Capitulo 1
CAPITULO UM
O semestre fora cansativo. Hermione Granger finalmente conseguira seu diploma em
História, mas sentia-se traída. Ele não aparecera na cerimônia de formatura. –Marge fora com Dawn e Brandi, suas filhas. Embora não fossem parentes, eram muito próximas de Hermione — órfã há anos. Importavam-se com ela e não de prestigiá-la num dia tão especial. Ao contrário de Harry, que causava-lhe mais uma decepção na vida.
Mione afastou os cabelos escuros ondulados e suspirou. Sonhara que um dia Harry se apaixonaria por ela e a pediria em casamento. No entanto, a cada dia isso ficava mais distante.
Harry Potter era irmão de Marge. Tirara Hermione do lar de adoção temporária no qual estava desde a morte da mãe. Seu pai, o principal vaqueiro de Harry, abandonara a esposa e desaparecera. Mione foi viver com uma outra família, apesar das objeções de Marge. Na época, Harry dissera que uma viúva com duas crianças para criar não precisava de mais complicações.
Entretanto quando Mione sofreu uma tentativa de estupro e Harry soube o que ocorrera por um policial seu amigo, fez uma denúncia levando-a para depor. O garoto, que estava aos cuidados da mesma família e tinha apenas treze anos, fora preso e enviado para a corte juvenil. Quando ele tentara tirar sua blusa, Mione dera-lhe um soco, sentou-se sobre o menino até que a família ouvisse seus gritos. O fato de ele ser menor do que ela e estar bêbado facilitaram sua reação.
Harry tirou Mione da casa na mesma noite em que o garoto foi preso e deixou-a sob os cuidados da irmã. Marge gostou dela logo que a viu, como acontecia com a maioria das pessoas, pois Mione era honesta, meiga e generosa e trabalhava com afinco.
Apesar de ter apenas catorze anos, cuidava da casa e das irmãs Dawn e Brandi, de nove e dez anos, respectivamente, que adoraram ter uma irmã mais velha. Marge era corretora de imóveis, e por isso trabalhava em horários não muito comuns. Mas podia contar com a ajuda de Mione, que se revelara uma babá eficiente. Mione, por sua vez, idolatrava Harry muito rico e temperamental, possuía centenas de hectares de terra perto de Jacobsville, onde criava gado puro-sangue e divertia os ricos e famosos no seu rancho centenário. Contava com os serviços de um fabuloso cozinheiro francês e de uma governanta, Molly, que dirigia a casa e cuidava dele. Ele conhecia políticos famosos, artistas de cinema e nobres estrangeiros da época em que fora campeão de rodeio. Homem de boas maneiras que herdou de sua mãe espanhola, assim como a riqueza do pai inglês. Ambos eram freqüentadores do reino.
Harry não era muito sociável, apesar de oferecer grandes festas em seu rancho.
Sempre reservado, exceto no que dizia respeito às lindas mulheres que o acompanhavam em seu jatinho particular. Sua arrogância era condizente com sua
Posição e riqueza. Mione torna-se uma das poucas pessoas próximas a ele, depois que, aos catorze anos, cuidara de sua bebedeira após a morte do pai. Molly tinha ligado em pânico, contando que ele estava destruindo o escritório. Mione, então, fez com que Marge a levasse a casa de Harry, onde depois de acalmá-la preparou café para ajudá-lo a ficar sóbrio.
A partir de então, Harry vinha tolerando suas interferências. Embora ninguém ousasse dizer, nem mesmo Mione, era como se ele fosse propriedade dela. Era possessiva, e
Com o passar do tempo começou a sentir ciúmes das inúmeras mulheres que
Passavam pela vida dele. Apesar de tentar não demonstrar seus sentimentos, nem Sempre conseguia.
Quando tinha dezoito anos, uma das namoradas de Harry fez um comentário
Desagradável para Mione, que ficou furiosa e disse que não ficaria com ele por muito tempo se continuasse sendo rude com sua família! Depois que a garota saiu, Harry. Foi chamar a atenção de Mione, os olhos verdes flamejando como esmeraldas, o espesso cabelo negro despenteado por causa de seu descontrole. Lembrou-a de que não era propriedade dela, e que a expulsaria de casa se não deixasse de controlá-lo. Nem mesmo fazia parte da família, ele acrescentou com crueldade. E não tinha o direito de se intrometer em sua vida.
Ela disse, então, que as namoradas dele eram todas iguais: garotas bonitas, de
Pernas longas, seios fartos e cérebro de passarinho! Ele olhou para seus pequenos seios e comentou que obviamente ela não se encaixava naquela descrição.
Mione o esbofeteou, mas imediatamente se arrependeu. Porém, antes que pudesse se desculpar, ele a puxou de encontro ao corpo e a beijou de uma maneira que fez seus joelhos tremerem. Tinha certeza de que ele queria puni-la. No entanto, abrira a boca num protesto silencioso, e o corpo musculoso de Mione estremecera junto ao dela.
Ele levou-a ao sofá e a prendeu com o corpo. O beijo foi ficando mais intenso,
Insistente e apaixonado. A mão encontrou seus seios por baixo da blusa, e ela teve medo. As sensações que ele despertava nela fez com que o empurasse.
Tentou concentrar-se no que acontecia. Harry se afastou, ainda mais irritado. Os olhos pareciam fulminá-la, como se tivesse feito algo imperdoável. Furioso, mandou que saísse de sua vida para sempre. A partir de então, passou a ignorá-la e nem se despediu, dela, quando fora para a faculdade.
Ao poucos, a tensão entre eles diminuiu, mas Harry evitava ficar a sós com ela. Ele a presenteava no aniversário e no Natal, mas com objetos impessoais, como
Equipamentos para o computador ou biografias, e livros. Ela, por sua vez, comprara duas caixas de gravatas exatamente iguais numa liquidação para não se preocupar mais com presentes para Harry. Marge comentara sobre aquele presente, mas ele não disse nada. Sempre agradecia quando abria os presentes dados por Mione, mas não fazia comentários. Certamente jogava-as fora, pois jamais usou alguma. Mione não esperava que ele as usasse, pois eram feias: amarelas, estampadas com um horrível dragão verde de olhos vermelhos. Mas ainda havia gravatas suficientes para presenteá-lo nos próximos dez anos...
— Está pronta, Mione? — Marge chamou-a.
Ela se parecia com o irmão, alta e de cabelos escuros, mas os olhos eram
castanhos. Marge era dócil e dinâmica, sem ser severa. Todos gostavam dela. Ficara viúva há muito tempo e não se interessou por outro homem. Ela dizia a Mione que o amor podia ser imortal, mesmo que a pessoa amada partisse.
— Só preciso guardar mais algumas blusas — disse Mione, sorrindo.
Dawn e Brandi andavam pelo quarto que Mione ocupava no alojamento, observando tudo com curiosidade.
— Um dia será a vez de vocês — afirmou Mione.
— Não mesmo — replicou Dawn, sorrindo. Tinha dezesseis anos. — Serei
Proprietária de gados como o tio Harry quando terminar a faculdade de Agricultura.
— Serei advogada — disse Brandi, que estava com dezessete anos e logo entraria para a faculdade.
— Quero ajudar pessoas carentes.
— Ela tem treinado as habilidades de negociação comigo — disse Marge, piscando sorridente para Mione.
— Comigo também — admitiu Mione. — Ela está com minha jaqueta, que ainda nem usei.
— Fica melhor em mim — afirmou Brandi. — Vermelho não combina com sua cor,
Mione sabia disso. Sempre ficava vermelha de raiva quando pensava em Harry,
Marge observava Mione arrumar a mala com uma expressão melancólica.
— Foi uma emergência — disse gentilmente. — O celeiro pegou fogo e quase todos os bombeiros da região foram conter o incêndio.
— Sei que ele viria se pudesse — respondeu Mione, embora não acreditasse. Harry não demonstrara interesse por ela nos últimos anos, evitando-a sempre que
Possível. Talvez as gravatas o tivessem enlouquecido de vez e ele tivesse
Incendiado o celeiro, imaginando que fosse uma gravata gigante. Achando a idéia
Engraçada, riu.
— Por que está rindo? — perguntou Marge.
— Estava imaginando que talvez Harry tenha ficado louco e começado a ver gravatas amarelas por todos os lados...
Marge também riu.
— Não ficaria surpresa. Aquelas gravatas são realmente horríveis, Mione!
— Combinam com ele — disse Mione, gracejando. — Acho que um dia usará uma
delas.
Marge ia dizer algo, mas aparentemente mudou de idéia.
— Bem, eu não esperaria por muito tempo — disse ela.
— Quem será a eleita da vez? — Mione se perguntou em voz alta.
Marge ergueu as sobrancelhas. Sabia sobre o que Mione estava falando. Ansiava
para que o irmão voltasse a ter um relacionamento sério.
— Ele está se encontrando com uma das primas dos Kingston, de Fort Worth. Ela foi a segunda colocada no concurso de miss Texas.
Mione não se surpreendeu. Harry preferia louras bonitas e já namorara jovens estrelas de cinema. Ela, com suas feições comuns, não poderia ser comparada a tais beldades.
— Elas não passam de "bonequinhas de luxo". — Marge sussurrou, maliciosamente, para que as filhas não a ouvissem. Mione riu.
— Oh, Marge, o que seria de mim sem você? Marge encolheu os ombros.
— Temos que saber enfrentar os homens — afirmou ela. — Mesmo sendo meu
Irmão às vezes o vejo no lado inimigo. — Ela ficou quieta por um instante.
— Você não recebe um CD com a gravação da cerimônia?
— Sim, junto com o diploma — Mione concordou.
— Por quê?
— Acho que podemos amarrar Mione na poltrona do escritório e o obrigar a ver o CD por 24 horas seguidas — sugeriu ela. — A vingança é doce!
— Ele dormiria durante o discurso de abertura — Mione suspirou. — Eu não o
culparia. Eu mesma quase dormi.
— Devia se envergonhar. O orador era um político reconhecido!
— Reconhecidamente chato - observou Brandi com um sorriso maroto.
— Todos aplaudiram com entusiasmo quando ele parou de falar — Dawn alfinetou.
— Vocês duas têm ficado muito perto de mim — comentou Mione. — Estão pegando os meus maus hábitos. Ambas a abraçaram.
— Nos te amamos, com defeitos e tudo! - disseram — Parabéns pela formatura.
— Na verdade, você foi estupenda — Marge acrescentou. — Nada menos que um
Diploma magna cum laude! Estou orgulhosa de você.
— Estudantes de distinção não têm vida social, mamãe — lembrou Brandi. — Não é de se espantar que tenham notas tão boas. Mione passou todos os fins de semana no alojamento, estudando!
— Nem todo — murmurou Mione. — Fui naquela viagem de campo de Arqueologia...
— Com muitos rapazes tolos — bocejou Dawn.
— Alguns — afirmou. — Além disso, gosto de procurar coisas antigas.
— Então devia ter se formado em Arqueologia — Brandi disse.
Ela riu.
— Prefiro procurar documentos antigos, não relíquias perdidas — falou. — Pelo
menos é um trabalho mais limpo.
— Quando começa o mestrado? — perguntou Marge.
— No segundo semestre — respondeu, sorrindo. — Resolvi passar as férias com
vocês. Consegui um emprego com os irmãos Ballenger no centro de confinamento
de gado, enquanto Calhoun, Abby e os filhos fazem um cruzeiro para a Grécia. Acho que finalmente valerá a pena ter seguindo Harry e seu veterinário pelo rancho. Entendo bastante sobre alimentação bovina e saberei lidar com os documentos!
— Calhoun e Abby têm sorte! — Dawn disse, suspirando. — Adoraria ficar de férias por três meses!
— Quem não gostaria? — afirmou Mione pensativa. — Mas eu tirei férias somente
dos estudos!
— Alguns caubóis lindos estão trabalhando lá — Marge disse com olhos brilhando.
— Um deles é um ex-Boina-Verde que cresceu num rancho.
Mione encolheu os ombros.
— Não sei se quero conhecer rapazes no momento. Ainda faltam três anos de
estudo até concluir o mestrado.
— Mas você já pode lecionar, não? — perguntou Dawn.
— Posso trabalhar com educação para adultos — respondeu Mione. — Mas preciso pelo menos concluir o mestrado para lecionar na graduação, mas o doutorado é sempre melhor.
— Por que não quer trabalhar com crianças? — perguntou Brandi curiosa.
Mione sorriu.
— Porque vocês eram muito levadas e destruíram todas as ilusões que eu tinha
quanto às criancinhas — replicou ela, esquivando-se quando Brandi jogou um travesseiro nela.
— Éramos crianças adoráveis — disse Dawn, em tom desafiador. — Não ouse
discordar, Mione, senão...
— Senão o quê? — ela contestou. Dawn revirou os olhos.
— Senão queimarei as batatas. É a minha vez de preparar o jantar.
— Não dê atenção, querida — disse Marge. — Ela sempre queima as batatas.
— Mamãe! — a adolescente choramingou. Mione apenas riu. Mas seu coração
estava infeliz porque Harry não aparecera na sua formatura. Nada poderia mudar isso. A casa de Marge ficava no subúrbio de Jacobsville, há cerca de quinze quilômetros do grande rancho que pertencia à família há três gerações. A casa era pequena, mas acolhedora, com uma janela grande bay window na frente e uma varanda com um balanço branco. Estava cercada por flores plantadas por Marge. Era maio, todas floresciam, e o pequeno quintal ficava com as cores do arco-íris. Também havia um canteiro de rosas que emanavam um perfume maravilhoso e eram o orgulho e a alegria de Marge.
— Tinha me esquecido de como era lindo — falou Mione suspirando.
— Howard também amava o jardim — Marge disse, e os olhos escuros carregados de lembranças observavam o viçoso gramado que se estendia até a aléia de pedras,conduzindo à varanda.
— Não o conheci, mas deve ter sido uma pessoa adorável — disse Mione.
— E era mesmo — concordou Marge, os olhos tristes ao lembrar do marido.
— Vejam, é o tio Harry! — gritou Dawn, apontando para a estreita estrada que seguia até a entrada de carros da casa.
Mione sentiu os músculos se retesarem. Virou-se quando o Jaguar vermelho parava e levantava uma nuvem de poeira amarelada. A porta se abriu e Harry saiu. Ele era alto e magro, com cabelos negros e olhos verde-escuros. As maçãs do rosto eram expressivas e a boca bem-feita. Tinha um porte tão masculino que atraía as mulheres feito imã. O andar sensual fazia o coração de Mione saltar.
— Onde estavam, afinal? — resmungou ele ao se aproximar. — Procurei em todos os lugares até desistir e voltar!
— O que quer dizer com isso? — exclamou Marge. — Estávamos na formatura de
Mione. Não que você tenha se importado em comparecer...!
— Estava no estádio, do lado oposto ao de vocês — disse Harry irritado. — Não as vi até o fim da cerimônia. Quando consegui passar pela multidão e chegar ao
estacionamento, vocês já tinham saído do alojamento e voltado para casa.
— Foi na minha formatura? — perguntou Mione, com um tom surpreso na voz.
Ele se virou, fitando-a. Os olhos eram grandes, mordazes, rodeados por espessos
cílios negros.
— Houve um incêndio no celeiro, por isso cheguei atrasado. Acha que perderia algo tão importante quanto a sua formatura? — disse ele exasperado, embora os olhos evitassem os dela.
Seu coração se alegrou, contra sua vontade. Sabia que era considerada como uma segunda irmã, mas qualquer contato com ele a fazia estremecer de prazer. Não podia evitar o contentamento que iluminava seu rosto, tornando-a encantadora.
Ele olhou ao redor, ainda irritado, e segurou a mão de Mione, fazendo o coração dela palpitar.
— Venha comigo — disse ele, levando-a até o carro. Ele a acomodou no banco de
passageiros, fechou a porta e deu a volta para se sentar ao seu lado. No console
entre os bancos do carro, pegou uma caixa envolta em papel dourado e lhe
entregou. Ela pegou o embrulho, surpresa.
— Para mim?
— Para ninguém mais — disse ele, sorrindo. — Vamos. Abra.
Ela rasgou o papel. Era a caixa de uma joalheria, porém grande demais para ser um anel. Ela a abriu e ficou atônita. Ele franziu a testa.
— O que foi? Não gostou?
Era um relógio, com o rosto do Mickey, e uma pulseira vermelha. Mas ela sabia o
que significava o presente. Era óbvio que a secretária, srta. Jarrett, que não gostava de comprar presentes por ele, finalmente tinha perdido a paciência. Pensando que estava comprando jóia para alguma das namoradas dele, insinuara que era melhor escolher os presentes que daria de agora em diante.
Mione ficou magoada, pois sabia que Harry escolhia os presentes para Marge e as
meninas. Jamais delegava essa tarefa a subordinados. Mas pensando bem, Mione
não fazia parte da família.
— É... muito bonito — gaguejou, sabendo que permanecera em silêncio por um
longo tempo. Tirou o relógio da caixa, permitindo que ele o visse pela primeira vez.
Antes que pudesse se conter, palavras nada educadas saíram de seus lábios. Então ficou ruborizado por não poder admitir que não escolhera pessoalmente o presente. Mas prometeu a si mesmo que chamaria a atenção de Jarrett.
— Está na moda — disse ele, deliberadamente.
— Eu adorei. De verdade. — Ela o colocou no pulso. Não tinha orgulho próprio. Teria gostado até de um animal morto se fosse um presente de Harry
Ele franziu os lábios, finalmente absorvendo o ridículo da situação. Os olhos verdes piscaram.
— Será a única jovem daqui a ter um — afirmou ele.
Ela riu. Seu rosto, ficou radiante.
— Obrigada, Harry — disse.
Ele a puxou o mais próximo que o console do carro permitia, concentrando o olhar
nos lábios entreabertos.
— Pode fazer mais que isso — murmurou maliciosamente, inclinando-se.
Ela ergueu o rosto, fechou os olhos e saboreou a pressão suave e quente dos lábios dele sobre os seus. Ele se retesou.
— Não, não pode — murmurou, ríspido, quando ela manteve os lábios firmemente
fechados. Segurou seu rosto com uma das mãos e o pressionou suavemente, para fazê-la abrir a boca. Então procurou seus lábios, faminto, encostando a cabeça dela no banco.
Harry sentia-se em transe, adorando o beijo. Ela suspirou e um gemido escapou de sua garganta. Ele ergueu a cabeça. Os olhos verdes a sondavam, exibindo a frustração de seu próprio desejo.
— Começamos tudo outra vez — disse ele, irritado.
Ela engoliu em seco.
— Mas eu não disse nada — protestou ela.
— É claro que não — retrucou ele.
Ambos voltaram para junto de Marge e das garotas, e ela exibiu seu relógio novo.
— Vejam, não é lindo? — perguntou.
— Quero um também! — exclamou Brandi.
— Você só se forma no próximo ano, querida — lembrou Marge.
— Mas vou querer um — repetiu, de maneira teimosa.
— Vou me lembrar disso — prometeu Harry Ele sorriu, mas o sorriso não chegava aos seus olhos. — Parabéns mais uma vez, querida — disse para Harry.— Preciso ir, pois tenho um encontro esta noite.
Encarava Mione quando falou. Ela apenas sorriu.
— Obrigada pelo relógio — repetiu.
Ele sacudiu os ombros.
— Combina com você — comentou de modo enigmático. — Até breve, garotas.
Ele entrou no carro e partiu.
— Eu adoraria ter um destes — comentou Brandi enquanto observava Mione ir
embora. Marge ergueu o pulso de Mione e observou o relógio.
— Que horrível! — disse ela, perplexa. Mione sorriu, melancólica.
— Ele pediu a Jarrett que escolhesse. Harry sempre a faz comprar presentes para
todos, menos para você e as meninas. É óbvio que ela pensou que fosse para uma das louras platinadas, e resolveu se vingar.
— Tem razão, imaginei o mesmo — respondeu Marge, ruborizando. — Mas foi você que ficou magoada, não Harry.
— Jarrett estará encrencada — disse Mione suspirando. — Pobrezinha!
— Pois acho que ele ouvirá um bom sermão — Marge lembrou. — E com razão.
— Ele deve gostar de mulheres enérgicas, não é mesmo? — comentou Mione
enquanto entrava em casa.
— Molly cuida de tudo com mãos de ferro.
— Molly já é parte de nossa família. Não sei o que seria de nós sem ela. Mamãe
morreu quando éramos pequenos e papai nunca foi muito carinhoso.
— Será por isso que Harry é desse jeito? — se perguntou Mione.
Como sempre, Marge ficou calada.
— Jamais falamos sobre o assunto — disse ela. — É uma história desagradável e
Harry não quer lembrá-la.
— Nunca me contaram o que aconteceu — insistiu Mione.
Marge sorriu gentilmente.
— E ninguém vai contar, querida, a não ser Harry
— Já sei quando isso vai ser — suspirou Mione. — Quando começarem a usar
casacos.
— Exatamente — concordou Marge, solidária. Naquela mesma noite, assistiam a um filme na tevê quando o telefone tocou. Marge atendeu e voltou parecendo
preocupada.
— É Jarrett — disse ela. — Quer falar com você.
Mione atendeu o telefone.
— Mione? Só queria me desculpar...
— Não foi sua culpa, srta. Jarrett — respondeu Mione. — O relógio é muito bonito. Eu adorei.
— Mas era seu presente de formatura. — A velha senhora se lamentou. — Pensei
que fosse para uma daquelas louras estúpidas com as quais ele namora. Fiquei
zangada porque ele nem se preocupa em escolher e comprar um presente. — Ela
percebeu o que acabara de dizer e pigarreou. — Não que eu ache que não se
importe com você, claro...!
— É óbvio que não se importa — respondeu Mione entre os dentes.
— Não diria isso se estivesse aqui quando ele chegou — retrucou ela. — Nunca o
ouvi proferir palavras tão horríveis.
— Só está zangado porque foi pego — disse Mione.
— Ele disse que estraguei um dos dias mais especiais de sua vida — contou a srta. Jarrett, parecendo infeliz.
— Harry já tinha estragado tudo porque não foi à formatura. — Mione estava prestes a mencionar que ninguém o tinha visto, e imaginaram que ele não aparecera.
— Ah, então já sabe? — O comentário foi inesperado, — Tínhamos ordens de dizer que ele esteve ocupado por causa de um incêndio, caso alguém perguntasse. Na verdade, estava numa reunião com um comprador de gado de fora da cidade, que trouxe a filha. Esqueceu-se completamente da cerimônia.
O coração de Mione parecia partir-se em dois.
— Não precisamos mais comentar sobre esse assunto, não é mesmo? — disse ela, tentando segurar as lágrimas. — Obrigada por ter telefonado, srta. Jarrett. Foi muita gentileza.
— Só queria que soubesse que sinto muito — A velha senhora parecia muito
pesarosa. — Não faria nada para magoá-la.
— Eu sei.
— Parabéns pela formatura!
— Obrigada.
Mione desligou o telefone e voltou para a sala sorrindo. Jamais contaria a verdade
sobre a sua formatura. Mas sabia que nunca esqueceria aquele dia.
Comentem...
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!