História, Química, Francês...
Draco não conseguiu continuar seu caminho calmo e tranquilo, e não foi capaz nem de cogitar a opção de entrar normalmente na escola, nunca fora conhecido por ser um dos matadores de aula da AL, mas sabia muito bem que se passasse de cabeça baixa na escola - sem ser visto, de maneira alguma - e andasse mais alguns metros,se encontraria de frente pra uma Starbucks.
O que parecia melhor? Se deliciar com um Caramel Machiatto na mais popular rede de cafés do mundo ou finalmente ver o rosto do menino que tinha sido por anos seu trauma pessoal?
Ah sim, a Starbucks ganhou, a Starbucks sempre ganhava.
Ele não teve complicações em passar pelo portal dourado da universidade, foi só puxar o cachecol verde-musgo até o queixo e andar com um jornal (que tinha comprado no caminho, afinal, ele não se interessava só por café) na frente do rosto que foi facilmente despercebido; isso até passar bater com os ombros numa menina de chanel loiro.
- Draquinho? Ah, é você, Draquinho! -
Merda, Draco suspirou, logo dando um sorrisinho falso, e como sair dessa?
- Bom dia Draquinho! - Ela não esperou sua resposta, nunca esperava, na verdade - Está frio hoje não? - Sorriu, mordendo os volumosos lábios vermelhos, tinha acabado de passar batom.
- 'Dia, Pans - Respondeu educado, olhando em volta, preocupado em ser visto por algum professor e não poder mais executar seu tão bem bolado plano, que já tinha sido atrapalhado por aquela loira enxerida - Você não vai entrar não?
Isso seria uma deixa, mesmo que ele soubesse que dificilmente Pansy iria embora sem levá-lo junto, pensou que valia a pena correr o risco. Tudo pra conseguir seu Machiatto, repetiu em mente.
- Entra comigo - Deu uma risadinha fina em tom de flerte, Draco admitia que já tinha pegado ela, mais de uma, de duas... Ok, de cinco vezes, e ela era sim gostosa de apalpar, mas seus assuntos? Ugh, por deus.
Ponderou novamente, o que parecia melhor? Um delicioso Caramel Machiatto mais Pansy Parkinson tagarelando por quarenta e cinco duradouros minutos ou o lance todo do trauma do menino de cabelo espetado?
Nesse momento o Machiatto pareceu bem menos delicioso, nem a Starbucks ganhava dessa vez.
Muito bem garoto do cabelo espetado - pensou Draco, ajeitando a postura e indo na direção da universidade sem nem ao menos esperar Pansy - Anote na sua agenda, hoje você vai conhecer Draco Malfoy.
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Quando Sirius tinha dito que a Universidade Antoine Lefreve era um lugar pequeno e modesto, Harry nunca deveria ter acreditado, sentia seu estômago borbulhar a cada olhada que via meninas com bolsas de grife e garotos com relógios caríssimos, Odiava esse mundo.
E se não bastasse só o fato de odiar todas aquelas pessoas mesquinhas, ia naquele momento precisar da ajuda de alguma delas, pois estava inteiramente perdido.
- Com licença - Tocou suavemente o ombro uma menina de cabelos avelã, que olhava os próprios horários - Você pode me dar uma ajuda, em que sala é Cálculo II?
A menina se virou prontamente, e ao parar o olhar nele, encarou-o de cima a baixo, Harry aproveitou os poucos segundos que teve para analisá-la de volta, não era muito alta, tinha algumas sardas esparsas no rosto e olhos castanhos escuros que naquele momento pareciam muito inquisitivos, parecia carregar nos braços vinte quilos em material de leitura.
- Claro, Sala 873 – A voz dela era exatamente como o moreno imaginou que seria, autoritária, sem deixar uma leve suavidade amigável.
Olhou para os lados, preocupado, não via nenhuma placa indicando onde era essa tal sala 873, e pelo que sabia, por todo o campus existiam mais de novecentas salas, não ia conseguir chegar a tempo em sua primeira aula. Oras, que jeito excelente de começar o ano Potter! Suspirou para si mesmo.
- Ahm, você quer ajuda pra chegar lá? -
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Depois de ser largada atônita por um Draco estranhamente determinado, Pansy chutou algumas folhas, por que ele agia desse jeito com ela?
Viu alguns calouros lançarem a ela olhares tortos por estar ali sozinha na entrada da escola olhando para o nada e bagunçando as folhas secas, oras, nem ficar irritada ela podia mais? Por causa da imagem ela precisava realmente estar sempre feliz? Ela tinha que estar sempre feliz?
Nunca fora de desrespeitar as regras da alta sociedade - gostava e prezava estar no patamar mais alto, obrigada - mas por que as vezes os bolsistas idiotas pareciam tão ridiculamente agradecidos pela... Ahm, vida? Essa patética alegria inesgotável deles servia só pra lembrar Pansy que ela estava atrás do mesmo garoto há mais de nove anos, e que, obviamente para qualquer observador, ele não dava à mínima. Que não importava o quanto ela tentasse ser perfeita, ele nunca notava, ele nunca a olhava daquele jeito, nunca sorria de volta, ele era... Impossível!
Talvez isso agradasse Pansy, de algum jeito, por Draco ser tão exigente, ela queria ainda mais e mais tê-lo para si, roubar o coração daquele menino tão, tão difícil.
Mas se ele ao menos desse uma pequena amostra que gostava, nem que...
- PAAAAAAANSY PARKINSON AUTISTANDO! - Um peso considerável se jogou sobre suas costas, e logo sentiu seus ouvidos estourarem com o grito
- Caralho! Que mer... -
- Pansy, eu sempre achei que você fosse autista - Outra voz muito parecida com a primeira foi ouvida mais lá de trás, Pansy grunhiu, balançando os braços pra tentar tirar a sua melhor amiga maluca de suas costas
Depois de alguns arranhões propositais, puxões (esses foram sem-querer) de cabelo e alguns alongamentos por parte da loira, para, como ela disse, ajeitar a coluna que a outra garota tinha acabado de entortar com seu peso, Pansy se deparou com dois rostos idênticos.
- A dieta não tá indo bem, não é Daphne? - Sorriu maldosa para a menina que era um pouco mais alta, Daphne Greengrass era sua melhor amiga desde, desde que tinha nascido, ou talvez até desde o primeiro chute dentro da barriga de sua mãe, já que a Sra. Parkinson engravidou da primeira filha no mesmo mês que a Sra. Greengrass.
- Ouch, Essa foi boa Pans - Logo a mais baixa também entrou no assunto, rindo do comentário. - Chega de Cookies pra Daphnezinha
Essa era Astoria Greengrass, uma cópia um pouco mais baixa de Daphne, as diferenças se limitavam à um par de óculos sutis, que davam a mais nova um ar mais intelectual, e cabelos curtos e repicados, a mais velha levantou os olhos e encarou a irmã, os olhos idênticos faiscavam irritados um contra o outro.
- Cala a boca, Astoria, já olhou pra sua bunda gorda hoje? - Respondeu numa acidez assustadora - Aliás, o que você ainda está fazendo na minha universidade? Vai pra sua escolinha, vai.
Com um olhar forçado de mágoa, Astoria fechou a boca, ajeitou a mochila e saiu andando, ainda era muito nova pra ir pro mesmo lugar onde Daphne e Pansy estudavam.
Um silêncio pesado se instalou entre Pansy e Daphne, a atmosfera sempre ficava esquisita quando as irmãs brigavam, já que a loira não podia tomar parte em nenhum dos lados, as duas eram suas amigas mais estimadas, e depois, nem foi como se alguma das duas precisasse falar, o sinal deu conta de acabar com o antigo silêncio.
- Ai, cálculo dois! - Gemeu Daphne, agindo como se nada tivesse acontecido, agarrou o braço de Pansy e começou a andar mais rápido - Caramba Parkinson, anda logo! Você quer mesmo que a Sinistra coloque nós duas pra fora de sala?
Movida pelas palavras 'Sinistra', e 'Fora de sala', Pansy acompanhou do ritmo da menina mais alta.
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- Então você é uma bolsista! Uau, fantástico! –
O caminho para a sala de cálculo era ainda mais longo do que o moreno tinha esperado, já tinham subido dois lances de escada, atravessado um pátio enorme e agora estavam pegando um dos elevadores do prédio central pra chegar ao sétimo andar.
Nesses breves minutos, percebeu como fora bom ter pedido ajuda à aquela menina em especial, seu nome era Hermione Jane Granger, e ela não vinha de famílias abastadas, como a maioria das outras pessoas, estava ali por ser algum tipo de Einstein da atualidade, Harry achou fácil conversar com ela.
Sorriu para si mesmo ao pensar em como tinha tido sorte por encontrá-la, quem diria que numa escola particular cara de alta procura, e para piorar, francesa, acharia tão rapidamente uma pessoa que não fosse esnobe?
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Entrou pelos corredores com um costumeiro frio na barriga, aquilo não podia ser nervoso, Draco Malfoy não tinha nervoso de conhecer ninguém, de jeito nenhum, alguma coisa no seu café da manhã definitivamente não devia ter descido bem.
De fato, deviam ter sido os waffles, as vezes Maria colocava muito xarope de maple neles, e agora ele estava com o estômago revirando, só podia ser isso.
Afinal, aristocratas sempre tinham estômagos altamente irritáveis, tomando como exemplo...
- Você está brincando! – uma risada masculina ressoou atrás do loiro, que quase deu um pulo assustado, essas pessoas que gritavam nos corredores deviam ser exterminadas, não estava pagando uma quantia de cinco dígitos por ano para se arrepiar nos corredores – Nossa, gostar de química é uma tortura.
Pronto, tinha que ser um idiota com aquela risada, química não era tortura, química era vida, amor, paixão, sempre fora a matéria preferida de Draco, e ajudava ainda mais o fato de que seu padrinho era o professor de química da AL.
- Harry, você gosta de história – uma voz, dessa vez de uma menina, também ecoou, Draco fungou irritado, ele não queria ficar ouvindo a conversa de dois sujeitos, na verdade preferia ouvir seus próprios pensamentos, que eram muito mais fascinantes e inteligentes – A maioria das pessoas me acha louca é por gostar de história.
Isso, além de serem dois idiotas, eram também malucos mesmo, história não era uma matéria, era um castigo, uma palhaçada tediosa que se repetia de ano em ano, não tinha graça, não tinha lógica, e o Prof. Lupin, o encarregado de história na AL, ainda lecionava a matéria alegre, como se aquilo fosse remotamente interessante
E devia ser, mas só no mundo dos pobretões como ele.
- É a única matéria onde sou bom mesmo – riu novamente, nesse momento Draco desejou que os corredores fossem mais curtos, desse modo, talvez ele até já estivesse dentro da sala sem ter que ouvir a conversa de desconhecidos. – Mas me diz, nós realmente aprendemos francês? Por que além de ser ridículo, é muito gay.
Oh sim, Draco agora estava em fúria, podiam falar da sua matéria preferida, e sim, ele entendia que o fizessem, nem todos tinham sido abençoados com um cérebro tão superdotado como o dele, e os coitadinhos nem se esforçando aprenderiam a maravilhosa arte da química num futuro distante.
Mas francês não era ridículo! E muito menos gay! Aliás, era sexy, e muito hétero!
Quando virou metade do corpo pra informar ao garoto que se ele não sabia, a escola era francesa, e que era um idioma de classe alta, e talvez por esse motivo parecesse ruim aos olhos de criaturas inferiores, se deparou com cabelos negros e espetados.
Ai meu Deus.
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