Malfoy? Aqui?!
Harry acordou na manhã seguinte com muita dor de cabeça. Olhou pela janela e viu que ainda estava amanhecendo. Saiu do quarto e foi para a cozinha, procurar algum remédio.
Abriu a porta e viu Ginny tomando café em sua caneca preferida, lendo atentamente o jornal. O que era estranho, já que a ruiva odiava qualquer meio de comunicação que não fosse seu mp3. Mas ela parecia tão atenta que nem percebeu a entrada dele. Ou fingiu que não percebeu, tanto faz.
-Er... Bom dia Gin.
A ruiva não respondeu e continuou lendo o jornal. Passou os olhos rapidamente pelas folhas que faltavam, dobrou e colocou a caneca na pia, indo para fora do cômodo.
-Ginny... Será que a gente pode...
- Não, Potter. A gente não pode nada.
Saiu da cozinha e bateu a porta, fazendo com que a cabeça do namorado dar uma pontada. Harry fechou os olhos, colocando a mão na testa, maldizendo o maldito remédio que ele não encontrava. Continuou vasculhando todas as repartições do armário, visivelmente sem sucesso.
-Em cima da sua cabeça, Harry.
O moreno olhou para cima e viu uma caixinha pequena com uma etiqueta escrita “Remédios” numa das repartições do armário. Suspirou e pegou a caixa.
-Valeu, Herms.
-De nada. – Deu uma pausa, colocando o café numa caneca e indo se sentar – Ginny me contou sobre ontem.
Harry fechou os olhos “Ow fuck...” e tentou ser rápido para bolar uma mentira bem convincente.
-Ah, Hermione. Eu trabalho o dia todo. Se eu não beber depois do expediente um dia ou outro, eu enlouqueço. Você sabe bem como é.
Hermione terminou a caneca de café e colocou na pia.
-Você pode querer enganar qualquer um, Harry. Mas nem pense em vir com essas desculpas esfarrapadas pra cima de mim.
Ela também saiu da cozinha, deixando Harry lá sozinho, maldizendo todos os drinks tomados na noite anterior.
-Portanto, se você quer se dar bem no ramo de contabilidade...
-Hey, Ron!
O ruivo tinha dado uma piscada daquelas em que você até sonha. Sentiu alguém empurrando seu ombro e abriu os olhos, assustado. Viu Luna olhando pra ele, piscando seus grandes olhos azuis.
-Ah, oi Luna – Ele coçou os olhos, antes que dormisse de novo.
-Er... Você pode me ajudar em uma coisinha aqui?
-Ah, eu... Eu acho que não sou o melhor cara pra te ajudar nisso, Luna. Mas sei lá... Talvez... - Ele rodou os olhos pela sala – Ah, talvez o Zabine possa. Ele é bom nisso.
Os olhos de Luna só faltaram pegar fogo.
-Er... Luna? – Ron arregalou os olhos e franziu as sobrancelhas, não entendendo a reação dela.
-Obrigada Ron – ela disse, pegando suas coisas e sumindo assim que bateu o sinal. Ron balançou a cabeça, se perguntando por que ainda tentava entender aquela garota.
Assim que colocou os pés pra fora da sala, sentiu um peso extra no seu corpo e viu um amontoado de cabelos na sua cara.
-Moi!
-Oi! – Ele sorriu e deu um selinho na namorada.
-Onde vamos almoçar hoje? – ela dependurou no pescoço dele e ele a segurou pela cintura
-Não sei... Tava pensando naquele restaurante japonês que tem aqui perto – Ele sabia que ela queria ir lá fazia meses.
-Mas lá é caro.
-E você acha que eu ia esquecer nosso um ano de namoro?
Romilda sorriu e agarrou o ruivo no corredor mesmo.
Tinha garoto mais perfeito que ele?
Ginny se escondeu atrás do balcão de recepção a manhã toda. Sempre que Hermione ia lá para falar com ela, a ruiva pegava o telefone e fingia estar atendendo algum cliente. Nisso, passou Malfoy, sendo olhado por todas as garotas do saguão. Hermione rolou os olhos e foi para a sua sala, lidar com toda aquela pilha de documentos que tinha que organizar até o fim da tarde.
Quinze minutos depois a porta da sua sala se abre.
-E aí, Granger?
“Ai meu Deus do céu” – Bom dia, Malfoy – “Maldita Ginny, ele continua gato mesmo!”.
-É impressão minha ou nossos reencontros não têm sido muito receptivos? Digo, tanto com você como com a Weasel
-Bom, eu e a Weasley temos trabalho a fazer. Assim como você.
-Hum... O que você acha então de mudarmos isso? Sabe como é, lembrar dos tempos de escola... – Hermione arrepiou de ouvi-lo dizer isso. O que ela menos queria era lembrar dos tempos de escola com ele. Ainda mais pensar sobre ele. Aquilo seria constrangedor – Digo, eu você e a Weasel.
-Weasley.
-Que seja.
- Bom.. Vou ver com a Ginny. O que ela decidir está bom.
-Okay então. Na hora do almoço venho cobrar as duas. – Deu uma piscada para Hermione e saiu da sala.
Hermione caiu na cadeira, rodando ela. Logo em seguida bateu na testa.
“Bã, lógico que ela vai aceitar!”
Ouviu uma cadeira ao longe sendo arrastada. Olhou o relógio e viu que era Ginny escapando um pouco da recepção para ir ganhar sorvete de graça na cantina.
-Ginevra Weasley!
-Ai minha mãe! – Ginny deixou escapar, quase derrubando o sorvete com o susto.
-Ai meu saco isso sim.
-Ui, não sabia que tinha um...
-Vai cagar, Gin! – As duas riram e Hermione tomou o sorvete da mão da amiga.
-Hey!
-Seguinte – ela começou, fugindo das mãos da ruiva que tentavam, sem sucesso, recuperar o sorvete – Malfoy veio na minha sala hoje e...
-AI MEU DEUS, você pegou ele de novo?
-Ginny cala a boca, caramba!
-Ta – a ruiva parou onde estava e nem piscava.
-Ele veio chamar a gente pra almoçar com ele hoje.
-Céus, e o que você..
-Deixo em suas mãos. E aí, a gente vai?
Ginny fez uma careta de tédio e pegou, finalmente, o sorvete da mão de Hermione.
-Que pergunta mais estúpida, Hermione. É LÓGICO que a gente vai.
-Ai minha mãe...
-Ai meus hormônios...
-Ginny! Você tem o Harry, lembra?
-E se você pegar o Malfoy, eu te mato.
-Stol soltera, hoho – Hermione disse, fazendo uma pose de “Eu sou a Britney Spears”
-Vaca – Ginny sujou o nariz da amiga de sorvete e saiu quase que correndo, deixando Hermione pra trás.
-FILHADA... grrrr....
Harry tinha tirado o dia para pensar em algo que fizesse Ginny voltar a falar com ele. E ele sabia que aquilo não seria nada fácil.
Ele gostava da ruiva. De verdade. Mas ele não agüentava aquela castidade que ela tinha. Então a saída que ele encontrou foi procurar a única coisa que faltava na relação deles com outras garotas.
Se sentiu aliviado, de verdade, de ver que a Weasley não tinha reparado nele na noite passada. Certamente ela devia estar com tanta raiva de vê-lo naquele estado lastimável que nem quis prestar atenção.
Lamentável e com o pescoço roxo.
Teria que falar para a japonesinha pegar mais leve da próxima vez.
-Caramba, que lugar lindo! – os olhos da ruiva brilhavam
-Espero que apreciem a comida oriental.
-Pare de falar desse jeito. Somos pessoas normais – Hermione deu um tapa no ombro do loiro e reparou melhor no restaurante. Era realmente lindo.
-Sempre me esqueço disso – Malfoy disse, com um sorriso de lado e Hermione revirou os olhos, rindo de leve.
Eles se sentaram e Draco se prontificou em fazer os pedidos. Enquanto isso, Hermione e Ginny foram ao banheiro.
-Odeio concordar com você. Mas ele realmente continua gato. Isso se não estiver mais gato que antes.
-Eu não disse? Senhor, eu pegava!
-Eu também pegava... – Hermione disse baixinho
-Hum?
-Eu disse que estou assustada! Surda! – Ginny riu – Tipo... Do nada ele fica... Legal, ou sei lá o que, com a gente.
-ADOOORO!! – a ruiva disse, rindo, saindo do banheiro sendo seguida pela morena.
Quando chegaram na mesa, o prato já tinha sido servido.
-Gostam de Yakissoba, né?
-Uhum – as duas murmuraram juntas, vendo aquele prato lindo.
Hermione se odiava por isso, mas ela ia SIM tentar pegar Draco Malfoy. Ginny que a perdoasse depois.
-Oun, Ron, como você é perfeito! – Romilda abraçou e beijou Ron escandalosamente assim que eles colocaram os pés pra dentro do restaurante.
Escolheram o prato e ficaram conversando na mesa. Ela, como sempre, deixou o namorado a par das fofocas da escola. Ron odiava aquilo.
-Disseram também que o Zabine tentou agarrar aquela loira estranha, acredita?
-Loira estranha? – ele disse, com descaso.
-É! Aquela da nossa sala!
Ron se assustou – Lovegood?
-É, deve ser esse o nome.
-Nossa... Que babaca – agora Ron entendia porque Luna ter ficado naquele estado quando ele tinha tocado no nome de Blaise.
-E também tem... Minha nossa...
Romilda arregalou os olhos para a mesa atrás de Ron. O ruivo não se deu nem ao trabalho de olhar, sabia que devia ser alguém sobre quem na próxima manhã toda a faculdade estaria sabendo.
-O que foi, Ro? – ele disse, olhando os garçons pra ver se nenhum trazia a comida deles logo.
-Você se lembra do Draco? Draco Malfoy?
-Infelizmente lembro. Graças a Deus aquele infeliz foi estudar na Suíça.
-Hum... Se eu fosse você não teria tanta certeza, querido...
-Que?
-E parece que não sou só eu que sei da estadia dele aqui em Londres...
-Como assim Romilda?
-Olhe lá.
Ron virou o corpo para ver o que tanto intrigava a namorada. E, quando viu, fechou a cara e sentiu as orelhas ferverem. Como assim aquele idiota estava almoçando com a sua irmã e com a sua melhor amiga? Levantou da mesa na hora.
-Ron? O que você está fazendo.
-O que ele está fazendo?! Já não basta eu ter que agüentar esse idiota no colégio, agora depois de adulto também?
-Ronald Weasley, volte aqui!
Ron parou atrás da cadeira de Malfoy. Ginny quase deixou o copo cair e Hermione arregalou os olhos, engasgando com a comida.
-Olha só. O que faz por aqui, Malfoy?
O loiro não se abalou. Virou a cabeça para Ron com o copo na mão e um sorriso enviesado.
-Olá, Weasel. Quanto tempo não?
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