou, ele gritou seu nome. Ele se deixou cair sobre ela enquanto seu corpo convulsionava e pulsava, derramando-se profundamente em seu interior.


Ela passou suas mãos sobre suas costas, lhe apertando firmemente contra seu corpo.


- Assim, tive uma boa idéia com isto ou que?


Ele riu ante a pergunta.


- Foi uma grande idéia.


Ela rebolou seus quadris contra os dele, lhe deixando sentir a umidade de seus jogos. Foi algo que ele saboreou. Eles não só tinham tido relações sexuais, faziam o amor. E tinha passado muito tempo da última vez que ele o havia sentido assim.


Danger mordeu seu ombro.


- Alguém te disse alguma vez que é incrível?


Ele riu.


- Bom, nunca o expressaram dessa maneira.


Abraçou-lhe perto dela, logo beijou sua bochecha.


- Pois o é, Harry, o melhor.


- Só sou tão bom como minha companheira.


Ofereceu-lhe um sorriso que fez que seu estômago se encolhesse. E o beijo que ela acompanhou a essas palavras voltou a pôr seu corpo inteiro em chamas.


- Segue assim e não te deixarei sair da cama em toda a noite.


Ela mordeu seu queixo.


- Acaso é tão mau?


- Não, seria o céu.


Harry amavelmente pegou seu peito, deleitando-se com a brandura de sua pele, antes que ele se apartasse. Quanto desejava poder amá-la da forma em que o merecia. Mas até se ele pudesse ser humano outra vez, não estava seguro de se poderia confiar no destino com ela a seu lado.


Ele estava tão cansado de lamentar o passado. Tão cansado de saber que para ele ali nunca poderia haver normalidade.


- Que acontece? - Perguntou ela, alisando seu cenho franzido com seus dedos.


- Nada.


Danger o devorou de volta. Ele não era honesto com ela, ela sabia. Seu estado de ânimo tinha mudado completamente. Havia uma tristeza tão profunda em seus olhos que a rasgava.


Ela observou como seus olhos se voltavam de um escuro verde esmeralda outra vez. Era estranho como trocavam de cor.


- Controla a cor de seus olhos?


Ele pareceu surpreender-se por sua pergunta. Possivelmente ele não se deu conta de que faziam isso.


- Huh?


- Trocam de cor constantemente. - explicou ela. - Igual a um desses anéis de estado de ânimo. Cada vez que estamos perto de outros Dark-Hunters e a noite que você chegou eram negros. Agora é um verde vibrante. Decide-se você ou faz que fazem isso deles ?


Ele apertou sua mão ligeiramente.


- O negro o controlo. O verde faz ao que quer.


- Ew! - Ela disse, enrugando seu nariz. - Isso é um pouco bruto.


Ele riu.


- Boa coisa que tenha um ego forte, huh?


Beijou-lhe no alto de seu nariz e lhe deixou deslizar-se entre suas coxas.


- Eu gosto do ferro fundido. Agora deixa que me levante a fim de que possamos começar nosso encontro.


Encontro. Uma palavra que Harry nunca tinha pensado ouvir em relação a si mesmo. Afastando-se, ele a deixou levantar-se para ir à ducha enquanto ele reconsiderava o estranho de tudo isto.


Ia ter um encontro? Ele tinha visto coisas assim em filmes e tinha lido a respeito delas em livros, mas estar realmente em um…


Completamente estranho.


Nada disto é real. Não te envolva mais com ela. Lamentará mais tarde. Só ficavam três dias mais até que ele tivesse que retornar.


E então nunca a voltaria a ver.


Danger apareceu sua cabeça pela porta do dormitório. Harry ainda permanecia tendido nu em sua cama. Ela tinha que admitir que ele se via incrível assim. Michelangelo faria seu agosto pintando esse divino corpo sagrado. Era absolutamente perfeito em proporção. Ela nunca tinha visto alguém com um melhor par de nádegas em um traseiro tão bonito. E nem que dizer de seus peitorais e ombros…


Ela já se estava acendendo outra vez.


Exceto que seguia vendo-se triste e desesperado.


- Ouça? Quer te unir a mim?


Ele pareceu interessado na sugestão.


- Seriamente?


Ela se pôs a rir.


- Não é como se não me tivesses visto já nua… muitas vezes.


Ele sorriu logo se deslizou da cama para unir-se o a ela. Antes que ela pudesse apartar-se de seu caminho, ele a levantou em braços e a levou a ducha.


Ela gritou quando lhe abriu à água, a qual estava muito fria.


- Sinto muito. - disse ele. A água se voltou quente tão rapidamente que ela sabia que ele tinha intervindo com a temperatura.


Seus poderes nunca deixavam de assombrá-la. Não o faça, Danger. Ela não podia permitir o luxo de sentir-se mais inclinada para ele do que já o estava.


Não obstante, por que não? Se ele estava no certo, e ela certamente assim acreditava já não lhe recordaria ao final da semana.


E esse fato a fazia chorar. Como podia esquecer ela algo que era tão importante para si? Esse só pensamento a aterrava.


Miúda sorte. Depois de todos estes séculos finalmente encontro à única pessoa que realmente quero para me encontrar é realmente impossível.


A sex n'est pas juste. Quantas vezes lhe havia dito isso sua mãe? E infelizmente, sua mãe tinha razão. A vida não era justa. Era cruel e triste, mas às vezes era divertida e milagrosa.


E esta noite era milagrosa. Ela se recusou a deixar a si mesmo ou alguém arruiná-la. Ela não poderia recordá-la, mas ele a recordaria e ela não queria que suas lembranças fossem o rosto de uma bebê chorosa. Ele merecia uma noite perfeita.


Todo mundo a merecia.


Harry recolheu a esponja e a ensaboou antes que ele voltasse para Danger. Seus olhos estavam fechados, seus braços levantados, enquanto dividia seu cabelo para que a água o esclarecesse. Para seu assombro, ele se notou a si mesmo começando a endurecer-se outra vez enquanto a observava. O que acontecia que esta mulher o punha duro todo o tempo?


Ela abriu seus olhos e o congelou com um olhar tenro que lhe deixou sem fôlego e dolorido. Ele a beijou antes que começasse a banhá-la.


Danger suspirou ante a sensação das mãos do Harry em seu corpo, ensaboando sua pele.


- Tem que haver alguma maneira de mudar isto. - Ela não se deu conta de que tinha falado em voz alta até que ele se endireitou.


- Não o há, Danger. Quando for, tudo terá terminado.


Ela quis amaldiçoar pela frustração.


- Não posso acreditar que não possamos fazer nada. Certamente há alguma forma em que possamos arrumar isto.


- Não sou real. Nem sequer sou já humano.


Ele continuava dizendo isso, mas tudo a respeito dele refutava essas palavras. Como poderia alguém deixar a melhor coisa que tinha encontrado alguma vez simplesmente por que… bom, abundavam os por que - nesta relação. Ainda, o amor podia conquistar tudo, verdade?


Mas ela sabia melhor. O amor não poderia conquistar à morte. Nunca.


Suspirando, ela não disse nada mesmo depois de que se banharam e vestiram.


Depois de que estiveram preparados, Harry abriu a porta do quarto para encontrar a Xirena ali.


Permanecendo no corredor, ela inclinou sua cabeça olhando como um falcão que divisou sua presa.


- Estive pensando muito nisto. Sei que te importa minha irmã e eu quero ficar com ela. Mas não quero me colocar nas mãos do deus maldito por isso. Sua mãe é cruel e viciosa, e não importa o que me diga, não confio em que seu filho seja melhor. Mas se não me unir, a cadela pode me reclamar e fazer com que volte para o Kalosis e sirva a ela. Meu irmão tinha estado ali e se foi a quem sabe onde, e minha irmã foi despachada faz incontáveis séculos.


Seus olhos estavam preocupados e tristes, e mostravam a profundidade de seu coração.


- Só quero estar com minha família, Harry. Deixará que vincule a você a fim de que Xirena não possa ser forçada a voltar para o Kalosis?


Harry mudou um olhar horrorizado com o Danger quando as palavras da Xirena impactaram em sua cabeça. Essa era uma petição infernal a que o fazia.


Vincular-se com um demônio era irreversível. Ao menos quanto ao que ele sabia. Xirena formaria parte dele do mesmo modo que Simi era parte do Acheron. Ela vivia sobre seu corpo e seria sua para lhe ordenar.


Ele podia fazer isso?


- Não sou humano ou um deus. - disse a ela. - Realmente não tenho um corpo ao que possa te aderir.


- Nós aderimos o ousia. Não a carne.


Ele voltou o olhar atrás para Danger. Se ele aceitava a oferta da Xirena, ele teria a uma entidade mais que a poderia proteger em todo momento. Não importaria quando ou onde Stryker atacasse, Xirena estaria com ele.


Mas ele não poderia aproveitar do demônio para sua tranqüilidade de espírito. Isso era egoísta e cruel, e não havia maneira de que ele quisesse isso para outro ser vivo.


- Está segura de que é o que quer fazer?


Xirena assentiu com a cabeça.


- Estou. Por favor, não me faça retornar ali. A cadela me matará e eu só quero ficar com minha irmã. Por favor.


- Ash se zangará? - Perguntou Danger.


Xirena assobiou como um gato.


- Não me importa o ponto de vista do deus maldito. Ele não me controla.


Realmente, Harry não sabia como reagiria Acheron, mas ele não podia imaginar-lhe mais zangado por isso, especialmente não se isto fazia feliz ao Simi.


Em uma forma estranha, tinha total sentido. Último ele queria era ver Xirena levada de volta ao Kalosis onde ela poderia ser castigada por lhe ajudar. Ele não sabia muito a respeito da mãe do Acheron, além do fato de que ela não era conhecida por sua compreensão ou sua compaixão. Harry já tinha tido ao Simi para nove mil anos – ao menos esta era um adulto.


- Suponho que está bem. - disse ele.


Danger estremeceu. Ele ia se vincular com um demônio? Ela não sabia o que era isso, mas não soava bem.


- Vão casar-se?


Ele riu.


- Não.


Ainda não muito convencida, ela observou como o corpo da Xirena se convertia em uma sombra bizarra que se encolheu em tamanho até não ser maior que a metade de um pé. Ela tomou a forma de um dragão.


Harry levantou sua camisa e ela se colocou a si mesmo através de suas costelas para formar uma tatuagem brilhantemente colorida ali.


Completamente atordoada, Danger se aproximou para tocar a tatuagem do demônio.


- Tem feito mal?


- Queima um pouquinho. - disse ele enquanto olhava para baixo ao demônio em sua pele.


- O que tem feito?


- Não estou exatamente seguro como o fazem, mas ela é agora uma parte de mim. Ela pode sentir minhas emoções. Se ela sentir que estou correndo perigo, ela recuperará sua forma de demônio e me protegerá.


Wow, isso era impressionante… e horripilante.


- Pode nos ouvir?


- Não. - reconfortou-a ele. - Eu posso ouvir seus pensamentos em troca, e se o permito, ela pode ouvir os meus.


- Isso é muito estranho.


- Sei. Aparentemente, os antigos deuses Atlantes estiveram acostumados a escolher a um demônio que favoreciam por cima de todos os outros para converter-se em seus companheiros.


- Assim Simi é a do Ash?


- Sim.


Seu rosto se iluminou quando finalmente entendeu algo.


- Assim era como a tatuagem do Ash trocava de forma e de posições? Não é realmente uma tatuagem. É seu demônio.


Ele assentiu


- Bom, isso é totalmente incrível. E que acontece se morre? Isso mata ao outro?


Ele perdeu momentaneamente a cor de seu rosto.


- Agora isso é algo sobre o que nunca pensei. Esperemos que nunca nos inteiremos.


- Yeah, simplesmente poderia ser ruim, huh?


Antes que Harry pudesse responder, Xirena começou a engatinhar acima de seu peito, para seu ombro. Ele saltou como se lhe queimasse e causasse nele um estremecimento.


- Xirena, deixa de te mover!


- Sinto muito, akri.


- Não me chame akri, Xirena. Não sou um elemento de controle.


- É uma boa pessoa de qualidade, Harry. Xirena dormirá agora.


- Estais falando? - Perguntou Danger.


- Só durante um segundo. Ela vai dormir por algum momento. - Ele se esfregou o peito onde Xirena agora descansava como parte permanente de seu ser. - Agora entendo por que Acheron salta de vez em quando sem razão. Simi deve avançar por ele sacudindo-o.


Danger riu.


- Espero que não comece a fazer isso. As pessoas por aqui poderiam pensar que está tendo um ataque. A próxima coisa que saberia, é que lhe atiraram ao chão e estão te colocando uma vara na boca.


- De verdade?


Ela riu outra vez.


- Não. Vamos ingênuo. Vamos comer.


 


- Por que não está comendo esta vez? - Perguntou Danger quando se sentaram em um pequeno restaurante familiar italiano rua abaixo de sua casa, olhando sobre o cardápio.


- Disse-lhe isso, não posso saborear nada.


Dedicou-lhe um rápido olhar.


- Vamos, Harry, não me minta. Com exceção das pipocas de milho, você não comeu nada desde que está aqui, verdade?


Ele afastou a vista dela.


Danger se inclinou através da mesa e tomou sua mão. Ela queria uma resposta.


- Por favor, me diga a verdade.


Harry considerou as repercussões de ser honesto com ela. Mas, se ela não ia recordar o, por que não? Ela já sabia mais do que deveria.


Mas e se isso a desgostava?


Não obstante, isso possivelmente fosse benéfico. Ela encontraria a verdade tão repelente que lhe deixaria só, e já não estaria correndo perigo.


Ele não sabia, mas ao final, ele se encontrou confiando nela.


- Estudaste alguma vez todos os mitos gregos?


- Um pouco.


Bom, isso o faria um pouco mais fácil para ele.


- Recorda quando os heróis tinham que viajar através do inframundo para poder falar com as Sombras?


Ela pensou nisto durante uns minutos antes de responder.


- Eles faziam um sacrifício de sangue.


Ele preparou a si mesmo mentalmente para sua possível reação.


- E que fazia a Sombra com seu sacrifício?


Seu rosto se voltou pálido quando ela se deu conta da realidade dele.


- Este bebia seu sangue a fim de que pudesse falar.


Ele assentiu com a cabeça.


Danger se sentava ali horrorizada ante o que lhe havia dito.


- Vive de sangue?


Outra vez ele assentiu com a cabeça.


Ela se congelou quando o seguinte pensamento se introduziu em sua mente. Havia uma só pessoa de quem ele poderia alimentar-se. Só uma pessoa que tinha perto.


- Bebe o sangue do Ash? .


- Sim.


- Ew! - disse ela, inclinando seu respaldo da cadeira. Ela tinha uma imagem horrível em sua cabeça dos dois alimentando um ao outro. - Assim é que morde o pescoço do Ash?


- Diabos, não! - disse ele em um tom ofendido. - A, nunca em um milhão de anos, nem que estivesse morto e fosse torturado, e B, te aproxime do pescoço desse homem e melhor será que tenha uma boa desculpa. Ele não suporta que nada lhe toque o pescoço.


- Então como te alimenta?


- Ele literalmente se abre uma veia, deixa jorrar seu sangue em uma taça, e me dá para beber isso. Sei que é asqueroso. Sei que está horrorizada. Mas se não me alimento, retorno ao que fui e não sei se for verdade ou não, mas Artemis clama que se voltar a ser uma Sombra, não há maneira de que me tragam outra vez.


Ela pensou a respeito disso até que recordou algo que lhe havia dito a ontem.


- Mas você disse que foi diferente de outras sombras. Elas também bebem sangue?


- Não. Acheron os traz de volta de qualquer outro modo.


- E isso seria?


- Não sei. Acheron nunca compartilhou esse segredo comigo, provavelmente porque ele sabe que quereria lhe matar para a injustiça disso.


Ela não poderia culpar ao Harry disso. Ash realmente lhe tinha estragado.


- E como é que aprendeu essa forma?


Ele suspirou.


- Aproximadamente uns trezentos anos depois de que ele me trouxesse de volta, ele conheceu um… – ele vacilou como procurando a palavra correta – Professor que lhe ensinou como usar seus poderes de deus. Savitar é o que ensinou ao Acheron como trazer de volta aos mortos sem ter que usar seu sangue para isso. Mas era muito tarde para mim. Porque vivo a base de seu sangue, ele e eu somos como duas espécies de vampiros dos clássicos de Hollywood.


Agora voltavam outra vez ao mesmo lugar.


- Assim é que ele tem que alimentar-se de ti também?


- Não. Bom, realmente suponho que em teoria, ele o poderia fazer. Mas acredito que ele morreria antes de alimentar-se de um homem.


OH, claro, como que a alternativa era muito melhor.


- Assim é que ele se alimenta de mulheres? Stryker estava no certo, ele é um Daimon.


- Acalme-te. - disse-lhe Harry, tomando sua mão nas suas. - Ele não é um Daimon ou um Apolita. E ele não caça humanos. Ele só se alimenta de uma pessoa e ela não é nem sequer humana.


E nesse instante ela entendeu quem era.


- Ártemis.


Ele assentiu.


Tudo tinha sentido agora. Não era de se admirar que Acheron agüentasse tudo aquilo. Ele em realidade não tinha alternativa.


- Assim que nenhum de vós pode comer?


- Podemos comer. Só que não temos. Não como costume. Desde que não posso saborear a comida, é bastante inútil.


- Então por que estamos aqui?


- Porque você precisa comer para prover de combustível seu corpo, e quero que vivas uma imortalidade longa e feliz.


 


- Chamou-me, akri?


Stryker se voltou desde sua janela, em que se via o exterior da cidade no Kalosis onde a luz do dia nunca tinha brilhado. As luzes ali cintilavam como diamantes na escuridão, enquanto sua gente vivia com o temor aos deuses que os haviam maldito e a um deus que os tinha salvado.


Sendo um dos primeiros em ser maldito, ele, a diferença da maior parte de outros aqui, sabia que tinha havido uma vez no que havia sentido a luz e o calor do sol em sua pele. Ele recordava o tempo quando ele tinha amado a seu pai, Apollo, quando ele tivesse dado sua vida por ele.


E logo em um arranque de fúria sobre uma puta grega, seu pai tinha amaldiçoado toda a raça que ele tinha criado. Cada adulto Apolita, cada menino Apolita… incluso o próprio filho do Apollo e cada neto tinham sido malditos a fim de que nunca pudessem voltar a caminhar à luz do dia outra vez.


A esposa do Stryker, quem tinha sido grega, tinha sido sacada da maldição. Mas seus filhos e sua filha não o foram.


Estranho que depois de onze mil anos ele não poderia recordar a voz da Dyana, mas ele ainda recordava o rosto precioso de sua filha. Ela tinha sido preciosa até que o dia que ela tinha morrido em seus vinte e sete aniversários, amaldiçoando o nome de seu avô quando ela se desintegrou em pó. Para sua eterna dor, ela se tinha negado a converter-se no Daimon e salvar-se.


Seus filhos não o tinham feito. Tinham seguido seus passos e tinham rendido comemoração ao Apollymi, a deusa Atlante que lhes tinha mostrado como alimentar-se de almas humanas a fim de que não tivessem que morrer. Durante séculos sua família tinha estado virtualmente intacta.


Até que sua tia Artemis tinha criado seus condenados Dark-Hunters.


Um por um, seus filhos, sobrinhos dela, tinham sido destruídos pelos Dark-Hunters que ela tinha criado.


Exceto Pelo Urian.


A dor desse pensamento era suficiente para lhe voltar louco. Ele queria que seu filho voltasse com uma necessidade e uma pena tão forte que era paralisante.


Agora só ficava ele. Ele, só, isolado. Assim como muitos de seus sonhos de eternidade partiram com sua família.


Mas a vida estranha vez transcorria da forma que alguém planejava.


- Akri? - Trate disse outra vez, atraindo de volta a atenção do Stryker de volta a seu segundo do bordo.


Stryker dirigiu seu olhar fixo ao alto Daimon.


- Quero que reúna aos Iluminati. Eles são o mais forte e mais valente guerreiros do Spathi Daimons. Lhes diga que vão ter um presente.


Trate se viu confundido por isso.


- Um Presente?


Ele assentiu com a cabeça.


- Se conhecer o Harry, e o faço, ele juntará a todos os Dark-Hunters para lhes entregar seu ultimato antes que ele morra. Acredito que deveríamos ter uma pequena surpresa esperando quando ele o faça.


- Mas se estiverem todos os Dark-Hunters juntos… matarão-nos.


Stryker riu malvadamente enquanto aplaudia a Trate no ombro. O pobre tolo não era a metade de estrategista do que tinha sido Urian.


- Esquece, Trate que quando estão juntos, os Dark-Hunters se debilitam uns aos outros. Nessa forma, serão fáceis de apanhar.


Ainda Trate não se uniu a suas risadas.


- O que acontece se o Harry não se mata? Ele tem o poder de nos matar até sem os serventes da Artemis.


Stryker apertou com força a mão no ombro de Trate, enterrando seus dedos na carne do Daimon.


Trate se afastou com um vaio.


- Não acredita que já tinha pensado nisso? - Perguntou-lhe a Trate quem se esfregava seu ombro arroxeado. - Harry tem uma debilidade importante.


- E qual é?


- A Guerreira escura com a que viaja. Ela é nossa chave para lhe destruir.


Ele se viu horrorizado.


- Ela é uma Dark-Hunter, chutará nossos traseiros.


- Acredito que não.


- E isso por quê?


Stryker foi a seu escritório onde havia uma caixa de madeira negra. Ele abriu a caixa e arrancou o medalhão de pedra de profundo vermelho, logo o pôs no vazio de sua palma.


- Porque tenho algo que acredito que ela quererá de volta.


Os olhos do Daimon se ampliaram ante a vista do que nunca deveria ter estado nas mãos do Stryker.


-Como obteve sua alma?


- Tenho minhas formas. - Stryker riu outra vez. - Se ela interferir ou se o Harry se recusar a fazer o correto, então ambos sofrerão um tortura eterna.


 


 


Capitulo 20


 


Essa foi uma das noites mais incríveis da longa vida do Harry – mas então todo seu tempo com Danger era especial.


Mesmo assim, ele nunca tinha visto nada igual. Estar sentado em meio de pessoas como se ele não fosse distinto a eles… não havia palavras que pudessem descrever esse milagre. Ele tinha os ouvido rir do filme, aspirar profundamente em partes tensas, e mesmo falar ao redor dele. A diferença dos outros cinemas, a conversação não lhe tinha incomodado no mais mínimo.


Pela primeira vez, ele tinha sido um deles.


Não é estranho que Acheron saísse a procurar isto. Agora ele o entendia completamente.


Diabos gostava mesmo pôr os pés sobre o chão da sala. Mas a melhor parte foi quando Danger levantou o braço a fim de que pudesse compartilhar seu saco de pipocas de milho. Ela tinha apoiado sua cabeça contra seu peito e ali na escuridão se haviam aconchegado.


- Assim que isto é o que se sente sendo normal, huh? - Perguntou ele quando deixaram à sala em meio da gente.


- Sim. Agradável, verdade?


Harry assentiu enquanto observava os grupos de jovens adultos e adolescentes sair todos juntos. Ele passou seu braço sobre os ombros de Danger. Um toque de magnólias encheu sua cabeça – ele adorava o perfume desta mulher.


- Vê muitos filmes no cinema? - Perguntou a ela.


Ela passou seu braço ao redor de sua cintura quando deixavam o edifício. Havia algo de incrivelmente íntimo nisto.


- Não muitos. Passo a maioria das noites em casa quando não estou chutando Daimons.


Ele não podia entender tal forçada solidão quando ela, a diferença dele, tinha opções na matéria.


- Por que?


- Sinto-me sozinha para sair. - Ela indicou a um casal ao lado do edifício que se beijava no estacionamento. - Isso me recorda o que não tenho e o que não terei depois de que vá.


Harry a deteve e a abraçou perto. Ele embalou seu corpo com o dele e fechou seus olhos, desejando que as vidas de ambos fossem diferentes.


- Se pudesse, daria o que quer.


- Obrigado. Aprecio.


Levantou-lhe o queixo a fim de que lhe tivesse à vista.


- Sempre estarei contigo, Danger.


Danger podia ver a sinceridade de suas palavras em seus olhos. Isso queria dizer muito para ela. Mas não era suficiente.


- Mas eu não saberei verdade? - Seus olhos se escureceram com remorso, lhe fazendo a ela lamentar suas palavras. Último ela queria fazer era lhe machucar. - Está bem, Harry. Não tinha a intenção de me vir abaixo neste momento. Só agradeço que tenhamos esta noite.


- Eu também. - Deu a ela um apertão antes de tomar sua mão e conduzi-la para seu carro.


Não falaram muito quando se dirigiram a casa. Era uma noite corrente, tranqüila. Quando passaram por diante da diminuta casa Branca onde nasceu Elvis Presley, Danger lhe olhou.


- Sabe quem foi Elvis?


Harry sorriu.


- O rei de rock and roll, pequena. É obvio que lhe conheço. Simi lhe adora.


Ela riu.


- Um dia tenho que conhecer essa Simi. - Ela indicou a casa com uma inclinação de sua cabeça. - Ele nasceu ali mesmo, e eu passei de carro por diante desta casa uma dúzia de vezes quando ele logo que tinha algumas semanas de idade, sem me dar nunca conta de que o infante de dentro teria tanto impacto na cultura americana.


- Sim. Isso é o mais estranho dos dons do Acheron. Ele tinha sabido exatamente o que esperava ao menino.


O que ela não daria por essa habilidade. Deveria ser o melhor, ver o que ocorrerá no futuro.


- Pode chamar?


- Não sem o sfora. Acheron não me deixa canalizar poderes que ele pensa que não posso dirigir.


Danger franziu o cenho.


- Por que não acredita que possa dirigir?


- Porque há vezes incluso nas que ele não pode.


- Como?


Harry expeliu um comprido fôlego e guardou silêncio alguns segundos antes que ele respondesse.


- É duro saber que a má fortuna está a ponto de golpear a alguém e não poder intervir para poder fazer que seja melhor.


- Então por que não intervém?


- Porque as pessoas aprendem de seus enganos, Danger. A dor e o fracasso são uma parte natural da vida. É igual a uns pais que vêem que seus filhos caem quando estão começando a andar. Em lugar de mimar ao menino, põe-lhe outra vez de pé e lhes deixa tentar outra vez. Têm que tropeçar antes que podem correr.


Ela sacudiu sua cabeça em uma negativa. Parecia-lhe cruel.


- Não sei disso. Mas me parece cruel. A maioria da gente acaba algo mais ferida que simplesmente um joelho esfolado.


- A vida é dura algumas vezes.


Certo. Ela sabia isso melhor que alguém. Seu coração se encolheu com força como ela viu as caras de sua família.


Tinham estado de caminho para a Alemanha quando a guarnição de seu marido lhes tinha alcançado.


Danger fechou seus olhos enquanto via aquele dia tão claramente em sua mente.


- Não, Michel! Ele é meu pai.


Não tinha havido misericórdia em seu rosto, nenhuma compaixão em seus olhos azuis acerados.


- Ele é um aristocrata. Morte a todos eles.


- Então me mate também. Não te deixarei que os agarre enquanto eu respire.


E assim tinha disparado a ela… diretamente ao coração que lhe tinha amado tão carinhosamente.


- Puta aristocrata. - tinha grunhido ele quando ela agonizava enquanto seu pai a sujeitava. - Morte a todos vocês.


O último som que ela tinha ouvido tinha sido o disparo que tomou a vida de seu pai.


A cólera e a dor se incharam dentro dela quando essas velhas lembranças se mesclaram com a fúria sobre o que tinha ocorrido ao Harry. Ela ainda não poderia acreditar que ela tivesse aprendido a confiar em outro homem. Mas agora que o tinha feito, ela não queria deixar ir.


- Você em realidade acredita que é necessário que nos rasgue o coração?


Sua resposta foi automática.


- Uma Flor não pode crescer sem chuva.


- Se chover muito, afogar-se-á.


- E ainda assim o mais belo da flor de lótus. É que crescem no mais profundo do barro.


Ela bufou ante suas palavras.


- Não vai me deixar ganhar esta vez, verdade?


- Não há nada que ganhar, Danger. Como John Lennon disse uma vez, 'a vida é o que acontece enquanto você faz outros planos.' É desordenada e desconsoladora, mas ao mesmo tempo, é um emocionante passeio.


Ela negou com a cabeça.


- Assombra-me o muito que sabe sobre nossa cultura e ícones.


Ele se encolheu de ombros.


- Tenho muito tempo em minhas mãos.


Danger o sentiu por ele. Havia vezes quando sua vida era monótona - ela só podia supor mais devia ser para ele. Mas desde que era óbvio que os dois tinham diferentes pontos de vista a respeito do que a humanidade necessitava, ela retornou a seu tema original.


- Sabe, sempre quis entrar e ver o museu do lugar no que nasceu Elvis.


- Por que não o tem feito?


- Fecham antes que anoiteça. Mas eles têm um festival do Elvis em junho. Esse é muito divertido e há usualmente um Daimon ou dois entre a gente.


Ele riu.


- A forma em que o diz faz que me pergunte qual é a parte de trabalho e qual a de prazer.


Ela sorriu.


- Eu gosto de ser uma super heroína. Não muitas pessoas são o suficientemente afortunadas para ajudar a outros.


- Muito certo.


Quando conduzia, Danger teve um pressentimento.


- Estamos sendo observados outra vez?


Harry negou com a cabeça.


- Não sei por que, mas Stryker parece haver-se interrompido.


Ainda, seus poderes precognitivos a mantinham alerta, dizendo a ela que algo estranho ia acontecer.


Não foi até que chegaram a sua casa que ela entendeu o porquê. Em seu caminho de acesso, lhes esperando, estava um Aston Martin Vanquish negro.


Esse era um carro que ela nunca tinha visto em seu rincão do bosque antes.


- Que diabos está fazendo a Víbora aqui? - Perguntou ela.


Harry franziu o cenho. A víbora era um Dark Hunter atribuído ao Memphis, Tennessee – a duas horas de Entope.


- Essa é uma boa pergunta.


Quando Danger chegou e estacionou ao lado do Aston Martin, um homem alto, bonito, de cabelo negro saiu do carro. Incluso embora eles se ocultassem da luz do sol, a Víbora ainda tinha uma cútis azeitonada que se via bastante bem bronzeada – algo que ele havia herdado de sua mãe árabe.


Um dos originais. Treze Gloriosos que tinha ido com o Pizarro à cidade inca do Tumbez, ele tinha vindo a América quase quinhentos anos atrás em busca de ouro e a fama. Os incas tinham escrito de Víbora e sua festa. Esses homens eram tão valentes que eles não temiam às coisas perigosas… os estranhos viajavam cruzando o mar em grandes casas de madeira.


Até esse dia, a Víbora não temia a nada.


Danger não poderia supor o que havia trazido ele até sua casa. Só lhe tinha encontrado uma vez em pessoa, mas tinha falado com ele on-line e por telefone algumas vezes.


Ao igual à maioria dos Dark-Hunters, o espanhol estava vestido completamente de negro. Ele teve posto um par de calças frouxas de pregas negras e uma camisa canção muito rodeada. Seu cabelo era curto e na moda. Enquanto ele esperava a que eles deixassem o carro, ele os tirou os óculos escuros e as lançou em seu assento.


- Lá, Víbora. - disse ela em espanhol quando deixaram o carro. - Como vai?


Não respondeu a ela. Em lugar disso, ele foi diretamente para o Harry. Sem falar, ele enterrou seu punho no estômago do Harry, depois nas costas.


- Alto! - Gritou Danger correndo para eles.


Harry se endireitou com um olhar que ameaçava a vida de Víbora. Por um instante, uma metade dela esperava que ele matasse-se ao espanhol.


Felizmente, manteve seu temperamento sob controle.


Mas quando Víbora se moveu para lhe pegar ao Harry outra vez, ele foi arrojado para trás por nada absolutamente. Xirena saiu de debaixo da manga do Harry em sua forma de sombra como se estivesse pronta para matar.


- Não, Xirena. - a dominou Harry. - Está bem.


A demônio resplandeceu ante Víbora, quem se benzeu.


- Que é você? - Perguntou ele em tom ameaçador.


- Ela é um demônio. - explicou Danger. - E que diabos passa contigo? Por que lhe atacaste?


A Víbora se voltou contra ela com um olhar furioso.


- Ele matou a Euphemia esta noite.


Danger se cobriu a boca ante a menção da guerreira grega que estava situada no Memphis com Víbora. Euphemia era uma bela mulher loira quem tinha um malicioso e cru humor.


- Efie está morta? - Perguntou Harry. - Quando?


O olhar fixo cheio de ódio de víbora se estreitou nele.


- Não jogue o estúpido comigo. Stryker me contou tudo a respeito de você. - Ele se voltou contra ela quase ensinando os dentes. - E você lhe ajuda.


- Sim, estou lhe ajudando por que ele não é o aniquilador de ninguém. É Stryker.


Mas Víbora não a escutava. Ele voltou a tentar alcançar ao Harry, mas Xirena foi detrás dele com um vaio.


- Xirena, retorna para mim.


O demônio agora assobiou ao Harry. Ela parecia menos que agradada antes que ela retornasse a obscurecer sua forma e se metesse de novo sob suas roupas.


Danger franziu sua frente. Este era um talento interessante.


- Sabe que não a matei. - disse-lhe Harry em uma voz acalmada. - Está molesto e quer culpar a alguém a respeito. Mas você sabe que Danger nunca formaria parte em algo que envolvesse machucar a outro Dark-Hunter.


Ela viu a angústia nos olhos de Víbora. A pena. Ele tinha conhecido a Euphemia durante bastante tempo e isto obviamente lhe matava emocionalmente.


- Cortaram-lhe totalmente a cabeça.


Danger o atraiu a seus braços para lhe oferecer conforto.


- Sinto muito, Víbora. De verdade.


Seus braços estavam tensos ao redor dela quando sua dor a alcançou trazendo lágrimas aos olhos dela.


- Como puderam lhe fazer isso?


Danger não o entendia. Ela nunca o entenderia.


- Não sei.


Harry se moveu para uma distância suficiente.


- Acredita em realidade que somos responsáveis, Víbora? Honestamente?


Ela poderia ver a indecisão em seu rosto quando ele se afastou. Dedicou um olhar venenoso a ela.


-Danger, me diga a verdade. Tiveste algo que ver nisto?


Ela sabia que ele conhecia a resposta a isso. Mas ela poderia entender e respeitava sua necessidade de confirmação. Sem dúvida ele se sentiu o suficientemente traído.


- Quando morreu Efie?


- Faz três horas.


Danger colocou a mão em seu bolso da jaqueta e tirou seu recibo do restaurante e as entradas do filme. - Como pode ver, estivemos todo o tempo na cidade. Não há maneira de pudéssemos ter estado no Memphis.


Ele olhou os ingressos e assentiu com a cabeça.


- Então Stryker nos mentiu. Por quê?


- Ele é um Daimon. - disse ela simplesmente. - Ele quer a todos mortos.


Víbora negou com a cabeça.


- Conheci ao Kyros por séculos. Confiei nele.


- Kyros não pensa com a cabeça agora mesmo. - disse Danger. - Mas temos que manter todos nossas cabeças sobre os ombros ou as perderemos.


Ele assentiu.


- Não acreditei neles quando iniciaram seu sentido. Ash me ajudou muito nos últimos anos. Freqüentemente não julgo mal a alguém.


- E não o tem feito? - Harry disse.


As lágrimas iluminaram os olhos de Víbora enquanto um músculo palpitava em sua magra mandíbula.


- Efie não mereceu o que ela obteve. Homem era um desperdício de boa mulher. - Seu olhar fixo angustiado retornou ao dela. - Quero aos responsáveis. Quero sentir seu sangue em minhas mãos.


- Obteremos a eles. - reconfortou-lhe Danger.


A Víbora olhou ao Harry.


- Perdão pelo ataque.


Harry se desentendeu do assunto.


- Compreende-se, dadas às circunstâncias atuais, e está perdoado.


Danger lhe sorriu. Isso era em parte por que lhe amava tanto. Ele entendia às pessoas de uma maneira que poucos o faziam.


Víbora aspirou profundamente enquanto olhava ao Harry.


- Só tenho uma pergunta. Se você não for o destruidor do Ash, por que está aqui?


A resposta do Harry foi seca e sarcástica.


- Para fazer amigos e influenciar as pessoas.


A Víbora franzida o cenho enquanto Danger ria.


- O de influenciar às pessoas é certo. - Harry disse estoicamente. - Mas em realidade me dão igual os amigos. O que me importa são os Dark-Hunters. Kyros e Stryker têm razão.


Danger se esclareceu garganta, lhe interrompendo quando ela reconheceu o discurso dos prévios encontros com os Dark Hunters e aonde isto levava: Ao desastre.


Harry possivelmente entendesse as emoções e as ações das pessoas, mas não sabia como falar com eles. - Não tivemos uma discussão a respeito dos ou a não ser, faz um momento? - Perguntou-lhe ela.


Deu a ela um olhar fixo ressentido.


- Muito bem, então o que sugere que diga?


Deu-lhe uns tapinhas no estômago a modo de brincadeira.


- Observa e aprende. - Ela se voltou para Víbora. - Quanto tempo faz que conhece o Ash?


- Igual a você, da noite que fui feito um Dark-Hunter.


Ela assentiu.


- Bem, e o que te disse Ash a noite que o conheceu?


Víbora permaneceu em silencio por um minuto enquanto voltava a viver o acontecimento em sua cabeça.


- Basicamente, ele disse que estava ali para me mostrar como sobreviver.


- Correto. E se ele te disse isso então, por que teria que mandar a alguém para que te matasse agora?


Ela viu a verdade nos olhos de Víbora quando ele se deu conta disso.


- Ele não o faria.


- Não, não a faria. - Ela segurou seu braço com compaixão. - Não se sinta mal. Eu também tinha esquecido essa parte, mas é o que Ash solta a cada Dark-Hunter a primeira vez que nos conhecemos. Logo ele passa as seguintes poucas semanas nos ensinando como brigar e como sobreviver. Mais que isso, obtemos todo o dinheiro que podemos gastar grandes casas, e serventes. Se só formos seus dispensáveis peões, em seu exército, por que se toma a moléstia de cuidar de nós?


Víbora riu misteriosamente disso.


- Tem razão. Dava minha lealdade, sangue, e suor à armada espanhola e lhes importava um nada o que comia ou onde dormia. E meu pagamento é ruim.


Ela assentiu.


- Os únicos Dark-Hunters que alguma vez matei são os que fizeram presa de humanos. - disse Harry enfaticamente. - Essa é a única coisa pela que Acheron não passará. E essa é a razão pela que fui enviado. Se estiver disposto a deixar só aos humanos e o passado no passado, assim como Acheron quer. Pode ir a casa na paz. Mas se você pensar que lhe minta e que pode fazer o que quiser fazer aos humanos sem medo de retribuição, então te irás a casa em pedaços.


Danger viu que os olhos de Víbora brilham intermitentemente ante a ameaça. Ela a metade esperava que atacasse ao Harry outra vez.


Para seu alívio, ele não fez.


Depois de alguns segundos tensos, Víbora deu meia volta.


- Kyros está reunindo aos Dark-Hunters da zona depois de amanhã. Ele diz que tem algo que nos mostrar a respeito do Acheron que provará sua culpabilidade por cima de todo o resto… - ele olhou ao Harry. - Não estarei ali.


Danger sorriu.


- Bom homem.


- Quanto a maioria das noites... - Víbora inclinou sua cabeça ante eles a modo de despedida. - Melhor vou. Nós estamos curtos agora do DH no Memphis, e Danger reduz drasticamente a mierda meus poderes. Sem mencionar, que a última coisa que preciso é me fritar ao amanhecer.


Ela assentiu.


- Vá com Deus, Sebastian. - ela disse o verdadeiro nome de Víbora.


- Adeus francesa. - Ele olhou ao Harry. - E você, estranho.


Harry riu.


- Adeus, meu amigo.


Danger observou como Víbora voltava para seu carro. Quando ele se foi no carro, uma tristeza profunda a reclamou.


Euphemia estava morta.


O pensar lhe causava uma profunda dor.


- Quantos mais Dark-Hunters vão eles a matar?


Harry caminhou para ela e a manteve perto.


- Tudo sairá bem.


- De verdade? - Ela se agarrou a ele quando a pena e as lembranças de seus camaradas passavam através dela. - O que me incomoda mais é que chegaram a ela no Memphis. Como pôde atacar Stryker ali e estar aqui.


 Bolt-hold. - disse Harry, interrompendo-a. - Ele os pode dominá-lo no lugar e o momento que deseje. Um minuto ele pode estar aqui em você casa e ao seguinte, em Moscou.


- Como lhe detemos então?


Ele a olhou com duro olhar.


- Você não o fará. Esse é meu trabalho.


- E se enguiços?


- Não é uma opção. Agarrar-lhe-emos. Prometo.


E ainda mesmo quando ele dizia essas palavras, Danger teve uma horrível premonição de que não seria assim. Ela sentiu algo frio e sinistro em seu mais profundo interior


O bem nem sempre ganhava. Ela sabia isso melhor que alguém.


 


Ash se passeava acima e abaixo por sua sala do trono desassossegado. Suas emoções turbulentas, ele tentou bloquear a visão das imagens que lhe enfeitiçavam.


- Não interferirei. - Este era um mantra que ele tinha estado cantando todo o dia, e ainda, como não o faria?


Vista-las e o bem-estar das pessoas por quem ele se preocupava pendiam na balança.


Ele estendeu sua mão e os monitores a sua esquerda transmitiram imagens de sua vida humana. O horror disso tudo. A humilhação. A dor e o terror. E tudo porque duas mulheres tinham tratado de lhe salvar.


Ele não faria isso a Las. Não interferiria com o destino ou o livre-arbítrio humano.


Isso era desastroso.


- Acheron?


Os monitores ficaram em branco e ele se congelou quando ele ouviu uma voz em sua cabeça que ele não esperava.


- Savitar?


- A quantas pessoas tem nessa cabeça que tem que me fazer essa pergunta?


Ele riu do seco humor do homem. Savitar sabia mesmo melhor que ninguém quantas vozes ouvia Acheron em qualquer momento dado.


Uma estranha névoa azul vaiou diante dele. Dois segundos mais tarde, transformou-se em um homem que era quase de sua altura. Só Savitar se atreveria a meter-se em seus domínios sem um convite… bom, ele e Artemis, mas Artemis era um pesadelo a parte.


Fisicamente tinha a aparência de um homem ao redor dos trinta, Savitar, permaneceu ante ele com um sardônico sorriso e os braços cruzados no peito. Vestido com um par de calças brancas da praia e uma camisa azul de manga curta que se triagem posta sobre uma camisa canção branca, ele não se parecia em nada ao que em realidade era. Nada como ser o que mantinha a sabedoria das idades e bastante poder para dar ao Ash uma boa saída para seu dinheiro. Não obstante, Savitar realmente podia ser ainda mais poderoso.


Havia uma única maneira se soubesse com segurança, mas a Ash lhe respeitava muito para descobrir.


Firme e musculoso, Savitar não tinha mudado muito desde o dia em que se cruzaram seus caminhos - exceto por seu guarda-roupa, mas o do Ash tinha mudado bastante mais.


Coloridas tatuagens cobriam os antebraços do Savitar. Seu ondulado cabelo negro pendurava justo passado suas orelhas, e ele o trazia em um estilo casual, fácil. Seus olhos eram uma vibrante sombra lavanda. Esses olhos eram eternos, poderosos, e mesmo um pouco corruptos.


Não, eram bastante corruptos.


Ash nunca estava seguro de que lado cairia Savitar. Só Savitar sabia e não sempre o compartilhava.


- Como está Simi? - Perguntou Savitar.


Ash devorou um canto de seu corpo para lhe mostrar a tatuagem do Simi.


- Bem. Ela está descansando agora. Mantive-a fora até tarde.


- Não deveria abusar assim de seu demônio. Ela precisa descansar.


Ash ignorou seu comentário. Ambos sabiam que jamais abusaria do Simi.


Savitar passeou ao redor do quarto, seu olhar investigando cada esquina e fenda.


- Muito estéril o lugar que você tem aqui.


- Estou seguro que o teu é um estudo de hedonismo.


Savitar riu, logo ficou sério.


- Não pode ir a eles, Atlante. Se o faz matará ao Stryker.


Ash fechou seus olhos, desejando que ele pudesse ver seu futuro tão facilmente como o fazia Savitar. Mas ao menos Savitar estava disposto a compartilhar suas visões por uma vez.


- Está seguro?


- Tão seguro quanto estou aqui de pé. - Savitar brilhou intermitentemente diante do trono para aparecer diretamente detrás de Ash. - Talvez não estou ali depois de tudo.


Ash imediatamente se deu a volta a fim de que Savitar não ficasse a suas costas – mais que ninguém, Savitar sabia quanto odiava ele que alguém o abordasse por detrás.


- Não me empurre Savitar. - grunhiu ele. - Faz muito tempo que deixei de ser um neófito.


- Não, não o é. Mas se quer me atacar, assim seja. Eu não posso interferir com seu livre-arbítrio mais que do que você pode interferir com o deles.


Savitar levantou sua mão e estendeu seus dedos. As cores dançaram e formaram redemoinhos de brilhantes patrões no ar ao redor disto. Dançaram ao redor de seus dedos.


- Tudo no universo está trocando agora mesmo. Realinhando-se. Mas você já sabe isso. Sei que pode sentir.


Ash chiou seus dentes quando a dor varreu através dele. Ele sabia exatamente por que o universo ainda trocava de posição para acomodar o que nunca deveria ter ocorrido.


- Cometi um engano.


- Nick Gautier.


Ash assentiu.


- Amaldiçoei-lhe a morrer e eu alterei outras numerosas vidas durante o processo. Vida das pessoas que quero.


Savitar lhe deu um duro olhar.


- E agora já sabe por que não amo a ninguém. Por que nunca o tenho feito e nunca o farei. - Ele falou suavemente. - Empreste atenção a minhas palavras, irmãozinho. O amor só destrói.


Ash se recusou a acreditar nisso. Ele tinha melhor critério.


- O amor salva.


Savitar se mofou.


- Quantas vezes te hão destruído o amor até agora?


Ash sorriu apenas ante essas lembranças.


- Isso não foi amor. Foi estupidez.


- Ainda não te aprendeste a lição, Atlante. Durante todo o tempo que se sinta como um humano e ame, estará perdido. Isso é por que, depois de onze mil anos, essa cadela grega ainda te tem em suas garras. Desfaz dela e agarra seu destino.


- Não. - disse Ash enfaticamente. - Minha compaixão é o que me mantém de fazer algo ainda mais imbecil. Sem isso… você não quereria viver no mundo que existiria se alguma vez agarrasse meu destino.


- Está tão seguro?


Não, ele não o estava. Savitar poderia ser brutal e cruel às vezes.


- O amor é sempre salvação.


- Então pode conservar. Tenho melhores coisas que fazer que me passear por um quarto, debatendo o que fazer. - Sua forma começou a desvanecer-se.


- Espera. - Disse Ash.


Ele reapareceu.


- Sim?


Ash vacilou, mas ele precisava saber.


- Como o está fazendo Nick?


Savitar se encolheu de ombros despreocupadamente.


- Ele está longe de tudo o que alguma vez conheceu. Ele está assustado e triste. Acredito que o adequado quer dizer que ele teve melhores dias.


Ash não quis pensar a respeito disso. Era tudo culpa dele que Nick estivesse morto e sofrendo. E era por que ele tinha enviado ao cajún ao Savitar para treinar-se. O cajún necessitava a compaixão que Ash não estava seguro de que pudesse lhe dar.


- Obrigado por lhe treinar.


- Não há nada que agradecer, Atlante. Um dia, eu te pedirei um favor.


- E lhe devolverei isso.


- Sei. - Repentinamente o véu de estoicismo caiu do rosto do Savitar. - Não quero dizer que isto seja condescendente, Acheron, mas me orgulho de no que te converteste. Aprendeste muito e o usaste sabiamente, a diferença de algumas pessoas que conheço…


Ash assentiu com a cabeça. Savitar tinha seus próprios demônios que ocultar. Mas então todo mundo os tinha.


- Espero que encontre paz, irmão meu. - disse ao Savitar.


Savitar se mofou.


- A paz caminha de mão com uma consciência tranqüila.


- Então ambos estamos seriamente chateados.


Savitar riu.


- Sim, estamos.


Ash caiu no silêncio por um minuto enquanto os pensamentos e os panoramas jogavam através de sua mente.


- Pergunta?


- Resposta?


Deu ao Savitar um irritado olhar. Havia vezes que Savitar desfrutava lhe provocando.


- Seria matar ao Stryker algo mau?


- Só você pode responder isso.


- Odeio quando joga de profeta comigo. Mas suponho que o mereço.


Savitar se encolheu de ombros.


- Todos nós prestamos contas a alguém.


Essas palavras assombraram ao Ash. Custava-lhe esforço acreditar que Savitar permitisse a alguém ter qualquer poder sobre ele.


- E quem sujeita sua cadeia?


- Se lhe dissesse isso, saberia mais da conta a respeito de mim.


- Você já sabe mais da conta a respeito de mim.


Savitar não fez comentários sobre isso.


- A vida é como nós fazemos dela. - disse ele lentamente. - Não necessita que eu te diga o que passaria matasse ao Stryker. Você conhece essa resposta. - Ele se moveu para permanecer ao lado de Ash. - Deixou que suas emoções lhe controlassem em Nova Orleans e que aconteceu?


Um completo e profundo desastre.


Ash se mordeu a língua para abster-se de perguntar se Harry sobreviveria à batalha que se morava com o Stryker. Se a resposta era não, então não haveria maneira em que ele não pudesse interferir.


Tenho que permanecer fora disto.


- Não se preocupe Atlante. - disse Savitar quedamente. - Único que te posso assegurar… é que através de suas próprias ações, salvará.


- E Harry?


- Através disto, ele estará condenado. Mas isso já sabia.


 


 


Capitulo 21


 


Harry passou os seguintes dois dias acostumando-se a Xirena sendo uma parte dele, e a que saísse disparada de seu corpo nos momentos mais inoportunos porque seu sangue corria a grande velocidade e sua pressão sangüínea era elevada. Parecia que seu demônio não poderia distinguir a diferença física entre quando corria perigo e quando estava com Danger. (Isto tem sentido no texto original, já que Harry se refere ao trocadilho com o nome de Danger, que significa. Perigo).


Ante o qual Xirena comentava ofendida: Humanos nus tendo sexo, ew!


Isso estava bem com ele desde que a idéia da demônio nua tendo sexo era igualmente repugnante para ele.


Enquanto isso ele continuava enfrentando-se com temores sobre o futuro de Danger. Parte aceitava a voz que em sua cabeça lhe tinha advertido que cuidasse ela. Quem tinha sido e aonde se foi?


Como podia fazê-la retornar?


Diabos. Nunca havia vozes em sua cabeça quando ele as necessitava.


E esta noite era à noite. Ele entregaria seu ultimato aos Dark-Hunters e logo canalizaria os poderes do Acheron.


No passado, ele sempre tinha estado preparado para voltar para casa. Esta vez, ele não o estava. O pensamento de deixar a Danger provocava uma dor no peito que nunca antes havia sentido.


- Não posso fazer isto.


E ainda que escolha tinha? Ele não podia viver nesse corpo. Seu tempo era tão finito que era ridículo. Não havia escolha aqui. Ele não podia ficar.


Isto se tinha acabado.


Ele levantou o olhar quando Danger entrou no quarto. Vestida com par de calças jeans negras e uma camisa negra de mangas longas, ela se via o bastante boa para comer-lhe. Ela cruzou o quarto para ficar frente a ele. E o beijo que lhe deu acendeu seu corpo.


- Quando vai?


Ele afastou o olhar quando seu coração se afundava incapaz de enfrentá-la com a verdade.


- Esta noite. Uma vez que o julgamento pareça, irei.


Ele voltou a olhá-la para ver o brilho de tristeza em seus olhos escuros um momento antes que ela o ocultasse.


- Se não obter oportunidade de dizer isto mais tarde, me alegro de que tenha vindo aqui. E eu realmente sinto te haver apunhalado… duas vezes.


Ele sorriu ante suas palavras, mas seu peito se encolhia quando a dor lhe afligiu. Ele ia ter saudades mais do que ele alguma vez teria acreditado possível.


- Danger.


- Não o faça. - disse ela, colocando seu dedo em cima de seus lábios para lhe impedir de falar. - Sei o que pensa. Posso ver em seus olhos. Terei-te saudades também, mas não faça isto mais duro para nenhum dos dois, sim?


Ela era tão fortemente que nunca deixava de lhe assombrar.


Havia mesmo vezes nas que ele pensava que ela poderia ser mesmo mais forte do que ele o era.


- De acordo.


Ela aspirou profundamente quando deixou cair sua mão em seu ombro.


- Sabe, ainda poderíamos tratar de chegar ao Kyros e lhe salvar.


- Não conto com isso.


- Mas poderia. - disse ela com uma esperança que ele tinha deixado de sentir fazia bastante tempo. - Não percamos as esperanças com ele ainda. As pessoas algumas vezes lhe podem assombrar.


Ele olhou carrancudo ante sua insistência.


- Por que é tão importante para que lhe demos outra oportunidade?


Seu olhar escuro lhe abrasou.


- Porque se não fosse pelo Kyros, eu não te teria encontrado. E como esta sendo maravilhoso, sigo pensando que ele também teria que ser, de outra maneira você não teria acreditado nele em primeiro lugar.


Harry tinha que lhe dar razão, ela tinha feito um argumento convincente. Como podia qualquer homem de mente clara encontrar falta nisso?


Mais ainda, ele não queria machucá-la ou decepcioná-la. Por ela, ele faria tudo.


- Bem, tentarei.


 


Kyros passeava de cima abaixo por seu escuro escritório, o qual estava iluminado só por velas, enquanto seus pensamentos foram à deriva através de sua mente. Foram três horas e correndo. O grande momento se aproximava.


E era inevitável.


Cada vez que ele pensou a respeito disso, os cabelos da nuca lhe arrepiavam. Algo não partia bem aquela noite e não era o caso de que Las estivesse aqui.


Havia algo mais. Algo que não podia ver, mas que sentia com cada fibra de seu ser. Esta noite ia ser a diferença de algo que ele alguma vez tivesse visto antes.


- Necessita algo antes que vá? - Seu escudeiro, Rob, perguntou.


Kyros se voltou a ver o jovem no portal. O homem media só cinco pés e meio passado e vestia uma camisa canção e calças jeans. Na aparência, o menino de cabelo escuro não se via mais velho que Kyros, mas aos vinte e nove, ele simplesmente era um bebê comparado com os séculos que marcavam o tempo do Kyros neste mundo.


- Não. Pode partir.


Em caso de que as coisas saíssem mal, ele não queria a seu escudeiro em nenhum lugar perto dessa área. Ante sua ordem, Rob se encaminhou a Nashville para visitar sua família.


Rob se despediu com a cabeça.


- De acordo, verei a semana próxima.


- Espero que sim. - suspirou Kyros quando o menino saiu. Ele estava a ponto de cometer uma traição essa noite que mais provavelmente lhe mataria. Mas ele sabia onde pisava desde o começo.


Ao menos isso esperava.


 


Danger permanecia deitada nua na cama, envolta nos braços do Harry. Ela tinha descansado sua cabeça sobre seu peito enquanto ele jogava com seu cabelo. O tempo diminuía gradualmente para eles. Passava a uma velocidade tão rápida que a deixava despojada e enjoada.


Ela quis pedir a gritos que se detivesse. Ela queria agarrar-se ao Harry durante esta noite, ao dia seguinte e o seguinte a esse.


Mas isso não podia ser.


Não chorarei. Não o farei.


Não seria justo para ele ou para ela. Mas em seu interior soluçava incontrolavelmente. Ela se estava rompendo em partes. Como podia ela passar através dessa noite?


Como podia lhe dizer adeus ao melhor que ela alguma vez tinha encontrado?


Como deixava as pessoas a seus seres queridos?


Mas ela sabia. Ela tinha estado forçada a deixar partir muitas vezes no passado, tantas que o fazia perguntar-se como tinha permitido que alguém mais a cuidasse.


Não obstante, não amar a um homem como Harry era impossível.


Ela ouviu o relógio de parede do vestíbulo dando as dez em ponto.


- Temos que ir. - disse Harry, sua voz profunda e rouca.


- Sei.


A contra gosto, ela se afastou e se obrigou a concentrar-se em algo e tudo além do Harry.


Nenhum deles falou enquanto tomavam banho e se vestiam.


O que podia dizer-se? Mesmo pior, ela temia que um deles pudesse dizer algo e que lhe saltassem as lágrimas. Era muito mais fácil manter-se em pé se ela guardava silêncio.


Ela nem sequer podia lhe dizer que não o esqueceria. E isso doía mais que tudo.


- Não quero esquecer…


Ela não se deu conta de que tinha falado em voz alta até que Harry a acolheu em seus braços.


- É melhor se o fizer. Não poderia te deixar se soubesse que te estaria morrendo de dor por mim. A única coisa que faz isto passível para mim é saber que amanhã sua vida voltará para a normalidade.


Uma lágrima escapou a seu controle.


- Sinto muito. - disse ela, apartando rapidamente. Mas era muito tarde. Essa única lágrima começou uma avalanche de soluços.


Sua mente e coração se destroçavam ao pensar nos dias vindouros, quando ela nunca teria sabido que ele tinha existido. Ela já não conheceria mais seu tato… sua essência…


Meu deus, como amava ela o aroma de sua pele. A carícia de sua mão em seu rosto. A percepção de seu corpo baixo e ainda por cima dela.


Como poderia viver sem ele?


- Não me deixe. - disse ela, sua voz quebrando-se.


Harry fechou seus olhos quando sentiu suas próprias lágrimas a ponto de sair. Se ele pudesse pedir um desejo…


Mas todos os desejos no mundo não poderiam converter-se em humano e não poderia os manter unidos.


- Não te deixarei Danger. Estarei aqui para ti sempre que me necessite.


Ela olhou com dor nos olhos que fazia que lhe doesse até um extremo insuspeitado de seu ser.


- Mas não te verei.


- Não. Mas nunca te deixarei sozinha. Juro.


Danger se apertou seu afeto nele. Ela não sabia quem o deixava pior. Que não recordaria nada ou o que sabia e não podia falar disso.


Ela não queria que a noite acabasse. Incapaz de suportar, ela capturou seus lábios para lhe saborear uma última vez. Para inspirar seu quente aroma, masculino e deixar que a envolvesse de algum modo neste momento de dor.


Nem sequer o amor os poderia salvar. Nada poderia.


- Amo, Harry. Amo Las. Com todo meu ser e mais.


- Je t'aime pour toujours.


- Moi aussi.


E então fez a coisa mais dura que alguma vez tinha feito em sua vida…


Soltou-lhe e deu um passo atrás até embora cada fibra de seu ser lhe gritasse que se mantivesse firme.


Incapaz de lhe olhar sem sofrer uma crise nervosa outra vez, ela se voltou, aspirou profundamente enquanto se enxugava às lágrimas, e se dirigiu à garagem.


Harry amaldiçoou quando a viu sair. Sou mais forte que isto. Mas o problema é que não o era. Nem mesmo seus poderes e Acheron combinados poderiam aliviar o sofrimento que estava tão metido nele.


Danger tinha desatado algo em seu interior e o tinha deixado livre. Ele nunca seria o mesmo outra vez.


Ele só queria um dia mais com ela.


Não, essa era uma mentira e ele sabia. Um dia nunca lhe bastaria.


Ele o queria tudo.


Ele tomou ar profundamente e o soltou. Se os desejos fossem cavalos, mesmo os caritativos iriam de carro. Era um dito que ele tinha aprendido de um Dark-Hunter mais ou menos trezentos anos atrás.


Em cada encarnação, ele tinha aprendido algo novo.


Nesta, ele tinha aprendido a amar… não, isso não era certo. Ele finalmente tinha aprendido a viver.


E esta noite ele aprenderia a partir.


Apertando os dentes, obrigou-se a seguir a Danger. E com cada passo que ele dava, ele se recordava a si mesmo o bem maior.


Esse era o que sustentava ao Acheron. Era o que tinha mantida operação o seu chefe durante milhares e milhares de anos. Era o que fazia o insuportável passível.


Fechando seus olhos, ele convocou a tranqüilizadora calma. Mais tarde, ele choraria pelo que tinha tido, e perdido. Mas esta noite, ele protegeria a Danger e faria seu trabalho.


Pode que os deuses mostrassem sua misericórdia ao Kyros e ao Stryker. O Harry não o faria.


 


 


Capítulo 22


 


Danger fez uma pausa fora do edifício onde os Dark-Hunters se reuniam. Pelos automóveis no estacionamento, o custo total de todo aquele luxo alimentaria tranqüilamente a uma pequena nação, ela podia dizer que já estavam aqui e ainda assim…


- Não sinto como meus poderes se drenassem. - disse ao Harry. - Como pode ser isso?


- É um truque. Algo que Stryker deve estar mascarando.


Ela negou com a cabeça.


- Não acredito. Possivelmente ele saiba alguma maneira de evitar que nos drenemos os poderes uns aos outros.


O olhar de seu rosto a esfriou.


- Confia em mim, Danger. - disse Harry enquanto fazia uma pausa para olhá-la. - Não há maneira de que um grupo do Dark-Hunters estejam juntos sem esgotar uns aos outros. Stryker nunca poderia obter essa habilidade. A única maneira de que isso ocorresse seria que o próprio Acheron estivesse aqui mesmo. E já que não está… isso é impossível. Os deuses nunca o consentiriam.


Ela não estava tão segura, mas ela confiava nele. Se alguém sabia a verdade, era Harry.


Quando se dirigiram à porta principal, ela metade esperou que alguém os detivesse. Mas não houve guardas, nem escudeiros…


Nada.


Desde que tinha sido evacuado fazia alguns anos, o edifício não era a coisa mais limpa no mundo. Houve teia de aranhas e outras coisas a respeito das que ela não queria pensar soltas no piso como lixo. O ar era quase irrespirável, até o extremo de lhe picar a garganta se não respirava pelo nariz.


Ela sentiu saudades de que houvesse luz no edifício.


Mas Stryker era um deus.


- De onde tirou a luz que vem das escadas? - Perguntou ao Harry.


- Não sei. Talvez tenha um gerador enganchado, ou outra vez, Stryker está usando seus poderes para iluminar isto.


Eles encontraram as escadas ao fundo e subiram. Enquanto subiam, poderiam ouvir vozes apenas perceptíveis, mas as palavras eram ininteligíveis.


Danger fez uma tentativa para não respirar profundamente enquanto ela se perguntava que mentiras lhes haveriam dito Kyros e Stryker a outros.


Quantos deles acreditariam?


Como alcançaram a porta ao final do vestíbulo do piso de acima onde outros pareciam que estavam reunidos, ela devorou ao Harry para lhe deter a fim de que pudesse escutar o que estava acontecendo dentro antes que entrassem. Ela logo que agora começava a sentir um puxão em seus poderes, mas era ainda muito suave.


- Assim como derrotamos ao Acheron?


Danger se sobressaltou quando ela reconheceu a voz do escudeiro. Pequeno rato bastardo. Mas ela tinha suspeitado muito dele. Ele tinha sido veemente em seu ódio contra Acheron.


Ela se congelou ao ver, a decisão no rosto do Harry.


- Ele é um Daimon. - disse Stryker. - Morre igual a nos matas.


Kyros foi o seguinte em falar. Sua voz se ouviu.


- Estais conosco, irmãos e irmãs?


Ela se encolheu de medo quando ouviu o som de aceitação da multidão.


Harry a jogou para trás.


- Eu me ocuparei daqui. - Ele a beijou ligeiramente nos lábios antes de dar meia volta, o baixou sua mão e a maldita porta de aço se desintegrou.


Harry entrou crédulo no quarto, mesmo embora ele soubesse que Stryker provavelmente tinha alguma maneira de lhe matar. Deixaria que o bastardo o tentasse. Se o fazia, então ele estaria preparado para brigar.


Era hora de fazer seu trabalho.


Havia vinte Caçadores Escuros no quarto, dezoito homens e duas mulheres, junto com várias dúzias de Daimons. Era bom que o sangue dos Dark-Hunter fosse venenoso para os Daimons, de outra maneira se deleitariam a estas horas parvos que se reuniram ali, como ovelhas que eram reunidas para enviar ao matadouro.


Mas foi Kyros quem mantinha sua atenção. Ele permanecia ante o grupo, seus olhos ardendo de ódio.


Suspirando, Harry negou com a cabeça.


- Que parvos são os imortais. - disse ele. - Para escutar a um Daimon e cair vítima de suas mentiras.


- Nós somos vítimas há séculos. - respondeu Kyros. - Não há nenhum de nós aqui quem não tenha sido usado pelo Acheron.


Harry lhe compadeceu.


- Não estou aqui para discutir mais contigo. Estou aqui para te dar à última oportunidade de te salvar. Aqueles de vós que queiram viver para ver outra noite, dêem um passo à direita. Aqueles de vós que querem acreditar na estupidez do Stryker e morrer esta noite fica onde esta.


- Não os temais. - disse Stryker. - Que pode fazer um homem só contra todos vocês?


Harry lhe dedicou um irônico sorriso.


- Se for tão vã ameaça Stryker, por que não me mataste?


Ele se voltou a olhar ao grupo reunido do Dark-Hunters.


- Não tireis suas vidas sem necessidade. Todos vós tem sobrevivido durante muito tempo para ser tão estúpidos.


Ele fez uma pausa para cravar os olhos no Kyros.


- E você, adelfos, carreguei em minhas costas quando estava ferido. Dava pão quando era o último mendrugo que tinha para me sustentar. Olhe-me aos olhos e me diga que está disposto a respaldar a um Daimon antes que a mim.


Kyros olhou para o Stryker, quem começou a aplaudir sarcasticamente.


- Grande discurso. Ensaiaste muito?


Harry levantou sua mão e jogou para trás ao Stryker contra uma parede.


- Decidam-se, Caçadores. Agora!


Os Daimons se equilibraram sobre ele, só para ricochetear contra a barreira que ele levantou ao redor de si. Ainda, eles continuaram atacando como se procurassem um modo de penetrar em seu escudo.


Ele observou como os Caçadores Escuros intercambiavam olhares nervosos uns com os outros. Logo, para seu alívio, dezesseis deles deram um passo à direita.


No mesmo momento em que fizeram, ele viu a confusão em suas caras.


- Que diabos? - Disse Eleanore, uma das Dark-Hunters. - Sinto-me fraca de repente.


Não duvidava que a brecha nos poderes do Stryker lhes tinha permitido sentir o fato que seus poderes tinham estado significativamente diminuídos.


Kyros deu um passo, logo se deteve quando Stryker se desfez do agarre pelo Harry e lhe lançou uma bola explosiva. Perfurou o campo de força e lhe fez voar para trás.


Harry se queixou quando a dor passou através dele. Stryker lhe bombardeava uma e outra vez. A dor era abrasadora. Ele tratou de incorporar-se só para encontrar a Danger a seu lado, lhe ajudando.


Uma má premonição lhe atravessou.


- Agarra aos Dark-Hunters e sai daqui. - disse a ela.


Mas antes que ela pudesse mover-se, Stryker a atacou com a bola explosiva igualmente.


Harry se voltou contra o semi-deus com uma maldição enquanto ele respondia ao ataque inimigo com fogo.


- Spathis! - Stryker ordenou a seus homens quando fugia da explosão do Harry. - Matem aos Dark-Hunters! A todos eles.


Os Daimons atacaram em massa. Danger tirou a adaga de sua bota enquanto ela corria a unir-se à briga.


- Danger, fique atrás! - Gritou Harry enquanto ele disparava sem parar aos Daimons.


Ele tratou de fazer pedaços com seus poderes, mas não pôde.


Stryker riu dele.


- São mais fortes que você, Harry. Não somos os adoentados daimons a quem normalmente opõe. Somos um pouco mais.


O olhar do Harry se estreitou nele antes que ele gritasse.


- Xirena toma forma humana.


O demônio saiu dele e se transformou.


Danger sorriu a sua carta escondida sob a manga. Os Daimons nunca poderiam opor-se a Xirena.


- Você cadela traidora. - grunhiu Stryker a demônio enquanto a olhava enojado.


Xirena se equilibrou com fúria contra ele só que Stryker a esfaqueou nas asas com sua adaga. A demônio gritou, logo caiu ao chão, incapaz de levantar-se, enquanto Stryker continuava apunhalando-a. Choramingando, Xirena tratou de engatinhar longe dele antes que a matasse.


Danger não sabia que tinha acontecido. Ela correu para a demônio para tentar ajudá-la


O coração do Harry se deteve quando se deu conta o que tinha usado Stryker em contra do demônio… uma adaga Atlante. A única coisa que podia matar aos Charontes. Mas mais ainda, também poderia acabar com Danger, até com seus poderes de Guerreira escura.


Maldição! Ele poderia sair desvanecendo-se daqui com uma delas, mas não com ambas. Se ele usava seus poderes, teria que escolher entre o Danger ou a demônio…


Mas mais que isso, ele não podia deixar que os Dark-Hunters fossem reduzidos drasticamente. Eles quase não podiam lutar com os Daimons que os atacavam.


- Que está acontecendo aqui? - Perguntou Squid um instante antes de um Daimon lhe matasse.


- Fujam! - Gritou Kyros aos outros. - Debilitou-nos a fim de poder nos matar.


- Danger. - disse Harry enquanto ele defendia ao demônio - Agarra a Xirena e vai.


Como ela se moveu para obedecer, Stryker tirou um medalhão vermelho.


- Toca ao demônio e eu destruirei sua alma.


Todo mundo no quarto se congelou ante essas palavras. Harry notou o horror nas caras dos Dark-Hunters que se deram conta do que era o que sujeitava o Daimon. Se a alma de Danger era destruída, ela nunca poderia ser livre.


Mais que isso, converteria a ela em uma Sombra.


Sua expressão era de terror, Danger manteve a Xirena perto.


Harry moveu a cabeça ante a estranha ameaça do Stryker. O momentâneo pânico que se abateu sobre sua alma durou só alguns segundos, antes que ele se dessa conta de algo.


- Corre com a Xirena, Danger. Ele não tem sua alma.


Stryker riu dele enquanto dedicava um olhar compassivo a Danger.


- Que bonito. Seu amante pensa que estou fanfarroneando.


- Não é uma fanfarronada. - disse Harry com segurança enquanto encarava ao daimon friamente. - Não sei o que tem, mas não é sua alma.


O olhar do Stryker era frio, sinistro, e se ele realmente tivesse tido a alma de Danger, Harry poderia haver-se assustado.


- Está disposto a te arriscar?


Harry não piscou.


- Sim.


- Harry! - Interrompeu Danger, sua voz se encheu de medo. - Se for minha alma...


- Não o é. - disse ele, a olhando - Confia em mim nisto. Artemis mantém essas almas muito perto e há um só homem vivo quem as pode obter dela. Pode apostar sua vida, seu ousia, e tudo o que tem mesmo que não é o que tem Stryker.


- Está seguro? - Perguntou Stryker enquanto ele brincava com o medalhão em sua mão. Ele aferrou sua sujeição ao redor disso. - Artemis é minha tia, depois de tudo.


Harry se mofou.


- Sim, e ela odeia sua guelra com fervente paixão. A única forma de que obtenha uma alma é que Acheron lhe entregue isso e ambos sabemos as oportunidades disso.


Amaldiçoando, Stryker jogou no chão o medalhão e o esmagou sob seu talão.


Danger se encolheu de medo até que se deu conta de que nada lhe tinha acontecido.


Ela apalpou seu peito simplesmente para estar segura.


Oh, ela estava ainda intacta. Respirando aliviada, ela retornou a Xirena, quem ainda sujeitava seu peito onde Stryker a tinha apunhalado.


- Vos disse a que os matassem a todos. - Ordenou Stryker a seus Daimons.


Danger permaneceu ante o demônio para protegê-la. Quando os Daimons atacaram e ela se opôs a eles, ela se deu conta de algo lhe atemorizem. Seus poderes se debilitaram.


Com cada golpe e cada evasão, lhe parecia debilitar-se.


O Daimon com quem brigava a laçou para trás. Danger se golpeou tão forte no chão, que ficou sem fôlego. Ela começou a rodar, tratando de escapar, para encontrar-se a si mesma aos pés de outro Daimon. Ele riu enquanto levantava uma espada para lhe cortar a cabeça.


Justo quando pensava que ela estava morta, o Daimon foi arrojado para trás. Ela olhou para cima esperando ver o Harry.


Em lugar disso, era Kyros o que sobressaía por cima dela.


Ele tinha matado ao Daimon, e se detinha fora para ela.


- Fui um parvo estúpido. - ofegou ele enquanto atirava dela para pô-la em pé. - Sinto muito.


- Não é a mim que precisa pedir perdão.


Ele olhou ao Harry quem estava lutando com o Stryker.


- Sabe. - Ele a empurrou para a porta. - Vamos. Temos que tirar os outros Caçadores Escuros daqui antes que seja muito tarde.


Antes que ela pudesse dizer algo, ele se moveu e recolheu a Xirena para afastar a dos Daimons.


Harry fez uma pausa quando viu o Kyros e a Danger unindo forças para levar a outros à segurança. Ela tinha estado no certo, ele tinha aberto o olhos ao fim. Deus devia a essa mulher mais do que alguma vez poderia pagar.


Ele fez rápida recontagem dos Dark-Hunters que saíam e se deu conta de que só três Caçadores Escuros tinham sido assassinados pelos Daimons até agora.


Tinham sido os que não se moveram à direita.


Kyros e Danger se opunham aos Daimons enquanto o resto deles saíam rapidamente do quarto.


Para comprar mais tempo, ele se lançou sobre o Stryker outra vez.


O Daimon se voltou com um matagal.


- Não me pode deter. - disse Stryker animosamente.


Ele lançou a adaga a Danger.


Harry estendeu a mão para parar o caminho da adaga. A adaga deveria ter impactado contra sua mão. Não o fez.


Quando se deu conta, um dos Daimons lhe pegou no peito. Ele se cambaleou, logo recuperou seu equilíbrio. Antes que ele pudesse reclamar a adaga, retornou ao Stryker que a lançou mais rápido do ele podia piscar.


Enterrou-se profundamente no peito de Danger.


Harry não pôde respirar durante todo um pulso quando viu como lhe alcançava tão forte que a derrubou antes de enviá-la girando ao chão.


Kyros se voltou com uma maldição quando correu para ela.


Não! A mente do Harry clamava em negativa.


Não podia ser.


- Deveria te haver jogado atrás. - disse Stryker entre dentes enquanto a adaga voltava voando a suas mãos. - Mas isso está bem. A melhor forma de matar a alguém é sempre apontar a seu coração. Ela morre por você e você morre pelo Acheron.


O Daimon lançou a adaga a ele.


Aponta ao coração.


Apanhando a adaga em sua mão um instante antes que se incrustou em seu peito, Harry finalmente entendeu o que a desconhecida voz feminina havia tratado de lhe dizer. Ele sentiu seus poderes despertando nessas palavras.


Ele se voltou contra Stryker rapidamente.


- Quer um coração, Stryker? Darei o teu…


Ele sabia que seus olhos flamejavam em uma intensa cor verde quando gritou.


- Urian!


- Não denigra o nome de meu filho. - as palavras do Stryker se quebraram quando o ar ao redor deles se moveu.


Dois segundos mais tarde, Urian apareceu. Alto e o loiro, o homem se via misteriosamente parecido a seu pai à exceção de que Stryker tinha o cabelo tingido de negro enquanto que o do Urian era quase de um loiro branco. Como sempre, ele o levava comprido, e em um rabo-de-cavalo que atava com um cordão negro de couro.


Urian parecia menos que agradado para ter sido chamado. Ele ficou com a boca aberta quando se deu conta ao jogar uma olhada ao redor do quarto aos Daimons que cravavam os olhos nele com incredulidade.


- Bonita forma de me manter em incógnito, Harry. - disse Urian, até que seu olhar fixo caiu sobre seu pai.


Seus olhos se estreitaram com ódio.


- Urian? - Stryker sussurrou o nome como uma oração sagrada.


- Bastardo! - Grunhiu Urian.


- Lhe mate. - gritou um dos Daimons.


- Não! - Disse Stryker. - Ele é meu filho.


Urian negou com a cabeça.


- Não, ancião. Sou seu inimigo. - Urian agarrou a adaga da mão do Harry e se lançou contra seu pai com ela enquanto Harry ia pela Danger.


- Retirada! - Ordenou Stryker a seus Daimons um instante antes que cinco bold-hole aparecessem.


Stryker vacilou, olhando ao Urian durante um comprido minuto, antes que ele saltasse e se desvanecesse.


Com o coração quebrado, Harry pegou a Danger em seus braços enquanto Xirena permanecia ante eles onde Kyros a tinha deixado sobre o chão. Harry pressionou um tecido contra o peito de Danger para deter a hemorragia.


A demônio estava ferida, mas, ao contrário de Danger, não fatalmente. Stryker não lhe tinha acertado ao demônio uma adaga no coração.


Urian se voltou para ele.


- Que diabos foi essa ação, Sombra? Supôs-se que minha vida se manteria em segredo.


- Te cale, Urian. - Harry se expressou com um grunhido enquanto ele sujeitava a Danger e lutava contra as lágrimas que queriam cegar seus olhos. Lutava contra a debilitante dor que lhe afligia.


Seu ser inteiro gritava de dor se negando a acreditar no que tinha acontecido a ela.


- Vamos, carinho. - ele murmurou ao ouvido dela enquanto ele a balançava brandamente em seus braços. - Não morra em meus braços.


- Isto deveria curar-se. - sussurrou Danger brandamente em uma voz que deixava ver sua dor. - Por que não se cura?


- Sinto muito, akri. - sussurrou Xirena. - Xirena não tinha a intenção de ser apunhalada e deixar morrer a sua mulher.


Urian se uniu a eles, seu rosto empalideceu quando viu a ferida do peito dela.


- Stryker a apunhalou com sua adaga pessoal?


- Sim. - Harry se condoeu, notando o temor detrás dos olhos do Urian. Não havia dúvida de que o homem voltava a reviver a morte de sua amada à mãos do Stryker.


- Há alguma maneira de salvá-la? - Perguntou-lhe ao Daimon.


- Acheron! - Chamou Urian.


Harry se esticou quando ouviu uma chamada que ele sabia que Acheron não daria atenção. Ele conhecia as regras de sua missão. Acheron não interferia.


Danger ia morrer.


A dor desse pensamento rasgou seu peito e rasgou seu coração.


Trouxe lágrimas a seus olhos que ele não pôde deter.


- Desejaria que houvesse tido sua alma. – disse Harry contra a bochecha dela. - Ao menos teria podido te liberar.


- Não pode recorrer aos poderes do Ash para salvá-la? - Perguntou Urian.


Harry negou com a cabeça. O poder sobre a vida e a morte não era um que Acheron estava disposto a compartilhar.


Kyros caiu de joelhos ao lado deles.


- Sinto tanto, Danger. Supunha-se que nenhum dos Dark-Hunters seria ferido esta noite. Maldita seja, é tudo minha culpa.


Harry lhe lançou um olhar e tanto sua estupidez como sua cólera se elevaram, querendo matar a seu assim chamado amigo.


- Como lhe imaginava? Estava tratando de pô-los contra Acheron.


- Sei. - disse Kyros com um sincero olhar. - Sinto muito. Stryker era tão convincente. Ao princípio ele voltou para Marco, e o seguinte que soube é que Marco estava morto. Stryker jurou que você o matara. Nunca deveria lhe haver escutado.


Mas Harry realmente não escutava ao Kyros. Tudo o que ele podia ouvir era a respiração de Danger fazendo-se ligeira e mais ligeira.


Ela gemeu enquanto lutava para seguir respirando. Ela levantou a mão e tocou sua bochecha com uma mão fria.


- Se ficar algo de mim, levará a França? Há uma tumba comum em um parque em Paris.


- Conheço esse parque. - disse Harry. Era onde todas as vítimas da guilhotina tinham sido sepultadas.


Danger respirou profundamente.


- Meu papai, sua esposa, e meu irmão e minha irmã estão ali. Se não puder estar contigo, quero estar com eles.


Harry inclinou a cabeça quando as lágrimas lhe estrangulavam.


- Prometo-lhe isso, Danger. Não te deixarei estar sozinha.


Ofereceu-lhe um sorriso macilento.


- Divertimo-nos, verdade, mon coeur? - Ela acariciou sua bochecha com seu polegar. - Vou estranhar tanto.


Então o sentiu… a última exalação de fôlego de seu corpo.


Ela se voltou frouxa em seus braços enquanto sua mão caía de seu rosto.


Harry jogou para trás sua cabeça e gritou quando a dor se rasgava através dele. Nesse momento, ele odiou ao Acheron. Odiou ao Kyros. Odiou Stryker, mas sobre tudo odiou a si mesmo por não poder protegê-la.


Xirena e Kyros se mantiveram atrás, suas caras empalideciam enquanto lhe observavam, mas ao Harry não importou. Nada tinha importância exceto a mulher que se permanecia deitada em seus braços.


Uma mulher cuja vivacidade lhe tinha mostrado como viver outra vez. Mais que isso, lhe tinha mostrado como amar. Tinha chegado dentro de seu coração e lhe tinha feito palpitar pela primeira vez em mais de nove mil anos.


Agora ela se foi.


E seu coração nunca palpitaria outra vez.


Não! Seu coração gritou em uma negativa. Ela não podia morrer. Não assim. Não alguém que tinha amado a vida assim. Alguém que se passou a vida ajudando outros.


Ela tinha acreditado nele e ele a tinha deixado a morrer…


Urian ia e vinha daqui para lá entre o Kyros e Xirena, e Danger e Harry.


- Não posso acreditar que Ash só a deixasse morrer. - grunhiu ele. Ele contemplou o céu raso. - É um ferrado asno!


- Não. - disse Harry enquanto as lágrimas caíam, enquanto ele sustentava seu frio, pálido corpo contra seu peito. - Tem que ser desta maneira. Ele não pode trocar o destino.


- E uma merda se não puder. - Urian se revolveu colericamente. - Ele me trouxe de volta e eu era um Demônio. Por que me salvava e não a ela?


Harry não tinha resposta para isso. Ele não tinha nenhuma resposta no momento. Tudo o que ele podia sentir era a dor de sua perda. A agonia. Era cru e consumidor.


Como podia ela estar morta?


Como pôde permitir que algo assim ocorresse a ela?


Maldito seja, maldito seja, maldito seja!


- Sinto tanto te haver falhado akri. - disse Xirena.


Harry não falou. Ele não podia.


Repentinamente, uma luz brilhante apareceu no quarto.


Acheron brilhou intermitentemente em um canto, onde ele manteve uma expressão estóica.


Urian se voltou contra ele com uma careta.


- Nem o tente, Daimon. - Acheron o despachou antes que Urian pudesse falar. - Kyros. - disse Acheron em voz baixa. - Vá a casa e descansa.


Logo ele, também, foi.


Acheron vacilou quando a demônio cravou seus olhos nele como se fosse uma aparição.


Seu rosto estava pálido como um fantasma com o medo que lhe tinha.


- Matará a Xirena agora?


- Não. - Ash se ajoelhou a seu lado e sanou suas feridas. - Retorna a seu amo durante um tempo e logo te encontrará com sua irmã pequena.


A demônio assentiu, depois subiu depressa pelo braço do Harry, até seu peito.


Harry ainda não se moveu desde que ele tinha pegado Danger em seus braços.


Acheron inclinou a cabeça enquanto os observava com esses olhos onipotentes, de redemoinhos chapeados.


- Por que não me questiona?


Harry se tragou o nó amargo em sua garganta.


- Porque tenho melhor critério. - Ele contemplou ao Acheron a fim de que ele pudesse ver a sinceridade em seus olhos. - Mas te odeio agora mesmo.


- Sei.


E logo terminou.


O corpo de Danger se evaporou em um pó brilhante de ouro.


Harry gritou outra vez quando sentiu sua perda completamente.


- Não! - grunhiu ele enquanto ele tratava de recolher o pó a fim de que ele o pudesse levar a Paris como lhe tinha prometido a ela.


- Não o faça. - disse em voz baixa Acheron tratando de alcançá-lo.


Harry se separou dele.


- Maldito seja bastardo, o prometi a ela. Prometi...


Ele se cobriu os olhos com as mãos enquanto soluçava, dando-se conta de que não havia esperanças.


- Não há nada que enterrar. Nada que reunir.


OH, deuses, como podia haver-se ido assim? Como? Não estava bem. Não era justo.


- Temos que ir, Harry.


Ele assentiu embora o que ele queria fazer era atacar ao Acheron. Ele sabia que não era culpa do Acheron, mas não tinha importância. Ele queria descarregar um bom golpe e machucar a alguém. Algo para aliviar o ardor, o doloroso vazio dentro dele.


Não havia nada pelo que ficar.


Danger se tinha ido…


Com o coração destroçado, ele sentiu como seu corpo humano se diluía quando se transladou do mundo humano ao Katoteros. Ele se encontrou na sala do trono onde Simi estava esperando.


- Harry! - gritou ela felizmente, correndo para ele antes que ela se lançasse em seus braços. - Há regressado!


Ela se afastou e franziu o cenho quando ele não devolveu seu entusiasmo. Inclinando a cabeça, lhe olhou com cenho franzido.


- Mas está tão triste. Por que está triste, Harry? Foram esses Daimons com os que te encontrou? A Simi os comerá se lhe machucam.


Acheron a afastou amavelmente.


- Ele precisa estar só um pouquinho, Simi.


- Mas…


- Está bem. - Acheron tomou a mão dela e lhe deu o espaço que ele necessitava.


Harry não falou quando ele se encaminhou ao corredor que levava a suas habitações. Ele estava tão frio por dentro que não pensava que pudesse esquentar-se alguma vez.


Pela primeira vez, ele odiou este lugar. Odiou tudo a respeito disso. Sobre tudo, ele odiou ao Acheron.


Ao menos o fez até que abriu as portas de seu quarto. Ele se deteve repentinamente, contendo o fôlego, enquanto via o impossível.


Não poderia ser, mas o era…


Ali no centro de seu quarto, vestida em um vermelho chiton, estava Danger.


Ele não poderia falar enquanto a via ali.


Ela olhava ao redor como desorientada.


- Onde estou?


Nenhuma palavra saiu de sua boca quando correu para ela e a elevou em seus braços. Ela se sentiu real.


Ela se sentia viva


Podia ser? Atrevia-se ele a acreditar que isto era real?


Sujeitando-a perto, ele enterrou sua cabeça contra seu pescoço, inspirou seu perfume e chorou.


- Harry, começa a me dar medo.


Ele se tornou marcha atrás com uma risada.


- Como chegaste?


- Não tenho nem idéia. Aquilo em um minuto doía horrores, depois tudo estava obscuro, e logo estava aqui. - Ela se inclinou para ele. - Onde é aqui?


- Minhas Habitações. Está no Katoteros.


Ela franziu o cenho.


- Não entendo.


Nem ele tampouco.


- Não pensava realmente que ia deixar este mal final, verdade?


Harry se voltou para encontrar ao Acheron estando na porta, observando com um sorriso.


- Aprendemos de nossa dor. - disse ele, usando as palavras do Acheron.


Acheron se encolheu de ombros.


- Mas somos recompensados com prazer. - Seu olhar se desviou a Danger antes de retornar a ele lentamente - Serviste-me muito tempo e muito bem para que eu te volte às costas, Harry. Não podia salvar sua vida sem alterar muito do universo. Mas te posso dar isto.


Harry estava agradecido e ao mesmo tempo aturdido por isso. Ele nunca tinha esperado que Acheron fizesse algo como isto… nunca.


- Odeia colocar a gente em sua casa.


Acheron soltou um suspiro de rendição.


- Que diabos? Acostumei a você. Com o tempo também acostumarei a Danger.


Danger abriu a boca.


- Posso ficar?Aqui? Com o Harry? De verdade?


- Só se você quiser. - disse Harry.


Danger tragou quando seus olhos se encheram de lágrimas. Ela se abraçou ao Harry e lhe manteve perto dela.


- Não posso acreditar.


- Lamento o que perdeste Danger. - disse Acheron quedamente. - Esta existência está longe de ser perfeita.


Harry viu um olhar aterrorizado em seus olhos escuros.


- Tenho que beber sangue para viver?


Acheron negou com a cabeça.


- Só Einstein por ali tem que fazer isso. Mas ao igual a ele, não poderá saborear já a comida.


Danger riu.


- Isso está bem. Quem necessita papilas gustativas de qualquer maneira? Eu me limitarei a comer um montão de pipocas.


O olhar fixo do Acheron se suavizou.


- Se quer soltar a seu demônio, Harry, eu a apresentarei ao Simi e lhes darei algum tempo aos dois a sós.


Harry franziu o cenho.


- Como é isso que não está surpreso de que ela tem a uma irmã?


- Eu sabia a algum tempo que ela não era a única demônio ali fora. Não terei que dar um grande salto de fé para adivinhar que ela provavelmente tinha também alguma família.


Ainda, estava assombrado que Acheron tivesse guardado tal segredo deles.


- Então por que não nos disse isso?


- Ao Simi gosta da idéia de ser a única. Ia dizer lhe a verdade uma vez que crescesse um pouco. Mas suponho que agora é o momento.


Harry esteve de acordo.


- Xirena, convoco a sua forma humana.


A demônio recuperou seu corpo e deu um passo para trás, reservada.


- Estou em problemas?


- Não. - reconfortou-a Harry. - Vais encontrar-te com Simi.


Seus olhos se iluminaram de felicidade.


- Vêem Xirena. - disse Acheron. - Levarei a ela.


Ela vacilou.


- Não está tratando de enganar a Xirena?


- Não.


- Estará bem. - disse Harry. - Pode confiar nele.


Xirena foi ao Ash com vacilação antes que os dois saíssem do quarto.


Danger esperou até que estiveram sós antes que ela se voltasse para o Harry e o atraísse a seus braços.


- Isto é real?


- Sim. - Suspirou ele quando a aproximou mais a ele. - Ainda não posso acreditar que esteja aqui.


- Você não pode? Pensei que te tinha perdido para sempre.


- Pelo menos eu não morri sobre ti.


- Não, mas esse não será um problema para nenhum dos dois outra vez, verdade?


Harry sorriu enquanto saboreava a visão de seus olhos cor café brilhantes lhe olhando.


- Não a menos que desgostemos muito a um Charonte.


- Então me assegurarei de não fazê-lo nunca.


Ele a abraçou meigamente e a envolveu em seus braços, agradecido por ter a de volta. Esta vez, ele ia se assegurar de que nada ocorresse a ela outra vez.


- Amo-te, Danger.


Danger beijou a ele enquanto seu coração se inchava com alegria.


- Também te quero. - Suspirou ela.


E embora esta vida com ele não fosse ser perfeita, andaria perto, realmente perto. Sempre que estivessem juntos, nada mais teria importância.


 


 


Epílogo


 


Estando na sala do trono, Simi cravou os olhos na outra demônio suspeitosamente enquanto se movia de atrás para diante como uma serpente espionando algo que queria investir.


- Que quer dizer, que ela é minha irmã? – Perguntou ela ao Ash.


- Xiamara, não...


- Sou Simi. - disse ela, detendo-se. - Xiamara é minha mãe.


Xirena estava tão confusa que Ash realmente sentiu pena por ela.


Simi chegou à altura dela lentamente e a olhou.


- Vê real.


- Sou real.


- Então por que não veio para ver-me?


Xirena estava consternada pela pergunta.


- Não podia. A deusa cadela não me deixava.


- Artemis? - Gritou Simi agudamente. - A odeio.


- Não. - corrigiu-a Xirena, a outra deusa cadela, Apollymi.


- Ouça! - Interromperam Ash e Simi ao mesmo tempo.


Xirena se via ainda mais confundida.


- Ela é uma deusa, essa Apollymi. - disse Simi respeitosamente. - Ela sempre é boa com a Simi. Ela faz esquentar meus chifres para resguardar do frio e ela me dá montões de bolachas quando vou vê-la.


A mandíbula da Xirena se deixou cair.


- Ela faz o que?


Simi ficou irritada.


- Não me ouviu, demônio surdo. É uma boa senhora, essa Apollymi, e a Simi machucará a quem diga outra coisa.


Xirena deu um passo adiante e sussurrou forte.


- Deixar-me-á seu akri falar contigo a sós?


Simi soprou e indicou ao Ash.


- Como se me importasse que me dissesse que não. Ele não me controla.


Xirena parecia estar horrorizada por suas palavras.


- Ele é seu akri.


Simi voltou a soprar.


- Ele é meu papai.


- Ele é seu akri. - ela disse de meio de suas presas apertadas.


Simi olhou ao Ash.


- Há algo realmente equivocado com minha irmã. Por que ela segue dizendo que você é meu amo e professor quando é simplesmente meu papai ?


Ash se encolheu de ombros.


- Não tenho nem idéia, Sim. Precisa pô-la à corrente.


- Hmmm. - Simi passou seu braço ao redor dos ombros de sua irmã e a guiou até à esquina onde ela tinha seus monitores de televisão. - Olhe, neste mundo, Xirena, a Simi faz o que ela quer e akri, ele diz, 'De acordo, Simi, o que você queira Simi.' A menos que envolva comer pessoas; Então ele normalmente diz que não, mas essa é a única vez. Além disso, ele faz o que a Simi diz. Vê como funciona?


Xirena dava a sensação de estar completamente perplexa por sua irmã.


Simi apareceu sua cabeça para olhar ao Ash.


- Onde vai ficar ela de todas as maneiras?


- Poderia compartilhar seu quarto.


- Não. - disse ela imediatamente. - A Simi não compartilha seu quarto, akri. Nunca. Não me importa que ela seja minha irmã. Meu quarto tem todas minhas lembranças especiais ali dentro. Acho que deveria fazer um para ela.


Ash tinha melhor critério que discutir com seu demônio. Sem mencionar o fato que não lhe incomodava seguir a corrente a ela. Ele em realidade desfrutava mimando-a em excesso.


- Parece-me bem. Onde o quer?


- Perto da pedreira, mas não tão perto que bloqueie a vista de minha cerca publicitária do Travis Fimmel que a Simi tem na grande parede.


- Seu o que? - Perguntou Xirena. - Que é um Travis Fimmel?


Simi abriu a boca desmesuradamente olhando-a atônita.


- Não sabe quem é Travis Fimmel? OH, irmã, estiveste privada. Ele é o homem mais espetacular.


Xirena se estremeceu.


- Você cobiça homens?


- Pois bem, certamente não cobiço mulheres.


- Não. - corrigiu Xirena. - Digo, Cobiça a humanos? - A maneira em que ela o dizia podia dizer que era a coisa mais asquerosa que um demônio podia imaginar.


- Bom, você não o faz? - Perguntou Simi.


- Ew! - Xirena olhou ao Ash. - O que lhe tem feito? Corrompeste a um bom demônio! - Ela voltou o olhar de volta ao Simi. - Precisa ver o Drakus.


- Quem é ele?


- Ele é o demônio mais maravilhoso que alguma vez viveu. Ele pode expulsar fogo pelo nariz e pronunciar ao mesmo tempo.


O rosto do Simi dizia. Oo!


Ash se encolheu de medo quando viu aonde conduzia isto.


- Simi é muito jovem para isso.


- Não, ela não o é. - disseram ao uníssono.


- Acredito que lhe ultrapassam em número, chefe.


Ash se voltou para ver o Harry detrás dele. Danger entrava no quarto atrás dele. Seus olhos se abriram quando se topou com a opulência da sala do trono Atlante.


Ele suspirou quando Harry se deteve seu lado.


- Esquece o Armagedon, esta é a coisa mais horripilante que alguma vez vi. - Ash observava com horror como as dois demônios se sentaram e intercambiavam opiniões sobre homens quentes e homens demônios.


Harry se voltou para o Danger e sorriu.


- Acredito que é uma boa coisa que temos uma mulher agora na casa. Talvez ela possa inculcar algum sentido nelas.


Danger bufou.


- Demônios são seu domínio, não o meu. Eu nem sequer me penso colocar.


Ash realmente choramingou quando Xirena começou a contar ao Simi os hábitos corretos de emparelhamento dos Charontes.


- Isto vai ficar feio. Obrigado, Harry.


Harry sorriu enquanto devorava a Danger em seus braços e sujeitava perto.


- Não, chefe, graças a ti.


Ash percorreu com o olhar aos dois e viu o amor que se tinham um ao outro.


Levar-lhe-ia muito tempo superar a parte de odiar ter a desconhecidos em sua casa.


E quando tratou de ver o futuro de Danger, ele não viu absolutamente nada. Pela primeira vez em sua longa vida, ele o encontrou reconfortante.


Isto só significava uma coisa.


Danger seria definitivamente uma parte integral de suas futuras vidas.


Fim.


 

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