Cap 1 -



The hardest thing.

Amanhecia lentamente, o Sol estava fraco e frio, o vento cortante geava cada singular canto daquele castelo, deixando os estudantes com vontade de continuar em suas camas e dormir pelo resto do dia. Alguns já estavam de pé, aquecidos até a alma da neve congelante que batia contra a vidraça.

As aulas começaram a exatamente três meses, e desde o primeiro dia de aula, as tarefas ocupavam qualquer tempo vago que os alunos do sétimo, e último, ano poderiam ter. Suas vidas agora tomariam um drástico rumo. A guerra eminente contra o bruxo das trevas era cada segundo mais aterrorizante e se tornava cada vez mais parte do cotidiano. As mortes que anunciavam nos jornais já não eram mais novidades, a virada dos dementadores para o lado das trevas também já era esperada.

Mas não era em nada disso que ele pensava, não era com nada disso que se preocupava. Pelo menos não agora. Não agora que tomaria a decisão que mudaria sua vida, mais do que qualquer guerra, ou qualquer exame que haveria futuramente. Cada um, afinal, tinha que seguir seus caminhos, fazer escolhas, e tomar responsabilidades por elas. Pensava ele enquanto caminhava decidido.

Afinal, ela havia feito uma escolha, e ele estava sendo a conseqüência dessa escolha. A decisão que ele estava tomando, ou pelos menos tentava tomar, era a baseado no que ela havia decidido. Complicado? Sim, mas é assim que a vida é. Além de injusta. Afinal, ele a amava. A amava mais do que tudo e do que todos. Ela era sua melhor amiga, sua guardiã de segredos. Ela era tudo pra ele. Eles se completavam. Mas ela não via isso. Ela estava ocupada demais com exames, e estudo. Evitando o que era inevitável. Adiando, o que era inadiável.

Mas ele ia mudar aquilo. Ele ia tomar uma escolha, e isso afetaria a vida dos dois. Afinal, por que era tão difícil assumir algo que já sabia? Qual era a dificuldade em mostrar ao restante o que ela escondia apenas pra ele? Ele era seu confidente não era? Era confidente o suficiente para ela revelar o que ela não queria revelar a mais ninguém. Mais ninguém, exceto ele.

Abriu a porta, onde sabia que ia encontrá-la. Lá estava ela, o cachecol em volta do pescoço, destacando sua pele alva e perfeita, com algumas sardas charmosas no nariz e embaixo dos olhos. Ao pisar na sala, os olhos verdes automaticamente se desviaram do livro que tinha em mãos e encontrou ele parado a sua frente.

‘‘We both know that i shouldn't be here
this is wrong.
And baby it's killing me
Its killing you-but both of us
gotta to be strong’’


- James? – Questionou surpresa. – O que faz aqui? – Voltou seu olhar para o livro, porém atenta ao garoto.

- Precisamos conversar. – Disse duro. Ela o olhou novamente.

- Sim, sobre?

- Nós. – Disse rapidamente girando os olhos.

- Não tenho nada a falar sobre isso. – Disse ela se tornando rígida na cadeira. – Não até você tomar sua decisão.

- Eu já tomei.

- E...? – Ela não tirou os olhos do livro, mas se levantou. – O que você decidiu?

Um segundo, e uma hesitação foram o suficiente para as palavras que ele diria, que já eram desnecessárias.

- Não podemos mais ficar juntos.

Um segundo, momento de choque e perplexidade. Esperava ouvir algo que negasse, mas isso não veio.

- O que? – Ela andou até ele, olhando para o moreno. – Como assim?

- Simplesmente assim. Eu tomei minha decisão.

- Mas eu...

- Não há nenhum ‘mas’, Lily.

‘‘I've got somewhere else to be
Promises to keep
Someone else who loves me
And trusted me fast asleep’’


- Como não há ‘mas’? – Ela estava nervosa. – Você me fez de boba todo esse tempo?

- Não, foi você quem me fez de bobo. – A voz dele estava alterada, mas sua expressão impassível. – Todo esse tempo eu estive aqui, Lily. Bem aqui. – Ele abriu os braços parecendo um pouco frustrado. – Na sua frente. Te apoiando, te abraçando, te beijando... te amando. E tudo o que você fez foi me usar.

- Eu nunca te usei James!

- Então por que tem que ser escondido, hãh? Por que o resto das pessoas não podem ver que estamos juntos?

- Eu só não acho que...

- Que eu seja digno de confiança. – Completou acusador.

- Não é isso! Como você pôde? Você sabe que...

- É tarde demais, de qualquer jeito. – Interrompeu rapidamente. Seus olhos saltando de um lugar para outro, procurando forças para continuar.

- Tarde demais? – Repetiu Lily confusa. – Por que?

- Existe outra pessoa.

E de fato existia. Pensou ele. Ela, diferente de Lily, estava lá quando perdeu o jogo no ano passado contra a Sonserina, ela estava lá quando perderam pra Corvinal esse ano. Enquanto Lily estava ocupada demais fugindo de seus fãs, ou com suas amigas, ou concentrada em deixar James de lado. Ele admitia que quadribol não era o melhor exemplo, mas achava que Lily era a que mais sabia o quanto o jogo significava pra ele. Claro que ela também o apoiara, mas fora as poucas ocasiões. E ele teria que esquecer o fato que o consolo de Lily, mesmo sendo raro, era sempre o mais eficaz, sempre o que mais acalmava. Pois era ao beijar Lily que James sentia a segurança máxima. Era ela quem o fazia ficar arrepiado. Era ao ouvir o riso dela que ele se sentia feliz. A outra era só por pena, compaixão, piedade, talvez um fundo de amor, apenas carinho.

“I've made up my mind
There is no turning back
She's been good to me
And she deserves better than that”


- Outra... Pessoa? – Repetiu abalada. Sua confiança e raiva acabaram instantaneamente. Todo aquele tempo ela achava que era o que ele queria.

- Sim, outra pessoa.

- Mas... Como? – Conteve as lágrimas e baixou os olhos enquanto ele respondia.

- Sua freqüente ausência me deixou assim. Ela estava lá pra mim, me confortando, enquanto você fingia que não havia nada entre nós. Ela não ligava para o que pensavam dela, mesmo estando ao meu lado.

As palavras dele eram facadas em seu coração. Pareciam falas de uma pessoa de teatro dramática. Decoradas e frias. Parecia que ele havia decorado e tentado repeti-las várias e várias vezes na frente do espelho, tentando passar o menor resquício de sentimento possível. Um nó surgiu na garganta da ruiva que se transformou na ardência de seus olhos. Controlou as lágrimas rapidamente.

Aquilo ainda não estava acabado. Ainda não. Ela não deixaria as coisas daquele jeito, era ainda cedo demais, incompleto demais. Era insuficiente para ela desistir.

- E tudo o que passamos? – Perguntou ela. – E todos os momentos? Eu sei que foram escondidos, mas ainda sim tem que significar algo para você. Elas significaram algo pra mim! Por que tem que ser diferente pra você?!

- Isso mesmo. Foram especiais, mas as coisas mudam, as pessoas mudam, assim como os meus desejos mudaram.

- Você não me quer mais, é isso? – Perguntou o encarando, mas ele desviou.

- Isso. Eu não te quero mais.

- Mentira. – Disse ela de repente. – Você esta mentindo.

- Eu não estou mentindo. – Disse pausadamente a encarando.

- Eu não acredito em você. James, nós temos uma história. Isso não pode acabar assim. A gente se ama, você não pode querer outra coisa da noite pro dia.

- É esse o seu problema! – Disse irritado se aproximando dela. – Isso não foi da noite pro dia Lily! Isso foi de semanas e mais semanas, foi desde quando você me desprezava até a sua falta de fé em mim!

- Eu não tenho falta de fé em você. Se você quiser, eu saio daqui agora e digo toda a verdade pra escola inteira! – Ela respondeu apontando pra porta. – Eu berro na frente de Londres inteira, que o que eu quero é você.

Por que ela dizia isso só agora? Pensou ele bravo. Por que ela não fora capaz de chegar pra ele antes e dizer tudo aquilo? Antes dele tomar sua decisão, antes de tentar aceitar o fato de viver sem Lily Evans em sua vida.

- Já disse: É tarde demais. – James disse entre dentes.

- Nunca é tarde demais, James! Você me ensinou isso! – Lily se aproximou dele. – Foi você quem me ensinou a persistir. A luta por aquilo que se ama, aquilo que se quer.

- Eu lutei tempo demais por você. – Pausou e tomou fôlego para continuar. – Estou cansado de lutar em vão.

- Não é em vão. Já disse, e repito quantas vezes for necessário: eu te amo, e eu vou lá fora agora e dizer isso ao resto das pessoas deste castelo.

Ela andou com o objetivo de passar por ele, mas o moreno a impediu, segurando seu braço.

- Não quero isso. Não te quero mais. Não vou magoá-la. Não sou capaz de fazer alguém sofrer.

- Eu estou sofrendo! – Reclamou ela tentando avançar.

“It's the hardest thing I'll ever have to do
To look you in the eye
And tell you I don't love you”


- Não me importo. – Respondeu frio, trazendo-a de frente pra ele novamente com certa agressividade.

- Como assim não se importa?

- Eu superei você.

- Mentira! – Gritou a garota. – EU JÁ DISSE! Não acredito em você!

- Não é nada além da verdade! – Disse quase berrando. Olhou pela janela. – Eu não te amo, Lily. Não mais. Não depois de tudo.

- Não fale desse jeito! Para de mentir.

Era simplesmente como se ele removesse a faca e a furasse repetidamente e incansavelmente. É como se ele pegasse todos os sonhos, todos os sentimentos dela e cortassem eles em milhões de pedaçinhos. Seus olhos se encheram de lágrimas, quase incontroláveis. Seus pés tremeram preocupadamente. Aquelas afirmações eram simplesmente inaceitáveis. Para ela ao menos. Para os dois, para tudo aquilo que significavam um pro outro. Ela não conseguia acreditar nele.

- Não é minha culpa se você vive de ilusões. Como já passei pela mesma coisa, a única coisa que tenho pra dizer é que pare de viver num sonho. Eles são bons demais pra se tornarem realidade e perfeitos demais para serem vividos por pessoas como nós.

Ele ameaçou de ir embora, mas Lily o segurou e o virou de frente pra ela, olhando-o nos olhos.

- Quero que diga que não me ama.

- Eu já disse.

- Quero que fale isso olhando em meus olhos. Quero que você olhe para mim e diga se isso é verdade. – Ele a olhou tão intensamente que o magnetismo entre eles era palpável. Eles ficaram três minutos, exatos três minutos. Os olhos perfeitamente bem desenhados de James escondiam a mentira através da máscara impassível de indiferença que tentava passar.

Finalmente, James abriu a boca tomando fôlego, e sem desviar os olhos das lindas esmeraldas de Lily disse.

- Eu. Não. Te. Amo.


“It's the hardest thing I'll ever have to lie
To show no emotion when you start to cry.”


O silêncio que se seguiu foi suficiente para as lágrimas começarem a escorrer como cachoeiras pelo rosto de Lily. O nó em sua garganta apertou instantaneamente, quase deixando-a sem ar.

- Eu... – Ela forçou as palavras a saírem. – Eu significo, alguma coisa, qualquer coisa, pra você?

James engoliu o choro que teimava em querer soluçar de sua garganta, estragando sua máscara tão bem encaixada em seu rosto, aparentemente frio e insensível.

- Ou eu fui... Apenas aquele desafio inalcançável, que acabou se tornando... Alcançável...? – Ele suspirou sem olhá-la antes de responder.

- Sinceramente, você já foi algo, mas como já disse, de novo, eu te superei.

“I can't let you see what you mean to me
When my hands are tied and my heart's not free
We're not meant to be”




Ele realmente não estava sendo tão sincero quanto queria. Não poderia, de qualquer jeito. Sabia que Lily estava sofrendo, sua única dúvida era quem estava sofrendo mais. Ele poderia enganar a ela, mas nunca a si mesmo. Queria poder, e de fato, já tentara. Mas era tão inútil quanto querer fazer chover num dia se seca. Tentar fazer si mesmo crer que nunca amara verdadeiramente Lily Evans, e que não a ama, era tão verdade quanto dizer que o Sol não brilha.

Era confortante pensar daquela maneira. Pensou ele, escondendo um sorriso, ao pensar que amar Lily Evans, como fazia cada segundo de sua vida, era como o calor que o sol possuía. A única diferença era que nada entraria na frente desse amor, frio, nuvens, incansáveis imprevistos. Nada era capaz de apagar o que ele sentia. Nem ele tinha esse poder. Estava, afinal, além da imaginação de qualquer ser. Talvez um dia. Mas o quão esse dia estava longe? O quanto teria que esperar para poder vê-la sem querer abraçá-la e beijá-la. Ele a amava, só que ela não podia saber disso.

- É isso então? Acabou? – Ela perguntou.

- Na verdade, nunca começou.

“ It's the hardest thing I'll ever had to do
To turn around and walk away
Pretending I don't love you”


- Eu sinto muito. – Sussurrou antes de se virar novamente.

- Não, você não sente. – Ela sussurrou de volta, mas James teve que continuar a andar. As coisas estavam saindo mais difíceis do que planejara. Mais alguns segundos ali seriam o suficiente para sucumbir e mostrar a verdadeira farsa que ele havia dito. Teria que explicar cada mentira, cada detalhe, cada raiva. E já era tarde demais, estava para sempre preso aquela mascara de mentiras que compôs com tanto suor.

--

A semana continuou e com ela veio o inverno, cobrindo toda a escola de Hogwarts com um manto branco e frio. A notícia de que James Potter estava namorando explodiu por entra as paredes antigas. A novidade era que não era com Lily Evans que ele formava par. Mas sim com a lufa-lufa antes jamais conhecida.

Andavam juntos freqüentemente, trocando carícias alternadas e as vezes um selinho aqui, outro acolá. Os marotos também gostavam dela, uma pessoa agradável e meiga de conversar, escondiam do quarto maroto a preferência que possuíam por Lily, uma pessoa mais viva e mais agradável, isso só o faria sofrer mais. Só o faria se perguntar se o que estava fazendo era certo. Se o que estava fazendo já não chegara ao limite.

A amizade entre Lily,Sirius e Remus cresceu gradativamente, mal eles sabiam que doía quando ela estava com eles, pois sabia que James estava sozinho com ela. Sabia que estavam trocando juras de amor, se beijando, se amando. De um modo que nunca mais poderia. Um sentimento que sabia que jamais sentiria de novo.

As perguntas freqüentes e inoportunas das outras pessoas a feriam como cortes, só aprofundando sua dor. O que mais doía, depois de ver os dois juntos, eram os comentários maliciosos e malignos do pessoal da Sonserina. Que não se cansavam de encher a paciência quase inexistente te Lily.
- Finalmente Potter recobrou a sanidade mental, não? Afinal, quem se apaixona por uma sangue-ruim como a Evans?

- Acho que ele percebeu que ela não passa de um verme. O que você acha Evans? Ele finalmente percebeu que você não era suficiente nem para um desafio de quinto ano?

- Agora que os marotos a abandonaram de uma vez, acho que podemos aplicar a arte que tanto queremos, aqui dentro do colégio.

De olhos fechados e quase sempre de cabeça erguida, Lily passava por eles, mas estava cansada de ser forte. Cansada de fingir que nada nunca aconteceu. Cansada de se sentir um lixo, uma pessoa inferior as outras. Nem as amigas, tão próximas e íntimas eram suficientes. Estava cansada de tudo, casada de todos. Cansada da própria dor.

Na quarta semana depois da ‘discussão’ de James e Lily, a ruiva caminhava determinada pelos corredores de Hogwarts na madrugada, cumprindo sua tarefa de Monitora-Chefe. Antigamente, ela e James combinavam de se encontrar para aproveitar a solidão da noite e ficarem juntos, escondidos. Mas agora ela saía alguns minutos antes do início da ronda, para evitar encontrar com ele sozinha.

Algumas salas que entrava estavam repletas de lembranças, saía rapidamente sem pesquisar mais a fundo se havia alguém na sala. Andava vagamente e inconsciente do caminho que tomava. Estava dez minutos adiantada, a esse horário, James provavelmente estava aproveitando para passar com a namorada, antes de se verem no dia seguinte.

“I know that we'll meet again
Fate has a place and time
So you can get on with your life
I've got to be cruel to be kind”


As lágrimas tentaram sair, e como já não lutava mais contra elas, Lily as deixou escapar, escorrendo pelo seu rosto antes delicadamente composto de alegria. Diferente de James, Lily deixou sua máscara de perfeição cair e mergulhou na tentação de chorar. Parou quando ouviu a conversa entre murmúrios vinda de uma porta entreaberta pela qual acabara de passar. Voltou lentamente cuidadosamente enxugando as lágrimas, ouvindo a voz de Severus Snape.

- Temos que ir rápido com isso, daqui a pouco a ronda dos monitores começa.

- Alguns alunos para torturarem me fariam muito bem, na verdade. – Respondeu outra voz de homem, a qual Lily sabia pertencer a Avery.

- O Lorde não quer que nós ajamos em Hogwarts. Não antes de amanhã, ao menos.

- Concordo com Snape. Seria imprudente desobedecer. – A voz vinha de Bellatiz Black surgiu pela primeira vez.

Lily era corajosa e imprudente o suficiente para agir sozinha. A raiva que estava sentindo de James, juntamente com a raiva que tinha pelos sonserinos, por Severus Snape, que uma vez pode chamar de melhor amigo fizeram com que sua mão terminasse de abrir a porta, sem se importar com a quantidade de oponentes que poderia ter.

Eles se calaram imediatamente ao ouvir a porta ranger e Lily entrar pela porta. Um sorriso malicioso passou pelo rosto de todos ali presentes, menos Severus Snape.

- O que estão fazendo aqui? – Perguntou ela rudemente. – Armando algum esqueminha sujo para seu Lorde precioso?

- Você é ousada demais, Evans. Ousada demais. – Disse Bellatiz sorrindo desdenhosa.

- Ou burra demais. Um pouco corajosa para vir nos enfrentar sozinha, só que acho que é certa imprudência. – Confirmou Avery.

- Que tal vocês saírem andando daqui? E eu prometo que não conto nada do que ouvi sobre Voldemort. Ah não! – Se interrompeu Lily fingindo ser boba. – Como eu poderia fazer isso quando tenho a oportunidade de ver todos vocês fora daqui.

- Como você pode falar o nome dele assim sua Sangue-ruim. – Disse Bellatriz agressiva.

- E outra Evans... – Continuou McNair se destacando das sombras. – Lá fora, só causaríamos mais caos do que já há.

- E quem disse que vocês estariam lá fora? Estava pensando em um lugar mais apropriado para pessoas como vocês, talvez Azkaban. Com uma sela especial para casaizinhos imundos, ou talvez um que esteja escrito: ‘Amante de Lorde Voldemort, amor que mira a psicose e loucura’ – Lily passou a mão no ar como se fosse a notícia escandalosa de um jornal. – Acha que assim é o suficientemente especial pra você, Black?

- Como você se atreve sua maldita... – Bellatriz ameaçou pegar a varinha, mas tarde demais, Lily já a desarmara. Cinco pares de varinhas foram sacadas e apontadas para a ruiva.

“Like Dr. Zhivago¹
All my love I'll be sending
And you will never know cuz
There can be no happy ending.”


- Uau, quanta coragem! Cinco contra uma. Não sabia que vocês temiam tanto a uma pessoa tão nojenta como eu!

- Podemos esperar qualquer coisa vinda da ralé! – Informou Avery, mas sorriu alegremente, seus olhos brilhando pela esperteza de seu plano. Inesperadamente as duas varinhas da mão de Lily voaram para ele. – Eu tive uma súbita iluminação Evans!

- E você acha que eu ligo? – Perguntou ela, ainda desafiando, mesmo desarmada.

- Claro que sim. Ou você não ama os seus maravilhosos amiguinhos marotos?

Lily de repente sentiu o ar ser puxado pra fora de seu corpo.

- Ou até mesmo do Potter? Será que ele não vai ficar incomodado quando ver seu corpo frio e sem vida no meio do Salão Principal?

- Acho que você já sabe a resposta para sua pergunta. – Lily disse tentando se manter impassíva.

- É que eu estava pensando...

- Não sabia que podia fazer isso!

- Que não tem graça matar você, sem que estejamos fazendo mal a alguém além de você mesma. – Ele continuou ignorando a interrupção dela.

- Acho que eles não se importariam muito. – Lily deu de ombros, tentando parecer indiferente. Era estranho estar conversando sobre sua morte tão calmamente, e ainda mais dizendo que ninguém ia se importar com esse fato.

- Então podemos concordar que você foi apenas um desafio nunca conquistado?

- Acho que sim. – Concordou calmamente sentindo o tão conhecido nó se instalar na garganta.

- É ai que a minha idéia chega. Que tal me deixarem a sós com a Evans?

Os outros o olharam confusos e intrigados, Snape com uma sensação desconfiada olhando-o nos olhos, tentando usar suas capacidades mentais para procurar o que ele queria fazer. Ficou rígido e quase exclamou, mas foi interrompido por Bellatriz que sorria.

- Claro... Vamos embora. – Disse ela feliz, se virando e dando as costas pra eles.

Snape quase ficou lá, mas McNair saiu as suas costas o empurrando para a saída. Deixando Avery e Lily a sós. Ele começou a andar de um lado para o outro, girando a varinha de Lily entre os dedos, fazendo-a se sentir imponente. O sorriso presunçoso no rosto pálido e com uma certa beleza arrogante fez com que Lily quisesse voltar no tempo, se estivesse com James eles provavelmente iriam pensar duas vezes antes de atacá-los. Pensar nele fez com que seu coração se apertasse, machucando-a.

- O que você acha de brincarmos um pouco?

- Não consigo imaginar um tipo de diversão que seja boa para nós dois.

- E não, minha idéia de diversão te traz certa dor. Crucio!

Lily caiu no chão sem se conter, sucumbindo a dor excruciante que a invadiu. Mil facas entravam por seu corpo, a risada febril e demoníaca do comensal só a fazia se sentir pior. Apertou os lábios para não berrar. Não daria esse gostinho a ele. Mas, talvez, se gritasse alguém poderia pegar ele no flagra. Não sabe quanto tempo ficou sendo torturada, e cada vez mais queria que James estivesse lá, mesmo ele a tendo superado, ele nunca seria capaz de deixar isso acontecer com ela.

Um berro fez com que o feitiço se rompesse, fazendo Lily recobrar a consciência lenta e dolorosamente. Um barulho de vidro se espatifando a fez abrir os olhos, enxergando vultos se movimentando de um lado para o outro. Feitiços eram ditos, até que com um baque, um dos vultos saiu correndo mancando da sala. Alguma coisa segurou os ombros de Lily e a sentou, apoiando-a na parede.

- Você é demente?! – A voz perguntou menos irritada do que quando gritava os feitiços e xingamentos.

A consciência finalmente voltou e Lily pôde encarar as orbes castanho-esverdeada com que tanto sonhava e ao mesmo tempo tanto odiava. Com choque em seu rosto, ela afastou as mãos de James e tentou se levantar, inutilmente, pois caiu com tudo no mesmo local.

- Deixe de ser ridícula. – Exclamou ele.

- Vá embora. – Ela respondeu sussurrando, as lágrimas voltando para seus olhos, mas as prendeu engolindo um seco. A proximidade dele era torturante.

- De nada por salvar sua vida.

- Nunca pedi nada a você.

- Queria que eu te deixasse morrer aqui?! Se quiser eu chamo ele de volta! – Algumas lágrimas escaparam, fazendo James murchar sua expressão brava. – Olha Lily eu...

- Não me venha com ‘Lily eu’! Não quero nada vindo de você! Estava ciente do meu risco quando interrompi a reuniãozinha dos....

- Reuniãozinha? Havia mais além dele?! – O tom de repreensão invadiu de novo a sua voz. – O que você tem na cabeça?!

- Não te interessa! Mas que droga! Vai embora daqui Potter! Eu realmente não preciso de você.

“It's the hardest thing I'll ever have to do”

Ela tentou se levantar mais uma vez, ficou de pé com o apoio da parede, a cabeça estava zonza e seu corpo estava mole demais. Começou a escorregar em direção ao chão, e foi amparada por James.

- Deixa eu te ajudar, ok? Sei que você não quer me ver nem pintado de ouro, mas você não consegue nem ficar em pé.

- Como se você se importasse. – Disse ela acidamente.

Não queria poder agradecer que ele estava ali. Seu momento de desespero foi tudo o que fez com que ela o desejasse ali. Agora que o via, mas não podia realmente apreciar que ele estava com ela, só a machucava mais e mais.

- Você é, afinal, um ser humano.

“To look you in the eye
And tell you I don't love you
It's the hardest thing I'll ever have to lie
To show no emotion when you start to cry”


- Isso não significara nada, OK? – Garantiu ele ao ver que Lily ia objetar. – Continuo com a minha decisão de antes.

- Será que você... – Lily começou mais se interrompeu.

Não queria parecer fraca perto dele, mas tantas vezes antes fora assim, tantas vezes antes fora para ele quem ela falava que não agüentava manter uma imagem de força, quando queria na verdade, era ser a pessoa frágil que ela era. Só ele conhecia esse lado de Lily Evans, a menina popular, viva e corajosa. Fora ele quem dissera que essa imagem era o que ela realmente era. Só que não precisava sempre ser forte, a mais inteligente, a mais alegre.

Com suas próprias palavras ele disse: ‘Até mesmo as melhores pessoas tem momentos de fraqueza, somos humanos, no fim.’

- Eu o que? – Perguntou um pouco mais ameno, observando-a.

- Será que você vê o quanto me magoa, quando me trata assim?

James desviou o olhar, observando suas mãos, tentando encontrar uma resposta para aquele sentimento reprimido. Ela estava seguindo seu conselho, como sempre fazia, desde o começo do ano. Ela estava mostrando que não era tão forte quanto aparentava. Estava demonstrando que ela tinha sentimentos, e o fazia se sentiu um homem vil, ele estava com nojo de si mesmo naquele momento. Com ódio. Como podia fazer ela sofrer daquele jeito? Ele a amava. Por que ela tinha que sofrer? Por que não podiam simplesmente ficar juntos?

“Maybe another time, another day
As much as I want to, I can't stay”


- Não há escolha Lily. – Disse James tentando disfarçar o choro, enxugou os olhos no ombro e fungou. – Seremos só amigos. – Mas ele sabia que isso não seria o suficiente. Para nenhum dos dois.

- Não. – Respondeu ela simplesmente. – Ainda não estou preparada para ter ver feliz com alguém que não seja eu. Talvez um dia, talvez uma hora. Mas ainda não.


“I don't want to live a lie
What can I do”


___________________________________________________

N/A: Ooi gente.
Entãaao, espero que vocês tenham gostado da fic, sinceramente, eu gostei,
mas sou meio suspeita pra falar porque não sei se ficou melhor na
minha cabeça do que nas linhas aqui, mas OK.
A música é simplesmente perfeita.

E reforçando pra se alguem nao leu, estou pensando em fazer
uma trilogia. Mas dai os outros dois capítulos vão ser baseados em outras
músicas. Espero que vocês gostem.

Beeeeeijos ♥

E pra tirar a dúvida que possa haver:

¹ - É um filme antigo que fala de um amor e talz.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.