A Visita de Dumbledore



N/A Fatos extraídos de Harry Potter e o Enigma do Príncipe (Página 211 a 206). Exceto Pensamentos. (Pensamentos entre aspas)


 


- Boa tarde. Tenho hora marcada com uma Sra. Cole, que acredito ser a governanta daqui.


- Ah – Exclamou a moça de ar espantado, registrando a excêntrica aparência de Dumbledore – Hum... Um momentinho... SRA. COLE! – Berrou por cima do ombro. Uma voz distante respondeu algo. – Entre, ela está vindo.


            Dumbledore entrou por um corredor azulejado de preto e branco; o lugar era pobre, mais imaculadamente limpo. Antes que a porta se fechasse, às suas costas, uma mulher muito magra e aflita veio caminhando depressa em sua direção. Tinha um rosto bem delineado, que parecia mais ansioso do que mau, e, enquanto ia ao encontro de Dumbledore, falava por cima do ombro com outra ajudante de avental.


-... E leve o Iodo para Marta lá em cima, Carlinhos Stubbs andou descascando as perebas outra vez e Erico Whalley está esvaindo nos lençóis, e ainda por cima com Catapora – comentou, sem se dirigir a ninguém em particular, então seu olhar recaiu em Dumbledore e ela parou instantaneamente, admirada, como se uma girafa tivesse acabado de cruzar a entrada da casa.


- Boa tarde – disse Dumbledore, estendendo a mão.


            A Sra. Cole simplesmente boquiabriu-se.


- Meu nome é Alvo Dumbledore. Enviei uma carta pedindo para marcar uma Hora, e a senhora gentilmente me convidou para vir aqui hoje.


            A senhora piscou os olhos. Com jeito de quem procurava decidir se Dumbledore não seria uma alucinação, ela disse com a voz fraquinha:


- Ah, sim. Bem... Bem, então, é melhor vir a minha sala...


            Conversaram durante um tempo, e depois de algumas horas de conversação.


- Presumo que o senhor queira ver o Tom agora não?


- Muito... – Respondeu Dumbledore.


            A Sra. Cole saiu com Dumbledore da sala, subiu uma escada de pedra, dando ordens e chamando a atenção dos seus auxiliares e das crianças que passavam. Todos os órfãos, Todos os órfãos usavam o mesmo tipo de bata cinzenta. Pareciam bem cuidados, mas não havia como negar que era um lugar sinistro para educar crianças.


- É aqui – anunciou a Sra. Cole, ao virarem no segundo patamar e pararem à primeira porta de um comprido corredor. Ela bateu duas vezes e entrou. – Tom? Tem uma visita para você. Este é o Sr. Dumberton... Desculpe, Dumberbore. Ele veio lhe dizer... Bem, vou deixar que ele mesmo diga.


“Velha ridícula” – Pensou Tom.


            Dumbledore entrou no quarto e a Sra. Cole fechou a porta. Era um pequeno cômodo vazio exceto por uma cama de ferro e um guarda-roupa velho. Um garoto estava sentado em cima em cima dos cobertores cinzentos, as pernas esticadas à frente, segurando um Livro. Seus olhos se estreitaram ligeiramente ao registrar a aparência excêntrica de Dumbledore. Houve um momento de Silêncio.


- Como vai, Tom? – Perguntou Dumbledore adiantando-se e estendendo a mão.


            O garoto hesitou, aceitou a mão e se cumprimentaram. Dumbledore puxou uma cadeira de madeira para junto de Riddle, fazendo-os parecer um paciente e a sua visita em um hospital.


- Sou o professor Dumbledore.


- Professor? – Repetiu Riddle. Mostrou-se preocupado. – É como um “Doutor”? Por que está aqui? Ela trouxe o senhor para me examinar?


            O garoto apontava para a porta pela qual a Sra. Cole acabara de sair.


- Não, não – respondeu Dumbledore Sorrindo.


- Não acredito no Senhor. Ela quer que me examine, não é? Fale a Verdade!


            O garoto disse as três ultimas sílabas com uma força tão altissonante que era quase assustadora. Era uma ordem, e, pelo jeito, ele já dera muitas vezes antes. Seus olhos tinham se esbugalhado e fixavam, sérios, Dumbledore, cuja única reação foi continuar sorrindo agradavelmente. Decorridos alguns segundos, Riddle parou de encarar o professor, embora parecesse ainda mais desconfiado.


- Quem é o senhor?


- Eu já lhe disse. Meu nome é Dumbledore, e trabalho em uma escola chamada Hogwarts. Vim lhe oferecer uma vaga em minha escola, sua nova escola, se quiser ir.


            A reação de Riddle ao ouvir isso foi surpreendente. Ele pulou da cama e afastou-se de Dumbledore, furioso.


- O senhor não em engana! O hospício é de lá que o senhor é, não é? “Professor”, claro, pois eu não vou, entende? Aquela ágata velha é quem deveria estar no hospício. Nunca fiz nada a Amadinha nem ao Denis Bishop,e  o senhor pode perguntar, eles dirão ao Senhor!


- Eu não sou do hospício – replicou Dumbledore pacientemente. – Sou Professor e, se você se sentar e se acalmar, posso lhe falar sobre Hogwarts. É claro que se você preferir não ir, ninguém irá forçá-lo...


- Gostaria de ver alguém tentar – desdenhou Riddle.


- Hogwarts – Continuou Dumbledore, como se não tivesse escutado as ultimas palavras do garoto. – É uma escola para pessoas que tem talentos especiais...


- Eu não sou louco!


- Sei que não é. Hogwarts não é uma escola para loucos. É uma escola de Magia.


            Fez-se silêncio. Riddle congelara, seu rosto vazio de expressão, mas o olhar correndo de um olho a outro de Dumbledore, como se tentasse apanhar um deles mentindo.


- Magia? – repetiu num sussurro.


- Exato.


- É... é magia, o que eu sei fazer?


- Que é que você sabe fazer?


- Muita coisa. – Sussurrou. Um rubor de excitação subiu do seu pescoço para as faces encovadas; parecia febril. – Sei fazer as coisas se mexerem sem tocar nelas. Sei fazer os bichos me obedecerem sem treinamento. Sei fazer coisas ruins acontecerem a quem me aborrece. Sei fazer as pessoas sentirem dor, se quiser.


            Suas pernas tremiam. Ele se adiantou cambaleando e tornou a se sentar na cama, olhando para as mãos, a cabeça baixa como se rezasse.


- Eu sabia que era diferente – murmurou para os seus dedos trêmulos. – Sabia que eu era especial. Sempre soube que havia alguma coisa.


- Bem, você estava certo – disse Dumbledore, que já sorria, mas observava Riddle com atenção. – Você é um bruxo.


            Riddle ergueu a cabeça. Seu rosto transfiguro-se: havia nele uma felicidade irreprimível, mas por alguma razão isso não o tornava mais bonito; pelo contrario, suas feições finas pareciam mais brutas, as expressão quase bestial.


- O senhor é bruxo também?


- Sou.


- Prove – replicou Riddle imediatamente, no mesmo tom de comando que usara quando dissera “Fale a Verdade”.


            Dumbledore ergueu a sobrancelha.


- Se como imagino, você estiver aceitando a vaga em Hogwarts...


- Claro que Estou!


- Então vai se dirigir a mim, chamando-me de “Professor” ou de “senhor”.


            As feições de Riddle endureceram por um instante fugaz antes que ele respondesse, em um tom irreconhecivelmente educado:


- Desculpe, senhor. Eu quis dizer: por favor, professor, pode me mostrar...?


            Dumbledore retirou a varinha do bolso interno do paletó, apontou-a para o Guarda-Roupa velho a um canto e fez um aceno displicente.


            O Guarda-Roupa pegou fogo.


            O garoto pulou da cama. Harry não podia censura-lo por urrar de choque e fúria; todos os seus bens deviam estar ali dentro; mas, quando Riddle avançou para Dumbledore, as chamas desapareceram, deixando o guarda-roupa intacto.


            Riddle olhou do móvel para Dumbledore, então com uma expressão cobiçosa, apontou para a varinha.


- Onde posso arranjar uma dessas?


- Tudo há seu tempo – Respondeu Dumbledore. – Acho que tem alguma coisa querendo sair do seu guarda-roupa.


            De fato, ouvia-se alguma coisa chocalhando baixinho, Pela primeira vez, Riddle pareceu amedrontado.


- Abra a Porta – ordenou Dumbledore.


            Riddle hesitou, mas atravessou o quarto e escancarou a porta do armário. Na prateleira mais alta, acima de um rilho, com umas poucas roupas, uma caixinha sacudia e chocalhava como se contivesse ratinhos frenéticos.


- Tire-a daí. – Disse Dumbledore.


            Riddle apanhou a caixa trepidante. Pareceu nervoso.


- Tem alguma coisa nessa caixa que você não deveria ter? – Perguntou Dumbledore.


Riddle lançou Dumbledore um longo, claro e calculista olhar.


- Sim, eu acho que sim, senhor – ele disse finalmente, numa voz inexpressiva.


- Abra isto - Dumbledore disse.


Riddle abriu a tampa e virou o conteúdo sobre a cama dele sem os olhar. Harry, que tinha esperado algo muito mais excitante, viu uma bagunça de objetos pequenos, cotidianos: um iô-iô, um dedal prateado, e uma gaita manchada entre eles. Uma vez livre da caixa, eles deixaram de tremer e ainda se deitaram nas mantas velhas.


- Você os devolverá aos donos deles com suas desculpas - Dumbledore disse calmamente, repondo a varinha na jaqueta dele. - Eu saberei se foi feito. E advirto: Furto não é tolerado em Hogwarts.


Riddle não parecia nem remotamente envergonhado; ele ainda estava encarando Dumbledore friamente. Afinal ele disse em uma voz inexpressiva:


- Sim, senhor.


- Em Hogwarts - Dumbledore disse. - nós não só lhe ensinamos a usar magia, mas a controlar. Você tem, inadvertidamente, eu estou seguro, usado seus poderes de certo modo. Isso não é nem ensinado nem tolerado em nossa escola. Você não é o primeiro, nem você será o último, a usar sua magia para ajudar você. Mas você deveria saber que Hogwarts pode expulsar os estudantes, e o Ministério de Magia, sim, há um Ministério, ainda castigará mais severamente os transgressores da lei. Todos os magos menores têm que aceitar que, entrando em nosso mundo, eles cumprem nossas leis.


- Sim, senhor. - Riddle disse novamente.


Era impossível saber o que ele estava pensando; a face dele permanecia bastante inexpressiva quando ele repôs, no pequeno esconderijo, os objetos roubados na caixa de papelão. Quando ele tinha terminado, ele virou a Dumbledore e disse maldoso.


- eu não tenho dinheiro.


- Isso é corrigido facilmente. - Dumbledore disse, tirando uma bolsa de couro com dinheiro do bolso. - Há uma bolsa em Hogwarts para os que precisam de ajuda para comprar livros e uniformes. Você poderia ter que comprar algum de seu livros de feitiços e os outros de segunda mão , mas...


- Onde você compra livros de feitiços? - interrompeu Riddle que tinha guardado a bolsa de dinheiro pesada sem agradecer Dumbledore e estava examinando um Galeão de ouro grosso agora.


- No Beco Diagonal - Dumbledore disse. - Eu tenho sua lista de livros e material escolar comigo. Eu posso lhe ajudar a achar tudo...


- Você está vindo comigo? - perguntou Riddle observando.


- Certamente, se você...


- Eu não preciso de você. - disse Riddle. - Eu faço as coisas que eu quero, eu vou para Londres quando eu quiser. Como você chega neste beco Diagonal, senhor - ele adicionou, captando o olhar de Dumbledore.


Dumbledore entregou a Riddle o envelope com sua lista de materiais e de depois dizer exatamente como chegar do Orfanato ao Caldeirão Furado, ele disse:


- Você tem possibilidade de ser visto, devido aos trouxas que te rodeiam, as pessoas não-mágicas, mas não será. Peça para o Tom, o barman, é bastante fácil de se lembrar,


como ele saberá seu nome...


Riddle deu um estremeção irritável, como se tentando espantar uma mosca.


- Você repugna o nome Tom?


- Há muito Tom’s. - murmurou Tom. Então, como se ele não pôde suprimir a pergunta, como se tivesse estourado de sua boca, ele perguntou. - Meu pai era um bruxo? Ele se chamava Tom Riddle, também, me falaram.


- Eu presumo não saber. - disse Dumbledore com sua voz gentil.


- Minha mãe não pode ter sido bruxa, ou ela não teria morrido - disse Riddle mais para ele mesmo do que pra Dumbledore. - Deveria ter sido ele. Então, quando eu tiver todos meus materiais, quando eu irei a esta Hogwarts?


- Todos os detalhes estão no segundo pedaço de pergaminho em seu envelope. - disse


Dumbledore - Você partirá da Estação King's Cross no dia primeiro de setembro. Há uma passagem de trem lá também.


Riddle acenou com a cabeça. Dumbledore pôs-se de pé e estendeu-lhe a mão de novo. Pegando-a Riddle disse-lhe:


- Eu posso falar com as cobras. Eu descobri quando nós fomos viajar pelo país, elas me


acharam, elas sussurram pra mim. Isso é normal para um bruxo?


- É incomum. - disse Dumbledore, após um momento de hesitação. - mas não Desconhecido.”


O tom dele era casual, mas os olhos dele moveram curiosamente sobre a face de Riddle. Eles ficaram durante um momento, homem e menino, encarando um ao outro. Então quando o aperto de mão foi quebrado, Dumbledore estava à porta.


"Adeus, Tom. Nos veremos em Hogwarts ".

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