Pensamentos Turvos



“Definitivamente impossivel..." Resmungava Dumbledore, inquieto na cama. Os olhos pesados e bocejos constantes insistiam em aparecer, contrariavam o puro desejo seu encafifado de bisbilhotar mais o segredo. “Mas... è possível que aqueles delinqüentes tenham a resposta para isso. É possivel... Que sejam suspeitos... Ora essa. Como nao? Sao... Criminosos!... Maldição!!" E mais uma vez pegou-se resmungando. — Ah... Estou ficando louco... Isso totalmente o frustrava. Pela primeira vez Dumbledore nao sabia o que fazer. A solução fugira de suas maos. Seus olhos parcialmente fechados e mais bocejos ainda nao impossibilitaram um mal adormecido Alvo Dumbledore levantar da cama e sentar-se na poltrona atrás de uma mesa espaçosa, mas que nao tomara muitos no quarto gigantesco. Aberto sobre a mesa, o livro de paginas amarelas que transpareciam tons prateados, como a imagem da lua e poças de agua agitada. Ainda o esfolheava. As suas pálpebras baixas e sonolentas tornaram atraente a mesa posta à frente. Em poucos segundos estava com os braços esticados sobre a mesa e a cabeça escorada sobre o livro aberto. Mas sua noite nao acabara ali... Num sono profundo. Caiu em mais um sonho... — Decisivamente... Estou louco. — Criticou-se novamente olhando a redondeza. E provavelmente todo o rebuliço rapido que lhe aconteceu, de verdade o enlouqueceu. O reflexo projetado do livro se prolongou ao sonho. E la ele se encontrava envolto pelas imagens turvas e prateadas, como do livro. Soltou um ar debochado a si. Quando menos percebeu, estava declinando. Seus pes se soltavam e a partir dí, despenhava. Com rapidez que declinava, nunca esperava que caísse sentado em uma cadeira. O baque o deixou tonto. Envolta, as imagens nao eram desconhecidas. Tinham detalhes claros e meio embaçados. À sua frente, um jovem que choramingava sentado em uma cadeira olhando pela janela ampla. As vozes que saiam em um eco de baixa ressonância. De imediato, um turbilhão de emoções atacou Dumbledore: De uma parte, estava alegre por enfim ter desvendado o segredo que o perturbava; De certa forma assustado, imaginado as coisas que estava prestes a ver; No fundo, um desanimo o abatia, pois assim como previa as coisas fortes que veria, sabia também, que de alguma forma, o culpado sofreu grandes traumas. E seus primeiros pensamentos levavam a Cornélio Fudge. Tinha medo de pensar o que o deixara com tanto remorso. Tudo era obviamente exato. Convinha que o livro funcionasse semelhante a uma penseira. Os pensamentos acumulados, todos guardados num propriamente dito... Diário. Mas por que Fudge desejaria que Dumbledore visse seus segredos? Porque expor suas intimidades? Haveria ali alguma coisa que Fudge desejava contar? Algo mais comprometedor, que Dumbledore não podia ouvir por sua boca? Essas eram algumas das perguntas ilimitadas que Dumbledore fazia a si. De uma forma ou de outra, o menino sentado a choramingar era Cornélio Fudge. — Vamos, querido... — disse a voz suave de uma mulher que entrara na sala. Tinha cabelos louros que estavam presos a um coque. Os olhos verdes brilhavam esperançosos. O menino nada respondeu. Mas apenas se levantou ainda choramingando. Ela o entrelaçou nos braços. — Vai passar... — ela disse. Depois de um demorado abraço, os dois sumiram pela porta. Dumbledore prontamente os seguiu. Apos caminhar um extenso corredor e descer uma fria e alta escada que circundava até o chao, la fora, um carro preto aguardava. De dentro, saia uma mulher elegante. Seus trajes todos pretos assim como os olhos e os longos cabelos. A radiante face, era coberta por uma expressão abatida. Dos olhos, correram lagrimas ao ver o jovem que estava parado à porta, ao lado da que o acompanhava. Mas este, pareceu nao notar sua tristeza, e muito menos o fato de chorar. Apenas entrou no carro, ignorando-a. — Obrigado — disse seus labios (que parecia conter) à mulher estacada frente a porta. Ao seu lado, Dumbledore. O carro se movimentou, e a imagem encapelava-se surgindo um clarão forte e rápido. Em seguida outra imagem surgia... Um corredor aberto e sem muita extensão com rochedos que compunha as paredes e colunas. Nele transitavam varias pessoas trajadas em uniformes pretos e largos. Algumas carregavam livros grossos e pesados. Nas muretas, alguns jovens travessos e de personalidade intimidadora, se escoravam esperando mais alguem com quem aprontar. No largo corredor, um jovem louro atravessou a imagem, ali invisivel, de Dumbledore. O jovem sem companhias mantinha os passos apressados. Sua fisionomia acanhada e desconfiada, escondendo-se atras do livro pesado que carregava. O que era meio dificil de conter no ambiente tumultuoso — e ja reconhecido por Dumbledore — de Hogwarts. Alguns jovens vandálicos sentados nas muretas ou que passavam o esbarrando propositalmente, o xingavam e maldiziam sua personalidade. Um deles puxou o livro de suas mãos, que caiu brusco. Algumas folhas se soltaram antes de colidir o chao, enquanto deslizou pelo chao, um pequeno livro de capa preta. O objeto que Dumbledore, imóvel de onde estava, pode reconhecer, estava agora, nas maos dos adolescentes, que zombavam e o transtornavam ao jogarem de mao em mao. Fizeram por mais alguns instantes. até o ponto de novamente, a imagem esmaecer e encapelar, e ao final, um clarão novamente surgir. Mas os pensamentos prudentes de Dumbledore, foram mais forte para pará-lo, apesar de seu desejo de explorar, gritar dentro de si. Concentrou-se. Fechou fundo os olhos. Em poucos segundos, pegou-se respirando fundo e forte, de frente ao livro aberto, sentado a mesma poltrona atras da mesa em que adormecera. Suas pernas estavam fracas e os olhos pesados. O que lhe restou, foi apenas afastar o livro — assegurando-se de que o deixara fechado. Esticou novamente os braços sobre a mesa. A noite pareceu mais confortável ali.

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