Prólogo
Prólogo: Começando pelo final.
Zip. Plaft, ploft, blum. A garota continuava atirando pedras ao mar.
Ziiiip. Plaft, plaft, ploft, blum. Pelo menos estou ficando boa nisso, pensava, enquanto as pedrinhas ricocheteavam duas ou três vezes antes de afundarem na água escura.
Já estava começando a escurecer, o céu estava digno de uma pintura a óleo sobre tela.
Fazia mal em estar ali? No momento, ela não queria realmente saber. Estava um pouco assustada com o que lhe acontecia. Uma mistura confusa de emoções terríveis a deixava anestesiada. Começara por uma profunda tristeza, que se mesclava a coisas piores, como angústia e ressentimento.
Teria direito a sentir tudo aquilo? Talvez não, pensava. Talvez fosse melhor calçar as sandálias e voltar para casa.
Sentia-se estúpida. A pessoa mais estúpida da face da Terra. E a mais infeliz. Sabia que não era, claro, mas quando estamos tristes, tendemos a pensar que nossas dores são piores que qualquer outra coisa no mundo. Não era diferente com ela.
Estivera ali praticamente a tarde inteira, sentada a beira do píer refrescando os pés na água salgada, atirando pedrinhas, com o pensamento distante.
As lágrimas já se haviam esgotado, secando em seu rosto e deixando um leve rastro vermelho em seus olhos verde-amarelados. Os fios de cabelo haviam se emaranhado de maneira confusa, por causa do vento. Sua aparência não era das melhores.
As barras das jeans estavam completamente encharcadas quando ela se pôs de pé, respingando água e fazendo poças na calçada. As sandálias em mãos, balançando irregularmente de um lado para o outro.
Havia adiado aquele momento por horas e ainda não se sentia preparada para algo tão difícil, e ao mesmo tempo tão singelo, como o que pretendia fazer.
Era simbólico, mas de fundamental importância. E precisava ser feito agora, enquanto ela sentia na pele o impacto da realidade.
Encarou o horizonte, deslumbrada, como sempre, com os últimos raios de sol que mergulhavam no mar da Irlanda. Era esse o momento.
Ela fechou os olhos, como fazia quando criança antes de desejar à uma estrela cadente. Deixou que as lembranças a consumissem por alguns segundos que pareceram horas. Os flashes pareciam cutucar-lhe as feridas cruelmente, os sons e os cheiros cravavam espinhos, cada vez mais fundo. Algumas lágrimas, as únicas que ainda lhe restavam, escaparam pelo canto de seus olhos ainda firmemente selados.
Com um último e profundo suspiro, realizou mentalmente a tarefa que pretendia. Guardara as lembranças todas, uma por uma, numa gaveta trancada a sete chaves em seu coração.
Faltava ainda uma última parte, a mais difícil. Tomou fôlego, sentindo que a qualquer momento iria desabar, mas permanecendo firme com todas as forças que ainda lhe restavam.
De uma só vez, em alto e bom som, pronunciou as palavras que pareciam capazes de despedaçá-la a qualquer momento:
N/A: Sinceramente, espero que essa fanfic não empaque. E claro, espero que agrade :]
anúncio
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!