bloody m.




uma short de Nah Black ® Copyright : be original, damn!


 Alice bateu a porta com força atrás de si, e deu o primeiro soluço, que estava preso em sua garganta há tempos, e logo depois vieram os outros. A noite estava gelada, então abraçou os próprios braços, tentando se defender do vento. A escuridão assolava e os morcegos – os malditos morcegos! – estavam vigiando do topo das copas imensas das árvores, esperando para voar de uma árvore para a outra do outro lado da rua bem quando ela estivesse entre elas, como uma valsa mortífera. Ela não sabia qual era o problema deles com ela. Já havia dito para sua mãe, e ela simplesmente rira, dizendo: “Alice, o que é isso! Morcegos são tão amigáveis!” – é claro que foi aí que ela se lembrou que sua mãe se casou com ninguém menos que seu pai, então desistiu de considerar a hipótese de o problema ser com ela e não com os mamíferos voadores.

 Falando em seu pai, ela ainda podia ouvir os gritos dele lá dentro, e o seu choro foi se acalmando conforme a voz dele também se abaixava. Ela olhou pela rua escura, hesitante por causa dos morcegos, mas apenas deixou-se seguir. Não seria a primeira vez que simplesmente saía de casa depois de uma briga com seu pai.

 Depois de andar uns três quarteirões, seus pensamentos já estavam muito longe da briga. Só foi ouvir o celular tocar quando a música estava quase na metade. Uma música barulhenta e estrelas piscando loucamente no visor: “a hiperativa da Marlene”, pensou, rindo baixinho.

 - Oi?

 -
Lice!

 - Fala. – então ela reparou que a amiga estava em um lugar muito barulhento.

 -
Por que você ainda não chegou?

 Oh, a festa de James. Discutir com seu pai – furiosamente – não era realmente animador. Se voltasse para casa agora e começasse a se arrumar, seu pai começaria a gritar outra vez - e novamente, nada animador em sua vida esta noite.

 - Erm, eu briguei com o meu pai, não estou animada.

 -
Oh, Lice... quer que eu vá aí? Eu posso levar a Lils, ela e o James estavam brigando por ali e...

 - Não se atreva! Aproveite a festa, eu vou ficar bem.

 -
Tem CERTEZA? Quer dizer, eu sei q...

 -
Marlene, calada!

 Alice teve a impressão de que ouvia alguém chamar Lily perto da outra - e com certeza aquela voz era de James. Logo Lene tornou a falar:

 -
Ok, você é quem sabe. Jura que vai ficar bem?

 - Juuuuro, Lene.

 -
Ah, então ok. Amanhã à tarde eu passo aí com a Lily pra gente ir ao shopping!

 - Tem como fugir?

A outra gargalhou na linha.

 - É óbvio que não, sonsinha. Te vejo amanhã. Fique bem, ok? Eu amo você.

 - Eu também te amo, Lene.

 E ela desligou. E Alice se viu sozinha, com os morcegos. Suspirando, continuou a caminhar pela rua sem movimento. As casas faziam enormes sombras escuras, embora as luzes amarelas se estendessem com uma alegria quase irradiante, e ela podia ouvir vozes em algumas, felizes, seguidas de risadas altas. Foi de uma dessas casas, de cuja janela da frente se podia ver uma sala com um pai e uma mãe que estavam gargalhando de alguma coisa – e não brigando como os seus provavelmente estavam -, que ele saiu. Seus olhos escuros ainda estavam sorrindo quando ele desceu os degraus, abrindo o celular.

 - Não volte tarde! – uma voz masculina gritou de lá de dentro, devia ser o pai de Frank.

 Alice pensou em passar por ele como se não o tivesse visto. Era fato que às vezes se trombavam, e a conversa nunca havia passado de “Oi, tudo bem? E aí, vai na festa no sábado? Ah, te vejo lá, então. Tchau” – e naquele momento ela estava definitivamente sem humor para ter aquele tipo de conversinha.

 Ele ficou parado no portão, e ainda estava distraído vendo alguma coisa no celular, mexendo nos botões. Devia estar esperando alguém. Alice já estava quase passando totalmente por ele quando ouviu o celular se fechar:

 - Alice?

 Ela girou os calcanhares na direção dele.

 - Oi, Frank!

 - O que está fazendo aqui?

 - Haam... dando umas voltas? – arriscou, enfiando as mãos nos bolsos do casaco.

 Frank se aproximou dela. Ele usava um perfume ótimo. A blusa preta combinava perfeitamente com seu tom de pele e os seus cabelos. Ela nunca havia realmente percebido o quanto ele era lindo – devia ser por isso que a maioria das garotas que ela conhecia o achava o máximo. Menos Lílian e Marlene, é claro. Embora Marlene já tenha saído com ele uma vez. Mas agora ela só tinha olhos, ouvidos, corpo e mente para um garoto em especial.

 - Quando tem uma festa acontecendo? – ele riu mansamente.

 - Não estou realmente... animada, sabe.

 - Alice... você não pode estar falando sério. Qual é, essa não é você.

 Aquilo era um tom de desapontamento? Ela suspirou.

 - É que eu... discuti com meu pai.

 - E ele não deixou você ir à festa?

 - Ah, Frank, estou desanimada!

 Ele crispou os lábios, e olhou para os lados, furtivamente. Alice percebeu que ele estava tentando falar alguma coisa. Frank aproximou-se mais, e ficou a uns dois passos de distância dela.

 - Sabe – ele começou, quase com um sussurro – quando eu estou desanimado, eu procuro ir às festas. É um bom remédio.

 - Bem, eu costumava fazer isso também – ela passou a mão pelos cabelos, jogando-os para trás – mas é que Lílian estará com James, Marlene com Sirius, Emmeline com Remo, e Dorcas com qualquer garoto... eu vou me sentir mais sozinha do que já estou.

 Ela surpreendeu-se com o tom melancólico da sua própria voz, e pigarreou para tomar compostura. O que estava fazendo? Se lamentando por não ter um namorado?

 - Quer dizer, não que eu precise de um garoto para me animar, só de uma amiga e...

 Ele gargalhou, inclinando o corpo pra trás. Alice corou.

 - Ah, sinceramente...

 - Que é? – ela quis saber, um pouco irritada.

 - Alice, sinceramente? Você conhece metade da escola, e metade da escola vai estar lá!

 - Mas esta noite eu preciso de um amigo, droga!

 Ela sabia que podia ser exagero, mas para começar, nem queria estar conversando com alguém. Por via das dúvidas, saiu andando pela rua, esperando que ele não ficasse chateado com essa atitude infantil, mas não se preocupando realmente com o que ele iria pensar.

 - Hei. – ele estava segurando o seu cotovelo, delicadamente.

 Desde quando ele era tão rápido?

 - Oi?

 - Me desculpe, eu... droga, eu sou um idiota.

 - Er, não se preocupe, Frank! – ela tentou sorrir, mas isso não chegou aos seus olhos.

 - Ok, eu fiquei realmente arrependido, agora. É claro que você não está animada, você brigou com seu pai e...

 - Frank, você não...

 - Me deixa recompensar.

 - O quê?

 - Venha à festa comigo, eu juro que vou passar a noite inteira sem te chatear.

 - Mas eu nem estou trocada, e você já está saindo e...

 - Ah, não se preocupe com isso. A minha carona vai estar aqui quando você estiver pronta, já que você vai mesmo. – e lhe ofereceu um enorme sorriso.

 Alice não resistiu àquela fileira de dentes brancos e perfeitos, e mordeu os lábios, tentada. Por um segundo a tristeza que a briga lhe proporcionara desapareceu.

 - Vinte minutos.

 - Qual é, as garotas não são tão rápidas.

 - Eu já tomei banho. Aliás, está me desafiando?

 - Alice, pode ocupar o tempo que precisar.

 - Droga, porque você é tão paciente?

 Ele riu baixinho.

 - Eu ia demorar umas duas horas, só pra te dar um chá de cadeira – ela riu – mas tudo bem, eu vou mais rápido.

 - Quer que eu te acompanhe até a sua casa?

 - Você não tem nada melhor pra fazer?

 - Na verdade, não.

 - Já que está tão disponível... – ela desdenhou, dando um risinho, e puxou-o pelo braço.

 Eles voltaram pela rua, conversando, ainda de braços dados. Alice sentiu-se confortável com aquilo, então não se afastou. Frank tinha uma conversa fácil e falava o que ele achava sinceramente sobre as coisas. Ela ficou um pouco distraída com o brilho dos olhos dele, e com a risadinha baixa e discreta que ele dava quando ela fazia alguma ironia ou alguma piada idiota. Ah, ela ficou distraída também com a temperatura do braço dele: tão quente!

 Quando chegaram à frente da casa dela, as luzes da sala estavam acesas e havia uma calmaria estranha. Alice soltou o braço dele para abrir a porta e deu uma espiada lá dentro: sua mãe estava assistindo televisão e seu pai devia estar lá encima, no quarto. Pelo menos ele não estava na área.

 - Quer entrar? – ela sorriu.

 Frank fez um gesto positivo e passou a mão pelos cabelos. Quando fechou a porta, a cabeleira escura de Norah virou-se no sofá, e um sorrisinho surgiu em seu rosto.

 - Mãe, este é Frank. – Alice apresentou – Frank... bem.

 Ele foi até o sofá, sorrindo e apertou a mão da mulher. Norah tinha um sorriso fascinado no rosto.

 - Você não é... o filho dos Longbotton, querido?

 - Sou, sim.

 - Vai levar minha Alice para passear, huh? – ela perguntou, maliciosa.

 - Er, mãe, eu vou para a festa de James com Frank.

 - Ah, isso só é outra maneira de dizer que é um encontro.

 - Não é um encontro! – afirmou a garota, e ela emendou antes de qualquer colocação embaraçosa: – ah, pode esperar na cozinha se quiser, Frank, eu vou subir. Desço
realmente rápido.

 A mãe de Alice deu uma risadinha enquanto ela subia as escadas. Ela praguejou, pensando nas coisas constrangedoras que sua mãe devia estar dizendo à Frank. Abriu a porta do quarto de uma vez, e fuçou no guarda-roupa. Escolheu um vestidinho preto frente única que ia até a metade da coxa, com um belo decote, uma sandália de salto da mesma cor e jóias prateadas. Nada como um preto básico para situações como aquela. Passou rápido a chapinha no cabelo, deixando-o lisíssimo e brilhante da raiz até as pontas, muito negro. Depois de passar a maquiagem, e o perfume, desceu as escadas, fazendo algum barulho. Isso tudo durou uns trinta minutos, e Frank estava sentado ao lado de sua mãe, rindo do programa de tv. Os dois viraram a cabeça no sofá quando ouviram os tuques do seu salto.

 - Hmmm...

 - Você está linda, filha!

 - Obrigada, mãe. Podemos ir?

 Frank pulou do sofá e deu a volta. Ele avaliou o corpo dela disfarçadamente até segurar o seu braço.

 - Prometo que não vou trazê-la embora tarde, Norah.

 “Norah? Ele passa dez minutos com a minha mãe e já está chamando-a pelo primeiro nome? Oh, céus...” ela pensou, sorrindo discretamente enquanto a mãe deu uma risada divertida.

 - Aproveitem a noite!

 Os dois saíram lá fora. Havia um carro preto lá na frente.

 - É seu choffer? – ela riu.

 Frank abriu a porta para ela.

 - Sirius?!

 O motorista virou-se para ela com um daqueles sorrisos que haviam deixado Marlene no chinelo, e ela não se conteve ao correspondê-lo. Frank sentou-se no banco da frente com o outro, pigarreando.

 - Então esse foi o motivo da sua demora, huh? – brincou Sirius, ligando o carro e saindo pela rua – pelo menos é um bom motivo...

 - Cara, eu encontrei a Alice como uma mendiga na rua – Frank riu, e mexeu nos cabelos negros para ajeitá-los – hoje, eu vou cuidar dela.

 Sirius gargalhou e aumentou a velocidade do carro. Alice corou furiosamente, e olhou-se no reflexo da janela.

 - Lene estava preocupada com você. – Sirius falou.

 - Acho que ela vai ficar muito surpresa de eu aparecer lá, já tinha dito que não ia.

 - Ah, qual é, você não pode perder uma festa como aquela – ele olhou-a pelo retrovisor, sorrindo – está bombando!

 Ela percebeu que ele teve a delicadeza de não perguntar o motivo, e sorriu de volta. Frank mexeu nervosamente nos cabelos, e Alice observou o músculo do braço dele, cheio, que se contraiu quando ele ergueu, apertando a manga da camiseta.

 Por um instante, ficou desenhando aquelas músculos por baixo da roupa dele, sem ter consciência do que fazia. Ele tinha ombros largos, fortes e a mandíbula rígida deixava seu rosto quadrado. Como ela nunca havia prestado atenção antes? Frank era realmente lindo. Ela percebeu que ele passou a mão pela própria coxa, esfregando, como se estivesse subitamente nervoso. Sirius limpou a garganta e aumentou o som no rádio.

 Não demoraram para chegar na casa de James. Os pais dele estavam viajando, e ele não era do tipo de garoto que perdia essa oportunidade. Haviam vários carros estacionados por toda a rua, e o som estava realmente alto. Já havia gente do lado de fora. As luzes lá dentro piscavam, e Alice se animou rapidamente, ansiosa para esquecer as palavras rudes do pai e passar a noite unicamente... aproveitando.

 Sirius entrou com o carro na garagem da casa de James, em um lugar que já devia ter estado antes. Eles saltaram do carro, e Alice sorriu quando Frank lhe murmurou alguma coisa sobre a repentina animação.

 Os três entraram na casa, desviando da pequena multidão. A maioria das pessoas eram da escola, e, quando eles entraram na primeira sala, Frank lhe ofereceu a mão para não se perderem. Alice hesitou um pouco, mas acabou encaixando os dedos entre os dele. A mão dele era realmente quente - como ela havia imaginado -, ao contrário da dela cujos dedos eram finos e gelados. Sem perceber o que fazia, ela parou-o ali, e ele virou para olhá-la, surpreso. Algumas pessoas trombaram neles, mas Alice só sustentou seu olhar, sentindo a mão dele esquentar a sua.

 Ele se aproximou e colocou a mão em sua cintura. Quente. “Ah, Frank...”. De repente, ele se inclinou, e inspirou o ar perto do pescoço dela, fazendo-a se arrepiar.

 - Você tem um cheiro muito bom, Alice – ele murmurou em seu ouvido, e ela riu.

 - Obrigada. Eu ainda queria dizer que você fede, mas isso seria mentira demais...

 - Que bom. – ele riu também.

 A mão dele ainda estava em sua cintura. Alguém esbarrou nele, fazendo-o ficar ainda mais perto de Alice. Seus olhos eram escuros, quase pretos, e muito brilhantes. Notou que ele era do tipo de garoto que parece durão, com aquele queixo quadrado e o olhar desviado, mas os cílios compridos e a afetividade que os olhos esbanjavam não enganavam ninguém. Pelo menos não enganavam a ela. A garota mordeu os lábios inferiores, enquanto seus olhos pousaram levemente na boca dele, entreaberta, e na curva delicada no lábio inferior.

 - Quer uma... bebida? – ele perguntou de repente.

 Alice saiu do transe. Afirmou com a cabeça, e afastou-se dele para que ele fosse buscar. Nem teve muito tempo de olhar para os lados: em um segundo, Marlene estava pulando em seu ombro, totalmente elétrica.

 - Lice! Ah, que bom que decidiu vir! Você está linda, linda!

 - Obrigada, você também está, cat!

 Marlene estava usando um vestido vermelho, decotado e curto, que deixava o corpo cheio de curvas da amiga um pouco vulgar, mas combinava com ela, mesmo assim.

 - Sirius estava dando a louca antes de sair para buscar alguém. – ela segredou, com um ar de riso no rosto.

 - Ele foi nos buscar. – Alice falou – mas, espera! Ele estava dando a louca por causa do vestido?

 - Acredita?! – ela riu – disse que é indecente, que eu deveria usar só para sair com ele, como se eu fosse continuar a sair com ele depois de hoje...

 Marlene terminou aquilo de um modo debochado, e já começou a dançar no ritmo da música.

 - Como? Você não vai? – Alice a acompanhou.

 - Quê? Eu vi ele dando em cima de umas três gurias. Deve até ter beijado elas! O que eu fiz? Eu beijei o Chace Stanford enquanto ele estava na rua, querida!

 Alice botou a mão na boca, incrédula, e Lene gargalhou. Alice sabia que ela se importava com aquelas galinhagens de Sirius, sim, mas que também faria de tudo para que aquilo não estragasse sua noite.

 - Ok, rodada! Minha companhia está chegando... – ela falou perto do ouvido da amiga, quando viu Frank vindo atrás dela.

 Lene virou-se para olhá-lo. Ele desviava das pessoas com dois copos de whisky nas mãos. Em seguida, ela arregalou os olhos e a boca, sem disfarçar quando ele chegou até elas.

 - Oi, Marlene. – ele cumprimentou-a, com um beijo no rosto.

 Lene estava tão extasiada que nem respondeu. Fez um gestos engraçados com as mãos e saiu dançando entre as pessoas, deixado os dois dando risadas.

 - Ela e o Sirius são um belo casal, não é?

 - Eeer, eles...

 - Quer dançar?

 Ela já estava dançando, e deu um sorriso enorme quando ele começou a acompanhá-la. O cheiro de Frank era definitivamente entorpecente. Ela soube que aquele cheiro doce com notas leves de hortelã não sairiam de sua mente e de sua roupa tão cedo. E aquelas mãos, quentes, em sua cintura, em suas costas, em seus braços...

 Já tinham dançado umas três músicas quando Alice o chamou para ir buscar mais bebidas. Frank a acompanhou, os dedos enlaçados nos dela, até a cozinha. James estava atrás do balcão do barzinho, e estava sorrindo de orelha a orelha, o olhar meio devagar, e Lily estava lá, parecendo um pouco emburrada, sentada em um banco alto.

 - Lils! – Alice foi abraçá-la – pare com essa cara, está me assustando – murmurou em seu ouvido.

 - Ah... é que ele só não para! Tem alguma idéia de como é isso? Estou ficando com náuseas! – Lily respondeu.

 Alice deu uma disfarçada para que Frank e James, que conversavam do outro lado do balcão, não percebessem.

 - O que foi?

 - Ele está bebendo whisky como se fosse água, vai estar numa ressaca rachada amanhã e tudo tem que estar limpo até as duas da tarde, porque os pais dele vão chegar e ele não vai conseguir! E aliás, tem umas garotas mandando beijinhos pra ele, como se eu fosse, sei lá, invisível? E sabe o que ele faz? Só dá risadinhas! Diz que eu fiquei parecendo um pimentão e que estou com ciúmes...

 - Ele também diz que no fundo você sabe... – completou Alice, rindo.

 - Sim, ele diz que no fundo, eu sei que sou só eu o amor da vida dele. – ela declarou, derretida.

 - Ai, como o amor é lindo...

 - É, você acha que está muito longe disso, né? Te vi com o rapaz. – e apontou para Frank com a cabeça.

 - Rapaz? Que estilo McGonagall, Lily. Acho que não deve passar tanto tempo com ela...

 - Agarra e se joga, Lice! – Lílian desatou a rir – Oh, meu Deus, esse é gato!

 Alice corou um pouco, mas riu também. Queria dizer à ruiva que não havia ido à festa com Frank com segundas intenções. Quê? Não. Na verdade, ele estava apenas pagando uma dívida a ela.

 - Qual é, Lice? Vamos curtir essa festa! – a ruiva continuou a rir e pegou uma taça encima do balcão, saltando do banquinho e indo em direção à sala.

 James a notou e desviou de Frank, perseguindo a ruiva, os dois já no ritmo da música. Alice encostou-se no balcão com os cotovelos, observando Frank colocar whisky no próprio copo.

 Ele tinha um sorrisinho leve nos lábios.

 - Então, eu não te chateei até agora, certo?

 - O que quer dizer? - ela ergueu as sobrancelhas, surpresa.

 - Que eu estou cumprindo a minha promessa, oras.

 - Então havia alguma possibilidade de você não cumprir?

 - Eu não sei, Alice, sabe, a vida é louca, passageira e...

 - E você é um safado.

 - Você tem cada idéia pessimista de mim - ele riu baixinho.

 Aquele riso estava começando a deixá-la mais sorridente. Alice sentiu-se estranha quando ele inclinou-se sobre o balcão e o hálito dele fez sua cabeça pifar.

 - Na verdade, eu acho que você é muito responsável, Frank. Cuidar de uma mendiga é um tanto...

 - Não seja malvada.

 - Eu diria doce.

 - Doce é uma coisa meio afeminada.

 - Huh, Frank... - ela fez um biquinho com os lábios, fingindo estar pensativa, mas não perdeu o olhar dele em sua boca - ... você prefere radical?

 Ele deu uma risada gostosa, e Alice ajeitou o cabelo atrás da orelha. De repente, ele se afastou no balcão e pegou uma dessas canecas prateadas e cumpridos de barman que estava por ali, tampada, e teve uma idéia:

 - Então, princesa... já que eu estou totalmente aos seus comandos essa noite. - ela riu com aquilo, mas o riso parou quando ele tornou a se aproximar tão rápido que ela teve que segurar o ar - o que você quer para beber?

 Alice sussurrou com um sorriso torto, gostando daquilo:

 - Daria trabalho fazer um bloody mary?

 Ele riu, baixinho, e seu hálito doce a torturou lentamente, de uma maneira gostosa.

 - Daria. Mas pra você, eu faço.

 E se afastou de novo. Alice suspirou, mordendo os lábios, e o observou andar pela cozinha de James e achar as coisas com facilidade.

 - Você parece conhecer bem aqui. - ela desconversou.

 - Ah, os pais de James são legais, sabe, a gente vive fazendo coisas aqui, eu, o James, o Sirius e o Remo.

 - Sei. Coisas.

 - É. O pai de James me ensinou a fazer uns drinks, e vive contando as coisas que ele aprontava quando tinha a nossa idade. Ele não é muito diferente do Jay...

 - Huum, muito diferente de vocês, na verdade.

 - Ah, Alice... – ele parou subitamente e lhe fez um gesto dengoso, e uma cara de cachorro que caiu da mudança – eu não sou tão mau.

 - Eu nunca disse isso.

 Frank colocou a garrafa de vodka no balcão, assim como o sal, a pimenta do reino, o suco de limão e de tomate, o tabasco e o molho inglês, sem desviar o olhar de Alice, que sorriu torto.

 - Vamos ver se você é bom nisso.

 - Vamos ver.

 E ele começou a fazer. Como um barman, às vezes balançava o corpo no ritmo da música agitada que estava balançando a casa, e misturava, adicionava os ingredientes, tornava a misturar. Ele pegou a caneca prateada, a abriu e despejou o conteúdo lá, adicionou mais vodka, tampou e chacoalhou.

 - Uh-lá-lá. – ela falou, rindo, quando ele fez um biquinho e piscou para ela.

 - Ok, vamos ver se ficou bom.

 Frank abriu o copo e deu um gole. Fez uma careta, e, espremendo o riso, fechou os olhos com força. Alice gargalhou, e pensou que ele poderia ser o garoto mais gentil de todo o planeta.

 - Eu acho que está bom. – ele falou, lambendo os lábios.

 Alice sorriu, empinou o queixo enquanto ele se aproximava. Estava pensando no quanto ele era cruel ao lamber os lábios. Frank encostou os cotovelos no balcão, e o seu cheiro foi mais cruel ainda, deixando a mente de Alice totalmente pifada.

 - Quer experimentar? – ele sussurrou, e virou a cabeça para que a caneca não batesse nela quando a virou nos lábios, dando mais um gole do drink.

 Alice simplesmente não resistiu àquele sorriso torto.

 - Sim.

 E segurou a nuca de Frank, puxando-o para um beijo devagar e gostoso, com gosto de vodka. Ele largou a caneca encima do balcão que os separava, um pouco surpreso, e segurou a nuca dela também. Os lábios dele eram macios e ardentes, e ela não soube dizer se eram por causa do bloody mary ou se eram por causa da ousadia com que tomavam os seus, sugando-os ou os mordendo de leve. Quando ele tocou a língua dela uma vez com a sua, de uma maneira muito quente, Alice sentiu todo o seu corpo se derreter e uma onda de calor assolá-la, e retribuiu com a mesma intensidade. Quando se afastou delicadamente, estava completamente sem ar. Não se afastou tanto, mas o suficiente para olhar nos olhos dele e manter todas as mãos onde estavam.

 Frank sorriu, ergueu uma sobrancelha e seus olhos escuros brilharam como nunca. O gosto da vodka ainda estava na boca de Alice quando ela acariciou a sua nuca, esperando que ele dissesse alguma coisa.

 - Então, gostou?

 - Eu quero mais.

 O sorriso dele se alargou.

 - Sua vez.

 E lhe ofereceu a caneca. Alice virou-a nos lábios. Estava realmente bom, e sua cabeça girou com torpor e sua garganta ardeu. Antes que percebesse, Frank estava do seu lado, do outro lado do balcão, com as mãos em sua cintura, se aproximando. Seus lábios roçaram os dela e ele sussurrou:

 - Minha vez de experimentar.

 Ela riu, baixinho, e passou uma mão pelo pescoço de Frank. A outra estava contornando aqueles músculos nos ombros, braços e nas costas, que mais cedo ela havia imaginado. Ela simplesmente não podia imaginar que a sua noite terminaria assim. Frank apertou-a no abraço e acariciou sua cintura, e então a beijou, mais ardente e quente do que antes.

 Tão gostoso quanto um bloody mary.
















n.a: eu sei. o que essa guria tá postando se ela disse que só postaria daqui uns três dias? Ah, eu sou mais agoniada que sei lá quem, então aí está. aliás, está sujeito a mudanças, sabe ;# mas ligeiras mudanças, ninguém nem vai perceber nadinha ;) espero que gostem! mesmo mesmo mesmo. Frank e Alice não é muito a minha... rotina, mas mesmo assim, adorei escrevê-los :D é um belo casal.
anyway, é isso aí.
beijos!

Nah Black #




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