CAPÍTULO SETE



CAPÍTULO SETE


 


Harry conseguiu se segurar nos dois dias seguintes. Ele precisava mesmo ser bastante sensato nessa história. Ele queria Gina. Ele a desejava. Mas era passageiro. Caso se concentrasse em seu trabalho, com certeza iria passar.


Mas ele não conseguia tirá-la da cabeça. E ficou muito irritado por não ter controle sobre o seu pensamento. No instante em que deixava sua mente vagar, descobria-se pensando nela. Em como a pele dela era macia. Em como queria fazer amor com ela até que nenhum dos dois pudesse ver direito.


Ele podia telefonar. Mas já telefonara uma vez. Se telefonasse novamente, iria se sentir perseguindo-a. Como um pedinte. Como se tivesse a palavra perdedor tatuada na testa. Não. Esperaria um pouco mais. Se ela tivesse tanta vontade quanto ele, então telefonaria. E, nesse meio-tempo, ele tinha muito trabalho a fazer. Uma carreira para manter nos trilhos.


 


- Certo. - Luna serviu um copo de vinho a Gina. - Agora que Daisy está dormindo, precisamos ter uma conversinha.


- Sobre o quê? - perguntou Gina. Luna foi direto ao ponto.


- Você precisa superar Draco.


- Eu já o esqueci. - protestou Gina. Luna a ignorou.


- Sei que ele foi um idiota completo, mas nem todos os homens são assim.


Gina revirou os olhos.


- Está bem.


Luna afofou os cachos de Gina.


- Vê? Você se tornou uma cínica. Tudo o que precisa é ir ao clube comigo. Balançar um pouco e se divertir.


Gina adotou uma expressão carrancuda.


- Faça-me o favor. Eu odiava clubes quando era adolescente. Agora, vou me sentir ainda pior. Estou muito velha para ir a clubes.


- Qualquer um que a escute dirá que você está com quarenta anos! E você só tem vinte e seis. Precisa viver um pouco. Algumas vezes, acho que você é um caso sem esperança, como meu irmão mais velho. Precisa se divertir. Você é jovem, livre e solteira. Faça um bom proveito disso. Eu a desafio a aceitar a próxima vez que alguém convidá-la para sair. Eu sei. Você não está interessada em encontros, só no seu trabalho. - Luna suspirou. - Graças a Draco, o vigarista, você corre o risco de ficar tão ressecada quanto as roupas de seu museu.


- Elas não estão ressecadas. - protestou Gina.


- Estavam, até que você as restaurou com cuidado amoroso. Você também está precisando de um pouco de cuidado amoroso. - insistiu Luna.


- Eu estou bem.


Ou estaria, se pudesse tirar o irmão de Luna da cabeça. Mas as imagens estavam lá. Pior ainda: podia praticamente sentir o calor das mãos dele contra a sua pele, e isso atiçava a brasa do desejo até ela pensar que iria ficar louca.


- Supondo...


- Supondo o quê?


- Nada.


- Conte-me agora ou vou perturbar você até que conte: - Gina sabia que sua amiga era bem capaz disso. Suspirou.


- Que eu tenha encontrado alguém.


- Eu sabia! - Luna exultou. - Já era tempo!


- Ele não faz o meu tipo, e eu não faço o dele. Estamos redondamente enganados um com o outro.


Os olhos de Luna abriram-se apavorados.


- Oh, por favor não. Não me diga que é outro Draco. - Gina negou com a cabeça. Ela não seria tão estúpida uma segunda vez. Além do mais, Harry era o oposto de Draco.


- Ele não é um mentiroso ou um trapaceiro. E não iria me magoar.


De qualquer modo, não deliberadamente.


- Então qual é o problema? Ele é casado?


- Não.


- É homossexual?


- Claro que não! - As palavras saíram com mais impetuosidade do que Gina tencionava.


- Se tem tanta certeza, é porque alguma coisa aconteceu entre vocês.


- Não me peça detalhes. Não vou contar nada.


- E, se algo aconteceu, mesmo que tenha sido só um beijo, é evidente que ele está interessado.


Só um beijo? Ela havia ficado nua da cintura para cima, e desejado que ele fosse mais longe.


- Se você o quer e se ele a quer, o que â impede de seguir adiante?


- Eu não quero me envolver.


- Mas você não precisa se envolver. Divirta-se apenas. Um homem para fazer sexo... você sabe, sexo faz um bem enorme para a pele.


Aquilo era surreal. Gina não poderia estar tendo aquela conversa com Luna sobre o irmão mais velho dela. Certamente Luna diria outra coisa se soubesse que a pessoa a quem se referia era Harry.


- Não quero um homem para fazer sexo. - Gina mentiu entre os dentes.


- Se não quer compromisso, a opção é sua. - observou Luna. - Seja ele um homem somente para sexo ou um homem para levar a sério. Por que não telefona? Tem o número?


- Sim.


- Então ligue.


- Talvez.


- Sem talvez. Ligue. Agora. Ligue e diga que você quer... oh, ora! Quem será? - reagiu Luna ao toque da campainha. E levantou-se para atender.


Gina ficou com a respiração suspensa ao ouvir a voz do visitante. Conhecia aquela voz. Como a carícia do veludo em sua pele. Dava-lhe vontade de ronronar e arquear-se como uma gata.


- Então o que você quer? - Luna perguntou irritada.


- Oh, que bela maneira de cumprimentar seu irmão mais velho. E pensar que eu lhe trouxe um presente.


- O presente vem com condições? - perguntou Luna desconfiada.


- Se me oferecer uma xícara de café, pode contar como condição.


Ele tirou uma caixa da sacola que carregava.


- Oh, bombons finos! - Os olhos dela faiscaram. - Eu o convidaria para entrar, mas Gina está aqui e vocês dois não se dão bem.


Gina tinha mesmo dito isso? Recentemente? Sentiu um nó no estômago por conta do desapontamento. E ele estava esperando que ela telefonasse... que idiota.


- Estou certo de que podemos agir de forma civilizada. Mas se há algum problema... - Colocou a caixa de bombons novamente na sacola e preparou-se para ir embora.


- Não. Não faça isso. Eles agora são meus. Dê!


- Como você mesma disse, o presente vai com as condições.


- Está bem. Vou fazer um café. Mas não comece a ser sarcástico ou autoritário.


- Autoritário? Não seria um traço peculiar da família que você herdou?


Luna o fuzilou com os olhos, mas deixou-o entrar.


- Gina. - ele acenou e sentou-se longe dela. Caramba! Havia esquecido como ela era um encanto.


Olhos azuis cor de jacinto. Uma boca magnífica que ele ardia de vontade de beijar.


- Harry.


A voz era fria, mas os olhos a traíam. De forma alguma, ela estava calma. Decididamente se via excitada. Portanto, qualquer coisa que tenha dito a Luna sobre não combinarem... ele apostava que não fora recentemente. Com certeza, não depois de eles terem começado a fazer amor no balcão da cozinha dela.


Também ela pensava nisso. Ele tinha certeza pelo modo como a mão dela tremeu levemente ao pegar o copo de vinho.


Luna voltou-se da porta da cozinha.


- Quer mesmo um café, Harry? Pode beber um copo de vinho se preferir.


Ele sorriu.


- Obrigado, mas estou dirigindo.


- Ah, sei. Não bebe nem mesmo um copo de vinho quando está dirigindo.


- Não vale a pena correr o risco. Depois que a gente vê os detalhes sangrentos como os muitos casos que vão parar no tribunal...


- Mensagem recebida, decodificada e entendida. - Luna veio sentar-se no braço da poltrona. - Então vai me dar os bombons ou não?


- Está bem. - disse ele passando a sacola. - Tem um presente para Daisy aí também.


Luna investigou o interior da sacola.


- Canetas. Obrigada, ela vai adorar.


- Há uma condição. - brincou Harry. - Quero um desenho para colocar no meu escritório.


Sara sorriu.


- Ok. Oh, e isso aqui também? Harry, você a está mimando.


- Privilégio de tio.


Luna tirou um livro de colorir de dentro da sacola.


- Papéis translúcidos. Depois de os colorir, ela pode pregar na vidraça da janela, e vai ficar parecendo com os vitrais que as princesas têm nos castelos.


Gina estava encantada. Harry fora atencioso o bastante para comprar para sua sobrinha, um presente que ela iria de fato gostar. E pedira um desenho para colocar no seu escritório; era evidente que desejava sua família por perto em seu ambiente profissional. Oh, droga, como ela poderia resistir a um homem que se importava tanto?


Que engraçado! Ele não parecia mais tão intocável em seu terno de trabalho. Talvez porque a última vez em que o vira usando essa roupa ele a havia tocado tão intimamente...


- Obrigada. - Luna abraçou Harry.


- Algumas vezes irmãos mais velhos têm sua utilidade. Ele passou a mão nos cabelos de Luna.


- Você me prometeu um café. É grosseria deixar suas visitas esperando.


- Você não é uma visita. - replicou Luna. - Pode fazer o café você mesmo.


- Enquanto devora todos os chocolates? Ah, não. E você deveria dividir, não é certo isso, Gina?


Senhor! Ela sabia que ele falava dos chocolates, mas foi como se estivesse se referindo a algo completamente diferente. Algo que envolvia sexo. Quente, lascivo e desenfreado. Que inferno! Estava com muita necessidade de agarrar. Murmurou uma resposta e esperou que fosse adequada.


Observá-lo selecionar seus bombons favoritos também foi uma tortura. Ele pegou os mais escuros. E ela pensou em algo ainda mais doce e delicioso do que aquele chocolate. Bebeu seu copo de vinho muito depressa, mas não foi o álcool que a deixou tonta. Foi Hary. Estar na mesma sala que ele sem poder tocá-lo.


Portanto, antes que Luna pudesse voltar a encher seu copo, ela exagerou um bocejo.


- Estive muito ocupada essa semana. Vou direto para casa, Luna. Foi bom ver você, Harry. - acrescentou educadamente.


- Espere. Harry pode te dar uma carona, não pode, Harry? - Estar num espaço confinado com Leo...


- Não. Vou andando. Estarei bem.


- De jeito nenhum. Não vai sozinha, à noite. - insistiu Luna.


Gina meneou timidamente a cabeça. Ela não queria que Harry perguntasse por que uma mulher perfeita e saudável poderia ficar preocupada em andar sozinha pelas ruas. Ainda não havia nem mesmo escurecido. Não havia nada a temer.


À exceção do que acontecera com Draco, o motivo pelo qual ela ainda certificava-se de não estar sendo seguida ao entrar em seu apartamento. A mesma razão que a fizera entrar para a aula de artes marciais, com o encorajamento de Luna: a próxima vez - se houvesse uma próxima vez - ela estaria preparada.


- Luna está certa. Sua casa não fica tão fora do meu caminho. Não vai ser problema algum dar uma carona a você. - disse Harry.


Ela não teve escolha a não ser aceitar. Abraçou Luna e seguiu Harry até o carro. Ele não se importou em manter algum diálogo; simplesmente ligou o CD. Ela não se surpreendeu ao escutar a nona sintonia de Beethoven; já supunha que Harry preferisse a música clássica à popular.


O que a surpreendeu foi que ele sintonizou direto no quarto movimento. E cantou junto com os tenores, em perfeito alemão. Não de um jeito exibicionista, mas como qualquer outro homem que canta acompanhando sua canção favorita. E tinha uma voz maravilhosa.


Harry poderia ser perfeitamente um cantor profissional, se tivesse escolhido isso. Ele era o tipo de homem que poderia ter feito qualquer coisa que desejasse. Por ora, ele havia escolhido seguir a carreira de sua família. Tornar-se advogado. Queria uma vaga no Conselho de Advogados da Rainha, como seu avô. Gina se perguntou se ele estaria realizando o próprio sonho ou o de seu avô. Sabia que o Harry Potter mais velho havia morrido há alguns anos, logo depois de Harry, o mais novo, se formar e receber o diploma - teria sido uma promessa feita no leito de morte?


Que desperdício! Ele poderia ter feito qualquer coisa. Agora estava atolado no caminho. Talvez ela pudesse despertá-lo. Ensiná-lo a seguir seus próprios sonhos. Estava justamente pensando em como fazer isso quando ele estacionou.


- Vou levá-la até a sua porta.


- Não há necessidade.


- Há toda necessidade. - corrigiu Harry.


Ela o esperou fechar o carro e guiou-o até o segundo andar.


Da primeira vez, ele levou suas caixas. Ela o convidou para um café. Ele a beijou. Da segunda vez, ele apenas deu uma passada. Ela terminou nua da cintura para cima. Da terceira vez...


A palpitação disparou. Da terceira vez, quem sabe? Mas tudo o que ela podia recordar eram as palavras de Luna: Um homem para fazer sexo.


Honestamente, Harry queria apenas levar Gina até a sua porta. Mas então ela sorriu. E ele ficou completamente perdido. Sentia-se no mar, sem bússola, sem ponto de apoio. Sabia somente que sua boca estava atracada à dela e podia sentir sua doçura misturada à do chocolate que ela comera na casa de Luna. Ela desabotoava os botões de sua camisa e percorria com as mãos seu peito nu.


Quando interrompeu o beijo, pôde perceber que, de algum modo, eles haviam atravessado o portal e fechado a porta atrás de si. Pelo menos era um alívio saber que eles não tinham começado a se despir em público. Embora tivessem estado bem perto disso.


Ele respirou fundo.


- Isso não deveria ter acontecido.


- Não.


Ela soava entorpecida, assim como ele. Embriagados.


- Não posso tirar minhas mãos de você. - disse olhando para a sua camisa aberta. Parecia que não era somente ele que tinha esse problema em particular.


- Agora você vai pensar que eu sou uma puta. - Ele meneou a cabeça.


- Não. Acho que está acontecendo com você o mesmo que está acontecendo comigo. Minha mente me diz uma coisa e meu coração... meu coração está dizendo que é para eu pegá-la e levá-la para a cama e que se dane todo o resto.


Em menos de um segundo, a expressão no rosto de Gina passou da prudência ao desejo voraz. E Harry soube qual era a resposta.


Sim.


 


 


 


Agradecimentos especiais:


 


Juh Sparrow: isso ai, nem sempre podemos conseguir o que queremos, a atração é muito forte. Quanto  as suas duas fics garanto que dou uma olhada o mais rápido possível. Abraços.


 


issis: capitulo novo postado, espero que goste. Beijos.


 


Bianca: realmente essa desculpa não cola, mas a Gi não é e nem foi advogada, na verdade ela saiu da universidade antes de terminar o curso. Beijos.


 

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