Suja!
Capítulo 15 – Suja!
Os dois chegaram ao salão, os lugares deles estavam a sua espera. Snape estava, como sempre, com cara de poucos amigos. Quando viu Victoria e Jason chagando ao salão, conversando animadamente, levantou-se e saiu pela porta lateral.
Victoria reparou os movimentos do bruxo e pediu a Jason que almoçasse sem ela. Foi atrás de Snape pela porta e encontrou-o a caminho das masmorras.
-Severus – chamou ela no corredor, mas o homem pareceu ignorá-la. Correu um pouco vencendo a distancia entre os dois. Puxou pelo braço fazendo-o se virar para ela – Severus – disse apreensiva ao ver a expressão dele.
-Eu sou o Professor Snape ou Senhor Snape, senhorita! – disse ele com frieza.
-Mas eu achei que estivesse tudo... bem entre nos – ela estava confusa com o jeito que ela a olhava.
-Não existe “nos” senhorita. – ele cuspia as palavras com ferocidade – Nem que a senhorita fosse a última mulher do mundo eu me envolveria com alguém que não se da o respeito. Uma vagabunda de rua é menos oferecida...
Mal terminara a frase e sentiu o lado esquerdo de seu rosto latejar, ela parecia ter três vezes a força habitual de uma mulher ao dar um tapa.
Victoria estava perplexa, não sabia o que responder. O ódio que sentiu e a resposta de seu corpo eram mais rápidos que seu raciocínio.
-Ora, professor Snape – disse desdenhando da alcunha – pois não acredito que exista mulher no mundo capaz de conviver com o senhor por mais de uma hora sequer.
Snape já estava de costas caminhando em direção aos seus aposentos, ela ainda tentava raciocinar de onde seu coração estúpido tinha tirado a idéia de que um homem como aquele valeria a pena algum dia de sua vida.
Subiu as escadas, perturbada, ele havia dito que ela não se dava ao respeito, a chamar de vagabunda e oferecida, mas o que ele queria dizer com aquilo? “Talvez ele tenha achado meu beijo uma forma indecente de agir” pensou “mas ele também me beijou em outra ocasião” lembrou. De fato em sua cabeça a discussão não havia feito sentido algum. A única boa alternativa era que o professor realmente a odiava simplesmente por ela ser ela.
Subiu ao seu quarto sem parar para almoçar com Jason. Deu graças a Merlin que o rapaz teria aulas o dia todo e só iria interrogá-la na hora de jantar, não queria falar com ninguém.
Entrou em seu banheiro e olhou-se no espelho, os olhos enegrecidos a encaravam transbordando o ódio que sentia por ser tão estúpida. Ódio pelo homem que há poucas horas atrás apertou seu corpo contra o dela. Como ele podia ser tão cínico. Sentiu-se suja, sua boca estava suja pelo beijo que dera aquele homem. Suas mãos sujas por terem percorrido-lhe os cabelos negros dele. Suja, nojenta, imunda.
Os olhos negros estavam avermelhados de tanto chorar, não se lembrava de quantas vezes havia esfregado a gengiva com a escova e as mãos com a esponja. Olhava-se no espelho alucinadamente, seus dentes estavam vermelhos devido ao sangue. Suas mãos também estavam esfoladas e sangravam nas palmas. Mas ela continuou esfregando. Ainda estava suja.
Ele entrou no quarto sem que ela percebesse, a magia do quarto tinha absorvido a amizade dos dois. Não a viu a princípio, achava que ela tinha sumido por ai com o professor carrancudo, mas ouviu o barulho no banheiro, se dirigiu para lá com seu sorriso nos lábios, ela devia estar feliz.
Mas a cena que encontrou o deixou estático, ela estava banhada em sangue, podia ver seu rosto no espelho e o sangue que saia de sua boca, esfregava compulsivamente as mãos soluçando muito alto. Ela não ligou para a presença dele, chorou mais alto, gritou e continuou esfregando.
Ele a abraçou por trás, segurou suas mão parando o sofrimento que ela se infringia. Ela se contorceu, tentou se livrar, mas ele lhe segurou mais forte tentando imobilizá-la. Por incrível que parecesse ela era mais forte, lhe dava cotoveladas no estomago tentando furiosamente se livrar, sua mente estava fora de si, ela tinha que se limpar.
-SUJA!! – Ela gritou se contorcendo – IMUNDA!! – mais um golpe no estomago do rapaz.
As lágrimas escorriam pelo rosto do rapaz, a força dela era absurda, mas não importava, ele iria protegê-la de si mesma. Scessi chegou ao quarto naquele momento, entrou pela porta e foi direto ao banheiro ao ouvir os gritinhos e gemidos, estivera caçando e não sabia o que estava acontecendo. Olhou a cena sem entender, viu o sangue em Victoria e Jason a segurando. Ela estava ficando louca.
Jason recebia mais uma pancada dolorosa quando sentiu algo gelado tocar sua pele da perna, olhou para baixo um instante e viu a pequena cobra subindo por ele. Ela inesperadamente se enrolou no pescoço de Victoria e o apertou, fazendo a moça parar de se mover. Jason a soltou. A cobra olhava nos olhos de Victoria enquanto apertava seu pescoço, sibilava furiosamente e depois a soltou descendo por seu corpo e indo para a cama.
Victoria ficou alguns segundos parada olhando para o local onde a cobra havia acabado de estar. Olhou suas mão que tremiam e sangravam, se olhou no espelho, e viu sua boca sangrando novamente, mas agora ela estava em si. Olhou ao redor e apoiado na parede com a mão no estomago estava Jason. Não podia se perdoar por aquilo, havia machucado seu amigo, seu irmão.
Chorou novamente escondendo o rosto nas mãos que sangravam quando se sentiu sendo abraçada novamente por Jason, um abraço terno e cheio de carinho. Sim ele sentia dor, mas naquele momento sabia que a dor dela, fosse o que fosse, era maior que a dele. A deixou chorar por longos minutos enterrada em seu pescoço.
Levou-a para cama onde a aninhou em seus braços e por longas horas mais ela chorou no colo do amigo. Ele não perguntaria nada, esperaria ela falar. Só sabia que tinha a ver com o canalha, faria ele pagar por cada lágrima dela. Como ele pode fazê-la sofrer dessa maneira?!
Jason trocou um olhar cúmplice com Scessi, eles a observaram até que ela caiu no sono e ele se sentiu à vontade para fazer o mesmo.
Enquanto dormiam a pequena cobrinha se esgueirava para fora do quarto.
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