CAPITULO ONZE
CAPITULO ONZE
Duas semanas mais tarde, Gina folheava um jornal quando seus olhos foram apanhados por uma manchete: EMPRESÁRIA LOCAL NEGA FRAUDE.
Lembrou-se de já ter visto manchetes daquele tipo.
VENDEDORA DE MERCADO EM GOLPE DE FRAUDE. CURADORA ACUSADA DE NEGOCIAR MERCADORIAS ROUBADAS.
As manchetes referiam-se ao seu nome: Gina Weasley. Claro que eles tiveram o cuidado de dizer que ela era "acusada" não que tivesse feito mesmo. Então, ela não teve como recorrer depois.
Será que acontecera a mesma coisa com essa mulher? Por pura ingenuidade, um simples desejo de ajudar alguém? O amor da sua vida?
Gina tremeu só de pensar e estava a ponto de virar a página quando viu de relance um nome: Draco Lucio Malfoy. Não. Não poderia ser.
Ela aproximou os olhos e a cólera invadiu todo o seu ser. Draco Lucio Malfoy, vinte e nove anos de idade. Web designer. Horrorizado em descobrir que sua noiva estava negociando componentes de computador roubados, através da loja dela.
Web designer, hem? Antes, era estilista de jóias. Mas todo o resto... Ela acabava de apostar que ele havia sugado tudo dessa pobre mulher como havia feito com ela.
- Preciso ajudar um amigo que está passando por um mau pedaço, preciso levantar um dinheiro rápido.
E ela ficara ansiosa por ajudar. Qualquer amigo de seu noivo era amigo dela. Vendera peças que acreditava serem usadas e é claro que adiantara o dinheiro ao amigo de Draco. Porque, sendo amigo de Draco, era perfeitamente sincero.
Tola.
E Draco, o vigarista, teve sucesso. Novamente. Ele estava tão convencido de que era invencível que nem se importava de usar um nome falso.
Deus! Por que eles não olhavam os registros do tribunal? Ela apostava que ele havia feito o mesmo com outras mulheres, em outras cidades. De algum modo, ela precisava entrar em contato com essa mulher. Contar o que havia acontecido. Dizer que fizesse uma corrida aos bancos para verificar o que Draco tinha feito em nome dela. Dizer que arranjasse algum tipo de proteção, pois Gina bem lembrava o que viera em seguida: a desordem, a surra, a dor.
O sentimento amargo e aflito de ter sido traída. Por alguém em quem ela havia sido ingênua o bastante para acreditar.
E então sentir que tinha sido tudo culpa sua. Que havia merecido isso. Aversão a si própria. A vergonha, que jamais fora integralmente embora.
Alguns telefonemas depois e ela não avançara em nada. Na loja de computadores disseram que não seria possível fazer contato e se recusaram a passar um recado. Os tribunais não ajudaram, muito menos o jornal. Não podiam revelar detalhes. Não podiam passar mensagem. E depois o jornal começou a fazer perguntas embaraçosas que ela não queria responder.
Havia uma pessoa que poderia ajudar: Harry.
Mas isso significaria ter de contar tudo a ele. E, se ele soubesse o quão fraca e incompetente ela fora, a desprezaria. Isso, ela não queria. Mas não podia ficar sentada vendo as piores partes de seu passado se repetirem com outra pessoa.
Gina estava quieta. Quieta demais, pensou Harry. Ela mal havia sorrido a noite toda.
- O que há?
- Nada.
Ele não acreditou, mas decidiu não insistir, até que ela estivesse pronta para falar. E, quando fizeram amor naquela noite, percebeu que ela chorava. Ele a abraçou com força e afagou seus cabelos.
- Diga-me o que aconteceu, querida. Diga-me o que está errado. Talvez... eu possa ajudar a consertar, seja qual for o problema. - Ele começou a se dar conta de como ela era importante para ele.
Ela estremeceu.
- Eu... preciso me vestir. E você também.
- Por quê?
- Preciso tomar um banho, sinto-me suja. - Ele ficou chocado.
- Suja? Por minha causa?
- Não, não é você. É que eu... preciso de algum espaço. - Espaço? Ele não gostou de ouvir isso. Seria o começo do fim? - Deixe-me tomar um banho e me vestir. Talvez eu consiga com mais facilidade se estiver vestida.
Por que ela se sentia suja? E o que seria mais fácil se estivesse vestida? Porém, se a pressionasse naquele momento, ela não agüentaria.
- Você sabe onde ficam as toalhas. Pegue o que precisar. Vou fazer uma bebida para nós, está bem?
- Obrigada.
Enquanto ela tomava um banho, ele se vestiu rapidamente e preparou para ela uma caneca de chocolate quente e, para ele, uma caneca de café expresso. Sentou-se no sofá e esperou.
Quando ela entrou na sala, os olhos estavam vermelhos. Ela estivera chorando. Harry precisou se controlar.
Os olhos dela encheram-se de lágrimas quando ela viu a caneca de chocolate quente.
- Sente-se aqui. - Harry a chamou. Ela se sentou distante.
- Mas, por favor, não me toque, Harry.
Ele se oferecera para ajudar a consertar. Mas Gina não tinha certeza de ser algo que pudesse ser consertado.
- É Draco. Ele está de volta. - Ele franziu a testa.
- Draco? Aquele que... - Oh, como ela estivera cega, como fora boba de pensar que Draco poderia ser o homem de sua vida.
- Do meu julgamento. - disse.
- Hã hã. O que aconteceu então?
- Eu o conheci na faculdade.
Ela o conhecera e nem bem completara uma semana já estava na cama com ele. Oh, céus. A mesma coisa que fizera com Harry. Bem, isso se ignorasse o fato de que conhecera Harry, mas não gostara dele durante alguns bons anos. Ela estava cometendo o mesmo engano novamente. Ela não aprendera nada!
Ela esforçou-se por se acalmar e relatar os fatos.
- O nome dele era Draco Lucio Malfoy, embora todos o conhecessem por Drac. Era dois anos mais velho do que eu e estava no último ano da faculdade quando eu comecei. Era estilista de jóias. Um bom estilista. Tirou um diploma brilhante; trabalhou em um estúdio por um ano e depois seguiu por conta própria. Mas entrou em dificuldades financeiras. Foi enganado por clientes, pessoas que não pagavam e cujos cheques não compensavam.
Mentiras. Tudo mentira. Com exceção do diploma. Se tivesse seguido um bom caminho, Draco poderia estar bem. Mas havia escolhido roubar ingênuos como Gina.
- Nessa época, eu me graduei e consegui o trabalho no museu. Uma vez por semana e temporário. Mas havia a chance de ser permanente e de conseguir mais horas. Embora não fosse o suficiente, precisava de outro trabalho para completar a renda. Meus pais e meus irmãos disseram que me sustentariam. Mas eu não iria viver à custa deles. Então comecei a trabalhar no mercado, na barraca de outra pessoa. - Ela se lembrou do que Harry havia falado sobre acomodação; precisava que ele entendesse que ela amava o seu trabalho assim como ela havia entendido que ele amava o dele. - Seria somente para preencher uma lacuna. Mas descobri que era o trabalho perfeito para mim. Quando minha amiga se mudou para a Austrália, fiquei com o estoque e a barraca dela. Ao mesmo tempo, fui contratada pelo museu. De novo, em uma vez por semana. Mas eu gosto de fazer um pouco de cada coisa.
Ele concordou em silêncio.
Se ao menos ela pudesse ler seus olhos. Ele a desprezava ou tinha simpatia por ela? Melhor deixar os sentimentos fora disso, senão não conseguiria contar o resto.
- Draco estava completamente falido. Pediu-me para alugar um canto da minha barraca. Ele era meu namorado. Meu noivo. Iríamos nos casar. Como poderia pensar em cobrar por um canto na minha barraca? Então, coloquei as coisas dele e as vendi. Como trabalho com roupas antigas, Draco não me pediu para vender suas peças modernas. Entregou-me algumas peças feitas a partir de jóias antigas desfeitas. E fui tola, ingênua. Simplesmente não me ocorreu que elas pudessem ser roubadas. Que aquele era um modo de "esquentar" aquelas peças. Desfazer, recompor e vender. Eu jamais faria algo assim, então achei que ninguém mais faria.
Meu Deus, como ela se deixara cegar pelo amor!
- Sim, negociei mercadorias roubadas. Eu as vendi. Mas não foi deliberadamente. Eu realmente acreditava que elas pertenciam a Draco. Que ele comprara o material e as fizera. Se tivesse uma remota idéia do que ele estava fazendo, eu o teria impedido. Evidente que o compromisso terminou. Não que tivesse a chance de dizer. Na época ele desapareceu. Depois de limpar nossa conta bancária conjunta, até o limite do crédito especial. Não pude fazer nada. A conta era conjunta. Ele era meu noivo.
- Você não foi a primeira. Acontece com maridos e esposas também. - disse Harry secamente.
- Não teria sido tão ruim se ele apenas tivesse levado meu dinheiro. Mas ele também fez uma hipoteca em meu nome. Forjou minha assinatura, mas não pude provar. O financista jurou cegamente que eu havia assinado tudo na frente dele, mesmo que eu jamais o tivesse visto. E, quando eu vi a promissória, parecia direitinho com minha assinatura.
- Então, o financista estava mentindo? Ou Draco conseguiu que assinasse os papéis pensando que assinava outra coisa?
- Não. Muito mais humilhante do que isso. Um dos amigos dele me contou que Draco estava saindo com outra mulher. A outra se parecia comigo, então tudo o que teve de fazer foi se vestir como eu e ir com Draco até o financista e deixar que Draco acertasse tudo, de modo que ele não poderia diferenciar nossas vozes. Ela praticou minha assinatura. Draco teve acesso a todas as promissórias e foi fácil fazer de conta que fora eu a assinar os papéis.
Harry estava bem sério.
- Isso é fraude. Logro. Você não o processou?
- Tentei, mas o advogado dele disse que eu estava tentando escapar das minhas dívidas jogando a culpa em Draco.
- Você tinha uma testemunha. Alguém que sabia o que Draco havia feito.
- Ele não iria testemunhar. Não desejaria ter seus próprios negócios escusos expostos.
- Seu advogado devia ter sido capaz de provar a verdade.
- Como? A outra namorada de Draco desapareceu. Não podíamos intimá-la porque não sabíamos onde ela estava. O amigo dele não me fornecia mais detalhes. Draco declarou que se relacionava apenas comigo e que estava chocado com o caso do julgamento e que iria se livrar de mim, pois não podia lidar com todo esse escândalo. A palavra dele contra a minha. Draco tinha uma aparência honesta. Eu acreditei nele e, infelizmente, o juiz e o júri também.
- Gina. Isso é terrível. É zombar da justiça. Isso não deveria ter acontecido.
- O advogado dele era melhor do que o meu.
- Algo mais?
Ele parecia estar chocado, mas não surpreso.
- Sim. Ele pegou dinheiro emprestado com um agiota. E deu meu endereço. Depois não honrou as dívidas e desapareceu. Então, eles vieram à minha casa e levaram o que lhes era devido em mercadorias. E acrescentaram uma advertência.
- Que tipo de advertência? - quis saber Gina.
- Quebraram algumas coisas. - Inclusive uma de suas costelas. Mas isso, ela não iria contar.
- Você não chamou a polícia?
- Sem testemunhas, o que eu poderia fazer?
- Tirar impressões digitais, para começar.
- De nada adiantaria quando as pessoas usam luvas. Luvas com soqueiras de metal.
Ele ficou imóvel.
- Soqueiras de metal. Foram usadas em você? - Ela não respondeu.
Harry jurou ferozmente:
Agradecimentos especiais:
Ginny M. W. Potter: que bom que gostou do capitulo anterior, agora as coisas ficam mais claras, a Gina disse o que aconteceu com ela no passado. A Gina sabe muito sobre o mundo do Harry sim, assim como ele está aprendendo a gostar da ruiva da maneira que ela é. Beijos.
Feh Potter: ah, o Harry foi muito esperto sim, agora quanto a querer o Harry pra você, pode ficar sem problemas desde que eu possa ficar com a ruiva... Quem dera, não é mesmo? Abraços.
issis: ei, eu não sou tão mal assim, pelo menos eu acho que não. Beijos.
Bianca: que bom que gostou do capitulo. Esse esta cheio de surpresas. Beijos.
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