A carta de Cho

Ambos se dirigiram para o quarto, estavam muito quietos e de vez em quando trocavam olhares rápidos. Ao passar por um aposento, eles ouviram uma música, parecia que algumas pessoas se juntaram para tocar violão e cantar. Gina reconheceu a música e se dirigiu para uma fresta na porta. 

- É uma música do Toby. - sussurrou ela. A porta de repente se abriu, Gina se assustou e deu um passo para trás. 

Em frente à porta apareceu um cara alto, de porte atlético, cabelos longos e ondulados em tons castanhos. Era um homem muito bonito reparou Gina, ele estava sem camisa e olhava a menina com um sorrisinho de lado. 

- Me Desculpa não quis atrapalhar vocês. - apressou-se Gina em se explicar. - Eu ouvi vocês cantando e reconheci a música. - ela pôs uma mecha do cabelo que insistia em tapar sua visão, atrás da orelha. 

O rapaz a encarava como se fosse a devorar com os olhos. 

- Liga não gata, na verdade gostei que você tivesse espiando. - ele se aproximou de Gina, Harry olhava de um para o outro apertando a varinha em seu bolso. O ousado garoto fez uma reverência e disse.

- Erick Stuart ao seu dispor. 

- Gina... Gina Weasley. - ela tremia da cabeça aos pés. 

- Gina? - ele passou a mão por sua própria barriga, a garota assistia todo o movimento sem ousar se mover. Depois a tocou no queixo. - É Gina de Regina? - inclinou a cabeça para mais perto da garota; 

- N-não é de Ginevra? - ela corou. 

- Hum... Belo nome. Exótico. - ele entrelaçou seus dedos nos de Gina. - Adoro coisas diferentes.

Aquilo foi demais para Harry, ele puxa Gina fazendo-a se soltar de Erick e se meteu entre os dois.

- Harry, Harry Potter. E somente Harry. Prazer. - falou com cinismo na voz. Virou-se para Gina. - A gente já pode ir para o quarto? 

- Ah, que droga! Ela trouxe o namoradinho. - debochou Erick. - Bom nem tudo é perfeito. 

- Você não se acha muito abusado não? - Harry era com certeza menor e mais fraco que Erick, só que sua raiva não o deixava perceber esses detalhes. Gina afastou Harry de Erick.

- Vocês dois, nada de briga no corredor!- vociferou ela. 

- Gata, você é quem manda. Aparece aí quando o esquentadinho não estiver com você. - ele lhe lançou uma piscadela e entrou em seu quarto, fechando a porta. 

Gina se virou para Harry e realizou um mantra mental para se acalmar.

- Acho que eu mereço uma explicação. 

- Explicação para o quê? Por eu ter te defendido daquele babaca? - Harry disse entre dentes. 

- Me defendido? Harry escuta aqui, eu sei me defender perfeitamente bem, e, aliás, eu não me senti em nenhum momento atacada. - retrucou. 

Harry parecia que estava prestes a explodir, estava com tanta raiva de Gina, “Como ela se atreve?”, pensou ele. Sua vontade era de entrar naquele quarto e encher a cara de Erick de porrada.

- Aquilo para mim foi um ataque sim. Ele não tem vergonha, dando em cima de você enquanto eu estava aqui do seu lado. - protestou Harry, ele falara demais, mas percebeu tarde. 

- E o que tem isso? Nos não estamos juntos. O que tem de mal ele dar em cima de mim? - ela o desafiou.

Harry contornou a situação, apesar de continuar com raiva.

- Eu sei que não estamos juntos. Acontece que ele teve essa ideia e nem por isso soube respeitá-la. Gina é com esse tipo de pessoa que você quer se envolver? 

- Harry, quer saber? Cansei dessa briga. Vamos logo que eu só quero cair na cama? - Gina encerrou o assunto. 

        Quando adentraram o quarto, ela foi logo tomar um banho. Para o alívio de Harry havia um sofá, assim ele não ficaria em situação tão constrangedora. Ainda remoía um forte impulso de quebrar todos os dentes daquele moleque atrevido. Pensara no fato de que deixaria Gina sozinha em Monty com prováveis dúzias e mais dúzias de Ericks.

Seus pensamentos voltaram para carta de Cho, estava cada vez mais confuso em relação a ela. Só queria chegar logo em Licie e resolver a situação.

Gina saiu do banheiro dizendo que havia esquecido sua escova de dente, Harry deu-lhe a chave do carro, controlando o impulso de acompanhá-la. Decidiu por tomar seu banho, não queria brigar com a garota de novo. 

Gina foi até o carro bufando de raiva. “Quem ele pensa que eu sou, uma menininha para ele vir tomando conta de vida?”, já havia pessoas de mais querendo se intrometer na sua vida. Ela procurava de todas as formas uma explicação para o seu comportamento, tinha uma que logicamente era uma opção, acontece que ela parecia sem sentido demais. 

Ela foi até o carro e abriu o porta malas, revirou seus pertences e encontrou a escova. Seus olhos correram para a pequena mala de Harry, no bolso da frente havia um papel ligeiramente  saindo para fora. Ela havia tentado pegar a carta, mas mudou de opinião. Isso seria mais do que uma invasão de privacidade, eram as coisas de Harry e vasculhá-las era o mesmo que trair sua confiança. Fechou a porta e antes que entrasse no hotel novamente se deteve na porta. Era muito curiosa, sabia disso, e estava com tanta raiva que aos poucos não foi se importando para o que Harry pensasse, ele se achava no direito de se meter na sua vida, então, ela também poderia fazer o mesmo. Voltou ao carro e pegou a carta, deu uma última olhada para o hotel verificando se não seria flagrada. Gina leu e releu a carta muitas vezes, sua expressão de curiosidade e raiva rapidamente fora substituída por uma tristeza. “Então era para isso que ele estava indo para Licie? Se encontrar com ela. A única que ele sempre gostou”, Gina pensou amargurada. Esse era o tal assunto importante, ele não estava sozinho, como comentaram mais cedo. Ela dobrou e guardou a carta tentando parecer o máximo possível da forma em que ela a encontrou.
        Quando chegou ao quarto, Harry já estava dormindo. Estava no sofá e o que constatou, havia arrumado a cama para ela. Ela sorriu triste e foi se deitar. Toda aquela cena de mais cedo não passava de um ciúme fraternal, ela era irmã de seu melhor amigo e com isso ele se sentia no dever de cuidar dela. Em seguida adormeceu em um sono inquieto. 

 

 

 

Ao acordar, Harry não encontrou Gina, a cama estava arrumada e sua mochila não estava mais lá. Ele desceu até a recepção e perguntou pela garota. 

- Ah sim. Há uma lanchonete aqui ao lado, sua amiga deve ter ido pra lá. – respondeu a recepcionista.

Harry colocou sua mochila nas costas e ia saindo quando ouviu uma voz que definitivamente não era a que queria escutar logo cedo. 

- Olha só o gatinho nervoso perdeu a namoradinha. - Erick estava sentado folheando um livro. - Toma cuidado, algum lobo malvado pode roubar aquela linda ruivinha. - ele se levantou indo até Harry. 

- Cara, faz um favorzinho “lobão”, fica longe da Gina se você não quiser aparecer na primeira página do jornal como vítima de assassinato. - Harry apertava os punhos ao falar. - Imagine só: playboy tapado foi encontrado todo surrado perto de um hotel, a polícia ainda procura alguns pedaços arrancados de seu corpo. - Harry imitou um quadro no ar para demonstrar. 

- Quero ver você tentar! - Erick o encarava de forma ameaçadora. 

- Por favor senhores, nada de brigas na recepção. Se vocês pretendem se atracar, sugiro que façam isso lá fora. - a recepcionista alertou-os sem retirar os olhos de suas anotações. 

 Harry ajeitou sua mochila no ombro e saiu do hotel ainda fuzilando Erick com os olhos. Ele encontrou Gina sentada em uma mesa ao fundo da lanchonete espetando o garfo em suas panquecas intocáveis. Harry se aproximou da garota e se largou na cadeira em frente.

Gina, que estava distraída, pareceu voltar de seus devaneios. 

- Então acordou com o pé errado?

- Não eu só encontrei com o lobo maldito. - Gina não entendeu. - Olha Gina, foi mal por ontem. Eu não devia ter falado com você daquele jeito. Não quero passar nossas férias brigando com você. É que aquele cara... - Gina levantou a mão pedindo para ele parar. 

- Vamos esquecer essa história toda ok?- se ajeitou na cadeira. - Harry, eu sei que é importante para você cuidar de mim por causa do Rony. Só que não precisa de tanto. Um dia ele vai ter que se acostumar. - Harry a olhou perplexo, não sabia o que dizer por isso somente concordou com a cabeça. - Se ele perguntar você pode dizer que você fez de tudo só que eu o ameacei com uma azaração. - ela sorriu. - Ele vai entender na hora seus motivos. - Harry a olhou intrigado. 

- Por que? Você conhece boas azarações? - ele perguntou. 

- Pergunte ao Fred oi tempo que ele levou para se livrar da última e você vai entender. - ambos terminaram de comer e voltaram ao carro. 

Ver Gina sorrir de novo fez Harry se sentir bem melhor. Pode até que seus problemas com Cho não se organizassem, contudo ele tinha plena certeza que essa viagem lhe faria muito bem.

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