A presença



— Sendo assim... — o manobrista começou a falar. — Podem vir!
Rony, Jorge, Gina, Hermione, Harry, Gui, Carlinhos e mais alguns ruivos do local sorriram imediatamente com a resposta do homem, dirigindo-se ao restaurante enquanto Arthur colocava o trailer em alguma vaga. Não demorou nem dois minutos, e o senhor Weasley já havia chegado á porta do restaurante, onde sua família o aguardava.
— Vamos? — Arthur enroscou seu braço no de Molly.
Todos assentiram com a cabeça.
O restaurante era muito simples, um tanto simpático. Era um restaurante do estilo alemão; tudo bem bonito, muito arrumado. As mesas lotavam o salão, o buffet se localizava em um canto e o balcão era longo e ficava do outro lado do buffet. Havia lindas toalhas xadrezes em cima das mesas; uma orquestra sinfônica dava o luxo no restaurante; um enorme lustre pendurado no imenso teto do restaurante era banhado á ouro, com lindos diamantes em volta. No balcão eram encontrados os doces, guloseimas, frituras e pequenos petiscos, mas tudo trouxa, nada aparentava ter magia no local. Aquilo não parecia ser um restaurante de beira de estrada, mas sim, um digno restaurante luxuoso e simples.
— Está lotado. — Arthur observava o local.
— Temos que juntar duas ou mais mesas. — comentou Carlinhos.
— Verei com um amigo meu, aqui do restaurante. Ele nos ajudará. — prometeu Simas.
Não se passou nem 5 minutos, e as mesas já estavam prontas.
— Bem vindos ao nosso restaurante; sentem-se! — o garçom era simpático, e muito elegante.
Todos se sentaram, exceto Hermione, que tinha uma pequena dificuldade em puxar a sua cadeira, ao lado de Harry. Um toque aveludado tocou a mão da garota: o garçom puxou sua cadeira com dificuldade alguma, dando um lindo sorriso encantador para Hermione. Rony fingiu não notar a cena.
— O-obrigada. — agradeceu ela.
— Não há de quê! Então; irão querer uma rodada de pizza?
— Pi o quê? — Rony e Gina falaram ao mesmo tempo.
— Claro. Adoramos pizza. — Arthur olhou se soslaio para os garotos, mordendo os lábios.
Imediatamente, o garçom saiu.
— Porque temos que comer isso? — falou por vez Rony.
— Fale baixo! — sibilou Hermione.
— Hoje é o dia da pizza. É uma comida trouxa. Eu adoro... Pizza... Hum... Gosto da pizza de alho e óleo. Minha favorita!
— Claro, e o que é trouxa que você não gosta? — Gina demonstrou estresse.
— Boa pegada, Hermione. — sussurrou Harry ao lado da garota, tentando tirar alguma graça da cena que acabara de acontecer com ela e o garçom.
— Não comece Harry.
— Qual garçom irá trazer a pizza? — Harry tentou tirar sarro da garota, novamente.
— Sabe, Simas... — Hermione mudou de assunto. — Acho legal sua mãe trabalhar em um restaurante onde possui trouxas. — A garota abriu um lindo sorriso ao rapaz; dando uma pequena piscadela para o mesmo.
— Minha mãe trabalha durante á tarde e noite aqui. — Comentou Simas. — Durante a manhã... Ela... Digamos... — Ele procurava suas palavras com cautela. — Faz coisas... Como um bruxo comum. — Ele inclinou seu corpo para frente, deixando sua voz em apenas um sussurro.
— Ah, sim. — Ela confirmou.
O silêncio predominou o local.
— Então, quem ta com fome? — Gina olhou com uma cara de desespero para os pais; tentando deixá-los culpados. — Porque assim, desde que... Ah, vocês sabem! — Ela os fitou. — Não sabem? — Gina afinou sua voz na última frase, parecendo uma anjinha. — Ok; vou ser direta! Não quero discussão! Vou ser franca, muito franca. Estão me ouvindo? Porque se estivessem me ouvindo, todos estariam olhando e prestando suas dignas atenções A MIM! — Gina tentava imitar as garotas dos filmes trouxas que via com Hermione; tentando imitar uma adolescente desesperada querendo atenção.
— Gina, você está bem? — Rony inclinou seu corpo para trás.
— ESTOU! Muito bem. — Retornou com a voz angelical.
E tudo seria mais uma visão perfeita de Gina. Seus ataques nos últimos dias vinham frequentemente; ela estava muito depressiva, árdua, irônica. Talvez precisasse de alguém que aguentasse o tranco; ou de alguém que lhe desse umas boas palmadas. Gina era aquela garotinha quieta, educada e humilde, que fora desde pequena. Mas ela estava virando ás avessas. Estava tão arrogante, sentindo-se no auge da sociedade, quebrando regras e magoando pessoas, sem contar quando ela discorda de tudo e faz de sua personalidade um mimo supremo. Harry parecia não conhecê-la; não conhecer a garota que o beijou, que ficou ao seu lado em horas imprevisíveis. Hermione estava mesmo se importando com a amiga; não que os outros não se importassem, mas Hermione apoiava Gina em situações árduas, nunca deixando Gina pra baixo nos últimos meses, após a queda de você-sabe-quem. Rony gostava do jeito da irmã. Sempre gostou. É fácil agradar um Rony. Basta ser diferente e bacana. Rony sempre teve orgulho da família; mesmo com baixas condições de vida ou de bens-materiais, sempre querendo o bem da mesma. Mas Rony é sensível; sensível até demais. Faz coisas sem pensar, coisas sem sentido muitas vezes; mas sempre tentando dar o melhor de si, o melhor que pode ser. A morte de Fred foi a pior coisa de Rony, e com certeza de toda a família. Fred nunca estava solitário, nem pra baixo. Ao contrário, era sempre extrovertido e brincalhão; emocionava ás pessoas que estavam por perto dele, com seu enorme coração e bondade. Fred não merecia o fim que teve, mas a vida não é justa; é injusta, dolorosa e surpreendente.
Todos pareciam imóveis durante segundos.
— Portuguesa? — sugeriu o garçom, vindo de surpresa.
— Não, sou britânica.
— Gina? É o nome da pizza. — corrigiu o pai, envergonhado.
— Ah, claro. Tem o que? Digamos... A pizza... É de que? — Gina pegou o garfo na mão.
— Ovo, cebola, catupiri...
— Ovo? Quem comeria uma pizza com ovo? Eca! — a ruiva levantou-se da cadeira, falando em alto e bom som.
O salão inteiro colocou suas atenções na menina, chocados com a cena. Pizza seria uma comida normal e agradável para os trouxas; mas muitos bruxos não a conheciam – no caso alguns Weasleys. Eles não costumavam comer pizzas, era um pouco desconhecida a comida para eles.
— Desculpe... Minha filha é comediante. — Molly levantou-se também, sorrindo para o salão e ao garçom, que agora tinham virado uma platéia. — Gina, por favor... — Molly falou entre dentes, fazendo um pequeno gesto para a garota se sentar.
— Claro... Troféu de primeiro lugar no concurso Madame... Madame McGonagall. — ela corou, e sentou-se.
— Madame McGonagall? Foi essa a primeira coisa que você pensou? — sussurrou Rony, inclinando-se para a irmã.
— Claro! De Pomona Sprout é que não seria! Pfffff! — Gina se esparramou na cadeira, não tendo muitos modos.
— Ou você se comporta, ou você vai direto para o trailer. — Arthur pareceu irritado com a atitude da filha.
— Desculpe, mas eu quero saber se vocês aceitarão a pizza. — o garçom continuava ali parado, na ponta da mesa.
— Claro, claro. Dê um pedaço para cada um. — pediu o senhor Weasley. — E coloque um bem grande no prato desta ruiva. — ele apontou para Gina. — Alguém aqui precisa se alimentar de vitaminas.
Foi uma longa noite alimentada de pizza. A família se recolheu de volta para o trailer por volta das 23:00 horas; após comer vários sabores de pizza e uma sobremesa deliciosa. Agora eles voltavam sem Simas e Dino, que haviam ficado no restaurante.
— Pai? — sussurrou Rony, sentando ao lado do pai, que pilotava o trailer.
— E aí, Rony! — sorriu Arthur, com um puro e encantador sorriso.
— Olha... Não sei o que você quer... É que... Inglaterra fica MUITO, mas muito longe dos Estados Unidos, pai.
— E você já me viu fracassar algum dia, Ronald?
— Não...
— Já viu algum Weasley fracassar? — ele colocou seu braço no ombro de Rony, agora dirigindo somente com uma das mãos.
— J-já... — sussurrou ele, com um sussurro que só pode ser ouvido por ele.
— Que foi que disse?
Rony lembrou de alguns meses atrás, quando deixou Harry e Hermione sozinhos, na busca das horcruxes, e no momento mais difícil que os amigos passaram. Ele havia os deixado; foi covarde, covarde consigo mesmo. Se fosse apenas capaz de ser mais forte, mas tentativas não faltaram. Agiu sem pensar, sem ter consciência no que pudesse acontecer mais tarde. E se Ronald não voltasse? E se ele não tivesse ali para salvar Harry? Eles estariam ali naquele trailer naquele momento? Haveria o mundo bruxo na qual eles estariam dentro? Dumbledore soube que Rony fraquejaria; saberia que ele era capaz de deixar seus melhores amigos naquele momento. E Dumbledore não errou. Deu-lhe um desiluminador, para que ele voltasse após se perder. Rony voltou sua atenção ao pai, que lhe havia feito uma pergunta.
— Não, não. Claro que não. — respondeu Rony.
— Então, daqui á seis dias estaremos nos Estados Unidos.
— O quê? Hãm? Certo... Tudo bem... Se você diz... — o ruivo levantou-se e abriu a porta da cabine enquanto falava, despedindo-se do pai, dando um beijo no rosto de boa noite.

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