CAPITULO QUINZE
Harry havia acordado. Manhã de domingo. Passaria o dia inteiro com Gina, pois ela havia combinado com uma amiga para substituí-la na barraca. Ele a acordaria com beijinhos, faria amor com ela e ficariam preguiçosamente na cama, lendo os jornais do dia, tomando um café bem forte ao lado de um prato de croissants amanteigados.
O paraíso.
Ele rolou para o lado de Gina e descobriu que o lugar estava vazio. E frio. O que significava que ela já levantara há algum tempo. Quando? Aonde teria ido?
- Gina?
Nenhuma resposta.
Oh, Deus, que ninguém a tivesse seqüestrado, que ela não tivesse sido vítima de Draco e sua corja.
Ridículo. Ninguém teria entrado no apartamento sem acordá-lo.
Gina havia saído intencionalmente.
Ele se levantou. Foi até a porta do quarto de hóspedes e bateu.
Nenhuma resposta.
Ele abriu e viu que a cama não estava desfeita, embora as coisas de Gina ainda estivessem lá.
Nenhum sinal dela no banheiro ou na cozinha. Será que teria tido a mesma idéia e fora à padaria comprar croissants!
Então viu o envelope com o seu nome escrito na linda caligrafia de Gina.
Conscientizei-me, na noite passada, de que não poderei conviver no seu mundo. Vou apenas puxar você para trás. Preciso te deixar. Pego depois as minhas coisas.
Lamento.
Eu te amo.
Gina.
Harry bateu com o punho fechado na mesa. Que diachos teria acontecido na noite anterior? Parecia que ela estava se divertindo no baile de caridade. Ele a vira conversar e rir. Brilhar.
Talvez alguém tenha sentido ciúmes e tenha tentado desprezá-la? Loucura.
Ele precisava encontrá-la. Dizer que ele jamais a deixaria. Ele a amava.
Telefonou para o apartamento dela.
Nada.
Tentou o celular.
Ela não atendeu.
Deixou recado na caixa postal.
- Gina, é Harry. Nada vai acabar entre nós. Eu te amo. Liga para o meu celular. Preciso saber que você está bem. Que está segura. Tudo vai dar certo. Prometo.
Foi até o apartamento dela.
Nada. Tampouco havia sinal do carro dela. Luna. Quem sabe teria ido para lá?
- Oi, Luna. Gina está aí com você?
- Como assim, Harry? Quer dizer que ela não está aí com você? O que você fez?
- Nada. Mas alguém deve ter dito alguma coisa que a aborreceu ontem no baile. Ela foi embora e me deixou um bilhete dizendo que não caberia no meu mundo. Isso é irracional e...
Luna o cortou.
- Na verdade, não é não. Olhe Sirius e Natasha.
- Isso foi há anos! Ah, que inferno! Aposto que alguém falou alguma coisa disso a ela. E ela entendeu como um aviso. Eu vou escalpelar pessoalmente quando descobrir quem fez isso. Mas eu a quero de volta, Luna. Receio que Draco possa fazer algum mal a ela. E ela não atende o telefone.
- Oh, não! Não acha que Draco...?
- Espero que não. Mas ela está vulnerável e eu preciso encontrá-la. Será que está com os pais dela, com os irmãos? Você tem os telefones?
- Deixa que eu ligo, Harry. Você nem os conhece. Não se preocupe, vamos encontrá-la.
- Como o irmão mais velho, eu deveria resolver as coisas.
- Irmãzinhas irritantes também podem.
- Você não é tão irritante, Luna. Amadureceu bastante. E Daisy é um crédito para você.
- Ah, não seja sentimental, Harry.
- Estou falando sério. Aprecio o que está fazendo por mim. Especialmente porque fui duro com você no passado.
- São necessários dois para criar uma dificuldade. Também tratei você mal.
- Porque estávamos preocupados com você. E o jeito de a nossa família demonstrar isso é resmungando.
- Harry, acho que é hora de eu contar a você que voltei à faculdade.
- O quê? Gina sabia disso?
- Sabia, mas eu pedi segredo a ela. Não queria que vocês soubessem antes de eu conseguir o diploma. Então poderão ver que não sou um fracasso.
- Claro que você não é um fracasso. Eu vi seu livro de desenhos de bijouterias. Você é boa. Mesmo que odeie a idéia, você é uma Potter, não pode evitar ser boa no que faz. Luna...
Ele fez uma pausa.
- Quero pedir uma coisa a você. Quero que seja a dama de honra do nosso casamento. E que Daisy seja a menina que leva as flores.
- Está pensando em se casar com Gina? E quanto à vaga do Conselho? Sempre disse que não teria um relacionamento sério enquanto não fosse membro do Conselho.
- Isso foi antes de Gina. Olha, se ela ligar, diga que eu a amo.
- Diga você mesmo quando a encontrar.
Ninguém tinha visto Gina no mercado. Ele estava de volta ao seu apartamento reunindo algumas informações sobre Draco quando o telefone tocou.
- Luna?
- Ela está bem.
- Graças a Deus. Onde ela está?
- Prometi não dizer.
- Puxa vida! O que ela acha? Que eu vou bater nela, como fez Draco?
- Ela precisa de um tempo.
- Você disse que eu a amo? Que ela está errada e tudo o mais?
- Harry, ela precisa chegar a essa conclusão por si mesma. Dê-lhe algum tempo.
- Mas se ela não voltar...
- Ela vai voltar. Irá testemunhar no tribunal daqui a três dias. Seja paciente.
Ele teria de esperar três dias? Paciência? Bem, estava parecendo que ele teria de aprender na marra o que era isso.
Não conseguiu concentrar-se em nada no resto do domingo. Segunda-feira pela manhã no trabalho, também foi muito difícil. Mas ele iniciou algumas investigações e descobriu exatamente o que fora dito a Gina, e por quem. Na manhã de terça-feira, telefonou ao seu padrinho.
- Oi, Sirius. E Harry. Podemos tomar um drinque logo mais? Preciso conversar e tem de ser com você.
- Claro. Podemos nos encontrar no Fleef’s, às seis da tarde.
- Está ótimo. Obrigado, Sirius.
Quando Harry chegou, seu padrinho já estava lá.
- O que foi? Problemas no trabalho?
- Sirius, quando você conheceu Natasha, chegou a pensar em abandonar a advocacia?
Sirius olhou-o assustado.
- Você está pensando em fazer isso?
- Não sei.
- Achei que quisesse ser membro do Conselho, como o seu avô.
- Nem sei mais o que eu quero. Bem, sei sim. Encontrei alguém. Alguém, com quem espero passar o resto da minha vida. Mas ela não irá se ajustar a esse mundo e acha que está me prejudicando na carreira.
- Como Natasha fez comigo? Também me lembro do que diziam sobre ela. Cantora de bar, não era o tipo de pessoa com quem um advogado devesse se envolver. Ela não se vestia do modo correto. Não conversava sobre leis. Dava aula para crianças e vivia no mundo da fantasia. Mais ou menos o que dizem da sua Gina.
Harry arregalou os olhos.
- Quer dizer que ouviu alguma coisa? No trabalho?
- Você sabe como esse ambiente é fofoqueiro. As pessoas notaram como já não fazia mais suas horas extras habituais. E você foi visto com ela. Não demorou muito para que soubessem que ela era uma vendedora de roupas de segunda mão numa barraca de mercado. E que fora a julgamento.
- Aquilo foi uma completa desmoralização da justiça. Ela não é uma desmiolada, Sirius. Ela é esperta, vivaz e corajosa. Tudo o que eu quero numa mulher. E ela não é uma vendedora de roupas usadas num bazar de rebotalhos. Ela é especialista em roupas antigas e é curadora do museu de trajes. Ela escreve artigos e restaura peças históricas.
- O diploma de Natasha da Real Academia de Música, suas aulas de piano e os concertos que dava foram igualmente desconsiderados. Eles já tinham feito seu julgamento.
- Com base em rumores, especulação, sem conhecer todos os fatos. Isso é errado!
- Acontece.
Como Sirius poderia ser tão filosófico a esse respeito? Ele havia encarado as mesmas escolhas, e se decidira pelo amor. Nunca atingira seu potencial. Como lidava com isso?
- Você poderia ter entrado para o Conselho de Advogados da Rainha. Papai disse que, dos dois, você era o melhor. O melhor da geração de vocês.
- Talvez.
- Não era isso o que você queria? Chegar ao topo?
- Pensei nisso. Mas entrar para o Conselho não é tudo na vida. Eu tenho Natasha, que vale muito mais.
- Nunca se arrependeu?
- Uma vez ou outra. Quando alguém recebia os casos que eu deveria receber ou era promovido antes de mim. Mas, se minha escolha tinha de ser entre o Conselho e Natasha, então fiz a escolha certa. Estar no topo não é tudo. E ainda posso ser um bom advogado sem ser membro do Conselho. Mas teria apenas meia vida se não tivesse me casado com Natasha. Teria me arrependido para o resto da vida.
Harry sabia o que aquilo significava. Se perdesse Gina, iria se arrepender para o resto da vida. Sirius olhou para Harry.
- Seu pai pensa que você está se esforçando para compensar o fato de ele ter desapontado o velho Potter.
- Pode ter influenciado. Mas eu quero por mim mesmo. Porque quero fazer a diferença, me destacar.
- Mas não precisa ser membro do Conselho para fazer a diferença.
Não?! Poderia fazer a diferença apenas sendo advogado?
- No final das contas, você é quem escolhe. Só você sabe como se sente. Mas pense nisso. Se não suporta o fato de não estar no topo, vai perder Gina. Terá que lutar tanto para chegar lá que, no final, isso estará entre você e ela. Mas, se não se incomodar de não estar no topo, pode continuar com o seu trabalho e ter Gina. Solução conciliatória. Ter o amor da sua vida e ser um bom e íntegro advogado.
- De segunda divisão. – disse Harry desolado.
- Aos olhos de quem? Não aos olhos de seu pai, nem aos meus. Não aos olhos de quem realmente importa. Quanto ao seu avô... você não é o retrato escarrado do velho. Naco é tão inflexível quanto ele foi. Sabe de uma coisa? Acho que sua avó teve uma vida bastante solitária. Ele nunca teve tempo para ela. Nem para o seu pai.
- Mas tinha tempo para mim.
- Porque você sempre foi brilhante e ele achou que poderia seguir os passos dele. Ele nunca teve tempo para Luna, não é verdade?
- Sim.
Na verdade, o velho havia menosprezado Luna por ela ser uma menina. E tinha idéias antiquadas que a adolescente feminista Luna combatia. Haviam brigado muito. Tampouco tivera muito tempo para os seus outros dois irmãos, embora eles tivessem seguido a tradição da família na área jurídica.
- E você quem terá de fazer as escolhas. Mas o que decidir terá o meu apoio, e o de Natasha. E também o apoio de seus pais se deixar eles se aproximarem.
Harry surpreendeu-se. Que Luna o considerava difícil, ele já sabia, mas seus pais...?
- E assim que eles me vêem? Distante? Intocável?
- Eles estão preocupados com você. Nunca conta nada, a não ser sobre o trabalho.
Nem mesmo havia falado sobre Gina. Então eles teriam notícias por intermédio das fofocas. Droga! A salvação é que eles já conheciam Gina, por meio de Luna. Embora ele não tivesse a menor idéia do que pensavam a respeito dela.
- Dê a eles uma chance. Dê a si mesmo uma chance, Harry. Seja o homem que quiser ser, não o homem que esperam que você seja.
- Gina me disse algo assim, certa vez.
- Parece ser uma jovem sensível.
- Você vai gostar dela. É como Natasha. Calorosa, vibrante.
- E usa sapatos rosa-choque num baile a rigor. - Harry riu.
- Caramba! A fofoca chegou até aos sapatos dela?
- Inveja, meu rapaz.
Agradecimentos especiais:
Ginny M. W. Potter: Não cogitei, mas fico feliz de saber que vai continuar lendo, embora faltem apenas mais um capitulo e o epílogo. Eu também sou muito fa de HG, não importa que tipo de fic. Eu vou ficar mais do que feliz de aturar você até o final da fic e é muito bem vinda para ler qualquer uma das minhas outras historias...
issis: que bom que gostou do capitulo anterior... Espero que tenha gostado deste, agora falta apenas mais um e o epílogo. Beijos.
Feh Potter: realmente era de se esperar que ela agisse dessa maneira depois do que ela ouviu... não se preocupe, afinal eu sei muito bem como as aulas complicam tudo. Beijos e espero que goste do capitulo. Quanto a continuação de Nudez Mortal, são as seguintes, por ordem:
Glória Mortal: http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=31873
Eternidade Mortal: http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=32607
Êxtase Mortal: http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=33344
Bianca: como você previu, o baile não deu certo e deu no que deu. Beijos.
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