Epílogo



Epílogo

A luz do sol refletia-se na neve e no gelo que a cobria como glacê, e assim a terra cintilava cristalina e pura. Todos chegariam ali daqui a pouco, pensou Hermione. Todos os Potter, com seu barulho e energia. E se reuniriam no prado, onde se erguia uma simples identificação de pedra da neve intocada, que projetava uma pequena sombra cinza no branco.
Mas ela chegou primeiro. Ela e o marido. A palavra, mesmo após três meses de casamento, ainda lhe fazia o coração tropeçar de alegria. Harry Potter era seu marido. Neste dia, o primeiro dia do ano novo, ela tinha amor, uma família, e o futuro lhe pertencia.
Deslizou a mão na dele, a mão que exibia o simples aro de ouro que sempre quisera no dedo. E juntos permaneceram.
- Era o que todos queriam. - disse Harry tranqüilo. - O reconhecimento por uma vida que terminou cedo demais. O reconhecimento é uma forma de paz, não acha?
- É o que a gente sente aqui, agora, no ar. E eu vou encontrar os descendentes da família dele. - Ela girou a cabeça e sorriu para Harry - Vai levar tempo, mas temos tempo.
- Eu vou ajudar você. - Ele inclinou a cabeça dela para um beijo. - Todos iremos. É um projeto Potter. E você precisa terminar de compilar seu livro. Eu quero o primeiro exemplar, quente, saído do prelo, de As lendas de Antietam, de Hermione Granger Potter.
- É dra. Potter para você. - ela disse e riu junto aos lábios dele. - Vou terminar o livro muito em breve agora. - Virou-se mais uma vez e tocou a mão na fria pedra que identificava a sepultura de um jovem. - E terminaremos o resto, juntos. E o que eles queriam de nós... John e Sarah.
- Ainda continuo a senti-los. Na casa. Na terra.
- Sempre sentiremos. - Contente, Hermione aconchegou-se nos braços do marido, quando o vento açoitou e disparou neve voando. - Mas é diferente agora. Sossegados.
- Sossegados. - Ele sorriu, apoiando a face no alto da cabeça dela. Era uma palavra que nunca esperaria aplicar a si mesmo. Mas como se encaixava bem, como ela se encaixava bem. - Eu amo você, Hermione.
- Eu sei. - Ela ainda sentia o coração inchar só de ouvir isso. - Eu amo você.
Era a hora perfeita, ela pensou. O lugar perfeito. Embora continuasse no círculo dos braços dele, ela inclinou a cabeça para trás. Queria ver o rosto de Harry quando lhe dissesse, ver o que surgiria nos olhos dele. Inspirou fundo porque as palavras, quando ditas pela primeira vez, eram muito preciosas.
- Vamos ter um bebe.
Os olhos dele ficaram totalmente sem expressão, e isso fez com que ela curvasse os lábios.
- Como?
Que delicioso, ela pensou, ter a chance de dizê-las mais uma vez.
- Vamos ter um bebê, daqui a pouco mais de oito meses. - Alargou o sorriso, os olhos marejados ao tomar-lhe a mão sem força e apertá-la no estômago. - Vamos ter um bebe. - repetiu pela terceira vez.
- Você está grávida. - A respiração saiu em um assobio, e os olhos dele não mais estavam sem expressão. Transmitiam choque, alegria e encantamento. Tudo que ela quisera ver inundou-os. - Nós estamos grávidos. - Baixou o olhar para as mãos juntas que cobriam um milagre. - Nosso bebê.
- Nosso bebê.
Então ela soltou uma sonora risada ao ser erguida no ar e rodopiada em violentos círculos, que levantaram a neve e fizeram-na voar à luz do sol.
Ele parou tão bruscamente quanto começara, e agora a preocupação e um toque de medo revelavam-se em seu rosto.
- Está se sentindo bem? Não está enjoada? Não come quase nada. Vai ter de começar a comer. Tem certeza de que está se sentindo bem?
- Maravilhosa. Invencível. - Ela tocou os lábios nos dele. - Eu me sinto amada.
- Hermione. - Ele deixou a boca demorar-se, então delicadamente aprofundou o beijo, e os braços que a embalaram puxaram-na mais para perto. - Você é amada. - A emoção o atravessou fluindo quando ela aninhou a cabeça em seu ombro. Minha mulher. Meu filho. - E um ciclo. - murmurou, baixando mais uma vez os olhos para a lápide de pedra. - De estação a estação.
- É. Se for um menino, gostaria de chamá-lo de Cameron.
- Parece certo. Tudo parece muito certo.
Ele ouviu os cachorros latindo ao longe, rápidos ganidos de alegria e reconhecimento.
- É a família chegando. - Ele a beijou mais uma vez, virou-se do prado drapejado de neve e caminhou de volta para a casa. - Não agüento esperar para dizer a eles que tem outro Potter a caminho. Precisamos de champanhe ou coisa assim. Oh, você não pode tomar álcool. Bem, vamos arranjar alguma coisa. - Ele baixou os olhos, rindo como um louco. - Ei, então foi por isso que não tomou nada na véspera do ano-novo.
- E, foi por isso. - Ela arqueou uma sobrancelha para ele. Perguntou-se se ele sabia que estava balbuciando, e sendo simplesmente tão adorável que ela tinha vontade de gargalhar. - Harry, pode me pôr no chão agora. - disse.
Ele apenas a abraçou mais.
- Não, não posso.
- Você não tem de me carregar até em casa.
- Tenho, sim. - Os olhos dos dois se encontraram e ele riu. - Você é minha. Eu tenho você agora, Hermione Potter. Não vou soltá-la.


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