Capítulo 4 - O Fim de Tudo

Capítulo 4 - O Fim de Tudo



O tempo foi passando e você parou de chorar, nós acabamos ficando mais grudados ainda, ao ponto que sempre quando seus pais brigavam muito você vinha dormir na minha casa. Pensei várias vezes no natal que passamos juntos, quando dançamos, trocamos presentes, quando você dormiu no meu colo... Mas sempre com medo que quando eu lhe contasse a verdade, nossa amizade acabasse.


Então, em um desses dias em que os seus pais brigaram (de novo) e você dormiu lá em casa, acordei no meio da noite com você me encarando. Você estava estranha, inquieta. Então me perguntou algo muito esquisito.


 


-Aqui está a sua cama! – Rony disse sorrindo, apontando para um colchão já todo arrumado. O colchão estava ao lado de sua cama, no chão e tinha lençóis de carneirinhos cor-de-rosa. – O lençol não é meu, é um antigo da Gina, mas acho que serve.


-Está ótimo Rony! – Hermione disse jogando sua bagagem em cima do colchão e logo depois deitando nele.


Rony a imitou, só que se jogou na própria cama. Ficaram vários minutos em silêncio, apenas encarando o velho ventilador de teto.


-Falartecoisatenhoqueuma. – Hermione falou tudo tão rápido, quebrando o silêncio, que Rony a encarou confuso.


-O que?


Ela suspirou.


-Tenho que te falar uma coisa.


-Diga.


-É meio complicado falar assim. – ela encarou o chão, mexendo em um buraco no lençol. Parecia infeliz.


-Tente.


Ela suspirou mais uma vez, e logo depois recuperou o ar.


-Eu...


-Jantar! – Molly gritou do andar de baixo.


Rony levantou-se rápido, estava morto de fome. Hermione foi atrás, parecendo desapontada.


O jantar ocorreu normalmente, Fred e George tinham ido fazer uma visita, então a mesa estava em clima de festa. Todos ficaram distraídos com as piadas dos gêmeos, e logo Rony esqueceu que Hermione queria lhe dizer algo importante


A noite caiu e não demorou muito para os Fred e George irem embora e Rony começar a roncar em sua cama, a boca entre aberta e a cabeça caindo para fora do colchão.


Acordou de madrugada e ainda sonolento esticou as pernas tentando se ajeitar. Sentiu uma dor horrível e abraçou a própria perna contra o peito. Odiava ficar com cãibra, principalmente no meio da noite. Acordando aos poucos por causa da dor ele abriu os olhos.


Ofegou se jogando para trás e batendo a cabeça na nuca contra a parede. Esfregou no local afetado, gemendo baixinho.


-Desculpa. – murmurou Hermione ainda na beira da cama do amigo.


-Pensei que fosse outra pessoa. - Rony falou, tentando se recuperar do susto. Afinal, quem não se apavoraria em abrir os olhos e encarar um par de olhos negros o encarando de perto no meio do escuro.


-Você está bem?


-Sim, a cãibra já esta passando e a nuca não bateu tão forte.


Rony já ia se deitar novamente quando Hermione falou no meio do silêncio.


-Ron, o que você me diria se eu morresse amanhã?


A pergunta veio como um baque antes de Hermione poder se controlar. Rony ofegou ao entender o que aquela frase significava e a encarou, os olhos saindo das orbitas.


-Como assim?! – ele perguntou apavorado.


-É só uma curiosidade.


Rony não relaxou.


-Vamos Rony. É só curiosidade, que me surgiu de repente. Não precisa me encarar assim


-Ok. – ele disse relaxando um pouco. Ficou pensando por algum tempo e uma idéia lhe deixou completamente corado.


-Fala! – Hermione exclamou, ao ver o jeito que o amigo tinha ficado.


-Pediria para você me deixar seu Notebook de herança. – falou então, rindo de leve, seu rosto voltando ao normal.


-É sério Ronald. – ela o encarou, sabendo que não era isso que ele tinha pensado antes.


-Ai Mione, não sei. – ele saberia muito bem o que falar, mas nunca diria para ela, muito menos naquele momento. - Mas não se preocupe você não irá morrer amanhã. – ele disse bocejando. – Vamos dormir. – ele lhe deu um beijo na bochecha, antes de se deitar de novo e cair no sono.


-Boa noite, Ron... – Hermione suspirou, se deitando e tentando em vão dormir.


 


Um mês se passou. Você parou com aquela pergunta esquisita e tudo estava indo normalmente. Até aquela madrugada... Não sei como não consegui acordar com os barulhos da sirene.


Fiquei paralisado quando sua mãe foi lá em casa contar. Ela chorava compulsivamente, e fungava toda hora.


Primeiro eu pensei que era pegadinha. Fiquei fitando sua mãe esperando que ela começasse a rir e mostrasse um frasco de colírio que usou para irritar os olhos e começar a chorar.


Mas ela não fez isso.


Senti o prato que estava lavando há poucos segundos escorregar da minha mão e se espatifar no chão. Minha mãe e a sua me encararam assustadas. As duas estavam com os olhos vermelhos e inchados.


Logo depois perdi a sensibilidade das pernas e caí de joelhos nos cacos de vidro. Não liguei para a dor, muito menos para o sangue que jorrava das minhas pernas. Fitei o chão sentindo meus olhos embaçarem.


Logo dois pares de mãos vieram me socorrer e me puxaram pelos ombros. Eu não estava nem ai para elas.


Não, não, não. Eu pensava apavorado. Isso não era possível, Hermione não estava morta, não podia...


Senti as primeiras lágrimas escaparem dos meus olhos, eu ainda fitava o chão, e minha mãe depois de ter me levantado, me abraçou tendo um ataque de soluços.


Naquele dia eu senti uma dor que eu pensei que nunca poderia sentir. Soltei-me da minha mãe, queria ficar sozinho. Algo no meu coração o apertava, e parecia ter algo preso em minha garganta. Encostei-me contra o armário e fui escorregando até o chão.


Pensei em tudo que nós já tínhamos passados juntos. O Debut, o tombo de bicicleta, a surra que eu dei no tal de Draco Malfoy, que tinha lhe traído. Até hoje eu rio dele ao me lembrar da cara de apavorado que ele vez a me ver enfurecido. A nossa dança...


Deixei novas lágrimas rolarem pelo meu rosto e caírem no carpete do meu quarto. Você era no mínimo, a minha vida. Escutei nossas mães falando algo no andar de baixo, mas tentei ignorar os barulhos.


Minutos passaram e minha mãe subiu para ver como eu estava. Ela estava muito chateada, e falou que seu funeral seria dali a algumas horas. Não respondi, e ela fechou a porta, considerando isso como um sim.


As horas passaram, e eu não me movi nem um músculo. Consegui escutar quando minha mãe contou para a Gina. Seu choro era aterrorizante. Entrava pelos meus ouvidos e me feria o peito, nunca vi algo tão depressivo em toda a minha vida. Não demorou muito e ela entrou dentro do meu quarto, quase quebrando a porta. Não consegui nem encará-la, ela já estava agachada ao meu lado, me abraçando e soluçando muito.


Sabe, não sei como nós não tínhamos percebido antes, mas Gina gostava realmente de você. Nunca há vi sofrendo tanto, nem quando Nicole, a melhor amiga dela, morreu.


Ficamos um longo tempo ali, abraçados, um molhando a camiseta do outro com lágrimas.


 


-Sin, sinto, mui, muito...


 


Nunca me senti tão desprotegido. As palavras de Gina tiveram o mesmo efeito de uma bomba em mim. Essas duas palavras simples me fizeram cair na realidade. Eu queria morrer, sumir dali, que tudo passasse de um jeito ou de outro.


Não demorou muito e chegou a hora do seu funeral.


 


~*~


Capítulo tenso, eu sei, as coisas aconteceram meio rápidas, mas a cena da pergunta de Hermione era algo necessário e, como era uma cena curta, eu não poderia colocá-la sozinha em um capítulo.


Ainda terá um capítulo, o último, espero q vcs gostem (:

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.