Surpresas



No capítulo anterior...


 


"Já vai!" gritei, a alguns metros da porta. Dei uma corridinha e a abri rapidamente.


No momento em que vi quem batia tão veementemente, meu estômago foi fazer um tour pelo meu corpo, e acabou entalando da minha garganta. O ar me fugia dos pulmões, e meu cérebro apagou por uns segundos. Quando reiniciou, pude gritar.., não, berrar:


"VOVÔ, VOVÓ?"


 


~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~


 


"Rose, meu amor!" sorriu minha avó. "Você está mais linda do que antes, querida!" ela entrou pelo portal e me deu um abraço.


Eu ainda estava congelada ali enquanto ela passava os braços quentes ao redor do meu corpo.


Não resisti. Comecei a chorar loucamente e caí nos braços dela.


"Rose, querida, foram só umas semanas, calma." Minha avó afagou os meus cabelos, desconsertada pelo meu choro.


Com o meu grito, ou o som da voz dos meus supostos falecidos avós, as pessoas que estavam na sala e na cozinha se levantaram apressados e tomaram um susto enorme ao ver os meus dois avós vivinhos da silva.


Lily, que estava no andar de cima, também desceu.


"Alguém já atendeu a por--"


"Lily!" saudou vovô. "Que bom! Toda a família está aqui!"


Lily, assim como eu, ficou em choque, mas como ela é mentalmente mais estável que eu, ela só sorriu.


"Bem que eu sabia que vocês não iriam para a Eslovênia." Vovô e vovó não entenderam, mas todos os outros riram e correram para dar um abraço grupal nos velhos Weasley.


Depois de uma tarde inteira de choros e frescurites, Claire, James, Lily, Alvo, Hugo e Roxx começaram a arrumar as malas para voltarmos à Hogwarts. Como eu nem tinha me instalado ainda, fiquei sentada na varanda, pensando na vida.


KKKKKKKKKKKKKKKK AH, TÁ!


Na verdade eu roubei o iPod Touch da Claire e comecei a admirar as fotos dos Manolo Blahnik que ela havia salvo.


"Cretina."


Eu me assustei e quase caí da varanda.


"Ah, oi Claire." Eu sorri. "Espero que não se importe, eu só queria me distrair um pouco."


"Claro que não, piranha, você é minha amiga, é mais do que bem vinda para pegar as minhas coisas." Ela riu e sentou na minha frente. "Que dia, hein? Seus avós aparecendo do nada, Lily caindo dentro da piscina semi congelada..." ela suspirou. "Que dia é hoje, mesmo?"


"Vinte e sete." Respondi.


"Ai que inferno esse ano que não passa nunca!" resmungou ela.


"Espera só, Claire. Semana que vem começam os exames, e novembro vai passar como uma flecha a jato."


Ela me olhou com a sobrancelha erguida. "Flecha a jato, Rose?"


"Foi o melhor comparativo que eu consegui!"


"HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!"


~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~


Pela manhã, acordamos cedo, tomamos café e nos despedimos para voltarmos para a escola.


Eu já havia mandado cartas para todos explicando o que aconteceu, então quando chegamos só o Hagrid se surpreendeu. Claire e eu subimos direto para a torre da Grifinória e depois corremos para a sala de feitiços.


"Argh, eu odeio segunda-feira!" resmungou Claire. "A única coisa boa é que a primeira aula é com a Lufa-Lufa e eu posso fiar uma hora abraçada com o meu bofe." Eu ri e nós entramos na sala de aula.


Depois de muitos resmungos ("Mas que saco essa aula!", "Cadê esse Alfaiate quando a gente precisa?") a Claire finalmente sossegou e dormiu nos braços de Hector.


Ah, quase esqueci: as meninas chamam o professor de Alfaiate por causa do nome dele, Lafayett (que se pronuncia, assim como ele insiste em lembrar, La-fa-iétt)


Segunda-feira era decididamente o dia mais monótono de toda a semana: Feitiços com a Lufa-Lufa, Defesa Contra Arte das Trevas com a Corvinal, Poções e Herbologia com a Sonserina, Trato com a Lufa-Lufa, Transfiguração, Astronomia com a Sonserina e Runas Antigas com todas as casas juntas.


Eu quero me atirar de uma ponte. –'


Enfim: vou resumir não só a segunda, como todos os dias daquela semana infernal.


Segunda: Claire reclamou o dia inteiro, só passei as três horas que temos de aulas juntos com o Scorp e depois não o vi mais. Também não vi nenhuma das minhas amigas depois das aulas então tive que jantar ao lado das amiguinhas invejosas da Lily.


Terça: Claire reclamou o dia inteiro e Melanie quase jogou uma pedra nela. James e Jeanne começaram a namorar e ele parecia realmente feliz. Não vi o resto.


Quarta: James e Jeanne foram para o lago estudar juntos, mas acabou indo todo mundo e não estudamos nada, menos Ivonne que estava visivelmente aborrecida. Nem perguntei por quê. Claire reclamou mais ainda e Lily a jogou no lago sem querer.


Quinta: Claire passou o dia inteiro na enfermaria. Reclamando. James e Jeanne ficavam juntos o dia inteiro e Ivonne quase não era vista. Anne e Hugo tiveram uma briga feia e terminaram.


Sexta: Claire quase bateu no Hector quando ele a chamou (em outras palavras) de burra. James e Jeanne oficialmente o casal mais bonito do mundo. Tipo Tom Brady e Gisele Bündchen. Jason estava tentando voltar com a Mel. Hugo e Anne voltaram e Ivonne pegou uma detenção por discutir com a professora de Runas.


Sábado: Eu e Scorpius quase terminamos (:S), Claire saiu no tapa com a Jacklyn. O cabelo da Claire nem desmanchou, mas a Goyle ficou toda arrebentada e Claire ganhou uma bela detenção coma professora Lott (que na hora estava até se divertindo, porque nem se deu o trabalho de apartar a briga). Melanie começou a namorar o Oliver, capitão do time de quadribol da Grifinória. Quando Jason soube, foi tirar satisfação e acabou indo para a ala hospitalar coberto de sangue, assim como o próprio Oliver.


Domingo: Scorp e eu brigamos de novo e eu garanto que estava certa dessa vez eu estava certa. Melanie estava caidinha pelo Oliver, e ele por ela. Hugo e Anne terminaram de novo. Jenthro estava realmente evitando a Ivonne, e ela não estava nem aí.


Resumo da semana: Scorpius e eu estávamos brigados, Hugo e Anne estavam naquele termina-volta idiota, Ivonne estava na velha rotina dormitório-aula-biblioteca-detenção (ela brigava muito com a professora de Runas), Melanie e Oliver estudavam juntos todos os dias e as notas de ambos estavam aumentando, James e Jeanne estavam naquele período do namoro que não existiam problemas e Claire não aguentava mais as indiretas do Hector.


Realmente foi uma semana horrível para mim. Os casais (des)apaixonados não estavam nem aí para as provas, mas eu estava uma pilha de nervos tão grande que nem deu tempo de pensar em falar com o Scorpius. Eu ficava acordada a noite inteira revisando a matéria das provas e antes que eu percebesse as provas já haviam acabado e já era novembro.


"Eu ainda não entendo como os trouxas não se confundem com isso!" exclamou Oliver, depois de Mel explicar como funcionava a linha de impedimento no futebol. Estávamos na sala comunal depois do treino de quadribol. "Essa coisa de expedimento..."


"Impedimento." Corrigiu ela. "Não esquenta, até o Natal você aprende. Meus pais simplesmente não iriam me perdoar se eu namorasse alguém que não entende de futebol."


Ele sorriu, meio surpreso. "Como assim?"


Mel soltou uma exclamação.


"Desculpe Oliver. Eu não.. eu não quis dizer isso, mas caso sabe, dê certo, sei lá..." ela estava muito nervosa.


Ele riu. "Você acha que vai conseguir me aturar até o Natal? Eu não sou sensível, nem romântico, nem bonito..."


"Se eu quisesse namorar alguém sensível, educado e civilizado eu namorava uma mulher," Oliver e eu rimos. "Podemos pedir que James te dê umas aulas de como ser romântico, e..." ela sentou no colo dele e pôs as mãos no rosto dele. "é claro que você é bonito."


Eles sorriram e eu tive que quebrar o clima.


"Então, a resposta da 14 era A?" perguntei e eles se lembravam que eu estava ali. Mel corou muito e escorregou de volta para o sofá. Oliver também corou, mas ele ria da Melanie.


"Que foi Rose?" perguntou ela.


Eu girei o lápis entre meus dedos. "Scorpius ainda não veio falar comigo." Eu olhei para baixo e suspirei.


"Sobre o quê vocês brigaram?" perguntou Oliver.


"Coisinhas toscas." Respondi. "Nada demais, mas... são coisas que não dá pra ignorar." Ela me olhou tipo 'fala agora!' e eu continuei. "Eu disse que sabia que ele estava estudando para os exames, mas que ele não precisava me ignorar tanto assim. Ir me dar oi na hora do almoço não iria doer." Mel assentiu. "Eu também disse que poderíamos estudar juntos, se ele quisesse, sabe? Para ficarmos mais tempo juntos. E ele começou a gritar comigo, dizendo que eu era territorial demais, e que ele queria espaço. Eu admiti que eu era meio ciumenta e aceitei que ele quisesse um pouco de espaço." Levantei a cabeça e olhei para o Oliver. "Aí ele começou a inventar coisas de 'como ele não ficava irritado quando eu saía com o Oliver para o quadribol'... e por aí foi."


"Desculpe Rose, mas você não acha que pode ter sido um pouc−"


"Não se atreva a dizer que ele está certo, Melanie." Falei, em um tom mortal.


"Mas ele pode estar." Eu bufei irritada e me atirei no encosto da poltrona. "Pensa só, Rose: Ele está estressado por causa dos exames e aí chega você, dizendo que ele não lhe dá atenção suficiente, e dizendo que quer passar mais tempo ainda com el−"


"Por que" interrompi bruscamente. "você nunca pode ouvir?" perguntei. "Por que você sempre tem que querer me dar lição de moral, Mel? Eu sei que eu errei. Eu sei que fiz mal em dar pilha para a briga, mas se ele queria mais espaço, por que ele não me disse? Pra quê guardar rancor?" explodi. "Para ter material quando a gente brigasse? Eu falo como eu estou me sentindo, eu falo quando não estou confortável com uma situação, como eu fiz um pouco antes de brigarmos. Ele... ele..." eu me conti. "Ele... é quem está errado nessa. Você sabe Mel. Sabe que eu admito quando estou errada, mas dessa vez, −só desta vez− eu não estou errada."


Eu encostei-me à poltrona de novo, respirando pesado.


E para a minha surpresa, Mel estava sorrindo.


"Melhor?"


Eu pensei. Apesar de ainda estar um pouco ofegante, notei que estava menos estressada.


"Aham."


"Eu achei que sim."


Eu sorri e corei.


"Desculpe descarregar em você, Mel." Falei, sentando na beirada da poltrona, me atirando para trás e fechando os olhos. "Odeio ficar com as coisas para mim mesma."


"Eu sei. Por que você acha que eu tento te dar lição de moral?"


Eu abri os olhos e a vi sorrindo para mim.


"Você faz de propósito?"


Ela riu. "Claro que faço, tonta! Se eu não fizer isso você explode no meio da aula. Lembra do ano passado?"


Putz. A garota tinha razão.


"Estou me sentindo enganada." Falei e o casal riu.


"Estou morrendo!" exclamou Ivonne, se atirando no sofá ao lado da Mel.


"Da onde você saiu, menina?" assustou-se Mel.


"Vocês acreditam que existem mais de quinhentos e vinte livros na biblioteca sobre cabras?!" exclamou ela indignada. "Cabras, as coisas mais inúteis desse mundo!" ela pôs a mão na testa e puxou um banquinho para descansar as pernas. "Me lembrem de nunca mais tentar argumentar com aquela louca!"


A Louca a qual a Iva se refere é a professora de Runas.


"Aquele texto estava errado! Desde quando mago tem a mesma tradução de curandeiro?" ela se sentou reta. "Aquela mulher está na pedra, ouçam o que eu digo!" todos rimos e ela voltou a escorar-se no encosto.


Naquele momento Jeanne e James entraram de mãos dadas e rindo muito alto. Iva virou a cara e fechou os olhos, novamente visivelmente aborrecida.


"Já volto fofinho, fica aqui." Falou ela, sorrindo. Ela correu para os dormitórios. Deve ter ido ao banheiro.


James se virou para nós e exalou audivelmente e sorrindo feito um idiota.


"Sou o cara mais sortudo do mundo ou o quê?" ele pulou por cima das pernas de Iva e sentou ao lado dela, fazendo o sofá pular.


"Ah, é." Concordou Iva, irônica. "Sua namoradinha linda e maravilhosa, sem nenhum defeito. Você é tão sortudo!" ela se levantou em direção ao retrato da Mulher Gorda.


"O que foi?" Ele gritou e ela parou e virou, as mãos inquietas.


"Ela... não é certa para você, James." Ela hesitou por muito tempo. "Ela está saindo com um outro garoto, mais novo."


Uns minutos se passaram e Ivonne foi embora e Jeanne chegou.


"Espera aí, amoreco. Não vai esquecer-se de mim, vai?" riu ela.


James não olhou para ela.


"Você está com outro cara?"


O sorriso dela desapareceu na hora e ela adquiriu uma feição de horror. "Com-- quem disse isso?" ela começou a recobrar consciência. "Meu Deus, James, que acusação horrível, como pode dizer uma coisa como essa?" ela se afastou, com as mãos no lado esquerdo do peito.


James parecia envergonhado. "Você... er, não está com outro cara?"


"Mas é claro que não!" exclamou ela. "E me enoja saber que você pensa tão pouco assim de mim!" ela fez uma cara chorosa.


"Me desculpe, meu amor, me desculpe." James abraçou-a.


Ai meu Deus. Ela é muito boa. Ela conseguiu distorcer essa realidade abstrata que é a relação deles e fazer dele o bandido.


"Que-- quem lhe disse tal blasfêmia, meu querido?" tá, ela tem que ter decorado isso de algum livro de Shakespeare, porque nem os dinossauros falavam assim.


Se bem que dinossauros não falam. #hm


 James crispou os lábios e hesitou.


"Ivonne."


"Eu sabia! Aquela ignóbil nunca teve o mínimo de respeito por mim. Devo passar-me por mera leviana para ela." Ela colocou a mão na testa dramaticamente e sentou na poltrona.


Claire, que devia ter chegado entre "enoja" e "ignóbil", ria em silêncio, com uma almofada enterrada na cara.


"Eu sei que ela não inventaria nada assim." Ele falou sorrindo docemente. "Talvez se você estivesse conversando com um amigo, ou esbarrado com um outro garoto..."


Ela pensou um pouco.


"Bem, fizestes-me pensar que embati, sim, com um conhecido. Eu tentava apanhar um livro alto e escorreguei. Por sorte Alejandro estava vigilante e pegou-me antes que caísse ao chão." Claire ria tanto que começou a chorar. Tirou a almofada da cara e riu audivelmente. Jeanne virou para ela. "Eu disse algo engraçado?"


Claire se acalmou o suficiente para responder. "Garota," ela forçou-se a não rir. "a pergunta mais adequada seria se você não falou algo engraçado." Ela gargalhou. "Fala sério, você decorou isso tudo de que ato de Macbeth?"


Ela corou furiosamente (o que me levou a acreditar que o palpite de Claire estava correto), e James pulou da cadeira.


"Retire o que disse."


O riso de Claire acabou na hora.


"Perdão?"


"Peça. Desculpas. À minha. Namorada." Grunhiu, entre os dentes.


Claire se levantou e puxou as mangas. Oliver e Melanie recuaram no sofá porque sabiam que isso era posição de guerra.


"James." Ela começou e sua voz estava suave. "Você sabe que eu te amo, e que você é meu melhor amigo desde sempre, mas eu NÃO VOU ATURAR BIRRINHAS SUAS POR CAUSA DESSA PIRANHA!"


"CLAIRE!"


"James, ela faz misérias com você e você não está nem aí! Você precisa acordar desse delírio que ela te ama incondicionalmente, a Iva não estava inventando, James!


"Cale a boca, Claire."


"Não, James! Não me peça isso! Eu não vou ficar quieta e ver você destruir sua vida--


"EU NÃO QUERO VOCÊ NELA!"


Momento tenso.


"Tá." Ela deu um soco nele e correu escada acima.


James cambaleou um pouco, e Jeanne levou-o para passear no lago. [clichê]


"Bom..." Oliver se levantou depois de uns segundos de silêncio desconfortável. "Vou dormir. Tenho que ficar alerta para o jogo amanhã." ele beijou Mel. "Não durma tarde, Weasley, preciso de você bem amanhã. Ah, e a aposta ainda está de pé." Ele piscou e subiu.


Eu e Mel ficamos conversando na frente da lareira até umas nove horas, mas como estávamos com muita preguiça de subir, decidimos tirar uma sonequinha até as outras chegarem.


Mas acabamos ficando lá a noite inteira.


No dia seguinte eu acordei com os pitís do Oliver.


"...você ainda não acordou! Já são quase oito horas e o jogo é às nove, Rose! Temos que tomar café e você tem que se trocar!"


"Tá Oliver." Resmunguei.


"Rose, levanta!"


"Mel, controla seu homem."


"HAHAHAHAHHAHA!" somente o eco das risadas me fez perceber que podia ter mais pessoas na Sala Comunal. Abri os olhos e vi todo o time de quadribol a uns cinco centímetros da minha cara.


"AAAAAHHH!" gritei e todos riram.


"Anda, Rose. O jogo é em uma hora e doze minutos!" Oliver se levantou e olhou no relógio. "Ah, Merlin, onde está o James? Ele disse que só ia sair para dar uma volta..."


Eu me sentei e olhei para Melanie com um olhar "me-salva" e ela riu.


"Vem, meu amor." Ela se levantou e deu O beijo nele. "Vamos tomar café."


Ele saiu tão abobado atrás dela que eu acho que ele nem lembrou que já tinha tomado café.


"Bom dia!" Claire chegou sorridente vestindo a sua elaborada camisa "TEAM JAMES" e me puxou. "Vem, vamos descer. Acho bom você fazer muitos gols hoje."


Resmunguei e ela riu.


"Como você está?" perguntei.


"Vou sobreviver." A camisa dela mudou para "TEAM OLIVER". "Ao contrário das crenças populares eu sou bem durona quando se trata de rejeição. Só me preocupo com o pobre James. Vai ficar destruído quando souber que a namorada pilantra dele é uma pilantra."


Eu ri, mas não achava engraçado, e nem Claire.


"Ah, é: eu terminei com o Hector!" ela deu pulinhos.


Franzi o cenho.


"Ah..." falei, bem surpresa. "Que.. bom, eu acho."


Subi e me troquei tentando não cair no chão ao colocar as caneleiras. Óbvio que eu caí da escada quando olhei para o relógio, mas por sorte eu estava nos últimos degraus, então só caí um pouquinho.


Claire e eu descemos e tomamos café, Hector de olho em nós. Várias vezes garotos pararam para falar com a Claire, e ela ria, conversava, e jogava o cabelo por cima do ombro (que é o jeito dela de jogar charminho).


"Rose" Anne, que estava sentada do lado de umas meninas do quinto ano, no lado oposto da mesa me chamou. "Scorpius está olhando pra você."


Eu assenti.


"Ele deve estar imaginando o massacre que vai ser o jogo de hoje." Eu ri, e ela me acompanhou. Eu estava bem. Sério. Meio abalada e tal, mas bem. Não estava deprimida, e sem vontade alguma de pular de um precipício no meio de um furacão. Minhas amigas estavam comigo, e era disso que eu precisava.


disso.


 


 


"Ela está acordando?"


"Talvez, não dá pra ver."


"Rose, dá pra me ouvir?"


Grunhi e logo recuperei os sentidos.


"Ai." Falei. "Que aconteceu?"


Abri os olhos e vultos começaram a se formar na minha frente. Ivonne, sentada de pernas cruzadas na minha cama, lendo alguma coisa; Claire, de pé ao lado dela; Melanie dormindo em uma poltroma ali perto e Oliver com a cara bem em cima de mim.


"AAAAHHHH!" gritei.


"Rose!" ele bradou. "Você não está morta!"


Pisquei algumas vezes até o rosto dele entrar em foco.


"Bem observado, gênio." Resmunguei. "Que foi que houve, onde eu estou?"


"Na ala hospitalar, Ro." Ivonne me olhou, o livro fechado no seu colo. "Você levou um balaço na cabeça aos seis minutos de jogo. Madame Hooch  marcou penalidade máxima contra a Sonserina, e Scorpius quase quebrou todos os ossos do corpo do Denner." Ela arrumou os cabelos. "Ele estava aqui, mas Madame Blurry mandou-o embora porque ele estava muito agitado, não parava de perguntar quando você iria acordar."


Coloquei a mão na cabeça e senti a gaze. Parecia que a minha cabeça ia explodir que nem aquela melancia no episódio de iCarly que elas explodem a calça do Freddie.


Passei tempo demais com a Lily.


"Quanto tempo eu apaguei?"


"Não muito." Oliver, agora seguro de que eu não estava morta, sentou ao meu lado e colocou os pés em cima do colchão. Ele ainda usava o uniforme de quadribol. "Umas duas horas. Suficiente para tomarmos dezesseis gols da Sonserina, mas fizemos bastante gols também e o Malfoy ficou muito lento depois de você ter caído então James conseguiu pegar o pomo sem nenhuma disputa real."


Sentei na cama e digeri aquilo.


"Ele se sente culpado, eu acho." Olhei para Iva. "Foi um idiota comigo e agora, acho, ele sabe que estava errado."


"É, mais ou menos isso."


Olhei para a porta e Scorpius estava ali, encostado no portal, também de uniforme.


Cruzei os braços.


"Como é que você sempre chega no momento em que eu estou falando de você?"


"Na verdade eu estou aqui faz tempo." Ele explicou. "Eu estava no corredor, aí ouvi voc~e gritar."


"Hm." Falei, virando a cara de volta para a Ivonne. "O que está lendo?"


Ela riu baixinho. "Hum... Senhor dos anéis, sabe? A Sociedade do Anel." Ela abriu na página marcada. "Passolargo."


Eu suspirei, esquecendo completamente que era para eu parecer indiferente e descolada.


"Meu Deus, O Viggo Mortensen é tão lindo!"


"EI!"


Olhei para a porta e Scorpius estava rígido, com o maxilar trancado.


"Olhe, se você tiver algo para falar, fale de uma vez e vá embora." Eu, a senhorita sutilidade. "Se não, não incomode."


Ele forçou os olhos e sorriu devagar.


"É por isso que eu amo você."


Não tem quem resista a uma coisa dessas. Ivonne colocou as mãos no peito e disse "Aaawwn"; Oliver fez sinal de "ok" e desenhou com os lábios "boa!"; e eu, muito grossa, soltei:


"Não mataria se você falasse isso mais vezes, sabe?"


Ele riu e andou até mim.


"Ok. Eu admito se você admitir."


Franzi o cenho.


"Hã?"


"Nós dois estávamos errados. Você se importou demais; eu, de menos. Os extremos não funcionam, Ro. Você sabe."


Atirei a cabeça para trás e considerei a proposta. Sabendo que era a melhor que eu receberia, eu dei os ombros.


"Tá, tanto faz. Eu estava errada. Desculpe. Vou tentar fingir que gosto menos de você."


Ele riu de novo e não pude deixar de sorrir.


"Eu também estava errado." Ele beijou meu rosto. "Vou ser o cara mais romântico desde o Gerard Butler em PS Eu te amo."


"Não." Eu balancei a cabeça e ele franziu a testa. "Eu não quero um namorado romântico, não foi por ele que eu me apaixonei."


Ele assentiu. "Então você quer que eu volte a ser o idiota convencido que eu era antes de começarmos a sair? Beleza, Oliver, vamos catar umas gatas por aí."


Eu lancei o olhar "MORRA!" mais power que eu tinha e ele levantou as mãos.


"Brincadeira, Ro. Brincadeira."


Acho que o remédio que madame Blurry tinha me dado estava começando a fazer efeito porque eu comecei a enxergar um terceiro olho no Scorpius. Ele concordou em ir embora (depois de muita insistência minha) para que eu não falasse nada de muito idiota na frente dele.


O efeito foi ao seu auge (DORGAS ARIARAIRRAIRIARAIRIAR) e depois começou a passar, junto com a minha dor de cabeça. Mel acabou acordando a tempo de me ver comentar que tinha um alienígena azul atrás dela desenhando na parede.


Quando eu já estava sóbria o suficiente para receber visitas, Anne e Claire entraram, e Oliver e Mel foram embora.


"Menina, que susto você nos deu." Claire desfez o coque e o cabelo caiu no ombro direito. "Chega pra lá, italiana." Ela falou pra Iva, que sorriu e sentou mais para a esquerda, para dar mais espaço para ela. "Achamos que você tinha ido passar um tempo com São Pedro."


Ivonne riu, mas quando eu pensei em uma resposta boa para dar, as portas de abriram e James entrou. Iva parou de sorrir e se levantou, indo até a cadeira que ficava ao lado da cama que estava na minha frente. James acompanhou-a com o olhar, ainda indo na minha direção, e ignorou Claire completamente quando me abraçou e perguntou se estava bem. Nem respondi e ele completou:


"Só passei para ver se estava viva, não posso ficar muito. Jean está esperando."


Claire revirou os olhos, mas não se manifestou. Ivonne, por outro lado, ainda lendo o livro, suspirou audivelmente e falou: "Patético."


James se virou para ela.


"Consigo ouvir você Bacci."


"Eu sei, eu falei bem alto." Disse ela, levantando os olhos do livro. Aí ela revirou os olhos e voltou a ler. James normalmente deixaria isso passar, mas acho que ele estava meo estressado, porque caminhou até ficar a uns 20 passos dela e apontou para ela, acusador.


"QUAL É O SEU PROBLEMA COM A JEANNE?" ela levantou os olhos do livro e olhou para ele. "Ela fez alguma coisa para você?" Ivonne crispou os lábios e depois mordeu o lábio inferior, como se tivesse resposta, mas não gostasse nada dela. "Você a acusa de estar ficando com um outro cara quando sabe que ela me ama!"


"James, ela não ama você." Ela se levantou. "Aquilo não é amor.Além do mais eu nem queria contar."


"Mas contou." Disse ele. "Talvez pra ver se eu confiava nela, não é? Para nos ver brigar, quem sabe?"


Ivonne não respondeu, seu rosto estava ficando vermelho.


"Pare." Disse ela, baixinho


"Talvez você não dê a mínima, não é?" ela baixou a cabeça e fechou os olhos, mas James continuava provocando ela.


"Por que você faz isso comigo?" perguntou ele. "Você sabe que eu estou feliz, mas nem ao menos de importa em como eu vou me sent-"


"Não se atreva... a dizer que eu não me importo." Gritou ela, se levantando. "Não se atreva!" ela chegou mais perto até ficarem a uns 30 centímetros de distância um do outro. "Eu não acabei de dizer que não queria contar? Eu sei que você gosta dela, sei que vocês gostam um do outro tanto quanto de vocês mesmos, mas você não sabe como eu me sinto enquanto vocês ficam juntos, se agarrando em qualquer canto! Você - não tem - a menor - ideia. Você realmente acha que eu não queimei pelo menos metade dos meus neurônios tentando decidir o que fazer? Eu posso não gostar dela, James, mas eu sei que você gosta e eu respeito isso." Ela se afastou, ainda ofegante.


James ficou olhando para ela um bom tempo.


"Por que você não gosta de quando nós estamos juntos?"


Ela hesitou. "Sério, James? Eu preciso responder?!" berrou ela, e depois saiu a passos largos da enfermaria, esquecendo completamente do livro.


James virou para mim, Claire e Anne tão confuso que até tinha esquecido que estava bravo com a Claire.


"O que ela quis dizer?" ele realmente não sabia.


Anne olhou para mim e revirou os olhos.


"Homens."


"Vamos." Falei. "Quero dar o fora daqui."


Falamos com madame Blurry e ela me deixou ir depois de ter certeza que meu crânio estava totalmente remodelado e no formato certo.


Já havia passado da hora do almoço, mas eu não estava com muita fome, então fomos para o lago enquanto James surpreendia Jeanne, que estava dando aulas de reforço para uns moleques do quarto ano.


"Ah, olhem os pombinhos!" Claire gritou quando encontramos Mel e Oliver jogando "pedra, papel ou tesoura" na beira do lago, e Oliver parecia muito feliz quando atrapalhamos o jogo.


"Ele só está um pouco chateadinho porque perdeu de mim no Uno seis vezes seguidas e mais outras dezesseis no 'joquempô'. "Mel riu.


Oliver grunhiu alguma coisa sobre voltar mais tarde e saiu em direção ao castelo.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.