Epílogo
As folhas eram sopradas para longe enquanto o zelador as varria. Ele suspirou passando um trapo sujo pela testa, para secar o suor. Estavam no meio do outono, e o vento não ajudava nem um pouco no trabalho.
Ele nunca chegou a entender o porquê tinha que varrer um cemitério. Ninguém nunca ia lá, menos quando alguém era enterrado, ou nos dias dos finados. Ergueu os olhos e levou um susto. Ao longe uma garota estava sentada em cima de um túmulo, segurando um papel entre as mãos, uma carta.
Ela, percebendo o olhar, levantou a cabeça da sua leitura, o encarou e sorriu, caminhando até ele. Ele nunca tinha visto a garota por lá, havia um único homem que visitava aquele túmulo, todas as semanas. Ele fazia isso há anos, o que deixava o zelador intrigado.
-O senhor trabalha aqui? – a garota perguntou para ele. Ela tinha algo de especial, ele notou de cara. Mas não conseguia identificar o que era. Percebeu que algumas poucas lágrimas cintilavam em seus olhos.
-Trabalho. – ele disse ainda tentando descobrir o que o intrigava nela tanto.
-Bem, você poderia me fazer um favor? – o homem acenou com a cabeça. – Entregue isso aqui a um amigo meu. – ela colocou a mão no bolso da calça, tirou um objeto e o colocou nas mãos do homem. – De isso ao ruivo que sempre visita aquele túmulo onde eu estava sentada. Ele deve vir aqui em algumas horas.
-Como você sabe? – o zelador perguntou desconfiado.
-Ahh, ele sempre vem. – a garota sorriu mais uma vez. Era jovem, deveria ter uns 18, 19 anos de idade.
-Hum... Acho que tudo bem...
O homem estranhou o pedido, porque ela queria dar aquela coisa para o homem? Abriu as mãos e fitou aquela estranha gravata borboleta que segurava. Ela já estava toda amassada e era horrorosa.
-Desculpe a pergunta, - ele começou a falar sem encará-la. – Mas por que...?
O homem não terminou a fala, quando ergueu os olhos a garota tinha sumido. Olhou para os lados, a procurando. Ela não estava em lugar nenhum. Nem sequer seus cabelos armados se distanciando ao longe.
Ainda assustado com o ocorrido, ele começou a caminhar em passos rápidos de volta em direção a sua vassoura. Foi então que apertando forte a gravata entre o punho, sentiu algo estranho, alguma coisa entre o nó da gravata. Desfez o nó e viu um pequeno pedaço de papel amarrado ali, com algumas poucas palavras escritas.
Obrigada por me amar tanto assim...
~*~
Fim (:
Comentários (1)
Meu Deus! Que coisa mais linda! Me apaixonei, chorei litros aqui! Você escreve muuuuuito bem *-*
2012-02-05