Turbulência no Expresso
Cap. 30_
_Não acredito que você me convenceu a ir para casa. _Lílian resmungou, acomodando-se no banco ao lado da janela, enquanto Thiago empurrava sua mala para o bagageiro. _ A biblioteca vai estar vazia no feriado de Páscoa. Tem noção de quanto poderíamos estudar se...
_Você está indo conhecer meus pais. _Thiago retrucou, emburrado, ocupando o lugar a sua frente _Tem um lado positivo e bem legal nisso. Se você fizer um pouquinho de força _ele apertou os olhos, como se quisesse enxergar algo pequeno _tenho certeza de que vai enxergá-lo.
Lílian suspirou, e inclinou-se para ele. _Desculpe. Eu sei, estou sendo péssima. _ele virou-se para a janela _São os NIENS, estou preocupada com a possibilidade de... Não ter me preparado o bastante para eles.
Thiago deu de ombros. _Imagino.
_Thiago, qual é o seu problema? _ela perguntou, voltando a se sentar corretamente no banco _Você parece chateado desde... _ela olhou para a porta, que permanecia trancada, e baixou a voz _Desde o alarme falso.
_Desde que você pensou que estava grávida. _ele retrucou _Pode dizer em voz alta, não é nenhuma doença, sabe?
_Você ainda está chateado por isso? _ela arqueou as sobrancelhas _Thiago, nós vamos ter um filho, um dia. Desculpe se não foi agora, desculpe por não ter estragado seu futuro próximo, virando mãe na adolescência e o obrigando a largar o quadribol.
Dessa vez, Thiago suspirou, e esfregou o rosto com as mãos. _Não foi isso Lilly. Olha, eu prometi que eu não ia ligar para isso, tentei pensar que tinha sido um momento de desespero, mas... Poxa, eu fiquei chateado...
_Por que eu não estou grávida?! _ela perguntou exasperada e confusa, erguendo ainda mais as sobrancelhas.
_Não! Porque você ficou desesperada, por estar esperando um filho meu!
_Não! Eu fiquei desesperada porque estava esperando um filho, não porque o filho era seu.
_Você ficou gritando pelos banheiros, _ele afinou a voz e começou a sacudir os braços _“Ai, meu Merlin, ai, meu Merlin, estou grávida de um maroto, o que vou fazer agora?”!
_Do que está falando?!
_Como acha que eu fiquei sabendo? Ouviram você gritando isso. Ouviram você gritando isso no banheiro! Mas qual é o problema de eu ser um Maroto, Lílian? Eu ia amar essa criança de qualquer jeito.
_Em primeiro lugar, Thiago. _ela levantou um dedo _Eu sou monitora-chefe, e tenho um banheiro só para mim. Por que eu ia ficar gritando nos banheiros comunitários? _ele ia responder, mas ela levantou o segundo dedo _E, em segundo lugar, eu não tenho mais problemas com o fato de você ser um maroto, me dou muito bem, obrigada, com todos os marotos que conheço. Em terceiro lugar, eu sei que você ia amar muito essa criança, Thiago, e, se eu estivesse mesmo grávida, seria a mulher mais feliz do mundo por ser a mãe de um filho seu. Eu nunca fiz isso.
_Mas... _agora ele parecia confuso _Se você não gritou... Então... Quem...
_Quem mais _ela cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha, sugestivamente _poderia ficar grávida de um maroto?
Thiago ficou sem entender por alguns instantes, e depois fez uma careta enojada: _Eca, Lílian!
_Você acabou de dizer que não é uma doença! Por que seria tão absurdo ela estar grávida?
_Por quê?! _ele retrucou escandalizado _Ela tem ONZE anos de idade! Acha mesmo que Remo faria uma coisa dessas?!
_O quê?! _ela exclamou, indignada. _ Estou falando da Bella!
_Ah, isso _seu tom de voz mostrava alívio e ele voltou a se recostar em seu assento. _Não. Bella não engravidaria por acidente, ela é esperta.
_É mesmo? _e ergueu as sobrancelhas _E eu não sou?
_Quer dizer... _ele bagunçou os cabelos, desconsertado _Ela é... Bem, você sabe... _ela cruzou os braços, ainda com as sobrancelhas erguidas. Não, não sabia. _Ela sabe o que está fazendo. Você... Você é inexperiente.
_Isso não prova nada, Thiago. _seu rosto se fechara em uma expressão séria _Eu acho que Sírius deveria ser alertado sobre essa hipótese.
_Não. _agora era seu rosto que estava sombrio _Ele finalmente está bem. Sozinho, sem ela. Eu não vou _seu tom de voz era seco e enfático _fazê-lo se preocupar com algo que pode nem ser verdade.
_Mas...
_Não, Lílian. _ele a cortou _Se ela estiver mesmo grávida, ela vai procura-lo. Ela é Belatriz Black, pelo amor de Merlin, se tiver a oportunidade de usar uma criança para manipulá-lo, acredite, ela o fará.
Lílian cruzou os braços e virou-se para a janela, sem se convencer. Thiago deu um suspiro cansado, curvou-se para frente e pôs as mãos em seus joelhos.
_Amor, se Bella estivesse grávida, ela falaria com Sírius. Ela não ia enfrentar a família sozinha, ia querer reatar com ele. Olha, talvez a pessoa que espalhou esse boato nem tenha entendido direito. Talvez alguém tenha espalhado fofocas sobre seu alarme-falso. Vai ver essa história toda de uma garota gritando no banheiro sobre um filho de um maroto seja um mal-entendido, tenham escutado errado... Não acha que seria coincidência demais duas namoradas de marotos fazendo testes de gravidez pelo castelo?
Lílian virou-se para ele com um sorriso desanimado e meneou os ombros. _Tem razão, é muito improvável para ser verdade.
_Vamos esquecer essa história. _ele bagunçou o próprio cabelo de recostou-se despreocupado no banco. _Não passa de pura fofoca.
***
Bella teve mil e uma oportunidades de falar com Sírius antes do feriado de Páscoa. Boas oportunidades, na verdade. No auge de suas exigências, não poderia pedir oportunidades melhores, ainda mais levando em consideração as atuais circunstâncias e o fato de que os marotos estavam fazendo o diabo para manterem-na longe dele.
Pobres coitados, se ela quisesse, ou melhor, se ela não estivesse mais acovardada do que um camundongo, conseguiria ter falando com Sírius montes de vezes. Encontrara-o no campo de quadribol esperando Thiago depois de um treino, mas convencera-se de que o apanhador podia surgir a qualquer momento e atrapalhá-la. Encontrara-o na biblioteca, lendo em uma mesa, sozinho, mas convencera-se de que Sírius só ia à biblioteca arrastado por Remo Lupim, e que provavelmente ele estava em algum lugar por ali. Encontrara-o, também, na saída da cozinha, com os braços cheios de comida, mas convenceu-se de que ele não se atreveria a roubar comida sozinho. Alguém devia estar por ali vigiando...
Mas a verdade é que ela inventava desculpas para si mesma toda vez que o via. A oportunidade certa nunca apareceria, porque o problema, em todas elas, seria o mesmo: ela. A verdade é que ela não tinha coragem de falar com ele.
Saiu de sua cabine consciente de que aquela era última chance que teria antes de ir para casa. Se ela pretendia continuar com aquilo, precisava contar aos seus pais, e ela precisava saber que o pai daquela criança a aceitaria também. Não estava disposta a invadir a cabine dos marotos, mas não via muitas outras opções.
Até ver Sírius vindo em sua direção, sozinho, pelo corredor, girando tranquilamente a varinha em uma das mãos.
Bella parou, os olhos fixos no rosto do ex-namorado, mas ele sequer deu sinais de que a vira. Se sua visão periférica identificou os longos cabelos negros que caíam em ondas pelas costas da prima, as pernas torneadas sob as saias do uniforme ou o rosto esperançoso, o olhar levemente desesperado, que não combinava em nada com sua expressão habitualmente arrogante, ele simplesmente disfarçou muito bem.
Por um momento, insano e risível, ela realmente achou que ele pararia. Mas ele simplesmente passou por ela, tentando ocupar o mínimo possível do corredor estreito, evitando tocar sequer suas roupas.
Bella parou, enquanto ele a ultrapassava, sentindo somente o perfume que ele deixava para trás e, quando achou que sua coragem a abandonara novamente, sem se dar conta do que exatamente estava fazendo, ela agarrou seu pulso com força, obrigando-o a parar. Mas quando ele virou-se para ela, surpreso e indignado, ela não foi capaz de dizer nada.
Sua mente se esvaziou e ela ficou paralisada, encarando-o com medo. O maroto tentou puxar o braço, mas ela o apertou com mais força e mordeu o lábio inferior aflita.
_Eu... _ela conseguiu balbuciar, trêmula _Eu estou...
_Não quero saber! _ele reagiu, de repente _Por que pensa que pode falar comigo, Black? Solte meu braço!
A morena soltou, mas precipitou-se a frente: _Por favor, escute, eu não falaria se...
_Não falaria e não falará! _ele berrou, ao longo do corredor, algumas portas se abriram, e cabeças curiosas saíram de suas cabines para ver o que estava acontecendo.
Bella olhou ao redor, constrangida, e Sírius aproveitou a brecha para ir embora. Ela não sabia mais o que fazer, enquanto o observava avançar três passos no corredor.
_Por favor _sua voz saiu chorosa, e ele virou-se a tempo de ver lágrimas correndo por suas bochechas. _Por favor.
_Você está chorando? _ele voltou-se, embora estivesse bem mais perto de estar furioso do que comovido _Você acha que tem o direto de... De chorar e de implorar, depois de tudo que fez?
_Eu preciso de uma chance, Sírius. Se... Se você me der uma chance, eu vou poder...
_Uma chance?! Você quer dizer MAIS uma chance? Porque eu estou cansado, Belatriz! Cansado de dar a você chances, e mais chances, e você sempre estragar tudo! _ele gritava cada vez mais alto, a mão direita apertando a varinha com cada vez mais força, sem que ele percebesse.
_Olha, se você ouvir, tenho certeza que... _ela tentou interrompê-lo, secando o rosto com as mãos.
_Eu estou cansado de SOFRER POR VOCÊ!! Eu dei uma chance para nós dois, e você escolheu ficar com os sonserinos! _ele começou a contar nos dedos _ Eu fui atrás de você, tentei fazê-la entender que eu a amava mais que TUDO!
_NÃO! Não TUDO! _ela reagiu _Porque você sempre colocou seus malditos amiguinhos antes de MIM!
_E você ME TRAIU!! _ele gritou mais alto, ignorando-a _Você me TRAIU, Bella, e eu não vou perdoar isso NUNCA!!
_Era uma armadilha, Sírius!! Era Pedro, sempre foi o Pedro... _ela replicou, e suas vozes se confundiam enquanto eles gritavam ao mesmo tempo.
_Não OUSE...
_... Quem os espionava...
_... falar mal dos MEUS amigos!
_... Quem dava dicas sobre vocês para os aliados de Voldemort!!
_Eu não vou admitir que você fale isso!
_E ele quis nos separar! Ele engana vocês!!
_CHEGA, Bella! CHEGA de tentar me enganar! Chega de me jogar contra as únicas pessoas em quem eu CONFIO!!
_E eu caí como uma idiota na armadilha daquele maldito rato nojento!
_DOBRE SUA LÍNGUA IMUNDA PARA FALAR DO PEDRO!!
_Aquele desprezível, COVARDE, e agora eu estou g...
_Eu disse BASTA!! _Bella sentiu um baque, como seu uma força invisível a atingisse, e foi arremessada contra uma das portas corrediças do trem, enquanto Sírius explodia em seu último grito.
Sírius viu a morena ser lançada no ar, mas levou mais de um segundo para se dar conta de que ele mesmo tinha feito aquilo. Assustado, soltou a varinha no chão e olhou para a própria mão.
Ele nunca, nunca tinha agredido uma mulher daquela forma antes. Duelar era uma coisa, mas aquilo? Seus olhos passavam das próprias mãos para a imagem de Bella no chão, com os olhos cheios de água e uma expressão de horror.
Não conseguia entender que força o tinha feito fazer aquilo. Bella o fizera explodir, acusando Pedro daquele jeito, quando ele sabia que ela estava mentindo. Ela não tinha esse direito, não tinha direito nenhum, mas... Mas ela era a sua Bella, e ele lembrou de quando ela achou que os comensais iriam ataca-la e ele, com ela nos braços, jurara para si mesmo que a protegeria. Porque ela preciosa demais para ele.
_Bella, eu... _ele gaguejou, sem saber o que ia dizer. Ela merecia! Ela merecia, ele repetia para si mesmo, tentando se convencer.
Ela não o deixou terminar. Quando ele estendeu a mão em sua direção, ela se encolheu instintivamente, abraçando o próprio abdômen. Sírius se retraiu, espantado porque ela estava com medo dele!
Bella aproveitou o momento de hesitação para levantar-se e sair correndo dali. Não rápido o bastante para esconder as lágrimas, que Sírius viu escorrer pelas bochechas morenas.
Não sabia se corria atrás dela. Abaixou-se, pegou a varinha e somente então olhou ao redor, para as dezenas de rostos que assistiam à cena como se fosse um teatro.
_Perderam o que aqui?! _ele berrou, e as portas corrediças começaram rapidamente a se fechar, uma após a outra.
***
Ninguém ia até o último vagão do trem. Bella sabia disso, porque já tinha escapado para lá algumas vezes com Sírius. Mas naquele momento, ela estava ali sozinha, porque não tinha mais ninguém.
Ninguém. Essa era a verdade. Ela estava completamente sozinha.
Bella abriu a grade de ferro que protegia a área ao ar livre para sentir o vento batendo contra si com mais força. Antes de falar com Sírius, ela ainda podia se prender à esperança de que ele a aceitaria. De que ele entenderia que ela não tinha mentido e de que eles cuidariam daquele bebê juntos.
O bebê deles.
Mas a partir daquele momento, ela não tinha mais nada. Balançou-se para a frente e para trás, segurando-se aos dois lados da grade. Só que... Tudo bem, certo? Ela podia fazer isso sozinha, criar o filho sozinha.
Ela não precisava de Sírius, afinal. Sírius a agredira! Sírius tivera coragem de erguer a mão contra ela, desarmada. Tivera coragem de feri-la, covardemente, de jogá-la no chão, enquanto ela implorava pela atenção dele.
Começou a chorar. Chorar muito, porque doía saber que ela não significava mais nada para ele. Ela era menos que isso, menos que nada.
Soltou uma das mãos para tentar secar as lágrimas, mas quanto mais ela passava as mãos pelas bochechas, mais lágrimas escorriam por elas. Era impossível passar. Deixou o rosto e começou a acariciar o próprio ventre, repetindo baixinho que tudo bem, que eles ficariam bem.
_Belatriz! _Bella virou-se rápido, o rosto manchado, o cabelo voando, segurando-se com uma das mãos e ainda embalando a barriga com a outra. Rodolfo estava parado na porta que dava passagem ao vagão, com uma expressão alarmada _Bella, não faça isso. _ele falou lentamente, como se não quisesse assustá-la. Ela não entendeu. _Me dê sua mão, vamos. _ele estendeu a mão para ela. _Você não precisa fazer isso.
Bella ainda ficou sem entender por alguns segundos. Então se deu conta de que ele achava que ela ia pular!
_Eu não vou... _ela balbuciou ainda chorosa. Não parecia muito convincente _Não ia pular. Não vou pular.
_Tudo bem. _ele sorriu para ela _Eu sei que não ia. Por favor, _ele deu um passo à frente _segure minha mão, Bells, para eu puxar você, ok?
Bella abraçou a barriga com mais força e virou-se para ele. _Eu não faria isso... _ela fungou _Mesmo se... Mesmo se estivesse tudo muito ruim. Muito ruim... _ela voltou a chorar.
_Não está tudo ruim...
_Está! _ela estava quase histérica. Chorava tanto que seu corpo todo sacudia com seus soluções _Eu estou sozinha, agora! _ela virou-se novamente para os trilhos.
_Você não está sozinha! O que diabos eu sou? Ninguém?
_Eu abandonei você! _ela virou-se novamente para ele, exasperada.
_Mas eu não abandonei você, Bella. _ele avançou mais um passo _E nunca vou abandonar.
Ela riu. _Você não estaria dizendo isso se soubesse por que estou aqui.
_Então me conta. Talvez eu possa ajudá-la...
_Não pode... _ela choramingou.
_Eu posso! Se eu não puder imediatamente, vou mover o inferno até poder. Eu juro, se você me der sua mão agora, Bella, eu faço tudo... Qualquer coisa...
_Estou grávida.
Rodolfo baixou a mão, chocado, e Bella deu-lhe um sorriso triste.
_Você pode ir embora agora. Todos foram. Não espero que você, justo você, faça algo diferente.
_Sírius... _ele balbuciou _Sírius Black é o pai...
_Meu filho não tem pai! _ela gritou, cheia de fúria. _Sírius Black não o quis, então ele jamais será seu pai! Meu filho! Não! Terá! Pai! _e virou-se novamente, respirando com dificuldade e encarando os trilhos que ficavam para trás.
Eles caíram em um longo silêncio perturbado apenas pela respiração silvosa de Bella, até que Rodolfo o quebrou:
_Eu posso ser o pai do seu filho.
Bella virou-se para ele novamente, chocada, achando que não tinha entendido bem. Rodolfo tinha o semblante calmo e a mão estendida novamente.
Ela não entendeu imediatamente. Franziu as sobrancelhas, achando que aquilo era apenas uma piada de péssimo gosto. Mas Rodolfo continuou ali, em pé, estendendo-lhe a mão.
_O quê? _ela perguntou com a voz fraca.
_Se você quiser _ele complementou.
_Mas... _ela continuou, confusa. _Eu deixei você... E esse bebê... Você lembraria disso... Lembraria do Sírius... Toda vez que o visse.
_Eu gosto de você, Bella. Você é forte, confiante, inteligente, e nós podemos ser grandes juntos _ele avançou mais um passo em sua direção _Eu estou disposto a criar esse bebê como se fosse meu filho, estou disposto a acreditar que ele é meu filho, se você estiver disposta a acreditar nisso também.
Bella virou-se novamente para os trilhos. Não conseguia acreditar naquilo. De todas as pessoas que ela achara que teria ao seu lado, Rodolfo não estava na lista. Ela o abandonara, o humilhara, e ainda assim ele nutria sentimentos por ela.
Não era o fato de estar desesperada, sozinha ou carente. Mas a nobreza que via naquilo tudo. Era o fato de que Rodolfo estava disposto a engolir o próprio orgulho porque queria estar ao seu lado. Nunca ninguém fizera nada como isso por ela antes.
De repente, ela se deu conta de que estivera fazendo tudo errado, insistindo em algo que nem valia a pena. Percebeu que fizera a escolha errada no baile de Natal, mas que ainda tinha uma chance de fazer o que era melhor para ela. Ainda tinha a chance de ficar com alguém que a amava de verdade, confiava nela, a respeitaria e cuidaria dela acima de tudo.
Lágrimas começaram a escorrer silenciosamente por seu rosto. Lentamente, Bella virou-se e estendeu a mão para ele. Rodolfo apertou-a com força e puxou a menina para seus braços.
_Eu... Eu não ia pular... _ela falou mais uma vez.
_Eu sei...
_Não ia... _ela repetiu com a voz baixa, e escondeu o rosto na curva de seu pescoço. A verdade é que ela precisava se convencer disso, porque não tinha tanta certeza.
***
Sírius estivera procurando Bella pelos vagões, mas não conseguiu acha-la em lugar nenhum. Estava voltando para o vagão que escolhera com os marotos quando literalmente atropelou uma menininha com pouco mais da metade de seu tamanho.
_Ei, olha por onde anda, salva-vidas de aquário!
_Grosso! _Tonks respondeu, recompondo-se _Você não estava olhando por onde andava!
_Desculpe, Tonks. _ele respondeu, tentando amenizar o mau humor que sentia _Não vi você daqui de cima.
Ela suspirou contrariada. _Eu estava procurando você, mesmo. Toma. _ela lhe estendeu um pedaço de papel. _Esse é o endereço da casa dos meus pais. _ela explicou enquanto ele lia o que estava escrito _Acho que minha mãe gostaria de vê-lo, agora que... Bom, você sabe... Você fugiu de casa.
_Isso não é só para você conseguir passar as férias como Remo, é?
Ela revirou os olhos. _Estou convidando você, seu malcriado. Não que eu vá reclamar caso ele apareça também, claro _ela piscou, batendo os longos cílios várias vezes. _Mas, bom... Não sei quais são seus planos para as férias, mas... Imaginei que você não gostaria de voltar para a casa dos Black.
_Não... _ele respondeu pensativo, guardando o papel. _Não vou voltar nunca mais para lá. Vou para a casa dos Potter, mas diga a Andrômeda que... _ele hesitou _Que eu adoraria vê-la.
Tonks sorriu. _Ok. Meu pai vai gostar muito de conhecê-lo. Apareça quando quiser. _e, acenando, saiu caminhando pelo corredor de portas corrediças.
_Tonks _ele chamou. _Obrigado. _ela sorriu mais uma vez e depois sumiu pela porta do vagão seguinte.
Restava um último vagão, mas Sírius não se sentia muito disposto a continuar procurando. Enfiou a mão no bolso e ficou revirando o papel que Tonks lhe dera, sem compreender como as coisas podiam ter se transformado tão rapidamente em um espaço tão curto de tempo.
***
_Ei, Almofadinhas, estávamos procurando você. _Thiago comentou, olhando preguiçosamente para o relógio de pulso.
_Parado aí não ia achar nunca _ele retrucou.
_Algum problema, Sírius? _Remo perguntou, franzindo as sobrancelhas por cima do livro que lia.
_Bella. Bella veio falar comigo. _ele respondeu desanimado, jogando-se em uma das poltronas da cabine.
As reações foram rápidas feito raios. Pedro deu um salto, alarmado, e sentou-se reto, como se tivesse engolido um cabo de vassoura, mas não disse nada. Lílian ergueu as sobrancelhas para Thiago. Ele a viu, mas ignorou-a deliberadamente.
_E... O que ela queria, Sírius? _ele perguntou, com cuidado.
_Não sei... Acho que ela queria me contar alguma coisa, mas... Eu não deixei.
_Não deixou? _Pedro se espichou, com esperança na voz _Defina não deixou.
_Eu... Eu não sei o que aconteceu. _ele apoiou a cabeça nas mãos abertas. _Ela disse que precisava falar comigo, que era urgente, que eu precisava dar uma chance a ela... _Lílian arregalou os olhos o máximo que pôde, mas Thiago continuou a não olhar para ela _E então ela começou a acusar vocês, acusar Pedro, _Rabicho perdeu o resto de cor _e eu... Eu a ataquei. _ele ergueu o rosto _Mas não foi de propósito! Minha varinha, ela agiu sozinha, não sei o que houve. Mas, quando dei por mim, ela estava no chão.
_Sua varinha agiu sozinha? _Remo perguntou interessado. Pedro respirou aliviado, e Lílian, cansada de ser ignorada, beliscou a perna do namorado com força.
_Lá fora! _ela exclamou depois de Thiago berrar. Com uma expressão emburrada e esfregando a perna, ele a seguiu para fora da cabine. Antes de fechar a porta, eles ainda puderam ouvir Pedro consolar Sírius:
_Não se preocupe com isso, essas coisas acontecem... Como? Procurá-la para se desculpar? Mas que absurdo, depois de tudo o que ela fez? Claro que ela não tinha nada importante para contar.
_Nós precisamos contar para ele! _ela exclamou com urgência, puxando-o pela blusa para longe da porta.
_Não sei do que está falando. _ele respondeu, sem se perturbar.
_Bella! Possivelmente grávida!! _ela apertou sua camiseta com mais força _Como pode não ter entendido? Você disse que ela o procuraria se estivesse realmente grávida! Ela está grávida! E ele não quis ouvir! Precisamos contar a ele!
_Lílian, acalme-se. _ele segurou seus dois ombros, olhando ao redor para ver se não tinha ninguém ouvindo _ Você não pode ter certeza de que ela queria falar sobre isso. Você viu o que ela queria. Acusar Pedro.
_Não, você não percebe. Ela só fez isso porque ele não quis ouvir. Tenho certeza de que se nós falarmos com ele, e ele falar com ela...
_Lílian, não. _seu olhar era tão duro quanto o tom de sua voz, e fez Lílian ficar estática, com os braços pendendo ao lado do corpo.
_Como pode ser tão cego, Thiago?
_Não é questão de ser cego. _ele parecia irritado _Mas você viu o que ela faz com Sírius. Ela faz mal a ele. E não serei eu quem vai falar que ele precisa conversar com ela.
_Você está sendo tendencioso. _ela apertou os olhos.
_Eu estou tentando proteger o meu amigo.
_E a Bella, Thiago? Quem vai protegê-la?
_Não é problema meu. _ele sibilou.
_E o bebê?
_Você não tem certeza de que existe um bebê!
_Então você não tem o que temer! Sírius não tem mais nada com ela, a não ser essa possível gravidez. Se não há bebê, deixe que ele descubra isso! _Thiago bufou _Thiago, e se fosse comigo? _Ele virou o rosto, mas ela o virou-se junto com ele, forçando-o a encará-la _E se fosse eu, e Sírius não quisesse lhe contar?
_Por que ele não iria querer me contar? Ele sabe que você, ao contrário de Bella, não me faz mal! Ele sabe que eu me sentiria bem com essa notícia.
_Você não entendeu aonde eu quero chegar, Thiago. _ela falou com calma _Eu quero que, por um momento, você pense em como eu me sentiria, e não em como você se sentiria. Tente pensar em como eu, grávida, me sentiria sozinha e com medo, sem conseguir falar com você. _Thiago permaneceu mudo _Agora, mesmo que Sírius não gostasse de mim, ou mesmo que você não gostasse mais de mim, iria gostar de saber que a mulher que você amou estava passando por isso?
Ele não respondeu, mas Lílian viu nisso um bom sinal.
_Thiago, você não é egoísta, embora tenha passado sete anos inteiros tentando convencer todos ao seu redor de que é. _então ela lhe deu um leve beijo no rosto e virou-se para voltar para a cabine _Não me diga que estou enganada.
***
Na:
Pessoal, sei que demorei horrores para aparecer com um capítulo neh?
:X
Desculpem, foi um longo período de falta de imaginação :(
Espero que vocês gostem, apesar disso :)
Aposto q ngm vai gostar do que a Bella escolheu fazer, mas do resto espero q gostem :)
Bjs!!!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!