Primeiro Dia.
O louro ouviu batidas fortes na porta principal. Droga, devia ser o auror! E ele ainda estava ali, olhando a rosa negra, feito um idiota.
Desceu as escadas quase correndo, então parou ao chegar perto do primeiro andar. Não podia chegar como um afobado. Passou os dedos pelas madeixas louras, em uma tentativa pouco útil de arrumar um pouco os fios rebeldes. Respirou fundo. Desceu o restante dos degraus lentamente, parando antes dos cinco últimos, quando finalmente pôde ver o auror.
Era uma moça, ele logo viu. Os cabelos vermelhos e brilhantes contrastavam com o ambiente cinzento do castelo. Ela e Amyllis, a elfa que tomava conta da mansão quando não havia ninguém lá, estavam conversando.
Ela era bonita, ele também percebeu. Tinha as bochechas rosadas e um cachecol roxo e verde que combinava perfeitamente com sua pele alva.
- Então, - Draco a ouviu dizer, quando finalmente pôde parar de se concentrar em sua aparência, e perceber sobre o que ela tanto falava. - Onde está o anfitrião?
Draco arqueou as sobrancelhas. Ela estava procurando por ele. Malfoy preparou seu melhor sorriso de escárnio antes de responder.
- Estou aqui!
A aurora virou a cabeça tão repentinamente que seus cabelos ruivos se bagunçaram, deixando-a com um ar ainda mais gracioso. Parecia bastante curiosa, e não era muito boa em disfarçar isso. Então, Draco viu.
Ele viu que ela tinha sardas espalhadas pelas bochechas rosadas e acima do nariz, viu os olhos grandes e amendoados, percebeu o tom alaranjado de ruivo que seus cabelos tinham.
Weasley. - Ele concluiu.
- Olá senhor Malfoy. - Ela cumprimentou, Draco terminou de descer os degraus que lhe faltavam e postou-se em frente à moça. A elfa, amedrontada, se retirou o mais rápido que pôde.
Draco riu. Deveria tratá-la bem, ele sabia. Mas ela era uma Weasley! E isso não estava em seus planos.
- Olá, Weasley fêmea. - Não resistiu. Ela pareceu não se importar muito e sorriu. Um sorriso um tanto desafiador.
- Vejo que ainda se lembra de alguma coisa dos nossos tempos de Hogwarts, não é Malfoy?
- Vejo que você também. Alias, não mudou nada. - Ele parou por um segundo, olhando-a da cabeça aos pés - Bom, talvez a qualidade das suas roupas tenha melhorado um pouco. Não precisa mais de vestes de segunda mão, certo?
Gina apontou o dedo na direção do rosto dele, repentinamente assustando-o. Era quase absurda, coisa que ele nunca admitiria e não deixou suas feições mostrarem.
- Preste bem atenção, Malfoy! - Ela ameaçou. Draco forjou uma expressão desleixada, como se não se importasse com uma palavra do que ela dizia. - Te coloco em Azkaban em um segundo, e então vamos ver quem de nós dois vai estar vestindo trapos!
Ficaram em silêncio. Draco apertou seus lábios por um segundo, o que demonstrava todo o seu desgosto, se prestasse muita atenção. Então ele segurou levemente o pulso da ruiva, abaixando o dedo que ainda apontava duramente para a sua cara. Não gostava de se subordinar a ninguém, e muito menos deixar que a outra pessoa tenha a última palavra. Mas, não tinha outra escolha. Era isso, ou Azkaban.
- Siga-me. - Ele disse, muito polidamente, e Gina arqueou levemente as sobrancelhas, seus braços cruzados e apertados ao corpo. - Vou lhe mostrar seus aposentos.
Ela abriu os grandes olhos azuis e olhou para o teto mais uma vez. Aquilo tudo parecia já ter acontecido tantas vezes, que ela nem sabia mais se era mesmo real.
Esticou a mão para o lado, procurando um corpo para que pudesse tocar. Nada. A cama estava intocada do lado direito, completamente arrumada. A loura não se movia muito ao dormir, e nunca bagunçava o outro lado da cama.
Não passara a noite com ninguém, de novo. Queria que aquilo fosse só um sonho ruim, mas não era.
Viúva, órfã. O que mais poderia acontecer com ela? Porque Deus havia feito isso com ela? Existia um Deus, alias?
Estava com a cabeça cheia demais, estava pensando demais. Resolveu tomar uma ducha, então. Uma ducha fria. Talvez assim acordasse desse pesadelo.
Levantou-se da cama. Olhou mais uma vez para ela, procurando um mínimo vestígio de presença humana. É, ele não estava mais ali...
Saiu do quarto e caminhou até o pequeno banheiro, da pequena casa. Era perfeita para os dois. Pequena, aconchegante... Perfeita para que ela criasse os filhos que eles teriam, os netos...
Sentiu a cerâmica fria sob seus pés descalços, mas não se preocupou em pegar um chinelo. Despiu-se completamente e ligou o chuveiro. Antes de entrar, no entanto, olhou-se no grande espelho acima de pia.
Os cabelos bonitos e louros estavam bagunçados, desgrenhados. Haviam bolsas escuras em baixo dos belos e grandes olhos azuis. Sentia-se velha, usada, desgastada.
Menos de um ano, - Ela pensou - menos de um ano casada...
- Oh, Aaron... Por que?
Então, entrou no chuveiro, sentindo a água gelada escorrendo por sua pele pálida e quente.
Gina jogou-se na cama, com alguma dificuldade para subir nela – Era extremamente alta! Essa, definitivamente, fora sua parte favorita de toda essa história de babá. Ela dormiria, a partir de hoje, em uma cama king size, mais alta do que poderia um dia imaginar que alguma cama seria. Parecia mais uma suíte presidencial do que um quarto de hospedes.
Analisou o local. Era grande, arejado. As paredes perfeitamente pintadas eram cinzas, o que deixava o local um pouco obscuro. Havia apenas uma janela, imensa. Ela ia do chão até quase o teto, mas suas cortinas de veludo escarlate – pesadas e grossas – Não deixavam com que a pouca luminosidade do dia de outono entrasse no quarto, impedindo também que Gina concluísse sua analise.
Levantou-se, decidida a abrir as cortinas empoeiradas. Andou até o outro lado do quarto, atenta ao chão, tentando não tropeçar em nada. Quando chegou lá, precisou usar um pouco de seu esforço para puxar as cortinas - mais pesadas do que ela podia imaginar – e prendê-las ao lado da janela.
Então, percebeu que não era apenas uma janela. Era uma sacada, pequena, mas aconchegante, que dava vista para o jardim da mansão. Os olhos de Ginny brilhavam enquanto ela se impressionava com tanta beleza. A aparência fria e sombria do castelo se quebrava quase que completamente enquanto ela admirava as cores e formas do jardim.
Quando finalmente pôde desgrudar seus olhos da beleza do lado de fora, saiu da sacada e voltou ao interior do quarto, – o vento frio batendo em seu rosto a ajudou nessa decisão – e tornou a observar os objetos que havia lá.
A primeira coisa que conseguiu prender sua atenção foi um quadro. Era um gatinho. Um filhote gordo e branquinho, que brincava alegremente com um novelo de lã azul claro, pulando de um lado para o outro. O novelo tinha a exata cor de seus olhos, e de momento em momento o gatinho encarava a ruiva, mexendo o nariz, atrapalhado. Ginny sorriu para o quadro, achando-o encantadoramente fofo.
Depois, ela procurou por outros quadros, sendo que talvez achasse algum outro animalzinho. Decepcionou-se ao perceber que aquele era o único no aposento.
Ginny percebeu que o quarto não tinha muitos móveis. Sua cama ficava no centro, encostada a uma parede. Na parede oposta, havia um pequeno armário de duas portas e ao lado dele uma cômoda relativamente grande. Ao lado de sua cama havia um pequeno criado-mudo, com um abajur cuja coloração combinava com as cortinas e o carpete que cobria o chão. Na outra parede havia uma penteadeira, com um espelho e uma gaveta. A sua frente jazia um pequeno banquinho e em cima dela uma escova de cabelos com aparência bem antiga. Bem ao lado da penteadeira, havia uma porta, que Ginny logo julgou como um banheiro. Sentiu-se aliviada por ter sido colocada em uma suíte, assim não teria que passear de roupão pela gigantesca mansão que nem ao menos conhecia. Todos os móveis e portas ali, eram feitas de um carvalho bastante escuro. A mobília tinha um aspecto bem antigo, mas o quarto tinha um certo ar feminino.
Passou a fuçar pelas gavetas da cômoda. As maiores, mais em baixo, estavam vazias, provavelmente para que Gina colocasse ali suas roupas. Porém, as duas de cima, que eram menores (metade das outras três) estavam abarrotadas de pergaminhos amarelos e de aparência extremamente antiga. A maior parte deles eram cartas, Gina logo concluiu. Mas, não abriu nenhuma. Estavam sem remetente e sem destinatário. Foi fuçando até bem no fundo da gaveta e encontrou uma foto.
A foto não se movia e nem era colorida. Nela havia um moço de aproximadamente uns 22 anos. O homem era pálido, tinha os cabelos louro platinados e os traços finos e aristocráticos. Ginny logo o reconheceu como Draco, mas a fotografia era antiga demais para ser ele. Olhou seu verso, procurando mais algum tipo de informação.
06/11/1442
Novembro de 1442? – Gina estranhou. A foto tinha quase 560 anos desde que foi tirada. A ruiva nem ao menos sabia que naquela época os bruxos já tinham acesso à fotografia! Não era possível... A data só podia estar errada!
Seus pensamentos, no entanto, foram interrompidos por batidas repetidas e firmes na porta de carvalho. Ginny, assustada, guardou a foto rapidamente de volta na gaveta e abriu a porta. Não pôde evitar soltar um suspiro da alívio, ao perceber que era Amyllis, não Draco.
- O almoço já estar serrrvido, senhorrita Weasley. Senhor te esperra parra comer.
Gina sorriu, agradecendo o aviso.
- Só um segundo Amyllis, preciso pegar uma coisa. – A ruiva já ia entrar no quarto, quando percebeu que a elfa continuava parada em frente à porta, a esperando para levá-la a sala de jantar – Pode ir descendo, diga ao Malfoy que eu não vou me demorar.
Amyllis não precisou ser mandada duas vezes. Logo, sem dizer uma palavra desceu as escada, seguindo até onde Draco estava. Era uma elfa obediente, educada e muito eficiente, no entanto era submissa em excesso. Ela era exatamente o tipo de elfo que Gina imaginaria na casa de um Malfoy.
Ginny entrou no quarto e pegou sua varinha, colocando-a no bolso. Nunca se sabe quando vai precisar dela enquanto se lida com Draco Malfoy.
- Oh, meu Merlin! Que confusão... – Exclamou Hermione, indignada.
Ela vestia uma calça social preta bastante justa, e um blazer da mesma cor. O salto alto de suas sandálias faziam barulho em quanto ela andava pelos corredores do Ministério da Magia.
Granger estava a caminho do restaurante, teria que almoçar o mais rápido possível, para depois voltar as toneladas de trabalho que precisava terminar. Só esperava que não tivesse que almoçar sozinha mais uma vez.
Segundo jornalistas do profeta diário, os próprios dementadores haviam escapado de Azkaban para perseguir os comensais da morte que ainda estavam livres e causando encrenca no mundo mágico. E, claro, Hermione era a responsável por arranjar uma maneira eficiente de levar as criaturas sombrias de volta para Azkaban e fazem com que fiquem lá.
Chegando ao pequeno restaurante que ficava ao lado do Ministério, Hermione procurou por alguma mesa vaga. Olhou atentamente pelo ambiente.
A maioria das mesas era para duas ou quatro pessoas, e estavam cobertas por toalhas verdes, que combinavam com as cortinas e os porta-guardanapos em cima das mesas.
Em um canto mais reservado do restaurante ela visualizou um jovem moço em uma mesa para dois. Ele parecia bastante entretido com seu profeta diário em mãos, e suas sobrancelhas arqueavam ou relaxavam enquanto ele analisava os fatos descritos no jornal.
Hermione sorriu, chegando mais perto de onde ele estava.
- Olá! – Ela cumprimentou, fazendo com que o jovem levantasse rápido a cabeça, se certificando de quem seria. Não que ele precisasse.
- Hermione! – Sorriu Harry, seus olhos mais verdes do que nunca continuavam escondidos atrás das lentes de seus óculos redondos. – Sente-se.
Hermione se sentou, pendurando sua bolsa no encosto da cadeira. Harry continuou a falar, entretanto.
- Há tanto tempo não podemos ter uma conversa tranqüila, não é? O ministério está realmente acabando conosco!
- Ah! Isso com certeza. – Hermione sorriu, encarando o amigo. – Esses dementadores acabam comigo... Estou toda abarrotada de trabalho.
Harry riu, parecia sem graça. Ele balançou levemente a cabeça, e deixou o jornal de lado, pegando o cardápio.
- Então, Mione? – Começou, passando os olhos rapidamente pelo cardápio – Já sabe o que vai pedir?
A morena olhou para ele. Seus olhos brilhantes, cabelos desarrumados e apontando para todos os lados. Estava com um sorriso grande, branco, verdadeiro. Ela se lembrou do menino de 11 anos que ela havia conhecido no caminho de Hogwarts, ele não tinha mudado muita coisa.
Draco estava de pé, na sala de jantar, esperando por ela. Esperando! Desde quando um Malfoy começou a esperar uma Weasley? Era o cúmulo dos absurdos!
Viu Amyllis descer as escadas e andar rapidamente em sua direção. Ela parou em frente ao loiro, e polidamente anunciou:
- A senhorrita Weasley já está descendo, senhor.
Weasel – Draco corrigiu-a em pensamentos zombeteiros, mas não soltou nenhuma palavra. O louro apenas acenou com a cabeça, e a elfa sabia que deveria se retirar.
Amyllis pediu licença e voltou para a cozinha.
Malfoy não teve que esperar mais muito tempo. Logo a ruiva descia as escada, um tanto afobada, mas ainda assim graciosa.
- Malfoy, já quase me perdi só ao descer do meu quarto! – Gina disse ao vê-lo, em tom de reclamação. Draco riu. Provavelmente Weasleys nunca tinham freqüentado lugares grandes como aquela mansão.
- Bom, Weasley. Se você não se importar, eu estou com fome. – Draco apontou para a mesa de jantar, cordialmente.
Gina se sentou, e Draco escolheu a cadeira de frente a ruiva. Os dois se serviram e passaram a comer em silêncio. Gina parecia um pouco incomodada com aquilo, as refeições em sua casa eram sempre barulhentas e agitadas, e aquele silêncio estava deixando-a nervosa.
- Então... – começou Gina, na esperança de começar algum tipo de conversa que não incluísse xingamentos e insultos. – É uma mansão muito grande essa, não é, Malfoy?
Ele levantou os olhos em direção a ela, estranhando sua repentina interrupção em uma refeição que, para ele, estava indo da maneira que devia estar.
- Sim, sim, Weasley. É bem grande. – Draco suspirou, entre uma garfada e outra – Eu mesmo não conheço todos os cômodos dela. Claro que para você vai ser mais difícil, já que você não está acostumada a lugares desse tamanho...
O rosto de Gina começou a ficar vermelho a medida que sua raiva pela arrogância e frieza do louro quase atingia seu limite.
- Mal posso esperar para encontrar uma prova de que você é cria de comensal, Malfoy! – Ela ameaçou, seus olhos estreitos não pareciam fazer com que Draco se sentisse diminuído, pelo contrario. Ele mantinha o sorriso de escárnio em seus lábios finos. – Meu maior prazer vai ser te jogar em Azkaban!
Draco pareceu ignorá-la e continuar a comer. Ela também continuou em silêncio, decidiu que nunca mais tentaria puxa um assunto ou tentar ter uma conversa civilizada com o louro.
Ele terminou e continuou sentado, esperando Gina esvaziar o prato. Quando os dois estavam satisfeitos, um elfo veio buscar os pratos usados e Amyllis, com a ajuda de outra elfa, trouxe as sobremesas. Terminaram de comer em silêncio mais uma vez. Draco repassava cuidadosamente as palavras da ruiva em sua cabeça.
Azkaban – pensou, tentando gravar seu objetivo em mente. – Eu nunca vou para lá.
- Então, - começou Draco, ele tentava puxar assunto talvez como uma forma de ''puxa-saquismo'' ou somente para descargo de consciência. – Você gosta de sorvete de framboesa?
Gina levantou o olhar – Antes tão concentrado em sua sobremesa – e lançou-o ao louro, que a olhava com compreensão. Ela arqueou as sobrancelhas, e seus lábios contornaram um discreto sorriso.
Ele nunca havia se sentido tão retardado. Você gosta de sorvete de framboesa? – que tipo de pergunta havia sido aquela?!
Draco respirou fundo, tentando se concentrar. Anotou mentalmente em sempre pensar cinco mil vezes antes de falar algo com a Weasley.
Ela, no entanto, não pareceu tão perturbada. Mordeu o lábio inferior muito discretamente, parecia pensar um pouco.
- É minha sobremesa favorita – Ela finalmente respondeu. Mas sua voz era séria demais, comparada a expressão em seu rosto.
Os dois ficaram alguns minutos em silencio, e voltaram a se concentrar em suas sobremesas.
- Eu quero conhecer a mansão – A ruiva afirmou, levantando-se da cadeira. Draco achou aquilo uma grande falta de educação! Afinal, ele ainda não havia terminado de comer. Tinha mesmo que ser uma Weasley. Tentou deixar a má educação da família deles um pouco de lado e afirmou com a cabeça. Se ela queria mesmo conhecer a mansão, que ficasse a vontade. – Você acha que pode pedir a Amyllis para que me acompanhe em um tipo de...
- Passeio turístico? – Draco interrompeu, sua voz e sua expressão eram fechadas, sérias. Mas por dentro, ele estava se acabando em risadas.
Ginny apenas revirou os olhos ao ouvir o comentário dele.
- Eu ia dizer apresentação, mas passeio turístico parece encaixar-se perfeitamente na situação, não é Malfoy?
Draco se permitiu um sorriso esnobe. Então, estalou os dedos.
- Sim, senhor? – Perguntou Amyllis, e Gina se perguntou de onde ela teria aparecido e como o fizera com tanta rapidez.
- Leve a Weasley para conhecer a mansão, hoje mais tarde. – A elfa afirmou com a cabeça, mas antes que ela pudesse se retirar, Draco emendou: - Mas não a leve ao último andar.
Amyllis concordou mais uma vez, e se dirigiu de volta aos seus afazeres.
Gina, - que assistia a cena um tanto indignada – resolveu reivindicar seus poderes como auror.
- Malfoy, você não pode me proibir de ir a lugar nenhum! Eu sou uma auror, - ela começou explicando, como se afirmasse para uma criança o porquê de 2 + 2 serem 4. – e eu estou aqui para investigar suas relações com as artes das trevas.
- Não há nada lá. – Ele respondeu simplesmente, ainda entretido com seu petit gateau.
- Então porque eu não posso ir? – Ela quase gritou, sua mão apertava firme a varinha que jazia em seu bolso.
- É proibida! – Draco olhou fundo nos olhos dela, de um jeito frio e grosso, tentando fazê-la entender que ela nunca, - NUNCA! – iria ao último andar da Mansão Malfoy francesa.
Gina fez questão de não deixar transparecer, mas o olhar do louro a deixara apavorada.
Maldito, maldito, maldito! – Xingava Gina, mentalmente. Era entrou em seu quarto, batendo a porta com força ao passar por ela.
Ela se sentou na cama, olhando o quadro. Ali estava o gatinho, brincando despreocupadamente com o novelo de lã.
Ginny respirou fundo, tentando se acalmar.
Você ganha para isso – Ela recordou.
Então, a ruiva levantou-se da cama, indo mais uma vez até a cômoda e pegando a foto. Olhou mais uma vez no verso. 1442. A data continuava lá, encarando-a.
Bufou. De raiva, ódio, frustração.
Resolveu analisar a fotografia. Era Draco, só podia ser ele. Tinha os mesmo traços, os mesmos cabelos, – porém um pouco mais curtos e bem penteados – até o estilo de se vestir dos dois era parecido.
No entanto, havia algo diferente. Algo que fazia com que Draco Malfoy e o jovem da fotografia fossem duas pessoas completamente distintas. Como se fossem gêmeos, idênticos por fora, e diferentes por dentro.
Gina procurou e procurou esse algo que fazia o moço tão diferente de Draco, e finalmente encontrou.
Seus olhos – ela concluiu – não eram frios e acinzentados como os de Draco. Eram apagados, azuis, tristes. Sua postura era arrogante, superior, mas seus olhos eram oblíquos, olhos de dissimulação.
Gina mordeu o lábio. Aquele cara devia ser mesmo um bastardo muito infeliz. – concluiu. Talvez fosse porque ele era um Malfoy. Não se espera que alguém seja feliz quando pertence a essa família.
A ruiva guardou o retrato mais uma vez na gaveta em que o encontrou, então resolveu tomar um bom banho, e clarear seus pensamentos.
Draco subiu as escadas, possesso. Se ela me deixou assim em um dia, – ele raciocinou – em um mês eu já estarei no St. Mungus, louco da cabeça!
Foi até o quarto mais alto da torre, mais uma vez. O louro olhou para o quadro, no fim do longo corredor, mas não havia nada lá. Claro, os mesmos móveis em carvalho continuavam lá, e toda a decoração. Mas a moça, havia sumido.
Ignorando o fato, já que ela poderia muito bem estar passeando pelos outros quadros, Draco entrou no quarto, encarando mais uma vez a rosa negra.
Ela continuava ali, parecendo impotente e amargurada. Estava seca, tinha um aspecto de muito antiga, e suas folhas cor de palha podiam ser facilmente quebradas, como as folhas secas desse outono, que cobriam as ruas de Paris.
Sentou-se na cama e ficou olhando. Talvez segundos, minutos, horas? Não sabia muito bem, mas acabou farto daquilo.
A rosa o intrigava, não havia dúvidas. Mas, porquê? Não era nada mais do que o símbolo de sua família, que ele fora obrigado a ver todos os dias desde o dia em que nasceu. Mas aquela não era apenas uma rosa velha e seca, ela era claramente encantada e até o mais tolo dos tolos saberia dizer isso. O que o deixava tão abismado era: Encantada para quê? Por quem? Qual seria o objetivo daquela rosa, e seria ele grande o bastante para que a flor se tornasse o brasão dos Malfoy?
O louro jogou-se na cama, visando o teto. Respirou fundo. Que grande perda de tempo – pensou, sentando-se novamente e olhando em volta mais uma vez.
Na parede mais afastada da cama, havia um grande e antigo armário, detalhado com desenhos de folhas no carvalho. Draco, curiosamente, sentiu-se atraído pelo objeto e resolveu averiguar.
Foi lentamente em direção a ele. Seu ar era de descaso, mas sua mente funcionava a mil por hora. Então, draco o abriu.
O abriu para encontrar um objeto grande em mármore, e dentro dele dançava uma substância azulada. O louro logo reconheceu. Uma penseira.
Mas, se ninguém mais morava ali, de quem era o objeto? Afinal, de quem seriam as lembranças que estavam guardadas ali dentro?
Então Draco, assustado, intrigado e confuso, saiu do quarto correndo e desceu as escadas o mais rápido que pôde. E ele se trancou em seu quarto, se protegendo.
Mas, aquilo não o protegeria de seus próprios pensamentos.
N/A: Decepcionada com os leitores da floreios e borrões. Costumavam ser os que mais me deixavam reviews (em meus antigos logins) e agora - que eu, modestamente, escrevo melhor que antes - Me deixam menos reviews e em outros sites e menos reviews até de quando eu era uma péssima escritora. Não, não não! Lógico que não vou parar de postar, mas quem sofre as consequencias disso são vocês. Ao contrario dos outros sites que eu coloquei esta fic, AQUI ELA VEM SEM REVISÃO. ou seja, assim que fica pronto o cap, eu ponho aqui (mas quando sai a revisão eu atualizo aqui, pode deixar) Anyways, estou dando menos à floreios e borrões, eu espera mais de vocês, galera! ~: então, QUERO COMENTÁRIOOOS!
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