A Notícia

A Notícia

     Harry Potter, um menino de 14 anos, que em dois dias iria fazer 15 anos, estava deitado na sua cama na casa dos Dursley. Não sabia o que pensar. Seus pais estavam mortos, Voldemort voltara dos “mortos” e ele nunca se tinha sentido tão sozinho. Só conseguia pensar numa vida onde Voldemort não existisse, onde seria tudo perfeito.

     Há já algumas horas que ele pensava naquela forma de vida quando se fez ouvir um grande estrondo do quarto do lado. Logo passos pesados e leves se fizeram ouvir nas escadas. Dudley havia estragado mais alguma coisa, foi o primeiro pensamento de Harry. Sempre que se zangava, Dudley, destruía algum objecto. Isso porque ele não sabia o que era viver sendo ignorado e desprezado. Só havia um lugar onde ele não se sentia assim. Era na Escola de Magia e Feitiçaria de Hogwarts. Lá, ele sabia que tinha amigos que se preocupavam com ele e pessoas que o ajudavam sempre que precisava. Tinha Sirius, o seu padrinho, e Remo, que fora um grande amigo do seu pai. Contudo, ele desprezava os alunos da casa Slytherin, principalmente Draco Malfoy e os seus amiguinhos.

     Foi novamente interrompido dos seus pensamentos pela sua tia Petúnia, uma muggle, irmã da sua mãe, que bateu brutamente na porta e avisou:

     - Desça para jantar! - Ela quase gritou. Ela e o marido, detestavam o mundo, devendo ser por isso que se casaram pois não têm nada a ver um com o outro. Petúnia era alta e magra, com o pescoço grande, seus cabelos eram meios castanhos-claros brilhantes e seus olhos eram de um castanho cor – de – avelã, seu tio Vermon era nem alto nem baixo, era gordo, assim como Dudley, por baixo de toda a gordura tinha um pescoço pequeno, quase inexistente, o cabelo castanho e grisalho e os olhos, também, castanhos.

     - Já vou! – Respondeu o “menino – que – sobreviveu” prontamente, feliz por puder comer alguma coisa.

     Levantou-se, saiu do quarto, desceu as escadas e logo entrou na cozinha. Rapidamente reparou que Dudley não estava lá. Harry pensou que ele devia estar muito zangado e amuado para não comer, o que o surpreendeu.

     O jantar correu calmamente. Nenhum dos tios de Harry falara e ele também não puxara assunto. Quando se ia a levantar da mesa, alguma coisa bateu levemente na janela da cozinha, e logo se seguida piou. Harry rapidamente levantou-se da mesa, caminhou até à janela e abriu-a. A tia Petúnia ao ver uma coruja entrar na sua preciosa cozinha gritou, o tio Vermon berrava palavras desconexas e Dudley aparecera para visualizar o que estava a acontecer, um pouco afastado com medo.

     A coruja pousou no ombro de Harry e esticou-lhe a pata para ele retirar a carta amarrada a esta. Ela era curta e simples, era escrita a verde e com uma caligrafia regular. Dumbledore escrevera:

“Harry,

     Sei que te sentes sozinho e que gostarias de ver os teus mais amados, por isso, não vejo o porquê de continuares na casa dos teus tios. Amanhã, Sirius e Remus, vão buscar-te e levar-te para a Toca, onde estes estão hospedados. Amanhã às 10horas está pronto para partires.

Espero que te divirtas e que gostes da notícia,

Albus Dumbledore”

     Harry leu e releu a carta. Abriu um sorriso de orelha a orelha. Há semanas que não sorria. Há semanas que não se sentia feliz. Só pensava, naquele momento, que ia rever o padrinho e Lupin em, aproximadamente, 13horas. Pensando nisso exclamou:

     - Amanhã vêem-me buscar!

     - A que horas? - Perguntou o tio.

     - Às 10horas.

     Dizendo isto saiu rapidamente da cozinha, deixando um tio, uma tia e um primo perplexos. Mal entrou no quarto abriu a sua mala e colocou tudo o que iria levar para a Toca e Hogwarts. Numa mochila mais pequena colocou a sua varinha de azevinho, pena de Fénix, vinte e oito centímetros, macia e flexível, uns livros, uma pena, um tinteiro, um pergaminho e um saquinho com algumas moedas bruxas. Quando, finalmente, conseguiu arrumar tudo no devido lugar, deitou-se na cama e adormeceu, tão rápido como nunca havia adormecido à semanas.

     “Harry estava num cemitério, estava escuro. Cedric e o outro Harry estavam mais adiante. Alguém aproximava-se. Trazia uns trapos nos seus braços. Apontou a varinha a Cedric e matou-o com um jacto de luz verde, fazendo o rapaz voar alguns metros para trás. Enquanto isso, o Harry do sonho estava ajoelhado no chão com as mãos a agarrar a cabeça. O homem desconhecido agarrou Harry e arrastou-o até uma lápide de mármore. Harry falou, mas o Harry verdadeiro não conseguiu ouvir, contudo ele sabia exactamente o que era. O Harry, do 4º ano escolar, foi amarrado, por cordas, à lápide e amordaçado. O homem, que era Wormtail, afastou-se de Harry e trouxe um caldeirão de pedra que parecia estar cheio de algum líquido, que parecia ser água. Wormtail pegou nos trapos e despejou o que estava dentro destes no caldeirão. Um osso elevou-se do túmulo onde Harry estava e colocou-o no caldeirão, a seguir, Wormtail, cortou a sua própria mão e colocou-a, também, no caldeirão e para terminar fez um corto no braço de Harry e, com um frasco, armazenou uma gota de sangue, onde, logo de seguida deitou-a no caldeirão. Do grande caldeirão saiu uma densa vaga de vapor branco, de onde saiu um homem alto e magro. Wormtail vestiu-o. Lord Voldemort reergueu. Virou-se para Harry, falou-lhe algumas coisas, e depois dirigiu-se a Wormtail. Os devoradores da morte apareceram e Lord Voldemort “conversou” durante um tempo com eles. No fim, pediu a Wormtail para desamarrar Harry e assim começou uma luta entre Lord Voldemort, Senhor das Trevas, e Harry Potter, o menino – que – sobreviveu. Num momento, um feixe de luz ligava as duas varinhas. Os dois ergueram-se do solo, ainda com as varinhas ligadas pelo fio de luz. O fio de luz fendeu-se. Embora as varinhas permanecessem ligadas, milhares de ramificações formaram arcos altíssimos por cima de Harry e Voldemort, fazendo uma cúpula, uma gaiola de luz. Ao invés de saírem fantasmas da varinha de Voldemort, como o verdadeiro Harry se lembrava, o Senhor das Trevas, conseguiu vencer e o jacto de luz acertou Harry mesmo no coração, fazendo-o voar vários metros para trás e cair, morto, no chão.”

     Harry acordou sobressaltado. Aquele sonho invadia-o todas as noites. Ele encontrava-se suado e pálido, não a palidez normal, era uma palidez de várias semanas, ele estava com a cara totalmente branca, sem cor. Foi ao quarto-de-banho e tomou um banho rápido, apenas para refrescar as ideias e encontrar-se apresentável para os amigos. A palidez ainda se encontrava no seu rosto, estava mais magro, até pior que a maioria das modelos de passerelle.

     Desceu as escadas e foi tomar o pequeno-almoço.

     Eram 9horas e 30minutos, Harry, não via mais a hora de sair daquela casa e ver Sirius, Lupin, a família Weasley e Hermione. Foi até ao seu quarto ver se lhe faltava alguma coisa. Levou a sua mala para o corredor do andar de baixo, à beira da porta, e deu graças a Mérlim por seu tio não estar em casa.

     O tempo passou devagar, mas logo eram 10horas. Houve um ruído de bater à porta. A tia Petúnia abriu a porta e logo intimidou-se com os dois homens que estavam na porta. Vestiam longas capas pretas, roupa muggle, umas jeans e uma T-shirt. Guiou-os até à sala, onde se encontrava Harry sentado no sofá, de costas para a porta da sala.

     - Harry Potter! – Exclamou Sirius, chamando a atenção do afilhado.

     Harry rodou a cabeça para trás e viu Sirius e Lupin. Pareciam estar bem. Sirius tinha um ar menos mau e descuidado. Levantou-se e abraçou Sirius. Lupin sorriu da cena. O abraço acabou e Harry cumprimentou Lupin.

     - Harry, estás mesmo mudado! – Disse Sirius.

     - Tens passado bem? – Inquiriu Lupin, sabendo o que o amigo estava a pensar.

     - Sim.

     - Tens a certeza? – Perguntou Sirius

     - Sim, tenho a certeza. Porquê?

     - Deves ter percebido que estás muito mais magro, que quase só se vêem os ossos, e que estás extremamente pálido.!? – Sirius perguntou, afirmando, como um pai que pedia explicações a um filho.

     - Talvez na palidez. – Disse, envergonhado, Harry.

     - E que tal sentarmo-nos e tu explicar-nos o que se passa? – Sugeriu Lupin.

     Harry indicou os sofás e os três sentaram-se. Harry numa poltrona e os outros dois no sofá do meio.

     - Eu só tenho sonhado com Voldemort, mais nada.

     - Harry, tu sabes que a culpa não é tu! Certo? – Lupin.

     - Todos dizem isso. Mas, e se a culpa for minha? Os meus pais morreram por minha culpa, Sirius foi para Azkaban porque pensavam que ele tinha traído os meus pais, que por sua vez, supostamente, me traiu. Cedric morreu porque estava comigo, Voldemort ressurgiu porque precisava do meu sangue, sangue do seu inimigo. Até Ginny, a irmã do Ron, já sofreu por minha culpa! Tom queria conhecer quem o tinha enfraquecido e utilizou Ginny para isso, quase que a matou. Todos à minha volta correm perigo. Não um simples perigo. Perigo mortal! – Harry já estava de pé a andar de um lado para o outro.

     - Isso não é verdade Harry! – Interveio Sirius levantando-se e pondo uma mão no ombro do rapaz para acalma-lo.

     - Sirius tem razão! Isso tudo não é culpa tua. Tu não escolheste isto tudo! É tudo culpa de Voldemort. James e Lily nunca te abandonariam. Eles estarão sempre no teu coração. Voldemort acabará por ser derrotado e todos poderemos ter uma vida normal. Não te deixes afectar por esses pesadelos. – Falou Lupin, reconfortando Harry.

     - Até podem ter razão. – Disse olhando para Sirius

     - É obvio que temos razão. Qual o maroto que não tem? – Inquiriu Sirius sorrindo, o que fez Harry sorrir. – Vamos?

     - Sim! – Respondeu Harry feliz – E como vamos?

     - De vassoura é claro!

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