Capítulo Único
N/A: Essa fic foi criada para o I Challenge Diálogos do Grimmauld Place conseguindo o terceiro lugar.
Observação: Os espaços entre as falas devem ser considerados como momentos de silêncio.
- ... Oi.
- Oi.
- Suponho que você vá ficar, não?
- Sim, ficarei. A não ser que você vá ficar.
- Não, não. Só almoçarei.
- Hum.
- Gina está na cozinha.
- Ah, ok. Obrigada.
- Eu não acredito que você fez isso comigo, Gina!
- E o que você queria que eu fizesse? Excluísse você? Meu irmão? Já está mais do que na hora de vocês superarem toda essa infantilidade. Hoje é aniversário do Harry, tenho certeza que, tanto a sua amizade com ele quanto como a do Ron, podem fazer vocês dois suportarem três horas acompanhados um do outro.
- É claro que eu posso suportar! Eu só queria...
- Esquecer?
- É, esquecer. Talvez.
- Você é tão hipócrita, Mione.
- Ei, Gina! Gina, espera... Ei! Não é hipocrisia... Ei! Gina, eu estou falando com você! Volta aqui.
- Que horas são?
- Quase meio dia, Ron.
- E que horas o Harry chega?
- Daqui a pouco.
- Daqui a pouco quando?
- Quantos anos você tem?
- Não me responda com perguntas, Ginevra.
- Não faça perguntas estúpidas, Roniquito.
- Eu quero ir embora logo.
- Eu sei. Ela também quer.
- Quer? Ela disse que vai ficar...
- Não, ela não disse que quer ir embora. Ela disse que quer que você vá.
- Ah...
- Magoado?
- Não.
- Hum...
- Ela realmente disse isso?
- Não. Mas eu não preciso de palavras.
- Então ela não disse?
- Ron, sério, quantos anos você tem?
- Muito engraçada.
- Obrigada. E Ron, é impressão minha ou você pensa em ficar sentado lendo o jornal enquanto eu e Mione fazemos as coisas?
- Gina, qual é! Você sabe que eu não quero encontrá-la.
- Tarde demais. Vocês dois já estão sob o mesmo teto.
- Você sabe o que eu quero dizer...
- Mesmo assim, Ron. Tarde demais. Vocês são dois adultos. Orgulhosos, idiotas, mas, ainda assim, adultos. Eu já falei para ela, está na hora dos dois aprenderem a lidar com isso. Eu não vou ser a responsável por excluir ninguém do aniversário do Harry por causa dos dois amigos burros dele.
- Você sabe que eu sou seu irmão mais velho, não sabe?
- Não. Arruma a mesa.
- Forrarei com o jornal.
- Faça isso e você será um bruxo morto.
- Ah, é uma ótima idéia! Enquanto comemos poderemos ler algumas notícias...
- Ron, por favor, não me faça escutar suas piadas.
- Certo.
- E é o doce som do silêncio que chega aos meus ouvidos.
- Pronto, Gina. Sem jornal.
- Obrigada, Ron. Obrigada, Merlin. Pode nos ajudar a levar as travessas para a mesa, agora?
- Claro. Mione, quer me dar essa? Parece pesada.
- Ok, certo. Não precisamos nos falar mesmo.
- Ron, esquece isso.
- Não, não vou esquecer, Gina! Eu acho um absurdo que ela me trate assim até hoje, o mínimo é a educação.
- Ron, eu sei disso, você já me disse. Quer, por favor, deixar isso de lado? Pelo menos por agora?
- Não, Gina. É bom que ela ouça também. Na verdade, é melhor ainda que ela não esteja falando comigo. Daí não terá como retrucar sobre qualquer coisa que eu diga. Terei a chance de dizer tudo que eu sempre quis dizer e que ela nunca deu oportunidade, sem escutar uma só palavra.
- Ron. Por. Favor. Hoje não.
- Sabe, Mione, àquela hora da noite, pensei que ninguém veria o que fizemos. E eu não estava lá sozinho, você deveria simplesmente parar de jogar a culpa em mim e perceber isso.
- Não, não, não, não...
- Gina, cale a boca!
- Ron, por favor. O Harry já vai chegar, eu realmente não gostaria que ele encontrasse vocês dois juntos, pela primeira vez em tanto tempo, brigando.
- Ele já está acostumado.
- Ron, por favor?
- Eu acho um absurdo! Um absurdo! Como ela consegue ser tão fria? Como ela pensa em deixar isso para trás? Esquecer tudo? Como, Gina?
- Ron, se acalma...
- Olá! Desculpa a demora, Gina, está caindo uma tempest... Ron! Mione! Gina, não acredito que você conseguiu juntar os dois e faz... O que houve?
- Feliz aniversário, Harry.
- Parabéns, cara.
- Ah, Harry! Péssima, péssima idéia. Esses dois não se entenderão nunca.
- Desculpa, Gina. Eu achei que talvez...
- Não é culpa sua, Harry. Mas eu desisto. Eles não querem ajuda, eu não me esforçarei mais. Não quero mais almoçar aqui, tem problema?
- Não, claro que não. Vamos para algum restaurante. Vocês dois vão?
- Ah, Harry, me desculpe, mas... Eu perdi o apetite.
- Tudo bem, Mione. Foi bom ver você, pelo menos. Você não irá para A Toca mais tarde, não é? Sabe, a Molly sempre faz questão de fazer um bolinho que vira praticamente um festival... Se você fosse, poderíamos passar mais um tempo juntos.
- É, eu sei... Mas, não, não irei mesmo. Diga a ela que eu sinto saudades e sinto muito. E, mais uma vez, feliz aniversário.
- Hum. Obrigado. Seria mais feliz se vocês dois não fossem tão teimosos.
- Harry, por favor, não comece com isso...
- Mione, eu posso conversar a sós com você?
- Claro.
- Ruivos expulsos, Gina. Você ouviu. Vamos.
- Eu só queria te dizer que é verdade, Mione. E para que você não ache que eu estou defendendo o Ron, falarei isso só para você. Não sou só eu que acho isso. Molly fica realmente triste por não poder contar com você para a festa dos Weasley, ela não entende. Ron nunca disse nada a ela. Na verdade, não sei também como ele poderia dizer, mas, para Molly, é tudo culpa dele... Porque ela te acha sensata demais para fazer alguma besteira.
- Logo, quem fez besteira foi ele...
- Sim. Para ela quem fez besteira foi ele... E bem, desculpa tocar nesse assunto, mas... Acho que você sabe que a besteira não foi só dele... E ela te adora... Pensa nisso.
- Hum...
- Bom, Mione, até o ano que vem, quando você tirar férias de novo, então. Foi bom te ver. Mesmo. – Gina! Gina. Vamos?
- Vamos. Adeus, teimosos.
- Eu também irei. Minha mãe quer ajuda na decoração da festa mais tarde. E, sinceramente, Mione, acho mesmo que você deveria ir. O Harry é seu melhor amigo. É aniversário dele. Não se importe comigo. Se é isso que você está fazendo, pelo menos...
- Ok.
- Na verdade... Ah, Mione, pelo amor de Merlin! Quando é que vamos parar com isso? Eu estou aqui, você está aqui. Não estamos nos matando. Não acha que já está na hora de esquecermos isso?
- Ron, é exatamente isso que eu quero fazer.
- Eu... Não foi isso que eu quis dizer. Eu quero esquecer a briga. Não você... Mas você está impossível! É inacreditável que eu ainda pense em você.
- Ótimo. Não pense.
- Mione, você é... é...
- Ron! O que você queria que eu fizesse? Era o emprego dos meus sonhos!
- Esse é o seu problema! Emprego, estudo, estudo, emprego! Você estava lá, comigo! Eu era o seu namorado! Namorado, Granger!! E você, pensando no emprego enquanto me beijava, me abraçava...
- Francamente, Ron! Quem é inacreditável agora?!
- Não fique vermelha, Mione. Não precisa ficar sem graça. Não precisa fingir que você é uma santinha, não para mim.
- Não estou fingindo nada, não estou sem graça. Estou com raiva. É completamente diferente.
- É sexy, por mais que eu deteste você nesse momento. É sexy.
- Ronald Weasley, não comece!
- Mione, sendo sincero, o que você queria que eu fizesse? Eu estava transando com você em cima da sua mesa! Você me disse que não havia mais ninguém no edifício. Como eu ia adivinhar que seu chefe ia aparecer para adiantar o trabalho do dia seguinte? Depois do expediente de todos? Eu... Foi a primeira coisa que eu pensei... Na verdade, eu nem pensei...
- Eu simplesmente não acredito que você disse aquilo. E não acredito também que estejamos falando disso agora.
- Não aja como uma inocente, Granger. Já disse: não finja.
- Não estou sendo inocente. Quer que eu assuma? Eu sei, foi sexo. Apenas sexo.
- É... Apenas sexo.......
- Mas francamente, Ron! Sectumsempra?! Quem você pensa que é?
- Na hora? Eu pensava que era o seu namorado!
- Não seja dramático!
- Drama? Achei que estivéssemos num prédio vazio, sem ninguém que pudesse nos incomodar! Alguém nos flagra, grita... E você espera que eu grite junto? Que tipo de homem você acha que eu sou?
- Ah, então não tem problema quase matar um homem desde que sua virilidade continue com a fama intacta?
- Basicamente.
- Ronald Weasley, você nunca deixou a situação tão clara! Não poderia ter feito nada melhor do que te largar! Eu tenho sorte de ter sido apenas demitida.
- Sorte... Não foi o mesmo para mim. Nós dois perdemos coisas importantes. Você perdeu o emprego e eu te perdi.
- Não aja como se você se importasse...
- Tudo bem. Eu só queria que você entendesse que eu não fiz de propósito –
- Eu sei que não foi.
- – e que, se eu pudesse voltar atrás, teria deixado que ele nos visse se isso mantivesse seu emprego e fizesse você ficar comigo até hoje.
- Bom, eu vou embora mesmo. Você não me quer aqui, eu não posso me explicar mais do que já fiz. Só acho que você deveria dar mais importância às pessoas que dão valor a você, Mione.
- Eu dou valor...
- Não, não dá. Eu sei que você só está aqui porque está de férias. Porque, se não fosse isso, duvido que estivesse. É sempre uma desculpa para não encontrar ninguém e não ouvir sobre nossa separação.
- Não seja egocêntrico. E patético.
- Tudo bem. Não falarei mais nada. Mas você mesma ouviu o que o Harry disse “até o ano que vem”. Como se o aniversário dele fosse uma obrigação. E que você só tivesse essa. Se você quiser ver seus amigos, me avise. Eu não serei mais sua desculpa. Ficarei feliz em te deixar ver as pessoas que você ama.
- Tchau, Mione. Foi bom te ver. Eu acho que amo você.
- Se você quer tanto saber, Weasley, eu odiei você por ter feito com que eu perdesse o emprego. Eu odiei ter te conhecido! Odiei ter me apaixonado, odiei ter sido completamente levada por você. Odiei cada segundo que estava com você e poderia ter feito outra coisa. Você... Você acabou comigo. Você me transformou em outra pessoa. Quanto mais penso em você, mais tenho saudades dos tempos em que não nos conhecíamos. E eu fiquei afastada sim, de tudo, de todos. Para tentar te esquecer. Tentar tirar você da minha cabeça. Fazer com que eu voltasse a ser eu mesma. Você acha que eu adorava recusar viagens? Festas? Aniversários? Você acha que eu adorava deixar meus amigos na mão? Sua família na mão? Que tipo de pessoa você acha que eu sou, Ronald? Eu achei que você me conhecesse o suficiente para saber que eu odiava toda a distância. De todos. Inclusive de você. Mas eu não quero mais pensar, sentir isso. Eu quero você fora da minha vida. Eu quero você longe das minhas metas, longe de mim. Eu... Eu não conseguiria ficar longe de você se continuasse sendo sua amiga.
- Tchau, Mione. Foi bom te ver. Eu acho que amo você. E acho que também odeio você. Feliz com a minha ajuda?
- O que foi? Que cara é essa? Você pode falar o que quiser e eu não?
- Não seja estúpido! Você fala o que quiser desde que não seja uma total idiotice.
- O seu problema é que, para você, apenas o que você fala não é idiotice. Qualquer um que não tenha conseguido oitenta mil N.O.M.’s não é, por teoria, intelectualmente capaz de te atingir com coisa alguma.
- Weasley, para que você tente entender, eu vou repetir: não-seja-estúpido.
- Você é completamente louca... E arrogante.
- Não queira começar uma briga.
- Começar? Hermione, nós brigamos desde que nos conhecemos. Deveria adicionar isso ao seu discurso Odeio Ron Weasley. E, na verdade, achei que já estávamos brigando. Desde sempre. Desde que você perdeu seu emprego maldito. Desde que nos encontramos hoje!
- Cale a boca!
- Não.
- Ronald, não me force a te azarar.
- Essa eu gostaria de ver, Mione. Mas não fique se contradizendo, se é isso que você quer, faça... Não deixe ninguém fazer a sua cabeç... – Mione, abaixa essa varinha! Mione, é sério. Abaixa essa varinha agora. – Você enlouqueceu! Não me olhe assim, você sabe que é verdade. – Mione, eu não estou de brincadeira, abaixa a varinha, eu não quero brigar com você. – Talvez tenha dado a entender, mas não quero. Eu retiro tudo o que disse. – Ou nem tudo... Não, Mione, não! - Ok! É isso que você quer? Eu estou ao seu dispor! É vingança? Sectumsempra está aí para isso. Vai, faz! Faz, Granger! Liberte-se! – Não, Mione, eu estou brincando... Mione, pare com isso.
- Vá embora.
- Hermion...
- AGORA!
- Eu desisto de você, Mione.
- Nunca pedi para que continuasse tentando algo.
- Você... Voc – O que diabos aconteceu com você?! – Ei, não feche a porta na minha car – Hermione! Hermione! Eu vou ficar batendo aqui o resto do dia! Da vida! Hermione, vamos conversar. Hermione. Hermione. Hermione. Hermione. Hermione.
- Hermione. Hermione. Hermione. Hermione. Hermione.
- Mione, abre a porta. Você sabe muito bem que eu posso entrar a qualquer momento. Eu quebrarei essa porta. Não, explodirei essa porta. Mas eu quero que finalmente conversemos. De verdade... Hermione, foi há dois anos... Mione, abre a porta...
- Abre, Mione...
- Nossa, a Gina tem gnomos aqui!
- Mione, eu ainda estou aqui. Abre a porta, vamos conversar com calma. Ou tentar...
- Mione....
- Mione, por favor...
- Certo, vou embora.
- Ron... Você está aí?
- Ron?
- Por favor, esteja atrás da porta, esteja atrás da porta, esteja atrás da porta.
- Eu estou atrás da porta.
- Você vai me deixar entrar?
- Não sei.
- Então por que você me queria atrás da porta?
- Não sei.
- Eu acho que não te odeio, Mione.
- Não tente me fazer rir.
- Mas não acho mesmo. Só quero que você saiba.
- Eu também acho que não te odeio.
- Sei...
- Vou entrar agora? Porque, eu não sei se você lembra, mas está chovendo. Muito. Eu já cansei de tentar ficar seco. É inútil lutar contra a natureza...
- Mione...
- É aqui que você me quer para sempre? Então é aqui que ficarei.
- Mione, por favor... Vamos conversar. Não achamos que não nos odiamos, olha que grande passo para a humanid– Oi, Mione.
- Oi, Ron.
- Ron... O que você vai fazer comigo? Conosco?
- Não sei.
- Eu quero você. Comigo. Mesmo que você seja a pessoa mais teimosa, arrogante, insensível –
- Ok, chega.
- – do mundo. Diz que você disse aquilo de me tirar da sua vida só por raiva, Mione. Eu... Eu não conseguiria ser um peso tão grande para você. Se é isso que você quer, me diz. Eu realmente sairei da sua vida.
- Não... Fica.
- Se a Gina estivesse em casa, aposto que seríamos demitidos.
- Isso sempre será um motivo de piadas para você?
- Quando você perceber que, naquele dia, parecíamos dois adolescentes loucos por sexo, que foram pegos onde não deviam, você também achará graça.
- Nós éramos dois adolescentes loucos por sexo que foram pegos onde não deviam. E não há graça alguma.
- Pois é, mas o que seria de nós se, finalmente, você concordasse comigo?
- Eu senti sua falta.
- Porque é louca.
- E você sentiu a minha.
- Senti. Mas porque você é louca. Se não fosse, não estaríamos longe um do outro.
- Se eu não fosse, você não seria apaixonado por mim.
- Eu seria apaixonado por você mesmo que você fosse uma lagarta.
- Conseguirei algo mais romântico algum dia?
- Não.
- Imaginei...
- É, eu acho mesmo que amo você, Mione.
ou não.
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