Capítulo 01
Nem acredito que esse inferno de quinto ano acabou! Nem acredito que eu estou finalmente saindo de férias! Nem acredito que vou passar as férias inteiras com os meus melhores amigos numa maravilhosa casa de campo sem nenhuma supervisão de adultos! Isso é tão perfeito! *-*
- Anda Vick!
Quer dizer, não vai ser tão perfeito! Vai ser quase perfeito! Afinal meu querido ‘priminho’ Teddy também vai, e nada com ele envolvido é perfeito pra mim! Quando eu estou perto dele eu fico nervosa, e minha coordenação motora que já é muito ruim piora ainda mais, o que é péssimo! Eu pago os maiores micos! ¬¬ E eu simplesmente não suporto ficar perto dele!
- Vick! Anda!
O que me irrita de verdade é o fato de eu ficar nervosa perto dele! Só dele! Tipo, fala sério! Já faz dois anos! Dois longos anos desde que eu descobri que ele nunca gostaria de mim... Eu já devia ter superado! E eu me odeio por não ter superado, por ainda acha-lo lindo e charmoso... e por ficar nervosa perto dele, isso nem tem sentido! Mas não adianta, meu corpo não responde logicamente a nada!
- Victoire Weasley se você não descer nesse momento nós vamos te deixar pra trás! – berrou July que estava no salão comunal com o resto do povo.
- Já estou indo! – gritei terminando de prender o meu cabelo, agarrando a minha mala enorme, e me precipitando pra escada.
Isso, com certeza, não foi uma idéia muito boa, na verdade, foi uma péssima idéia! A mala estava pesada demais, e me fez perder o equilíbrio (que surpresa ¬¬), tentei apoiar o pé no chão, mas o chão estava mais em baixo do que eu supunha, era o degrau... Me desequilibrei mais ainda, e rolei escada abaixo com mala e tudo... Acabei estirada no chão da sala comunal com a minha mala, que era leve como uma pluma, por cima, e um monte de gente me olhando espantados...
Cacete, por que eu tenho que ser tão desastrada?!
- Vick? Tudo bem? – perguntou July me olhando meio preocupada e meio risonha.
- Ahãm! – respondi sentindo a mala ser tirada de cima de mim. – Tudo bem!
- Devia tomar cuidado... – disse a pessoa que tinha tirado a mala de mim, Teddy.
PQP! Me respondam! Por que ele tem que ser tão lindo-charmoso-gostoso-e-muito-mais? Ninguém merece! Eu não mereço, é muita maldade comigo...
- Ah... Certo... – murmurei tapando o rosto com o cabelo, eu devia estar mais vermelha que um tomate, meu rosto ta fervendo! – Bem, vamos?
Todos ainda me olhavam com cara de riso, é deve ter sido bem engraçado! Odeio isso! ¬¬ Eles começaram a tomar o rumo da saída, eu fiquei um pouco pra trás, até que me toquei que Teddy ainda estava com a minha mala e do meu lado, me observando! Senti meu coração acelerar, desesperado...
- Pode deixar que eu carrego... – falei me virando pra pegar minha mala, mas, como minha coordenação é assim muito boa, eu tropecei nos meus pés e quase cai. É o maldito nervosismo, que minhas amigas chamam de ‘Efeito Teddy’... ¬¬
- Não, eu levo, não queremos mais acidentes... – falou com um sorrisinho
- Se faz questão... – falei ainda mais vermelha, me concentrando apenas em andar pra não tropeçar de novo.
Foi uma longa caminhada! Depois foi um longo caminho de carruagem! Por quê? Porque eu fui com o Teddy... Durante toda a caminhada, ele foi ao meu lado, sem falar nada! Comigo concentrada apenas em andar e não tropeçar. Depois fomos só nós dois numa carruagem! Não tinha mais espaço na outra, onde estavam todos os meus amigos! Por que eles fazem isso comigo? Eles sabem que eu não posso ficar sozinha com ele, todos sabem, não que eu tenha contado, mas é que tá tão na cara... E eles fazem isso, me abandonam sozinha com ele... Belos amigos!
- Hum... Então, como estão seus pais? – perguntou me olhando.
- Bem... – minha voz saiu fraca, e eu estava suando e tremendo de nervosismo. Fala sério, eu me odeio!
- Você está bem? Tá tremendo? – perguntou meio preocupado, isso só piorou minha situação, meu coração parecia que ia sair do peito.
- To ótima! – falei um pouco mais alto que o necessário. Quero me tacar de um precipício!
- Certeza? – perguntou se aproximando um pouco, meu coração deu salto. Alguém me tire daqui! Eu não mereço isso, é muita maldade!
Eu estava ofegante, meu coração estava a mil por hora, e os olhos dele ainda estavam cravados em mim, me analisando.
Por Merlin! Por que ele tem que ser tão lindo e charmoso? Por que eu tenho que ser tão apaixonada por ele? Por que ele não pode gostar de mim? Por que o destino tem que ser tão mal comigo, me prendendo junto a ele numa carruagem?
Eu juro, eu fiz de tudo pra me afastar dele! Mas parece que o destino gosta de me fazer sofrer, me fazendo vê-lo com outras, me botando nessas situações onde tudo o que eu mais quero é que ele me abrace, me beije e diga que me ama! Mas isso não vai acontecer, por que pra ele eu sou só a priminha mimada! A garotinha apaixonada...
- Vick? – chamou curioso. – Por que está chorando?
Foi só quando ele falou isso que eu me dei conta da maldita lágrima que escorria pelo meu rosto. Eu encarei aqueles olhos escuros que tanto me fascinavam, ele sabia porque eu estava chorando... Eu suspirei exasperada e limpei a lagrima com violência, o olhei com meu olhar mais indiferente e dei um sorrisinho cínico. Estava pensando numa desculpa quando a carruagem parou. Graças a Merlin!
- Chegamos! – falei com a voz mais fria possível.
Pulei pra fora com a minha mala e fui o mais rápido possível pra longe dele, se eu pudesse teria assassinado todos os meus amigos com apenas um olhar naquele momento. Todos ficaram me olhando com meios sorrisos, cínicos idiotas!
- Vick! – chamou Kim quando passei direto por elas sem nem olhá-las, eu precisava ficar sozinha, e elas precisavam de um gelo pra aprender!
Eu precisava de um doce! Qualquer um servia...
Entrei na primeira cabine vazia que achei, guardei minha mala e me larguei no assento suspirando alto, peguei um pacote de balas de caramelo e fiquei lá, apreciando o delicioso sabor daquele doce. Quando eu comia um doce eu me concentrava apenas em saborear o gosto adocicado, e era como se a minha vida inteira ficasse doce! Naquele momento não existia mais Teddy, e todos os meus problemas sumiam, e a única coisa que permanecia era o doce derretendo na minha boca. Aquilo era um vicio agora, eu não conseguia mais viver sem doces! Era a única coisa que me dava forças pra continuar seguindo em frente sem me partir em pedaços...
Foi a forma que eu encontrei de deixar minha vida doce...
Meus caramelos já tinham acabado há algum tempo quando minhas amigas entraram na cabine. Todas elas com a mesma expressão de cachorro sem dono. Me olharam com olhares implorativos e eu as ignorei olhando pela janela. Elas tinham feito a pior coisa que se podia fazer comigo, tinham me deixado sozinha com o motivo do meu nervosismo, do meu vicio por doces e da dor em meu peito... Elas teriam que fazer mais do que simplesmente chegarem com olhares tristes!
- Vick! Você vai nos ignorar? – perguntou July com sua vozinha triste.
- A gente não achou que você fosse ficar assim! – falou Kim e eu lancei um olhar assassino pra ela.
- Achamos que você já tivesse superado ele... – choramingou Cassie.
Eu olhei demoradamente pra cada uma.
July Heiner: alta e magra. Pele muito branca. Grandes olhos muito verdes e cativantes. Cabelos pretos lisos, sempre presos em um rabo-de-cavalo.
Kimberly Junihan: alta e magra. Pele clara. Olhos da cor do mel, angelicais. Cabelos castanho-claros encaracolados.
Cassidy Loan: baixa e magra. Pele um pouco mais morena. Olhos castanho-escuros, quase pretos e incrivelmente pidões. Cabelo curto e liso, castanho avermelhado.
Eu continuei séria, mais por dentro eu sorria. Eu amava aquelas três filhas da mãe, e eu nunca seria capaz de ficar irritada com elas por muito tempo. Elas eram minhas melhores amigas, e tinham o incrível poder de me cativar com suas caras tristonhas e implorativas.
- Vocês sabem como eu me sinto, não é necessário que eu diga... – falei ainda séria. – Sabem como eu sofro perto dele, sabem o efeito dele sobre mim!
As três me olharam chorosas, elas sabiam que eu me derretia com essas caras! Era injusto! Eu não resisti e sorri pra elas, que suspiraram aliviadas e felizes.
- Só não me façam passar por isso de novo! – falei ficando séria novamente. – Da próxima vez eu vou ficar tão irritada que nem essas caras vão dar jeito!
As três concordaram e depois se jogaram em cima de mim, me
- Vamos para a nossa cabine! – falou Kim saindo do bolo que éramos nós cinco e pegando minha mala. – Os meninos estavam preocupados com você...
Eu suspirei, ele com certeza estaria lá...
- Não se preocupe, o Teddy não tá lá... – disse Cassie sorrindo pra mim.
Aquilo com certeza me animou! Porque se tem uma coisa que me alegra são os meus amigos todos reunidos... Eles fazem muita merda, muitas idiotices, aprontam pra cacete, mas são as melhores pessoas do mundo! E sempre, sempre mesmo, conseguem me fazer rir!
- Vamos? – chamou July da porta.
- Vamos...
O resto da viajem foi ótimo! Conversamos sobre as coisas mais inúteis, comemos besteiras, brincamos como crianças... É! Aquilo era o que realmente fazia minha vida valer à pena... Os doces eram meu vício e meu jeito de fugir da minha realidade, mas meus amigos eram meu sol, o lado bom da minha realidade! Sem eles eu não seria nada...
Chegamos à estação as seis da tarde. Nosso trem para o povoado só saia às sete e meia, ou seja, tínhamos uma hora e meia de espera.
- Vamos comer alguma coisa e dar uma volta... – sugeriu Matt ao meu lado.
- É eu estou faminto! – falou Jack balançando o cabelo escuro.
- Vamos ao Tio Greg! – gritou Cassie animada, todos nós a olhamos assustados, ela é estranha! – O que? Eu adoro o Hambúrguer vegetariano de lá!
- Eca! – exclamou Jason. – Como você consegue comer esse troço?
- É muito bom, tá! – falou ela contrariada.
- Vamos naquela lanchonete ali mesmo! – falei apontando pra lanchonete do outro lado da rua, era grande, arejada e movimentada, devia ser boa.
Todos concordaram. Cassie foi a única que resmungou e reclamou, mas no fim também aceitou.
A lanchonete era muito clara e arejada, uma música tocava ao fundo. Estava bem cheio, então tivemos que esperar um pouco pra vagar uma mesa. Tivemos que nos dividir em duas mesas, já que somos oito e as mesas são pra no máximo quatro. Sentamos eu e Kim, Matt e Jason em uma mesa e Cassie e July, Jack e Teddy em outra. Eu esperei o Teddy sentar em uma pra logo em seguida sentar em outra, nem morta ficaria na mesma mesa que ele!
- Você tá deixando muito na cara! – sussurrou Kim sentada ao meu lado.
- E daí... Ele já sabe mesmo... – falei dando de ombros e olhando o cardápio.
Ficamos uma hora naquela lanchonete. Comemos hambúrgueres e batatas fritas, bebemos Milk Shake, fizemos piada e rimos muito... Depois que pagamos ainda tínhamos meia hora, mas decidimos voltar pra estação e esperar lá mesmo, não queríamos correr o risco de perder o trem!
Cacete! Tá muito frio! Nós estamos no verão, como pode estar tão frio assim numa noite de verão?
- Tá muito frio! Nem parece verão... – choramingou Cassie sentada toda encolhida.
Nós pensamos muito parecido, é meio assustador...
- Eu to congelando... – murmurei batendo os dentes.
- Toma! – falou Teddy tirando o casaco e botando em volta de mim.
Ele só pode fazer de propósito! Por que ele tem que ser tão fofo? Tão perfeito?
- Não precisa! – resmunguei sem olhá-lo, meu coração tinha dado um salto no meu peito. – Você vai ficar com frio!
- Não... Eu não sinto frio! – falou, e pelo seu tom de voz eu sabia que ele estava sorrindo.
Bem... Eu não vou jogar o casaco no chão só porque foi o Teddy que me emprestou. Afinal eu estou realmente com muito frio e esse casaco é bem quente, sem falar que ele está impregnado com o perfume dele que, por Merlin, é muito bom!
Eu devo estar hilária toda encolhida no banco, apertando o casaco dele contra o meu corpo tentando me aquecer mais, e respirando profundamente pra aspirar ao máximo o seu perfume delicioso. Minha cabeça estava baixa, fazendo o cabelo cair na frente do rosto, impedindo qualquer um de ver minha expressão, um misto de tristeza e prazer. Meus olhos estavam fixos no chão e toda minha concentração estava no perfume dele, que me preenchia, mas eu ainda tremia. Não tinha certeza se de frio ou de emoção... Vai ver era um efeito do cheiro dele...
Foi quando eu senti dois braços fortes me abraçando e me puxando mais pra perto, me aconchegando num peitoral forte e definido. O frio que eu ainda estava sentindo sumiu imediatamente, primeiro porque a pessoa era muito quente e segundo porque eu tinha plena consciência de quem era e isso fez meu coração acelerar e minha circulação aumentar, aquecendo o meu corpo. Meu corpo ficou automaticamente rígido, eu não estava esperando isso!
- Você estava tremendo! – explicou ele próximo ao meu ouvido.
Eu morri! Acho que o meu coração parou de bater por dois segundos... Alguém fala pra ele que o que ele esta fazendo é maldade! Por que eu acho que ele não tem noção de como é bom ficar assim com ele, de como e confortável o corpo dele pra mim, e de como vai ser lembrar disso e saber que nunca mais vou poder abraçar e me aconchegar assim nele! Eu queria me soltar dele e fugir, ir para o mais longe possível!
Pergunta se eu consegui?
Não! Eu não consegui, meu corpo reagiu completamente diferente! Ele simplesmente relaxou e se acomodou melhor, o mais próximo possível do calor dele... E eu fiquei ali, aquecida e envolta naquele perfume maravilhoso!
Eu imaginava a cara dos meus amigos... Mentira! Só pensei nisso mais tarde, naquele momento eu não estava raciocinado... Tudo que ocupava minha mente era aquele calor e aquele perfume... Tudo que eu ouvia era o pulsar do coração dele, e aquela era a melodia mais linda do mundo! E tudo o que eu sentia era o meu corpo junto ao dele... Eu desejava intensamente ficar assim pra sempre... Mas o tempo não parou pra mim, e o trem chegou!
- Vamos Vick o trem chegou! – ele sussurrou fazendo meu corpo se arrepiar inteiro, ele devia achar que eu estava meio adormecida de tão quieta que eu fiquei. – Vem!
Tudo a minha volta eram vultos embaçados. É, eu realmente estava meio adormecida... Ele me guiou até o trem carregando a minha mala enquanto Jason levava a dele. Toda aquela atenção e preocupação dele estavam me deixando estranha... Meu coração pulsava num ritmo diferente, mais acelerado que o normal, um ritmo novo, minha respiração estava descompassada, e descargas elétricas passavam pelo meu corpo de forma agradável... Eu não estava triste, e meu coração não doía... Eu estava simplesmente feliz por estar com ele naquele momento! Nada mais estava importando, eu sabia que ia querer me tacar do precipício amanhã, mas naquele momento tudo o que eu queria era estar junto dele...
Nós entramos numa cabine, e eu sentei próxima a janela, eu estava pretendendo apoiar a cabeça no vidro e dormir, mas o Teddy sentou ao meu lado e delicadamente me fez deitar no peito dele, me aconchegando ali. Eu estava confusa! Porque ele está fazendo isso? Ele sempre me deixou fazer do meu jeito, ou seja, ficar o mais longe possível. E agora, do nada, ele simplesmente me faz ficar perto dele... Por que isso? Ele não entende que isso vai fazer tudo mais doloroso? Que depois disso vai ficar insuportável não estar com ele?
Eu não tive forças pra me afastar dele, meu corpo era atraído pelo dele, por aquele calor e perfume...
- Por que você está fazendo isso comigo? – eu perguntei num fio de voz antes de adormecer sentindo a sua mão acariciando meu cabelo.
- Bom dia! – uma voz grossa e meio rouca sussurrou no meu ouvido. – Está na hora de acordar!
Meus olhos se abriram com dificuldade. Eu virei o rosto na direção da voz, e me deparei com dois olhos incrivelmente profundos, que pareciam chocolate derretido. Naquele momento todo o ar sumiu de meus pulmões, e eu esqueci como se respirava... Eu estava com o rosto tão próximo ao dele! Nossos narizes quase se tocavam... Ele sorriu de forma encantadora e eu fiquei imóvel por alguns segundos. E depois como se levasse um choque me afastei dele muito rápido, Teddy me olhou surpreso e divertido.
- Nós já estamos chegando... – ele disse.
Já era dia, e um sol lindo brilhava no céu azul. Só naquele momento que eu me toquei que estávamos sozinhos na cabine.
- Onde estão os outros? – perguntei assim que encontrei minha voz.
- Jason, Matt e Kim foram procurar comida, Cassie e July foram ao banheiro, e Jack foi dar uma volta... – falou sorrindo.
- Que horas são? – perguntei confusa. O sol já estava muito brilhante.
- Duas horas! – meu queixo caiu, como eu tinha dormido tanto? Ele simplesmente riu da minha cara. – Não se preocupe você não foi a única a dormir demais...
Naquele momento Cassie e July invadiram a cabine, sorridentes. Me olharam curiosas, mas ficaram quietas. Eu senti de súbito um enorme calor e percebi que ainda estava com o casaco do Teddy. Tirei devagar, apreciando o delicioso perfume que emanava dele, depois o taquei para ele agradecendo.
- De nada! – falou sorrindo.
Eu não o olhei mais, e me mantive o mais longe possível. Os meninos apareceram com Kim sem nenhuma comida, dizendo que já estávamos chegando, e que iríamos ter que comer na cidade antes de pegar o ônibus pro povoado.
Lugarzinho longe esse, não?
n/a: Desculpeee pela demora!!
Mas eu juro que se vocês comentarem eu viro a noite escrevendo pra postar logo!!
Bjus... Bjus...
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