Re-encontros
N/A - Olá. Olha eu aqui outra vez. Não vou enrolar vocês, lá no final eu volto. Vamos ao capítulo:
Finda a cerimônia, trataram de organizar a partida o quanto antes. Aproveitaram o dia seguinte para as moças visitarem novamente as lojas do centro de Londres, enquanto os homens discutiam sobre a viagem. Estavam sentados na sala da casa e Sírius, com uma caneca de cerveja na mão, quando este disse.
- Não poderei ir com vocês, Harry. Preciso tomar posse das terras que o rei Ricardo me concedeu junto com o título.
- Claro! Já esperava por isto. – Harry concordou, mas no íntimo lamentava a distãncia que seria imposta entre ele e seu padrinho – Você irá com ele, Remo?
- Sim, claro. Não posso deixar este seu padrinho sozinho, ele é capaz de aprontar alguma sandice e acabar perdendo o título que acabou de ganhar. – Lupin disse.
- Diga a verdade, Reminho. Você não aguenta mesmo é ficar longe de mim. Sua vida seria um tédio enorme se não fosse eu. – Cutucou Sírius.
- Na verdade, acho que minha vida seria uma maravilha. Extremamente tranquila e pacata, caso eu conseguisse ficar sem me preocupar com você, Sírius. Infelizmente não consigo, então é melhor ficar sempre por perto.
- Sabe, às vezes vocês dois parecem meus pais. Brigam por tudo. – Cortou Rony, arrancando gargalhadas dos presentes, até mesmo dos dois que pararam de discutir.
- Falando sério, agora. Não sei quanto tempo ficarei fora, mas espero conseguir comparecer ao casamento de Gui. – Retomou Sírius – Vamos levar Teddy conosco, assim poderemos intensificar seu treinamento.
- Certo! Nos veremos novamente em breve então. Enquanto isto cuidarei de alguns contatos por aqui, antes do casamento. – Harry parara de rir e agora se virava para Dumbledore, que estava sentado ao lado de Sírius, assistindo a tudo calado – Por falar nisso professor, o senhor permitiria que Hagrid nos acompanhasse? Gostaria que ele estivesse comigo quando formos visitar os Malfoys. E que depois escoltasse Gina e Hermione até a França.
- Tenho certeza de que Hagrid ficará esfuziante com a idéia, meu rapaz. – Respondeu ele – Pode ficar tranquilo, tenho alguns assuntos a tratar e quando retornarem do casamento, nos encontraremos em sua casa.
- Então o senhor também acha que tenho razão? Vai ficar conosco um tempo? – Insistiu Harry, satisfeito.
- Ah, com certeza. Não acredito que deixei isto escapar. Devo estar ficando velho. – Lamentou-se o ancião.
- Você não está nada velho, Dumbledore. – Cortou Lupin.
- Claro que não. Mal parece ter cem anos, quanto mais seus cento e cinquenta. – Emendou Sírius em tom de brincadeira.
- Vocês são muito gentis, meus caros. Mas a verdade é que a idade pesa para todos. Mais cedo ou mais tarde começamos a sentir os efeitos do tempo. – Respondeu Dumbledore – Não que isso me aflija, vejam bem. Aceito a realidade da vida e os efeitos do tempo de bom grado. Mas se não fosse pelo nosso querido Harry aqui, talvez perdêssemos essa magnífica oportunidade.
- Não fiz nada de mais. – Justificou-se o moreno.
- Não minimize o que fez, Harry. Foi realmente muito perspicaz de sua parte identificar. – Repreendeu Dumbledore – Ainda necessita apurar sua capacidade perceptiva, mas fico muito satisfeito com o que conseguiu.
- O senhor vai conversar com elas? – Perguntou Harry.
- Infelizmente devo partir ainda de madrugada, de modo que não terei tempo. Mas gostaria que você contasse, se não se importa.
- Claro professor. – Concordou ele de imediato – Só nãosei qual será a reação delas.
- Pois eu tenho certeza de qual será. – E Dumbledore piscou marotamente, encerrando o assunto por ali.
Partiram na manhã seguinte. Exceto Dumbledore, como já era esperado. Deixaram a cidade e quando chegaram em uma bifurcação no caminho a comitiva de Harry continuou seguindo rumo ao castelo Potter enquanto Sírius, Lupin e Teddy pegavam outra estrada. A pedido de seu padrinho, Harry levava Andrômeda para sua casa, onde ela passaria a viver.
A viagem transcorreu sem problemas e chegaram em Godric's Hollow, onde fcava o castelo Potter em poucos dias. Rapidamente Harry organizou um grupo de soldados e no dia seguinte partiam novamente, agora com cinquenta homens fortemente armados e montados fazendo uma longa fila atrás da bandeira do leão dourado sob fundo vermelho, todos vestidos com roupas de mesmo tom. Harry cavalgava logo atrás de seu estandarte, com Neville e Loefgreen a seu lado. Não havia mais motivo para esconder quem era, agora ele fazia questão de ser reconhecido por onde passava. Pouco mais atrás, vinha a carruagem transportando Hermione e Gina, ladeada por Hagrid.
Passado o choque inicial ao se conhecer Hagrid, agora as moças adoravam sua companhia. Aquela primeira imagem que ele passava, de um homem bruto, violento e assustador, normalmente associada a uma pessoa com quase dois metros e meio de altura, barba cerrada que lhe escondia as feições e olhos pequeninos e negros, fortemente armado com uma espada que possuia quinze centímetros de largura e um metro e meio de cumprimento e um machado de dois gumes pendurados na cintura e uma besta pendurada nas costas, devidamente acompanhada de uma aljava com flexas era, sem sombra de dúvida, intimidante, uma figura que certamente impunha medo e respeito em um campo de batalha. Mas quando abria a boca para falar, ficava claro como água que se tratava de uma pessoa dócil e meiga, que faria qualquer coisa para proteger seus entes queridos. E dentre estes, se destacavam com louvor Dumbledore e Harry. Mas ele já demonstrava grande apreço também por Gina e Hermione, e se sentira muito contente em acompanhá-las durante a viagem. Desde o primeiro momento assumira uma posição ao lado da carruagem, de onde conversava a maior parte do tempo com elas. Passava o dia contando piadas ou estórias engraçadas da época em que Rony e Harry estavam em treinamento. Só saiu do lado delas quando chegaram às terras de Mione. Então ele se juntou a Harry para receber suas instruções. Neste momento toda a suavidade e bondade sumiram de seu olhar e ele voltou a incutir medo nas pessoas.
Era ainda meio da manhã quando a comitiva parou, na divisa da propriedade. Enquanto os homens desmontavam e descansavam, Hagrid se aproximou.
- O que pretende fazer agora, Harry? O que quer que eu faça?
- Eu quero que você vá até lá e entregue para Malfoy a ordem real. – Respondeu Harry – Diga que ele tem até o por do sol para deixar estas terras, ou entraremos e o tiraremos à força.
- Será que ele tentará resistir, Harry? – Perguntou Neville, que estava a seu lado.
- Duvido muito. Ainda mais que o portador da mensagem será Hagrid. É para deixar bem claro que não estamos brincando e que estamos dispostos a para fazer cumprir o decreto real. – Respondeu este.
Hagrid não questionou as orientações recebidas. Montou em seu enorme cavalo, um animal como nenhum antes visto, na medida para suportar todo o seu peso e enviando um aceno às moças, entrou na propriedade. Enquanto isto o grupo se espalhava, buscando um local para descansar. Loefgreen organizou alguns homens para ficarem de guarda enquanto Harry e Neville se dirigiram para a carruagem, onde Gina e Hermione permaneciam. Haviam deixado o veículo, mas permaneciam a seu lado. Passaram algum tempo por ali, conversando enquanto aguardavam. Almoçaram e pouco depois finalmente Hagrid retornou. Trazia um semblante pesado e era escoltado por dez homens. Imediatamente Loefgreen mobilizou os seus, mas Hagrid gesticulou e todos relaxaram. A escolta parou na fronteira e montou guarda. Os homens de Harry postaram-se de frente a estes, armas em punho, prontos para lutar.
Harry recebeu o amigo no meio do caminho e juntos seguiram até a carruagem, só conversando quando lá chegaram.
- Você está bem, Hagrid? – Perguntou Hermione, assim que ele se sentou à sombra fornecida pela carruagem – Alguém tentou lhe fazer mal?
- Estou bem, lady Hermione. Muito bem. – Respondeu ele.
- E como foi, Hagrid? – Perguntou Harry.
- Bem, no início Malfoy não queria me receber. Disse que não se sujeitaria a receber alguém como eu, um servo de Dumbledore. Mas teve que mudar de idéia, quando disse que estava trazendo uma mensagem do rei.
- Ele estaria sendo um grande idiota se não o recebesse. – Apontou Harry.
- Acho que ele também chegou a esta mesma conclusão. Enfim, mandou que eu esperasse do lado de fora da casa. Não mandou me servir sequer um copo de água, aquele Malfoy. Felizmente eu tinha levado um pouco. – E como para confirmar suas palavras, ele retirou um recipiente feito de pele de animal, uma espécie de cantil, destampou-o e virou-o na boca, tomando um longo gole do que quer que estivesse dentro. Quando terminou continuou – Depois de umas duas horas ele apareceu, acompanhado daquele filho com cara de fuinha dele, ambos de nariz empinado.
- Eles te fizeram esperar duas horas? Eu não acredito numa coisa dessas! – Bufou Gina, inconformada.
- Este tipo de atitude não me incomoda, lady Gina. Já estou acostumado, a maioria dos nobres me trata da mesma forma. Então, quando ele chegou e perguntou o que eu queria, eu simplesmente lhe entreguei a carta. Ele leu e não acreditou. Deu uma gargalhada, achando que era algum tipo de piada elaborada por Dumbledore. Quando ele parou de rir, disse a ele que o Duque de Grifinória era o portador da mensagem e estava aqui para fazê-la ser cumprida. E que ele tinha até o por do sol para deixar as terras que invadira por bem, ou teríamos que fazê-lo à força. Daí acho que ele começou a acreditar em mim. Mandou um homem até aqui, viu que era verdade e só então acreditou.
- E o que ele disse então? – Perguntou Harry.
- Perguntou quem era você. Eu não respondi, apenas disse que ficaria sabendo quando partisse. Por um momento achei que ele ia me atacar, tentar me matar. Mas algo o deteve e então ele acabou aceitando. Disse que precisaria de mais tempo, e eu disse que se ele tivesse me recebido na hora em que me anunciei teria duas horas a mais, as quais havia desperdiçado e que não haveria prorrogação do prazo. Ele teria até o por do sol para partir. Então dei meia volta e saí.
- E essa escolta? Por que eles vieram? – Perguntou Neville, que assim como Loefgreen, ouvia o relato calado até então.
- Não faço idéia. Apareceram pouco depois, e me acompanharam até aqui, mas não fizeram nada. Talvez tenham vindo apenas para se certificar que eu não me desviaria no caminho.
Depois de algum tempo os guardas foram embora, chamados por um mensageiro. Com o passar da tarde Harry ordenou que seus homens se preparassem e ficassem atentos, pois temia a possibilidade de um ataque. Mas isto não aconteceu e quando estava próximo do por do sol um vigia avisou que havia alguém chegando, então todos se posicionaram dos dois lados da estrada, criando um corredor por onde quem viesse deveria passar. Em poucos instantes surgiu uma bandeira e logo em seguida uma comitiva, liderada pelos Malfoys.
Quando chegaram na divisa da propriedade, onde Harry aguardava, ladeado por Hagrid, Neville, Gina e Mione, pai e filho estacaram, dando sinal para que os outros que vinham atrás continuassem o caminho. Malfoy olhou com desprezo para todos e então fixou seu olhar em Harry.
- Longbotton! – Disse ele – Eu deveria presumir que você estaria envolvido nesta afronta.
- Eu sou Longbotton. E realmente estou, de certa maneira. – Respondeu Neville, antecipando-se a Harry.
- Se você é Longbotton, então quem é... – Começou a questionar Malfoy, mas neste momento ele viu a cicatriz na testa de Harry, arregalou os olhos e murmurou – Não pode ser... Potter?
- Exatamente, Malfoy. Sou Harry Potter, filho de Thiago e Lilly Potter, Conde de Grifinória. Enviado pelo rei Ricardo para garantir a reintegração de posse das terras de lady Hermione Granger. – Disse Harry, não conseguindo esconder um sorriso de satisfação pelo olhar embasbacado que recebia do homem.
- Não pode ser. Você está morto, morreu junto com seus pais.
- Teria morrido, se não fosse pelo velho Dobby e eu. – Hagrid apontou, orgulhoso – Está um homem feito nosso pequeno Harry agora, não está?
Malfoy calou-se, avaliando a situação e as novas informações. Seu filho olhava preocupado para o pai, sem entender o que acontecia e aguardando sua reação. Então Malfoy pareceu se recuperar do choque e retomou a palavra.
- Eu deveria tê-lo reconhecido, Potter. Você se parece muito com seu pai. Se bem que eu não o conhecia muito bem, a única vez que o vi de perto ele já estava morto. Assim como sua mãe.
- Harry, não! – Gina foi rápida em segurar a mão dele, que buscava a espada – Ele só quer provocá-lo.
- Ora vejam só. O conde e seu séquito de monstros e criados. – Malfoy parecia ter se recuperado e desfiava todo o seu féu – Faça o que a criadinha manda, Conde. Controle-se. Mesmo por que, você não é páreo para um Malfoy.
- Certamente que não, quando somos pegos à traição e em menor número. – Respondeu Harry, punhos cerrados na tentativa de se controlar – Mas será que a situação não seria outra, em outras condições?
- Certamente um dia descobriremos... Conde. – E o sarcasmo uma vez mais ficou evidente na voz arrastada do homem, quando ele pronunciou o título.
- Mal posso esperar, Malfoy. Enquanto isso, como bem lembrou, sou um Conde. E como tal, informo que concedi a estas damas o merecido título de ladies. Hermione já o possuia por direito de sangue e concedi o mesmo a Gina por reconhecimento a serviços prestados. – Emendou Harry, conseguindo com muito esforço se controlar.
- Fico imaginando quais foram estes serviços. Devem ter sido realmente muito bem prestados. – Draco não aguentou e falou, olhando lascivamente para Gina, que corou violentamente - Eu mesmo almejei possuir tais serviços, mas esta ruiva é impossível. Mas vejo que na verdade era apenas uma questão de título.
- Pode acreditar, Draco. O serviço que prestei e a quem prestei não são de sua conta. E não é uma questão de título e sim de nojo. Pois é apenas isto que eu sinto quando olho para você. Mesmo que fosse rei, isto não mudaria. – Gina disse, sua voz trêmula de raiva.
- Malfoy, deveria ensinar etiqueta a seu filho. – Cortou Harry, tão ou mais nervoso do que Gina – Acabei de informar que a jovem é uma dama, e o rapaz lhe falta com o respeito, na minha frente. Você sabe perfeitamente que tal ato me obriga a tomar medidas severas contra ele, não sabe?
Pela primeira vez desde que tomou conhecimento da verdade, Lucius Malfoy ficou sem palavras e ainda mais pálido do que o normal. Arregalou os olhos, olhou para o filho com um olhar de desagrado e então voltou a falar.
- Peço desculpas pelo meu filho, Conde. Ele é jovem e afoito, não sabe controlar sua enorme língua. – E muito relutante, fez uma ligeira reverência em direção a Harry.
- Isto não justifica a afronta. Tenho todo o direito e desafiá-lo para um duelo, aqui e agora. Ou de nomear alguém para representar-me. Tenho certeza de que Hagrid o faria muitíssimo bem. – Hagrid, que estava em pé próximo a Harry grunhiu ferozmente e sacou seu machado, encarando o jovem Malfoy, que só não desmaiou por que estava sobre o cavalo e certamente a queda era grande. Mas ele balançou sobre a sela, e um grunhido de pavor escapou de sua garganta. Harry continuou – Mas, para que não digam que sou injusto, deixarei a decisão sobre o que fazer para aquela que foi diretamente ofendida. Lady Weasley, o que deseja que eu faça?
Gina não esperava por isto e ficou sem ação, olhando de um para outro. Então Mione se aproximou e sussurrou em seu ouvido. Ela então sorriu e respondeu.
- Meu senhor Conde, acredito que a ignorância tenha sido a responsável pela atitude imprópria do jovem Malfoy. Não desejo o sangue dele em vossas mãos, mas minha honra está maculada. O mínimo que se exige nestas situações é um sincero pedido de desculpas. Em caso de negativa, sugiro que Hagrid seja o algoz do jovem, como deseja vossa senhoria.
- Que assim seja, Milady. – Harry sorriu para ela, satisfeito com sua resposta – Aí tem sua chance, Malfoy. A dama exige um pedido formal de desculpas. Ou então, arque com as consequências.
- Que assim seja. – Lucius grunhiu entredentes. Então olhou para o filho, ordenando-o a desmontar com um gesto.
- Pai... Não pode estar falando sério. – Retorquiu ele, incrédulo.
- Desca, seu idiota. E faça o seu melhor pedido de desculpas. – Insistiu Lucius.
Sem a mínima vontade Draco obedeceu. Desmontou de seu cavalo, aproximou-se do cavalo de Gina e se ajoelhou no chão, abaixando a cabeça.
- Minha senhora! Sei que nada que eu diga ou faça apagará minhas rudes e inapropriadas palavras. Prefiro que minha língua seja arrancada de minha boca a repetir as palavras ferinas que disse a pouco. Mesmo não sendo digno, rogo por sua compaixão, para que me pedoe. Juro por minha honra de cavaleiro que isto não acontecerá nunca mais.
- Levante-se Malfoy. Está perdoado. – Disse simplesmente Gina, completamente encabulada com a situação.
- Nunca se esqueça destas palavras, Malfoy. Pois eu não esquecerei. – Disse Harry – E lembre-se de que deve sua vida a esta dama.
Draco ignorou Harry. Enquanto ele falava montou de volta em seu cavalo e olhava para o horizonte, completamente envergonhado e humilhado.
- Não esqueceremos disto, Potter. Pode ter certeza. – Respondeu Lucius – Já vi o sangue Potter ser derramado uma vez, não duvido que o verei novamente. E muito em breve.
- Ou eu verei o sangue Malfoy. Não se esqueça que esta é a segunda vez em que vocês escapam ilesos de nossos encontros. Não creio que isto aconteça uma terceira vez, Malfoy. – Respondeu Harry, ao que os Malfoys não responderam. Tocaram seus cavalos e seguiram seu caminho, juntando-se a sua comitiva.
- Por um momento pensei que teríamos que enfrentá-los. – Observou Mione, enquanto os dois sumiam na curva do caminho.
- Eu na verdade ansiava por isto. Principalmente depois do que aquele rato albino falou sobre Gina. – Respondeu Harry – Mas eles são covardes e não burros. Sabiam que seriam rapidamente derrotados e que estaríamos cobertos de razão. Então fizeram o esperado, engoliram seu orgulho e foram embora.
- Pode até ser, Harry. Mas isto não significa que aceitaram a humilhação. Na primeira oportunidade que tiverem voltarão com força total. Se lhes der uma chance, certamente o matarão. – Disse Hagrid, preocupado.
- Então não posso dar esta chance a eles, não é mesmo? – E finalmente Harry sorriu, tentando descontrair o ambiente – Mas nada disto importa agora. Venham, vamos devolver estas terras à sua legítima dona.
Hermione acompanhou o sorriso e ao lado do amigo atravessou a fronteira de sua propriedade. Logo perceberam que havia algo errado. Ao longe, podia-se ver colunas de fumaça ganhando o firmamento. Quando chegaram à pequena vila, descobriram o que havia acontecido. Ao deixarem a propriedade, Malfoy ordenara que ateassem fogo nas plantações e nos celeiros onde a colheita estava armazenada. Vários moradores, os que já viviam ali antes e serviam a família Granger, corriam de um lado para o outro na tentativa de conter os diversos focos de incêndio, mas sem grande sucesso. Os soldados de Harry rapidamente se juntaram a eles, e depois de muita luta conseguiram, se não apagar os incêndios, pelo menos impedir que continuassem a se propagar. Assim, apesar de enorme, o prejuízo não foi total.
A casa também não escapara ilesa. Permanecia de pé, porém seriamente avariada. Parada em frente a seu lar Hermione chorava, amparada por Gina. Harry e Neville se aproximaram, e este falou.
- Não se preocupe, Hermione. Vamos dar um jeito em tudo. – E chamou vários homens, que rapidamente começaram a trabalhar.
Harry nada disse. Deu ordens a Loefgreen, que saiu com parte dos homens. Logo depois retirou a parte superior de sua túnica e se juntou aos outros. Hagrid o acompanhou.
Demoraram mais dois dias para conseguirem deixar a casa habitável novamente. E mais uma semana até conseguirem organizar parcialmente tudo. Ao final deste período, Harry anunciou que não poderiam mais permanecer ali. Teriam que partir no dia seguinte.
Hermione lamentou muito a partida, mas ela entendeu que não era o momento para reconstruir o que era seu. Harry decidiu deixar Loefgreen e mais alguns de seus homens para tomarem conta de tudo enquanto estivessem viajando e ela se sentiu agradecida por isto. Assim, debaixo de muitos abraços e choro, partiram novamente em viagem.
Quando atingiram certo ponto do caminho, montaram acampamento. Durante o jantar, Harry disse.
- Amanhã nos separamos. Vocês duas irão com Hagrid para a França, enquanto eu e Neville voltamos para casa e iniciamos os contatos que precisamos fazer.
- Ainda não gosto da idéia de deixá-los sozinhos, Harry. Principalmente depois das ameaças que Malfoy fez outro dia. – Disse Hagrid, franzindo a testa.
- Também não acho seguro, Harry. – Emendou Mione, preocupada.
- Eu e Neville podemos nos proteger, não se preocupem. Ficarei muito mais tranquilo se Hagrid estiver com vocês, garantindo vossa segurança. – Respondeu ele, apertando a mão de Mione que repousava em seu joelho – Só assim conseguirei me dedicar ao que preciso fazer.
- Elas estarão seguras, disso você pode ter certeza. – Garantiu Hagrid.
- Eu sei, meu amigo. – Sorriu Harry – Disto eu não duvido.
- Então você pode ficar despreocupado com a nossa segurança, mas nós não? – Perguntou Gina, sem conseguir se conter.
- Quer dizer então que você ficará preocupada comigo, Gina? – Rapidamente Harry se virou para ela, tão rápido que seu pescoço estalou. Mas ele não se importou, um sorriso maroto brotou em seus lábios ao perguntar.
- Não! – Apressou-se ela, corando instantaneamente - Eu não dou a mínima para a sua segurança. Se insiste em andar por aí se arriscando, se expondo a seus inimigos, é um problema seu. O meu problema é que terei que ficar aturando Hermione chorando em meus ouvidos, toda preocupada com você. É isso!
- Claro. Eu entendo. – Respondeu o moreno, ainda sorrindo – Mas não há motivo para tanto. Pode ficar tranquila, “ Hermione”, pois vou tomar muito cuidado.
- Se me permitem, vou me retirar. Estou morrendo de sono. – Gina, ainda desconsertada disse e sem esperar, levantou-se, rumando para a carruagem, local onde ela e Mione estavam dormindo – Você não vem, Mione?
- Claro! Já estou indo. – Respondeu a amiga, levantando-se e sussurando ao ouvido de Harry – Eu não disse que com o tempo ela amolecia?
Ninguém se pronunciou e enquanto as jovens se recolhiam, Harry acertava alguns detalhes com Hagrid. Na manhã seguinte, quando elas se levantaram, Harry e Neville já estavam se preparando para partir. Uma vez mais, vestiam roupas simples e não ostentavam nada que pudesse denunciar suas identidades. Estavam terminando de tomar o café da manhã.
Juntaram-se a eles e apreciaram o desjejum em silêncio. Quando estavam prontos para partir, Mione pulou nos braços de Harry, abraçando-o com força.
- Tome muito cuidado, está bem? E mande notícias, vou morrer de preocupação se não receber uma carta sua por semana. – Disse ela, emocionada.
- Terei. E pode deixar que escreverei sempre que puder. – Respondeu ele, dando um beijo em sua testa – Logo nos veremos novamente.
- Acho bom cumprir a palavra, Potter. Não vou aguentar a Mione choramingando no meu ouvido o tempo inteiro. – Apartou Gina, quando os dois amigos se soltavam do abraço.
Harry não respondeu. Virou-se para ela e fez uma reverência, despedindo-se. Então montou em seu cavalo e, sem olhar para trás, partiu a galope pelo caminho, com Neville a seu lado.
Ficaram observando os dois desaparecerem no horizonte, uma ao lado da outra. E sem perceber, Gina buscou a mão de Mione, apertando-a com força.
- Eles ficarão bem, moças. Não tenham medo. – Disse Hagrid, aproximando-se – Agora venham, precisamos partir.
Eu pouco menos de uma hora o acampamento foi desmontado e finalmente partiram de encontro ao restante da família Weasley.
*****
O castelo era majestoso, mesmo visto de longe. Passava do meio da tarde, e conforme se aproximavam, podiam ver várias pessoas trabalhando no campo ou perambulando pela pequena vila que circundava a propriedade. Eram pessoas humildes, mas receptivas. Todos os cumprimentavam ao passar, e logo um grupo de crianças os cercou, acariciando seus cavalos e brincando a seu redor. Algumas belas jovens surgiram em suas janelas, curiosas e afoitas em ver os cavaleiros, e houve até aquelas mais ousadas que se atreveram a acenar conforme passavam. Sírius e Remus sorriram, esta era uma cena à qual já estavam acostumados. O jovem Teddy, no entanto, mostrava-se extremamente desconfortável com a situação, visivelmente não estava acostumado a ser o foco da atenção das mulheres.
Quando finalmente chegaram aos portões, dois guardas barraram sua passagem.
- Quem vem lá? – Perguntou um deles – Digam a que vêm e quem procuram.
- Bom dia! – Saudou Sírius, sorrindo – Sou Sírius Black, nomeado por vossa majestade, o Rei Ricardo, como o novo dono destas terras. Estou aqui para tomar posse do que é meu.
Um murmúrio espalhou-se rapidamente entre as pessoas que estavam próximas, enquanto os guardas se olhavam e imediatamente erguiam suas lanças em direção aos recém chegados.
- Estas terras já possuem um dono. Pertencem ao Conde de Greystone. – Disse o guarda.
- Exato! – Emendou Sírius, sem perder o bom humor – E eu sou o novo Conde de Greystone. Foi por isto que herdei as propriedades, elas vieram junto com o título. Uma vez que o Conde anterior morreu, vossa majestade resolveu passá-lo para mim.
- Mas não é possível. E quanto à condessa? Ela perderá tudo? – Perguntou uma das mulheres presentes.
- Condessa? Que condessa? – Perguntou Lupin, para a mulher.
- O Conde de Greystone possuia esposa e filho. Eles deveriam herdar o título por direito. – Respondeu o guarda em seu lugar – Vocês não podem estar falando a verdade.
- Não sabemos nada sobre haver uma condessa. – Respondeu Sírius, agora assumindo um semblante preocupado – Mas não ouse duvidar de ordens reais. Entre e informe sua senhora de que estamos aqui e precisamos conversar. Devemos esclarecer este mal entendido.
Mais uma vez os guardas trocaram olhares, e um deles acabou deixando seu posto e entrando. Enquanto aguardavam, Sírius se aproximou do amigo e perguntou.
- Você sabia de alguma coisa? Que história é esta do Rei me repassar terras que já possuem um proprietário?
- Juro que desta vez eu não estava sabendo de nada. – Respondeu Remus, tão surpreso quanto ele – Mas tenho certeza de que deve haver uma boa explicação.
Aguardaram por algum tempo, até que o guarda retornou, acompanhado de mais seis soldados, todos fortemente armados.
- Minha senhora concordou em recebê-los. Desde que deixem suas armas conosco. – Anunciou o guarda.
- Não vou entrar em lugar nenhum desarmado! – Esbravejou Sírius, sua mão já buscando o cabo de sua espada.
- Sírius, acho melhor concordarmos. Não vejo razão para conflitos, pelo menos por enquanto. – Remus segurou a mão do amigo enquanto tentava acalmá-lo. Mas ele mesmo, discretamente, buscava sua espada.
Sírius avaliou as palavras do amigo por alguns instantes, então acabou soltando o cinto que prendia a bainha de sua espada e a entregou a um dos soldados. Foi imitado pelos outros dois, que depuseram espadas, arcos e adagas. Só então seguiram portão adentro.
A escolta os acompanhou por todo o caminho. Assim que desmontaram, foram introduzidos pela porta principal do castelo e levados até uma sala de audiência, onde duas mulheres estavam aguardando. Era óbvio que se tratavam de mãe e filha, ambas trajando preto em respeito ao lorde recentemente falecido. Muito parecidas, tinham olhos azuis, pele clara, cabelos longos e negros como piche. A diferença, que apontava a clara distinção de idade entre as duas, era que a mais velha tinha algumas mechas prateadas no cabelo, e seu rosto já estava marcado pelo tempo. Mas ambas ainda eram extremamente atraentes.
Sírius seguiu até o centro da sala e fez uma respeitosa reverência. As duas responderam balançando levemente a cabeça e sem demora, a mais jovem tomou a palavra.
- Então, o senhor é o homem que alega possuir o título de meu marido?
- Eu nada alego, minha senhora. Fui nomeado pelo rei, e tenho a prova aqui. – E Sirius retirou do bolso interno de sua veste o decreto real que lhe nomeava o novo lorde e o entregou para um dos soldados que permanecera na sala para proteção das mulheres.
- Realmente parece verdadeiro. – Acabou por concordar a jovem viúva, ao passar o documento para sua mãe após terminar a leitura – Mas ainda assim pode ser uma farsa.
- Precisamos esclarecer isto com vossa majestade. – Completou a mãe, enquanto lia.
- Certamente! Não sou mentiroso, minhas senhoras. Estou falando a verdade, e não vejo problema algum em perguntar ao rei o que está acontecendo. Eu mesmo desejo lhe questionar o motivo dele me conceder o título e as terras de um lorde que ainda possuia família. – Respondeu Sírius.
- E um belo e jovem herdeiro. – Emendou Lupin, vendo um garotinho entrar correndo na sala e parando de chofre ao vê-los.
- Eu não posso acreditar que depois de tantos anos servindo ao reino fielmente, o rei teve coragem de fazer-nos isto. – Desabafou a viúva, visivelmente transtornada – É uma falta de respeito para com a memória de meu marido. Para com toda a minha família.
- Nós compreendemos seu ponto de vista, milady. – Remus falou, com a voz mais suave que pôde – Mas pedimos também que a senhora compreenda o nosso. Recebemos ordens do rei para assumir a posse destas terras e tomar providências para que fique em segurança e continue produzindo. É claro que diante das circunstâncias, não temos a intenção de fazer nada até que esta situação seja esclarecida e tenhamos a confirmação por parte do rei Ricardo.
- É óbvio! É o que se espera de Cavaleiros, o mais honrado a se fazer. – Retrucou a senhora.
- No entanto, viajamos vários dias até chegarmos aqui. E estamos treinando este jovem para se tornar cavaleiro. – Continuou ele – Assim, gostariamos de pedir vossa autorização em permanecer no castelo até recebermos a resposta que precisamos.
- Isto me parece razoável. – Anuiu a jovem senhora, antes que sua mãe se pronunciasse mais uma vez.
- E enquanto isto,se nos permitisse... – Foi a vez de Sírius tomar a palavra – Gostaríamos de tomar conhecimento sobre os negócios do falecido conde. Assim, quando a resposta chegar e comprovar o que estamos dizendo, não teremos desperdiçado um tempo valioso, simplesmente parados aqui aguardando.
As mulheres trocaram um olhar apreensivo, em dúvida sobre o que fazer.
- Damos nossa palavra de honra de que não tentaremos nada. – Disse Lupin - Como prova, deixaremos nossas armas com seus soldados. Tenho certeza de que não precisaremos delas enquanto estivermos sob seu teto.
- Sem armas? – Questionou a viúva, desconfiada – E vocês apenas desejam entender os negócios deixados por meu esposo?
- Exatamente! – E Sírius abriu um de seus melhores sorrisos – Além disso, insistimos para que alguém de sua confiança nos acompanhe, certificando-se de nossas intenções.
Uma nova troca de olhares. E apesar da aparente contrariedade por parte de sua mãe, a jovem viúva acabou concordando.
- Muito bem. Nestas condições, os senhores são bem vindos em permanecer nesta casa, até que esclareçamos esta estória.
- Muitíssimo obrigado, minha senhora. – Sírius agradeceu com uma reverência, seguido pelos outros e continuou a seguir – Se me permite, gostaria de me apresentar oficialmente. Sou Sírius Black, cavaleiro do Rei. Este é meu amigo, Remus Lupin. E o jovem que parece mudo é Teddy Tonks, nosso aprendiz.
- Senhores! – Ela retribuiu o cumprimento, balançando levemente a cabeça – Sou Elizabeth Banks, condessa de Greystone. Esta é minha mãe, lady Amara e este é meu filho, Charles. Os criados lhes mostrarão seus aposentos e mais tarde alguém irá chamá-los para o jantar.
Um dos criados surgiu logo em seguida e os três partiram atrás dele. Acomodaram-se e discutiram a situação. Ao jantar, o clima ainda era tenso. Comeram praticamente calados. E assim foi nos dias que se sucederam. Os três procuravam evitar ao máximo as mulheres, permanecendo o maior tempo possível treinando Teddy, cavalgando pela região ou analisando os livros do conde. Já na manhã seguinte ao dia que chegaram Lady Elisabeth apresentou-lhes o intendente, homem responsável pela administração do castelo. Seu nome era Jonathan Hargrowe, um homem baixo e gordo, pele sempre avermelhada e um tanto calvo no alto da cabeça. Sírius gostou dele assim que o conheçeu, e depois segredou aos amigos que a imagem de Tiberius lhe passava confiança pois lembrava um frade.
E Jonathan era um excelente administrador. Em poucos dias explicou a eles como funcionava o Feudo. E sua importância para o abastecimento do reino e das tropas que partiam para a Terra Santa.
Com o passar dos dias, a curiosidade natural das crianças acabou fazendo com que o pequeno Charles, um garoto de cabelos negros como os da mãe, com algo em torno de cinco anos, começasse a se aproximar dos visitantes. Obviamente o que mais lhe chamava a atenção eram os treinamentos. Então era comum, enquanto Remus e Teddy treinavam esgrima, usando espadas de treinamento, montaria ou qualquer outra técnica, que o garoto estivesse por perto observando.
Certa noite, durante mais um dos jantares monótonos e silenciosos, ele não mais se conteve e perguntou.
- Sir. Lupin... Por que o senhor não anda direito?
- Charles! Isto não é pergunta que se faça! – Ralhou sua mãe.
- Não tem problema algum, milady. Não me incomodo em responder – Retorquiu Remus, sorrindo para o garoto – Charles, fui ferido enquanto lutava nas Cruzadas, em nome de nosso rei. Desde então, minha perna não é mais a mesma.
- Mas mesmo assim, Remus continua sendo um grande guerreiro. – Emendou Sírius, piscando para o garoto – E vai transformar o jovem Teddy aqui em um também.
- O senhor já matou muitos inimigos? – Charles conseguira uma brecha e ia aproveitar a oportunidade para matar sua curiosidade.
- Alguns. Mas não me orgulho disto, no entanto. – Respondeu Lupin.
- Por que não? Não é para isso que servem os cavaleiros? Para matar os inimigos do rei? – Insistiu o garoto.
- Não há glória alguma na morte, meu jovem. Tirar a vida de outro ser humano é errado, qualquer que seja o motivo. Matar deve ser sempre o último recurso. – Lupin respondeu uma vez mais.
- Os cavaleiros existem para manter a paz e proteger as pessoas. Infelizmente, às vezes existem guerras e precisamos lutar e matar outras pessoas, mas isto é errado. Não é algo do que devamos nos orgulhar. – Emendou Sírius.
- Eu quero ser um cavaleiro. Os senhores poderiam me treinar?
- Agora basta! Charles, que despropósito é este? – Elizabeth praticamente gritou com seu filho.
- Eu quero ser um cavaleiro, mãe. Agora que papai morreu, eu sou o homem da casa. E preciso proteger a senhora e a vovó. Eu queria ir pra guerra, mas agora já não sei mais. Pensei que os cavaleiros gostassem da guerra, mas eu prefiro ficar aqui em casa com a senhora. Quero procurar os homens que mataram meu pai e me vingar.
- A vingança não leva a nada senão a mais dor, Charles. – Lupin lhe sorriu uma vez mais – Além do mais você ainda é um pouco novo para aprender a lutar. Mas vamos ver, talvez daqui a alguns anos possamos voltar a conversar sobre este assunto, desde que prometa que não será para buscar vingança. O que acha?
- Tudo bem. Obrigado. – Agradeceu o garoto e voltou a prestar atenção em sua refeição.
- Peço que perdoem meu filho. – Disse Elizabeth, acariciando-lhe os cabelos – Mas ele não se conforma com a maneira como o pai perdeu a vida.
- É compreensível, senhora. – Retorquiu Tonks – Meu pai também foi assassinado. No começo também queria vingança, mas hoje só quero garantir que nada aconteça com minha mãe também.
- Todos nós já sentimos desejo de vingança, Charles. – Insistiu Lupin – Até percebemos que ela não nos leva a nada. Depois que conseguimos nos vingar a única coisa que nos resta é um imenso vazio. E muitas vezes fazemos coisas das quais não nos orgulhamos por conta desta sede de vingança. Coisas das quais nos arrependemos mais tarde.
- Sim senhor! – Anuiu o garoto, cabisbaixo.
O jantar continuou, agora num clima muito mais ameno. A maneira como haviam tratado seu filho refletiu imediatamente em Elisabeth, que se sentia grata pelas palavras.
Com o passar dos dias a convivência tornou-se muito mais fácil, e com as piadas de Sírius e estórias que este contava sobre suas viagens, logo o clima se tornou mais afável. No final de duas semanas, finalmente o mensageiro retornou com a resposta da corte. Sírius e Remo estavam cavalgando, mas foram chamados de volta ao castelo por Teddy, que ficara para trás naquele dia, cuidando de seus afazeres. Quando chegaram, encontraram-se com Elisabeth e sua mãe na mesma sala onde se conheceram. Esta lhe entregou um rolo de pergaminho ainda lacrado, com o símbolo do Rei Ricardo.
Sírius quebrou o lacre, lendo a mensagem com urgência. Em seguida passou para Lupin, a seu lado e olhou para Elizabeth. Só então notou que ela também tinha um pergaminho em sua mão e o observava, aguardando sua reação.
- Acredito que tenha recebido a mesma informação, minha senhora. – Disse, apontando para o pergaminho amarrotado – No fim, não era exatamente o que nenhum dos dois esperava.
- Não meu senhor. Realmente não. – Anuiu ela.
- Ricardo não pode estar falando sério. – Desabafou Lupin, incrédulo – Só pode ser brincadeira.
- Reis não brincam, meu amigo. – Respondeu Sírius – Eles ordenam e nós obedecemos.
- Eu mesma irei à corte falar com o Rei. O que ele determina é um absurdo. Um verdadeiro disparate. – Elizabeth parecia extremamente desconsertada – Onde já se viu uma coisa dessas? Nomeá-lo conde, de maneira que assuma não só o título, as terras e fortuna de meu marido, mas também sua família? E quanto à sua própria família? Céus, isso é um absurdo.
- O Rei sabe que não tenho família além de uma filhado. – Respondeu Sírius – Pelo que entendi da carta que me enviou, sua preocupação é com vossa segurança e de sua família. Sabe também que sob minha proteção vocês estarão em segurança.
- Está claro que vossa majestade teme pela segurança da senhora e de seu filho, milady. – Emendou Remo – Se permanecessem sós, em breve poderiam sofrer um atentado, tal qual ocorreu com vosso esposo. Nesta carta ele revela que o assassinato do conde foi ordenado por inimigos do reino, pessoas estas que fariam de tudo para dominar suas terras. Duas mulheres e uma criança administrando um castelo não seria empeçilho para que atacassem.
- Mas o rei determina que Charles seja o herdeiro do título, quando atingir a idade de quinze anos. E quanto a seus dependentes? Pretende ter herdeiros um dia, eu presumo. – Perguntou Elizabeth para Sírius.
- Não me importo nem um pouco em deixar o título com seu filho, lady Elizabeth. Ricardo me conhece muito bem, sabe que sou um solteirão convicto. Além disso, já estou muito velho para pensar em me estebelecer e formar família. – Explicou Sírius, dando de ombros.
- Mas o senhor ainda é muito jovem, sir Black. Ainda pode encontrar uma jovem esposa, que lhe dará vários filhos. – Respondeu Elizabeth, corando levemente.
- Eu lhe agradeço a gentileza, senhora. Mas como disse, casamento não é para mim. – Retrucou Sírius.
- Ainda. – Emendou Remus, sorrindo – Tenho para mim que na verdade ainda não encontrastes a mulher certa. Mas um dia ainda encontrará, tenho certeza. De qualquer forma, na minha opinião a idéia do rei é garantir a segurança desta família e o abastecimento das tropas que partem para a Terra Santa. E nossa missão aqui é garantir isto.
- Correto! – Anuiu Sírius – Nossa estadia aqui será apenas para garantir que tudo permaneça seguro.A notícia sobre o provável mandante do assassinato de seu marido não me surpreende. Na verdade, algo me diz que em breve algo mais há de acontecer. Devemos estar preparados. Creia em mim, senhora. Estamos aqui para ajudá-las.
Finalmente Elisabeth acreditou. Com um suspiro e um leve sorriso, acabou por concordar. A partir daí, começaram a dicutir o que deveriam fazer e como comunicar os servos e vassalos do castelo de que deveriam responder a Sírius a partir de então.
Na mesma semana, à noite, Sírius e Remo estavam no quarto reservado para o novo conde conversando. Já era tarde da noite, mas os amigos continuavam a discutir os problemas que surgiam mais e mais a cada dia e que estavam tirando o sono de Sírius. Sobre uma mesa no centro do quarto repousava uma garrafa de vinho tinto já pela metade e os dois bebericavam de suas taças, quando ouviram batidas leves mas insistentes na porta. Sírius autorizou a entrada e surpreendeu-se ao ver Elisabeth adentrar seus aposentos.
A dama deveria ter acabado de acordar, pois vestia uma camisola longa, de seda e uma capa pesada sobre os ombros, na tentativa de rebater um pouco o frio da noite. Atrás dela, um jovem sujo e que parecia acabar de chegar de viagem.
- Perdoe-me a intromissão senhores. – Desculpou-se ela, de maneira formal e percebendo que despertara olhares para seus trajes – E minhas condições. Mas o assunto é urgente.
- Não há do que se desculpar, minha senhora. – Respondeu Lupin prontamente, levantando-se da poltrona que ocupava e a indicando, com um jesto, para que ela ali se sentasse – Aceita uma taça de vinho?
- Sim, aceito. – Respondeu ela enquanto se sentava.
- Algum problema, Lady Elizabeth? – Perguntou Sírius enquanto ele mesmo pegava duas taças limpas sobre uma mesa de canto para servir o vinho aos recém-chegados.
- Sim. Infelizmente, me parece que vocês tinham razão. Sobre logo acontecer mais alguma coisa. – Disse ela, enquanto aguardava seu vinho. Aguardou Sírius servir-lhe e só retomou o assunto depois de tomar o primeiro gole – Este é sir Dwayne. Um cavaleiro que serve à nossa casa. – Continuou, apontando para o homem atrás dela, que acabara de beber todo seu vinho de um gole só – Ele acaba de chegar de uma pequena vila na fronteira leste de nossas terras. Sir, conte aos senhores o que acabou de me contar.
- Sim, Lady Elizabeth. – Dwayne tomou a palavra – Senhores, a vila onde moro e que, junto com meus soldados jurei proteger, foi atacada a noite passada.
- Atacada? Atacada como? – Sírius franziu o cenho, preocupado.
- Um grupo de homens não identificados vieram no início da madrugada, encobertos pelo nevoeiro. Segundo relatos, atacaram inicialmente meu pequeno forte, eliminando a maioria de meus guadas. Depois espalharam-se pela vila, saqueando e queimando tudo. Matando mulheres e crianças. Roubando gado e matando aquilo que não podiam levar. Por fim, incendiaram os campos. – Relatou o homem, que era alto, esguio, de cabelos ruivos e olhos castanhos. Mas então pareceu encolher e continuou – Eu estava em patrulha pela fronteira. Quando vi o céu rubro ao longe, sabia que algo de errado acontecera. Voltei o mais rápido que pude, mas quando cheguei nada ou quase nada podia ser feito. A vila já não existia mais. Poucos sobreviventes restavam e foram estes a me dizer o que aconteceu.
- Você tem a descrição destes homens? – Perguntou Lupin – Ou quantos eram?
- Não senhor. Ninguém conseguiu me dizer. – Respondeu Dwayne – Parece que todos os atacantes cobriam o rosto.
- Claro. Eles não correriam o risco de ser reconhecidos. – Murmurou Sírius, levantando-se de sua cadeira e começando a andar pelo aposento, pensativo – Tenho que ver o que aconteceu nesta vila para ter certeza.
- Acha que foram os homens de Voldemort? – Perguntou Lupin.
- Claro que foram. Mas quero ter certeza e para isso preciso ver o que fizeram. – Respondeu o amigo.
- Vou com você. – Lupin avisou, dirigindo-se para a porta – Vou acordar Teddy e ordenar-lhe que prepare nossos cavalos.
- Quanto tempo para chegarmos à vila? – Perguntou Sírius, voltando-se para Elizabeth.
- No máximo meio dia de viagem. – Respondeu Dwayne em seu lugar.
- Tem condições de retornar conosco, sir? – Perguntou Sírius, avaliando as condições do homem.
- Sim, meu senhor. Só preciso de um novo cavalo e alguns minutos para comer algo. – respondeu ele, emendando contrangido - Não me alimentei o dia inteiro e se não o fizer logo, caio de cima do cavalo.
- Certo! – Concordou Sírius – Sairemos em meia hora.
Com uma reverência, o jovem cavaleiro deixou o quarto a passos largos. O silêncio permaneceu por alguns segundos, até Elizabeth finalmente quebrá-lo.
- Acha seguro sair no meio da noite? E se for uma armadilha e os tais homens estiverem justamente esperando que enviemos alguém para averiguar o ocorrido? Podem estar armando uma emboscada ao longo do caminho.
- Não acredito nisso. – Respondeu Sírius, voltando a andar pelo aposento, pensativo – Se os responsáveis forem quem imagino que sejam, devem estar bem longe daqui agora. Vão esperar a poeira baixar e só depois atacar novamente, em outro lugar, sem aviso, na tentativa de nos surpeender.
- Tem certeza? – Inquiriu ela, incerta.
- Aposto minha vida nisso. Literalmente. – E só então Sírius sorriu, relaxando um pouco – Não se preocupe, não acontecerá nada esta noite. Partiremos daqui a pouco e estaremos lá pela manhã. Olho tudo que preciso, converso com as pessoas e retorno, no máximo, ao início da tarde. – O sorriso desapareceu novamente de seu rosto e então ele disse – Posso lhe pedir um favor, senhora? Poderia chamar o capitão da guarda enquanto me preparo para a viagem?
- Claro! Vou chamá-lo agora mesmo. – Anuiu ela, levantando-se e seguindo até a porta, onde parou e se virou para fitá-lo – Acho que diante de tudo que está acontecendo podemos deixar de lado certas formalidades. Se quiser, pode me chamar de Elizabeth.... Sírius.
- Como queira, Elizabeth. – Respondeu ele, sorrindo novamente – Ah! E a confiança veio na hora certa, creio eu. Pois algo me diz que vamos precisar de nossas armas.
Ela anuiu, sem nada mais a dizer e partiu. Pouco depois o responsável pela guada do castelo chegava e foi orientado por Sírius a dobrar a guarda no castelo imediatamente e assim manter até segunda ordem. Também foi orientado para escalar dez homens, que partiriam imediatamente com ele até a pequena vila atacada. Só então Sirius começou a arrumar seus pertences.
*****
Assim que deixou o quarto de Sírius, Remo seguiu apressadamente até o quarto de Teddy. Bateu na porta com urgência e nem aguardou autorização, foi logo escancarando a porta e entrando. Ouviu um grito abafado de susto, e vislumbrou uma mecha de cabelos castanhos e lisos ocultarem-se com urgência sob as cobertas. Corou imediatamente, receoso do que poderia ter interrompido.
-
Rapaz, peço desculpas pela interrupção. Não sabia que tinha companhia. - Desculpou-se, constrangido.
Tudo bem senhor. Não interrompeu nada. - Respondeu o jovem, saindo de seu esconderijo extremamente sem jeito – Estava dormindo e me assustei, nada mais.
Não estás acompanhado? – Estranhou Lupin – Tive a nítida impressão de ver mais alguém aí, se escondendo.
Ninguém mais além de mim, senhor. – Afirmou Teddy, jogando a coberta longe e levantando-se – O senhor precisa de alguma coisa?
Sim! – Afirmou o outro, ainda confuso – Uma das vilas fronteiriças foi atacada, partiremos imediatamente. Prepare nossos cavalos.
Remo foi em direção a seu quarto preparar suas coisas, ainda sem entender o que acabara de acontecer. Decidiu que resolveria este problema outra hora, pois agora tinham questões mais urgentes e precisava se concentrar em um problema de cada vez.
*****
Fora exatamente como Sírius intuíra. O ataque tinha todas as evidências de envolvimento bruxo. Assim que chegaram à pequena vila, separaram-se em dois grupos, um liderado por ele mesmo e o outro por Lupin. Vasculharam os escombros ainda fumegantes do lugar, analisaram os corpos ainda não sepultados e conversaram com os poucos sobreviventes. Tudo que viram e ouviram reforçava a sua teoria de que o ataque fora a mando de Voldemort. Assim que certificou-se disto e nada mais restava a fazer, tomou o caminho de volta, exigindo ao máximo que podia dos cavalos. Precisava voltar para casa o mais rápido possível. Elizabeth, sua mãe e o pequeno Charles corriam perigo.
Cruzou os portões do castelo ao final da manhã. Desmontou e dirigiu-se para a sentinela que guardava a porta.
- Tudo bem por aqui enquanto estive fora? – Perguntou.
- Sim, meu senhor. Apenas alguns cavaleiros que solicitaram audiência com lady Elizabeth. Chegaram a pouco.
- Como? E vocês permitiram a entrada? – Esbravejou ele – Eu não deixei ordens expressas para não permitir a entrada de ninguém?
- Sim... Sim senhor. Mas os homens insistiram em falar com milady e ela concordou em recebê-los. Não tivemos escolha. – Gaguejou o pobre soldado.
- Pois reze para que nada aconteça a sua senhora, rapaz. Senão eu também não terei escolha, senão arrancar-lhe esta cabeça oca.
Sírius correu sacando sua espada, sendo seguido de perto por Remo e Tonks. Ele fez sinal para que não fizessem barulho quando chegaram às portas da sala de audiência, que estava aberta. Uma voz conhecida e odiada falava.
- Pense bem minha senhora. Agora que está viúva, necessita de alguém que lhe proteja. Alguém em quem pode confiar e que a ajudará a tocar os negócios.
- E esta pessoa seria o senhor, sir Pettigrew? – Ouviram Elizabeth perguntar, a voz nitidamente tensa.
- Sim, minha senhora. Eu seria o representante de meu Lord nestas terras e tomaria conta de tudo. – Respondeu Pettigrew, com a sua voz estridente.
Assim que identificou de quem se tratava a pessoa na sala, Sírius fez um sinal para se dividirem. Enquanto Tonks seguiu pela esquerda, em direção ao local onde Elizabeth e provavelmente sua mãe estariam sentadas, Lupin seguiu na direção oposta, na tentativa de cercar quem estivesse no local o melhor possível.
- Infelizmente terei que declinar sua oferta, sir. Podemos perfeitamente cuidar de nossas terras sem sua bondosa ajuda. – Respondeu Elizabeth, o mais polidamente e firmemente que conseguiu.
- Pode mesmo, senhora? – Perguntou Pettigrew com sarcasmo – Pelo que soube, já se iniciaram ataques às suas fronteiras. Será uma questão de tempo até alguém sem escrúpulos invadir este castelo, tomá-lo e presenteá-la com o mesmo destino de seu finado esposo. Soube que tem um filho, um pequeno garotinho que necessita da mãe. Pense nisto minha senhora. Pense no futuro de seu filho, crescendo sem pai e sem mãe. Pobrezinho!
Risadas acompanharam o final da frase, e Sírius percebeu que havia mais homens acompanhando o invasor. Mas isto não foi suficiente para impedi-lo de entrar na sala, espada em riste, acompanhado pelos outros dois.
- Ora vejam! Parece-me que você não mudou nada nestes últimos anos, Pedro. Continua o mesmo rato traidor e baixo de sempre. – Disse, adiantando-se e parando a poucos metros do outro, que pego de surpresa não teve tempo de sacar sua espada.
Remo ficou um pouco mais para trás, vigiando os quatro homens que o acompanhava, enquanto Teddy postou-se protetoralmente entre os homens e as duas mulheres, que aproveitaram o momento de surpresa causado pela entrada dos novos atores e procuraram abrigo.
- Sírius! Remus! Meus velhos e bons amigos. Que prazer em vê-los tão bem de saúde. – Respondeu Pedro, recuperando-se do susto inicial, mas a cortesia que verbalizava estava longe de seus olhos, que brilhavam de ódio e frustração – O que os trazem a estas paragens? Não estão um pouco longe de casa?
- E você me parece um tanto desatualizado do que ocorre na corte, Rabicho. – Disse Lupin – Não sabia que estas terras possuem um novo conde?
- Novo conde? Quem? Como? – Rabicho perguntou, confuso.
- Vossa majestade me concedeu o título, em reconhecimento a serviços prestados à coroa. – Informou Sírius, satisfeito com a reação que as palavras causavam no outro.
- Ora, mas que notícia maravilhosa, Siriús. É claro que você merece, depois de tantos anos servindo como capacho de Thiago. Finalmente tanto esforço valeu a pena. – Sorriu Pettigrew, e sua cara achatada, seus olhos miúdos e maus viraram-se para Lupin – Tenho certeza de que em mais uma ou duas décadas chegará a sua vez, Remo.
- Se você realmente me conhecesse Pedro, saberia que não ligo para ouro ou posses. Não tenho o desejo de me tornar lorde. – Lupin não se deixou atingir pela tentativa de ofensa- Já você, me parece que anda tentando se apoderar de terras e títulos usando de qualquer subterfúgio, não é mesmo?
- O que quer dizer com isso, Lupin? – Questionou Pedro. Estreitando ainda mais seu olhar.
- Estamos chegando da vila que foi atacada ontem, Pedro. Ficou evidente que ela foi atacada por bruxos. A assinatura de vocês, Comensais, é inconfundível. – Afirmou Lupin.
- E sequer aguardaram os corpos esfriarem para aparecer aqui e chantagear lady Elizabeth. – Completou Sírius – Nunca imaginei que se rebaixaria tanto em nome de seu mestre, Pedro.
- Vocês não podem nos acusar de nada, Black! – Um dos quatro homens que acompanhava Pettigrew e permanecera calado até então se pronunciou – Nem tente levar esta acusação sem provas para o seu querido rei.
- Isso mesmo, Stanley. – Apressou-se em dizer Rabicho – Vocês não têm prova nenhuma. Não passa de uma infâmia o que estão dizendo.
- Não levaremos nada ao rei. Não somos idiotas. É claro que não deixaram provas. Mas que fique bem claro uma coisa, Pedro. – E Sírius se aproximava do outro enquanto falava – Nós sabemos. E não permitiremos que aconteça novamente, você está me entendendo? Estas terras agora me pertencem e a protegerei de você e seu mestre com minha vida.
- Sírius, Sírius!- Um sorriso maroto voltou a se formar no rosto de Rabicho – Seja inteligente. Jure fidelidade ao meu senhor. Ele em breve dominará toda a Inglaterra, é mais prudente aliar-se ao vencedor do que permanecer fiel ao rei. Muito mais vantajoso, acredite.
- Nunca! – Esbravejou Sírius – Prefiro morrer lutando a me juntar a um monstro como Voldemort. Por Deus Pedro, ele matou Thiago.
- Thiago se meteu onde não devia. Ninguém desafia o mestre e continua vivo por muito tempo. – Pedro respondeu no mesmo tom, o clima tornando-se mais tenso a cada instante – E o mesmo acontecerá a vocês se não desistirem desta rebeliãozinha idiota que tentam erguer a anos. Potter está morto e não há mais ninguém para tomar seu lugar!
- Mais uma vez a sua ignorância o cega para a verdade, Pedro. Harry Potter está vivo e já tomou o lugar de Thiago, assumindo seu título. E assim como nós, lutará para impedir que Voldemort tente usurpar o trono de Ricardo.
- Harry Potter está vivo? – Alarmou-se Rabicho, olhando de soslaio para seus companheiros, que lentamente começaram a procurar suas espadas – Então me parece que a hora para amenidades findou-se, meus antigos amigos. Decidam de uma vez. Unam-se a nós ou seremos obrigados a matá-los, aqui e agora.
Um grito abafado partiu de onde as mulheres estavam sob a proteção de Teddy. Este, apavorado, tremia com sua espada na mão, esperando um ataque a qualquer momento. Antagonizando esta cena, Sírius soltou uma estrondosa gargalhada, o que apenas deixou esta pequena platéia ainda mais assustada.
- Você precisaria de muito mais do que esses quatro arremedos de bruxos para nos matar, Pedro. E sabe disto. Portanto vá embora enquanto ainda pode sair daqui inteiro. – Disse Sírius.
Foi a vez dos Comensais explodirem numa gargalhada grosseira e ruidosa.
- Boa piada, Black – Soltou Stanley – Você acredita mesmo que você, este aleijado e aquele moleque podem conosco?
- O quê? Nós três? – Retrucou Sírius, divertido – Não! Claro que não.
- Na verdade, o “moleque” não conta. Ele ainda está em treinamento, seremos apenas nós dois. – Emendou Lupin – Sírius e o “aleijado”. E acredite, somos mais do que suficientes. Não vamos nem suar para acabar com vocês.
O sorriso sumiu dos rostos dos Comensais, ao perceberem que estavam falando sério. Um silêncio sepulcral, aquele que prenuncia a morte pairou no ambiente por um momento que pareceu eterno. Então, tudo aconteceu muito rápido e aparentemente ao mesmo tempo.
Rabicho tentou sacar sua espada, mas Sírius foi mais rápido e decepou-lhe a mão. No mesmo movimento, enquanto seu oponente ainda urrava da dor e buscava o ferimento com a mão que sobrara, este o empurrou para longe, tirando-o de seu caminho. Um novo inimigo lhe assomava a frente, desferindo um golpe em diagonal com sua espada, mas Sírius girou sobre seu próprio eixo e o golpe se perdeu. Terminando o giro, com a espada na posição horizontal, Sírius atingiu seu oponente na clavícula, destroçando-a. Para finalizar, deu-lhe uma coronhada com a empunhadura de sua espada e o homem desabou no chão, desacordado. Virou-se a procura de outro adversário e viu que todos os outros avançavam contra seu amigo. E decidiu que este não precisava de seu auxilio, então resolveu assistir.
Como suspeitara, achavam-no fraco, uma presa fácil. Assim que a briga começou, três dos comensais avançaram contra ele. Tinham a intenção de liquidá-lo rapidamente e então os cinco atacarem Sírius. O primeiro avançou contra ele como um touro bravo, de espada em punho. Remus não se abalou e quando as espadas se chocaram ele aguentou o peso sem se abalar. Trocaram uma série de golpes, o Comensal tentando usar sua força como vantagem, mas foi rapidamente subjugado pela perícia do outro, que com um giro do punho fez sua espada voar longe. Vendo que o companheiro estava à mercê do inimigo, Stanley resolveu apelar. Largou a espada e começou a gesticular, preparando-se para lançar um feitiço. Remus percebeu e também se preparou para tal.
Com grande esforço, Stanley criou uma bola de fogo entre suas mãos, que cresceu rapidamente. Quando esta atingiu o tamanho desejado ele a lançou contra Lupin, que não se abalou. Ergueu uma das mãos e criou um vórtice de vento, que sugou a bola flamejante por uma de suas extremidades e lançou-a, como se fosse uma bola de canhão pela outra, atingindo o Comensal que ele desarmara, lançando-o contra a parede do castelo, suas roupas em chamas. Em seguida, com um movimento da mão, o vórtice capturou Stanley, também o disparando contra a parede, onde caiu já desacordado. Percebeu um movimento às suas costas e sabia que o terceiro Comensal tentava surpreendê-lo. Sem se virar totalmente, lançou sua espada, que permanecera com ele durante toda a luta, atingindo o homem no ombro. Este urrou de dor e surpresa e caiu de joelhos, olhando a lâmina que se projetava de seu corpo.
Neste momento, atraídos pelo som de batalha, vários guardas irromperam pelas portas, prontos para luta. Mas pararam ao vislumbrar a cena completamente atípica. Sírius chamou o oficial.
- Trate de suas feridas o melhor que puder e depois os escolte até nossas fronteiras. Se voltarem a aparecer nestas terras, mate-os. – E voltando-se para Rabicho, que chorava aninhando o braço decepado, continuou – Eu avisei. Esta foi por ter nos traído e ajudado Voldemort a matar Thiago. Só poupei sua vida por que não quero macular esta casa com sua morte. Mas reze para não nos encontrarmos novamente, ou eu juro que acabo com você, seu rato.
Os soldados retiraram os homens. Só depois que eles partiram foi que Elizabeth e sua mãe finalmente deixaram seu esconderijo e Teddy finalmente embainhou sua espada. Sírius aproximou-se, preocupado.
- Vocês estão bem? – Perguntou ele.
- Sim, estamos bem. Não fomos feridas. – Respondeu Elizabeth, mas seu olhar estava sobre Remo, que também se aproximava. E foi para ele que perguntou – Mas por todos os santos, o que foi aquilo? Como aquele homem conseguiu criar aquele fogo infernal? E como conseguiu impedir que ele o atingisse?
- Por que somos bruxos, milady. – Respondeu Lupin com tranquilidade – Eu, Sírios, os Comensais e vários outros. Foi assim que eles destruíram a vila a noite passada, usando magia.
- Mas nada tema, senhora. Só usamos a magia para o bem. Existe um bruxo que pretende dominar a Inglaterra, Lorde Voldemort. Ele tem vários seguidores, mas nós o combatemos e apoiamos o rei Ricardo. Não faremos mal a ninguém aqui, posso lhe garantir. – Emendou rapidamente Sírius, temeroso de que as reservas que Elizabeth tinha por eles quando ali chegaram retornasse.
- Bem senhores, o que sei é o seguinte. – Começou ela – Estes homens entraram em minha casa e ameaçaram a mim e minha família. E vocês nos defenderam. Bruxos ou não, devemos a vocês nossas vidas e seremos eternamente gratos. Se forem contrários a estes homens, também seremos. O que me traz outra pergunta. E agora, o que fazemos? Como nos defendemos deles?
- Boa pergunta. – Remus coçou o queixo por um momento, pensativo – Precisamos armar e treinar mais homens, formar um exército. E para isto precisamos de ajuda. E de reforços imediatos.
- Então não temos alternativa senão pedir ajuda a Harry. Ainda hoje.
Como estavam cansados e famintos, resolveram se alimentar e descansar até o início da noite, pois ambos precisariam estar bem dispostos para fazerem o que era necessário. Quando chegou o momento, reuniram-se na biblioteca Sirius, Lupin, Elizabeth e Teddy. Já haviam combinado mais cedo que, quem levaria o pedido de ajuda seria Teddy, mas este não entendia como. Não tardou a compreender.
- Existe um tipo de magia que cria portais para as pessoas se deslocarem. Criaremos um, que o levará diretamente para a sala de audiências de Harry. Ele talvez não esteja lá, pois tem vários compromissos, várias visitas a serem feitas. Mas Neville e Dino certamente estarão. – Explicou Lupin.
- Lhes entregue esta carta e relate o que aconteceu aqui. E volte o mais rapidamente possível. – Disse, por sua vez, Sírius.
Os dois homens então pediram silêncio e começaram a se concentrar. Aos poucos o ar começou a mudar, se condensar em um único ponto, onde uma esfera translúcida, de tom azulado começou a surgir. Quando esta atingiu dois metros de raio, Lupin Fez sinal para Teddy, que mesmo com certo receio obedeceu. Adiantou-se e atravessou a estrutura aquosa do portal, desaparecendo imediatamente. Ambos então relaxaram e a esfera desapareceu. Os homens cambalearam, e enquanto Remus caia sentado numa cadeira, Sírius era apoiado Por Elizabeth, que ainda tinha o olhar fixo no local onde até a pouco a esfera estava.
- Estamos ficando Velhos para este tipo de coisa. – Disse Remus, arfando.
- Fale só por você. Eu ainda posso fazer isso o resto da noite. – Respondeu Sírius, mas sua respiração descompassada dizia o contrário.
- Sei! Claro que pode Sírius. Eu sei que pode.- Zombou o amigo, mas Sírius não se deu ao trabalho de retrucar a provocação. Estava exausto e agora bebia de um só gole o vinho servido por Elizabeth.
Na tarde do segundo dia após a luta contra os Comensais, Sírius e Lupin avaliavam os recrutas que conseguiram arregimentar, quando um novo portal começou a surgir no meio da sala de audiências. Rapidamente, sem saberem o que esperar daquilo, dispensaram os rapazes e convocaram os guardas. Mas assim que a bolha se formou, ocupando pelo menos o triplo do espaço que normalmente um fenômeno como aquele ocuparia, pessoas começaram a sair por ela. Liderando, estavam Teddy e Neville, que os saudou efusivamente.
- Olá! É muito bom vê-los novamente e com saúde. – Disse o rapaz, sorrindo.
- Olá Neville. Não esperávamos que viesse. Muito menos desta forma. – Disse Remus à guisa de cumprimento.
- Harry me pediu que viesse. Por sorte ele e Dumbledore estavam em casa quando Teddy chegou. Quando contou tudo o que aconteceu aqui, eles me pediram para vir e ajudá-lo no treinamento de seus homens. Estou trazendo vinte soldados e mais trinta chegarão nos próximos dias. – Explicou Neville, tirando um pergaminho do bolso interno da veste e entregando-o a Sírius – Isto é para você. Harry pediu para ler e acha importante que se encontrem o quanto antes.
Curioso, Sírius quebrou o lacre e leu rapidamente, passando em seguida para Lupin. Enquanto este lia, voltou-se para as mulheres, que ainda olhavam curiosas para os vinte soldados à sua frente, portando o estandarte do leão.
- Lady Elizabeth! – Chamou Sírius – O que acha de ir a um casamento na França?
A mulher pareceu chocada por um momento, mas aos poucos um sorriso encabulado surgiu em seus lábios. E Sírius não pode deixar de notar o quão lindo era aquele sorriso.
- Não sei se é apropriado... – Respondeu Elizabeth – Mas eu adoraria, meu senhor.
N/A: Oi gente. Depois de mais de um ano, finalmente eu volto a postar um capítulo da Fic.
Espero não ter perdido a mão, que o capítulo esteja a contento. Sei que é pouco para compensar todo o tempo que passei sem atualizar, mas espero compensar isto aos poucos, conforme for atualizando com novos caps.
A intenção é voltar a atualizar com maior frequência. Não posso prometer, pois depende de vários fatores, mas vou tentar.
Enfim, espero que gostem deste capítulo e aguardo os comentários.
E agradeço àqueles que continuam acompanhando a FIC. Todos que postam cobrando, incentivando, ou até mesmo só mandando lembranças.
No próximo, teremos um casamento e algumas revelações, as quais já dei uma tremenda bandeira neste.
Agora, algumas respostas individuais:
Livia - Eu também adoro este período da história. Acho realmente mágico. E o Graal abre um leque de possibilidades muito gostoso de se trabalhar, aos poucos vou revelando o que tenho em mente. Obrigado por aparecer, beijos.
Biank – Bom, o casal HG não é unanimidade e isso é compreensível. Mas eu adoro os dois, sorry. Então, de um jeito ou de outro, vai acabar acontecendo. Pode não ser tranquilo, mas... Quanto às batalhas, elas acontecerão. Pode demorar um pouco ainda, mas virão. E espero que goste delas. Neste capítulo teve uma pequena rusga, mas já deu pra sentir um pouco o que vem pela frente.
Fad's, - Minha linda, obrigado por ler e comentar. Espero que continue apreciando. Também adoro este filme, principalmente a atuação do Alan. Pra mim ele É o xerife de Notinghan, não importa quantos outros representem o papel. E esta música é demais mesmo.
Gui – Espero que tenha gostado da reação dos Malfoys.
Gilmara – Nem vou falar nada sobre o Teddy... vamos ver o que acontece nos próximos capítulos. E depois do que aconteceu neste cap, pode ter certeza de que os Malfoys vem com tudo. É só esperar.
Laurenita – As meninas terão uma surpresa no próximo capítulo, pode ter certeza. É só aguardar. E o romance também não demora, é questão de certo coraçãozinho começar a amolecer ( Ops!Acho que isso já está acontecendo).
Marcita – Abaixa as panelas, mulher. Sua mãe não vai gostar nada da ideia. Valeu pela visita e por estar acompanhando a fic. Bjs.
Expert – Está aí o novo capítulo, espero que goste. E obrigado por se manter como leitor.
Mania – O mesmo digo a você. Obrigado por não desistir de acompanhar a FIC. Espero que a demora não tenha sido em vão.
Agora, vou retomar a outra FIC e atualizar Lembranças. Obrigado a todos e até a próxima atualização.
Beijos e abraços,
Claudio
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