A visita à Toca

Estava parado a porta esperando um certo impulso para bater. Não sabia se faria ou não, afinal faz tanto tempo que sumiu e não sabia que explicações poderia dar. Assim, achando que esse momento não permitiria ser adiado, bateu na porta. Esperou um bom tempo, pensou até que poderia não haver ninguém, sua resposta viria em seguida quando ouviu passos apressados. Na porta apareceu a porta um rosto bondoso e curioso de uma senhora que Harry tanto gostava. 

- Oh pelas babas de Merlin! Não acredito em meus olhos! Harry querido!- a Sra. Weasley avançou em Harry, o envolvendo em um sufocante abraço e mesmo que apertado, o garoto não poderia se sentir mais feliz. 

- Olá Sra. Weasley, é um bom tempo mesmo. - disse Harry soltando-se do abraço.

- Mas me diga querido como você está?- nesse momento Molly admirou Harry e logo o seu grande sorriso se desmanchou e uma expressão preocupada ocupou sua face - Querido você não está nada bem, o que você anda comendo? Eu sabia que morar sozinho não era nenhuma boa opção. Olhe só para você, tão magrinho e descuidado! É o que eu sempre digo para os meninos quando algum começa com essa história de morar só: Nenhum rapaz sabe se cuidar, só comem besteiras, se esquecem dos bons nutrientes...

         Harry já se acostumara com esses exageros quando se tratava de sua alimentação em relação a Sra. Weasley, o que o incomodou foi o comentário de morar sozinho, já que Molly sempre foi contra. 

- Venha querido entre logo, estou limpando a cozinha e irei aproveitar e fazer algo para você. 
        Ambos foram até a cozinha, a qual Harry não deixou de reparar continuava a mesma desde a última vez que a vira. Sentou-se a mesa e esperou a Sra. Weasley preparar algo, até fez menção de ajudá-la só que foi impedido de tal ato. Correndo os olhos pela cozinha reparou uma coisa muito estranha. Não havia barulho nenhum, estava muito calmo para uma casa tão cheia de pessoas e principalmente habitada por Fred e Jorge. 

- Então... Cadê todo mundo? 

- Ah esqueci de avisar, todos saíram com Arthur. Ele resolveu fazer um passeio ao museu e carregou todo mundo, até a Hermione querido. Aqui em casa só estamos eu e a Gininha. - ela olhou para a escada com um olhar intrigado e começou a resmungar – Pensando nisso, ela está muito quieta. Sabe Harry, ela agora passa o tempo todo trancada no quarto assistindo aquela felevisão

- Uma o quê?

- Uma felevisão querido, aquela coisa trouxa onde passam imagens nela. 

- Ah sim televisão.  

- É isso mesmo. - disse sem dar muito importância para a diferença na pronúncia - Depois que Arthur conseguiu uma para ela, não sai mais daquilo. - bufou. Harry sabia muito bem das fascinações por coisas trouxas do Sr. Weasley e o quanto isso deixava Molly de cabelo em pé. 

- Então um museu é?- Harry procurou mudar de assunto para não deixar Molly mais preocupada. Ficou imaginando o tal passeio e só o que conseguia pensar era na confusão que o pessoal deveria estar aprontando

- E eles irão demorar? 

- Não sei te informar querido, saíram há pouco tempo.- disse dando de ombros.

         Por fim a Sr. Weasley terminou de preparar o lanche e serviu a Harry bolinhos e suco de laranja. O garoto não tinha muita fome, mas ao observar que perderia a batalha se tentasse convencer a matriarca dos Weasley de que não precisava comer, deu-se por vencido.

Molly ficou o encarando de forma estranha, queria falar algo, mas sempre que parecia começar, algo a impedia, como se tivesse receio da reação do rapaz.

- Harry querido, eu já te disse isso muitas vezes e até tento compreender seus motivos só que... Bem eu acho que você não deveria morar só, pronto falei. – Molly suspirou - Aqui tem espaço suficiente para você, é uma casa modesta, eu sei, mas... 

- Não é pela casa, gosto muito daqui, sinto  como se fosse minha. Acontece, bem... Eu queria um tempo só pra mim, aconteceram tantas coisas e eu precisava reorganizar minha cabeça, colocar tudo nos eixos, não me entenda mal. - acrescentou depressa ao notar uma Sra. Weasley chateada. - É que é meio difícil de explicar. Só espero que aceite.

- Sim claro querido. - disse nada convencida - Só acho que não deveria se distanciar tanto. 

- Sei, mas eu terei mais tempo agora, bom só falta mais um ano para terminar o meu treino para Auror e não pretendo e nem quero mais me afastar. - sorriu e tomou mais um gole de seu suco. 

- OK, olha que eu vou cobrar isso heim. – Molly sorriu - Então, vai passar as férias aqui na Toca né? Não me faça a desfeita de dizer que é uma passada rápida? Você já ficou muito tempo fora para ir embora tão depressa. 

- Bom, pra falar a verdade, não sei direito. Talvez tenha que ir à Licie, a Sra. Conhece?

- Licie? Ah sim conheço. Nossa é meio longe não? O que você vai fazer lá? O que é que tem em Licie que seja mais prazeroso do que aqui?

- Resolver uns assuntos. - ao falar Harry sentiu-se mais uma vez confuso, afinal iria á Licie para encontrar com Cho. A Sra. Weasley não deixou de perceber sua preocupação.

- E esses assuntos, sou digna de saber?- perguntou olhando de uma forma bastante maternal para Harry. 

- Na verdade por enquanto não. Só que em breve a senhora vai saber. - acrescentou ao notar a leve decepção da Sra. Weasley. 

- Bem, tomara que resolva o mais breve então. Assim poderá passar um pedaço das férias aqui. - assim que disse isso voltou a arrumar a cozinha. 

Harry a observou acenar a varinha para a louça, ficou distraído com seus próprios problemas. Um barulho vindo do andar superior da casa dos Weasley o despertou e o fez levantar de supetão da cadeira de onde estava, percebeu que Molly havia quebrado um prato devido ao susto. 

- Mas o que diabos foi isso? - indagou ela tentando controlar os nervos. - Veio lá de cima. Vamos Harry pode ter ocorrido algo com a Gina. 

Ambos se dirigiram ao andar de cima, Harry tomava toda cautela, afinal os seus treinamentos como Auror não eram bobagens. Ao abrir a porta do quarto de Gina, se depararam com uma moça com os cabelos bagunçados e fazendo uma dança, que Harry constatou, era um tanto cômica e ao mesmo tempo uma graça. 

- Gina quer nos matar do coração?- questionou a Sra. Weasley se recompondo do susto. - Mas afinal que barulheira é essa?

- Ah mãe, você não vai acreditar no que aconteceu. É tão surpreendente, tão mágico, tão inesperado, tão... Tão... - disse de forma rápida e eufórica. 

- E o que houve menina? Está parecendo louca. - Molly apoiou os braços na cintura e começou a bater o pé no assoalho. 

- Lembra daquele cantor trouxa lindo e maravilhoso, o Toby Scott? 

- Aquele que aparece na felevisão? Quer dizer, Televisão? - a Sra. Weasley coçou a cabeça ao se lembrar e acenou com a mão para que Gina prosseguisse. 

- Então, houve um concurso para poder conhecê-lo pessoalmente. - Gina parou e fez uma cara enigmática. - Adivinha quem ganhou o concurso?- fez uma pose apontando para si mesma. 

De repente Molly começou a pular e gritar de forma tão estridente quanto Gina.

- Ah querida, que maravilha. E ele é tão bonito, uma voz maravilhosa. - falou colocando as mãos na bochecha – Mas me diga, quando você irá conhecê-lo? 

- Só semana que vem. - ela se dirigiu ao armário- Mas é melhor eu arrumar as malas logo, não quero me atrasar. Monty é muito longe e eu não quero ter que recorrer à magia para a viagem. Essa região está apinhada de todo tipo de trouxa por causa dos festivais e eu quero ver pessoas e conhecer os lugares. Já sei! Eu vou de ônibus! – Gina se orgulhou da sua ideia – Vai ser perfeito, faz tempo que não ando em um desses veículos trouxas. Vai ser tão divertido, como em um acampamento...      

Da mesma forma que a euforia da Sra. Weasley apareceu, foi diminuída e uma raiva tomou seu lugar. 

- Espera um pouquinho aí Gina. Repita novamente onde você vai se encontrar com ele e esclareça essa história de ônibus.

- Ora mãe, Monty, esperava que ele viesse aqui me buscar? - perguntou como se fosse uma coisa lógica. – Ele é um cantor muito ocupado e vai fazer um show por lá, não ligo se tiver que atravessar metade do país só pra ver aquele rostinho lindo.

- Pode esquecer mocinha, eu não vou permitir que você viaje esse caminho todo sozinho só para encontrar esse rapaz.  - falou como se Gina estivesse enlouquecendo. – Onde já se viu tamanha loucura? Você sabe muito bem como me sinto em relação a esse tipo de coisa. E além do mais você não está acostumada a esses passeios de ônibus trouxa, de jeito nenhum eu vou permitir que minha filhinha se perca sabe se lá onde.

- Poxa mãe, não vai estragar tudo agora né? Muita gente participou desse concurso e a sua filha o ganhou. Agora você vai tentar me impedir de conhecer ele? E eu não sou mais criança, sei me cuidar sozinha. - Gina parecia em chamas, não acreditava na sua má sorte. 

- Pois você não vai e decisão tomada. Não me importa quantas pessoas participaram você não vai. Deixe que outra mãe desnaturada permita que sua filha vá se arriscar só para conhecer esse cantor com suas ideias malucas - saiu do quarto batendo a porta. 

No corredor dava para escutar os resmungos como “Ela ficou Louca” ou “Só pode ser brincadeira”. Gina até o momento não aparentava ter visto Harry ou não se importou, quando deu atenção a ele, não podia ser com a animação que ele merecia.

- Oi Gina. - disse meio sem graça.

- Ah oi Harry, dá para acreditar? A chance de conhecer o príncipe da minha vida desperdiçada assim oh. - ela estalou os dedos para demonstrar. 

- Bom, você pode convencê-la não acha?- Harry tentou consolá-la. 

- É muita falta de sorte mesmo. - ela bufou e deixou-se cair na cama. No andar de baixo ele ouviu vozes de recém-chegados e tendo certeza de quem seriam resolveu descer e cumprimentar os amigos.

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