CAPÍTULO III - CONVERSAS ESCLA



Oi gente. Postei esse capítulo em 03/04/2011. Nesta mesma data fiz algumas correções nos capítulos anteriores... Não deixem de ler e de comentar...

bjos



CAPÍTULO III – CONVERSAS ESCLARECEDORAS


 


- Não parece uma destruidora de lares.


 


Quando ouviu essa frase, Pansy Parkinson Zabine desviou os olhos da revista que lia e olhou para a pessoa de quem a secretária de seu marido falava. Era Gabrielle Delacourt.


 


Sem querer incentivar a intriga e disposta a conversar com o marido sobre isso em sua sala, Pansy continou a olhar a revista mas ficou atenda à conversa entre as duas funcionárias da empresa do marido e do amigo.


 


- O Malfoy só pode estar traindo a esposa com ela. Já cansei de vê-la aqui. Quase como se marcasse presença. Sem contar que dá dó da esposa dele. Ela liga para cá sendo que ele já saiu sempre. Pelo visto não vai para casa.


 


Pansy teve que se segurar de raiva. Se isso fosse verdade, o Draco merecia apanhar, ou melhor ser capado. Qualquer um que se arriscasse a ter uma relação com a Delacourt só podia ter um parafuso a menos. Ela preferia crer que ele não tinha. Pelo que ela sabia, a francesa fazia algumas propagandas para a empresa. Só isso justificaria sua presença ali. Nem queria pensar na possibilidade de ser verdade o que as duas fofoqueiras falaram. Draco tinha muitos defeitos, mas não era desleal com os seus. E ela tinha certeza que ele amava a esposa de verdade. Só tinha um jeito horroroso de demonstrar isso.


 


 


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Pansy estava sentada na escrivaninha de seu marido com as pernas cruzadas. Ela as balançava maliciosamente e com certeza com a intenção de manipulá-lo. Blaise não tinha dúvidas. Ela estava sendo muito óbvia e esse não era o seu estilo. Era sinal de que estava desesperada para arrancar alguma informação dele.


 


- Eu escutei uma conversa bem interessante nos corredores... – Ela balançou as pernas novamente e fez um biquinho.


 


- Não vai me contar o teor?


 


- Depende. Vai me dizer se é verdade?


 


- Uhum... Estamos diante de uma negociação aqui?


 


- Com certeza. Tem algum prêmio que deseje?


 


- Quem sabe eu tenha. Não vai me dizer o teor da conversa?


 


- Não antes de me prometer que vai me falar a verdade sobre o assunto que ela envolve.


 


- Não. Isso é como um cheque em branco. Pode ser que diga respeito a um segredo que não é meu.


 


- Você sabe de que conversa estou falando?


 


- Não. Só estou me precavendo.


 


- Bom. O seu radar está bem preciso. Pode ser que diga respeito a um segredo de outra pessoa, mas eu quero que me conte a verdade mesmo assim. – Pansy levantou-se da escrivaninha, cruzou os braços e começou a andar pelo cômodo. Esse era um sinal claro de nervosismo. Blaise não constumava brincar com a Pan nervosa. Não era uma cena agradável de se ver. Ademais, ele presava a sua integridade física.


 


- Tudo bem, Pan. Você ganhou. Eu falo a verdade. Mas se entender que o segredo é grave, ele morre nessa sala. Não vou querer uma palavra sobre ele fora daqui. Entendeu? – Blaise viu a esposa assentir a contragosto. Ele sabia que isso não a impediria de se meter. Ela não conseguiria. Só a faria ser mais discreta.


 


- Eu ouvi dizer que o Draco trai a Hermione com a Delacourt.


 


Com certeza, Blaise não esperava por isso. Agora, ele estava entre a cruz e a espada. Ou melhor, ele estava entre a esposa e o melhor amigo. Chegou a engolir em seco. Respirou fundo. Esse assunto o desgostava por demais. Só não era pior do que o de dias antes quando falaram da forma como os Malfoy tratam a filha caçula.


 


- Ele não trai a Hermione agora. Ele já traiu uma vez há muito tempo. Hoje, ele só suporta a Delacourt como garota propaganda porque ela é um rosto que vende muitos produtos. Só por isso. Não que ela não o tente sempre que pode. Só aconteceu uma vez, Pan. Ele se arrepende disso desde então.


 


- Como ele pode? E com a Delacourt?


 


- Faz muito tempo, Pan. Ele se martiriza por isso. Eu nem consigo brigar com ele por isso. Ele estava tão sem rumo na época.


 


- Sem rumo? Então foi quando a Hermione esteve no hospital? Que cafajeste!


 


- Pan. Ele estava arrasado.


 


- E a esposa dele estava quase morrendo. Ele devia estar no hospital...


 


- Ele ficou no hospital quase o tempo todo... Foi só um lapso de lucidez.


 


- Um lapso? Espero que você não tenha lapsos. – ameaçou a ex-sonserina. – Não consigo acreditar. Ele não pode se perdoar mesmo. Não sei como teve coragem.


 


 


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Draco Malfoy acordou sobressaltado com um barulho de choro. Percebeu que sua esposa não estava deitada ao seu lado. Bocejou sonolento enquanto vestia sua calça jeans decidido a investigar o barulho que o acordou, inclusive para saber o motivo dele. O relógio na mesa-de-cabeceira mostrava que passava um pouco de uma da manhã.


 


Logo que ouviu o choro, demorou alguns minutos para se orientar e descobrir de onde vinha. Vinha do jardim de inverno situado perto do salão de música (local em que ficava o piano que só era tocado por Samantha) no andar de baixo.


 


Draco ouviu outro soluço.


 


Descalço, desceu silenciosamente a escada para investigar, certo de que não era sua imaginação. Quando chegou ao pé da escada, ouviu outra vez um soluço e teve certeza que vinha do jardim de inverno.


 


Abriu a porta dupla e envidraçada e saiu para o jardim. Era abril e a primavera estava no ar. Uma lua cheia brilhava no céu e iluminava o jardim.


 


Não viu nada de anormal. Estava quase virando para voltar ao quarto, pois Hermione devia estar na biblioteca e não no jardim, quando viu um movimento mais de uma figura mais para ser um animal de quatro patas.


 


Firmou o olhar quando percebeu alguém curvado. Era Hermione. Ela não queria que ele a visse chorando e estava se escondendo. Imediatamente sentiu um aperto no coração.


 


Draco podia ter ido falar com Hermione. Pansy diria que era o que ele devia ter feito, ainda mais depois daquela revista eletrônica publicar que ele estava tendo um affair com a modelo Gabrielle Delacourt. Ele não teve coragem. Silenciosamente, voltou para dentro da casa e subiu as escadas.


 


Hermione respirou aliviada quando viu o marido entrar na casa. Com certeza, não era o melhor momento para conversar. Ela não estava pronta para isso ainda. O pior era não saber que devia confiar nele ou não. Ela queria, mas não estava fácil com o comportamento dele.


 


Ao ouvir um barulho, ela parou e virou-se. Segurou um grito estridente ao dar de cara com o marido. Tal visão tirou-lhe o fôlego. Sempre lhe tirava o fôlego. Quando ele saiu da escuridão descalço e vestindo apenas uma calça jeans, ela olhou primeiramente para seu peito nu e depois para seus magníficos olhos azuis. Ela não se acostumava. Ele era alto, forte, musculoso e magro. Tinha a pele branca com um leve bronzeado. Não era o tipo que a leva a abrir fogo, mas suscita outro tipo de fogo.


 


O primeiro pensamento de Hermione foi sair correndo. Definitivamente, não estava pronta para uma conversa sobre a fidelidade dele agora. Mas não conseguiu se mover, parecia estar presa ao chão.


 


Draco pôde perceber o pânico nos olhos da esposa e sabia que ela estava prestes a sair correndo. Sentiu uma dor ao pensar que a assustava.


 


- Hermione não vá. Precisamos falar sobre isso. O fato de se esconder no jardim já demonstra isso, bem como fato de eu quase fugir para não falar sobre isso também.


 


Ele olhou seus olhos arregalados, brilhantes e com lágrimas escapando e percebeu que ela tinha os olhos castanho-escuros mais incríveis que já tinha visto em uma mulher.


 


Ela vestia um moletom surrado.


 


Ele observou quando ela deu um passo para trás, e pôde vê-la melhor, de repente ficando sem ar. Havia algo nela que balançava seu coração de uma forma diferente. Sempre fora assim.


 


Recobrando a coragem, Hermione perguntou:


 


- Você tem um caso com a Delacourt?


 


- Não. – Draco não viu problema em omitir o caso anterior. Foi uma noite infeliz. Não devia ter acontecido e era melhor deixá-la no passado. Ele não estava mentindo. Agora ele não tinha um caso com a francesa.


 


Hermione respirou aliviada. Ela queria acreditar no marido.


 


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Em uma quinta-feira, surpreendentemente, Draco chegou em casa mais cedo. Foi informado por Tiphy que Matthew estava jogando quadribol e que Amanda e Hermione tinham ido ao shopping.


 


A casa estava bastante silenciosa sem os dois filhos discutindo. Amanda e Matthew sempre discutiam.


 


Draco andou pela casa ainda incerto se iria sair ou se ficaria em casa. Parou na sala de música. Sua filha de 8 anos dedilhava no piano.


 


Quando ela se virou, os olhares se encontraram por um breve momento – daqueles de tirar o fôlego.


 


- Boa noite, pai.


 


Foi quando ele percebeu que a emoção que ela tentava ocultar era um lampejo de dor.  Os olhos dela se afastaram rapidamente, mas, o dano estava feito. Subitamente, Draco queria protegê-la, abraçá-la... Ele não costumava pensar nessa forma da filha caçula. Ao mesmo tempo quis afastá-la o máximo possível.


 


- Boa noite, Sam. Não quis ir com sua mãe e irmã ao shopping?


 


- Não. Elas ficam horas lá. – respondeu a menina com os olhos baixos. Samantha respirou funto e levantou os olhos. Eu consigo, eu consigo. Ela repetia mentalmente antes de indagar: - Pai, você acha que eu não sou sua filha?


 


Depois de perguntar, Sam parecia ter tirado um enorme peso das costas. Ela já tinha ouvido de Harry Potter que não era filha dele. Fez essa pergunta porque queria saber se o seu pai acreditava no que a mulher disse.


 


Draco quase não acreditou que sua filha tinha tido a coragem de perguntar isso. Quando ouviu a pergunta sentiu como se levasse um choque. Não era possível que ela acreditasse que era filha do Potter.


 


- Não. Eu sei que você é minha filha. – afirmou Draco, sentando-se ao lado da menina.


 


- Eu também sei. – ao ouvir isso, Draco respirou aliviado.


 


- Não achei que iria se preocupar com essa fofoca. Você é mais inteligente do que isso. – meio desajeitado, Draco abraçou a menina.


 


Depois de um momento de expressão de sentimento ao qual não estava acostumado, Draco se levantou e chamou a filha para irem jantar.


 


Sam andava ao lado de seu pai até a sala de jantar. Ela tinha que falar. Estava entalado em sua garganta. Talvez não tivesse outra oportunidade para dizer isso. Quase nunca ficavam sozinhos.


 


- Pai... Eu amo você. – falou Sam e saiu correndo para a sala de jantar. Correu por medo da reação do pai. Era esperado que ele dissesse que a amava também. Mesmo que não fosse verdade, ele diria que a amava. Sam não queria ouvir isso – não sem ter certeza de que era verdade.


 


Draco ficou desconcertado com a atitude da menina. Foi bom ela ter corrido. Teria ficado assutada e chateada se tivesse percebido que o pai não tinha tido reação nenhuma. De longe parecia pensar se a amava ou não. Foi uma sorte Sam não ter visto isso.


 


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Era um ritual. Não chegavaa ser programado. Era só uma rotina que assustava a todos por sua constância. Todas as manhãs, por volta das sete horas, West, o mordomo, abria a pesada porta da frente da casa de Viktor Krum e recebia um exemplar do jornal das mãos de um elfo.


 


Depois de fechar a porta, West atravessava o hall de entrada e entregava o jornal a outro elfo, à espera no pé da escada.


 


- O exemplar do jornal para o embaixador — anunciava.


 


O elfo levava o jornal até a sala de jantar, onde Victor Krum geralmente tomava o seu café da manhã e lia a correspondência.


 


- Seu exemplar do jornal e da rede, senhor — o elfo murmurava, colocando o jornal ao lado da xícara de café do marquês e retirando seu prato.


 


Sem dizer uma palavra, Victor apanhava o jornal e o abria.


 


Tudo isso acontecia com a mais absoluta precisão, uma vez que o embaixador era um patrão exigente, que fazia questão de ter tudo funcionando em suas propriedades como máquinas muito bem reguladas.


 


Os criados o temiam, tratando-o como a uma divindade assustadora e inatingível, que todos se esforçavam ao máximo para agradar. Quem visse de longe pensaria que a casa era robotizada ou que todos estavam sob o feitiço imperius.


 


As beldades que Victor levava a bailes, óperas, teatro e, claro para a cama, sentiam o mesmo, uma vez que ele as tratava com apenas um pouco mais de calor humano do que dedicava aos criados. Ainda assim, as mulheres o observavam com olhares desejosos, aonde quer que ele fosse, pois, apesar de atitude cínica, Victor parecia envolvido por uma aura de virilidade que fazia os corações femininos dispararem.


 


Seus cabelos eram negros como carvão, os olhos penetrantes, negros como onix, os lábios firmes e sensuais. Uma força implacável parecia esculpida em cada um dos traços que constituíam o rosto bonito e bronzeado, desde as sobrancelhas retas e espessas até o queixo  arrogante. Até mesmo sua compleição física era extremamente masculina, com sua estatura de um metro e oitenta e oito, ombros largos, quadris estreitos e pernas longas e musculosas. Montado sobre uma vassoura, ou dançando em um baile, Victor Krum destacava-se dos demais representantes do sexo masculino como um felino selvagem cercado por gatinhos indefesos.


 


Como lady paparazzi apontara, o embaixador era perigosamente atraente como o pecado e, sem dúvida, igualmente perverso.


 


Tal opinião era partilhada por muitos, uma vez que quem quer que fitasse aqueles cínicos olhos negros saberia dizer que não restava nem sequer uma fibra de inocência ou ingenuidade naquele corpo espetacular. Apesar disso, ou melhor, por causa disso, as mulheres eram atraídas para ele como mariposas para uma tocha, ansiosas para provarem do seu ardor, ou simplesmente se deleitarem com um de seus raros sorrisos. As casadas planejavam ardis para ocupar-lhe a cama, enquanto as solteiras sonhavam em ser aquela que derreteria seu coração de gelo, fazendo-o ajoelhar-se a seus pés.


 


Alguns acreditavam que Victor possuía razões de sobra para ser cínico no tocante às mulheres. Todos sabiam que ele foi apaixonado por Hermione (que segundo a versao corrente havia preferido Harry Potter e que se casou depois com Draco Malfoy) e que havia se casado com uma comensal da morte para garantir a legitimidade de seu filho. Sem contar que o comportamento de sua esposa enquanto estava grávida havia sido sempre escandaloso. A belíssima Ivana Krum ocupara-se em se envolver em um romance atrás do outro, sem a menor preocupação em ser discreta. Traíra o marido repetidas vezes. Todos sabiam, inclusive Victor Krum, que parecia não se importar...


 


O elfo doméstico postou-se ao lado da cadeira de Victor Krum, segurando um delicado bule de prata.


 


- Aceita mais café, milorde?


 


O embaixador sacudiu a cabeça e virou a página do jornal. O elfo curvou-se e começou a se afastar, habituado ao fato de o patrão raramente se dar ao trabalho de falar com os criados. A verdade era que ele não sabia o nome da maioria deles, não sabia nada sobre eles e não se importava. Mas, ao menos, não era dado a maus-tratos, como a maioria dos bruxos com um histórico ligado às artes das trevas como dele. Quando contrariado, o embaixador se limitava a dirigir um olhar gelado ao responsável pelo seu desgosto, sempre atingindo o objetivo de deixá-lo petrificado. Nunca, nem mesmo diante da mais extrema provocação, Victor Krum erguia a voz.


 


E foi justamente por isso que o elfo quase derrubou o bule de café quando Victor deu um murro na mesa, gritando:


 


- Não acredito. Aquele miseravel. – pôs-se de pé, o rosto transformado em uma máscara de fúria. – Aquele madito patife metido a heroi... e aquele idiota do Malfoy... Não sei qual dos dois é pior.


 


Lançando um olhar faiscante na direção do pobre elfo, saiu da sala, apanhou a capa com o mordomo e se dirigiu para a lareira.


 


West fechou a porta da frente e correu até a sala de jantar.


 


- O que aconteceu com o embaixador? — inquiriu.


 


O elfo, ainda segurando o bule de café, encontrava-se inclinado sobre o jornal aberto.


 


- Acho que foi esta notícia do Rede dizendo que a filha caçula da Malfoy é filha do Potter e a que diz que o Sr. Malfoy tem um caso com a Srta. Delacourt. — o rapaz murmurou, apontando para a revista. — Eu não sabia que o lorde estava pensando “nela” ainda, depois de tanto tempo.


 


- Resta saber se ele mesmo sabia ou se tinha disfaçado tao bem que comecou a acreditar que tinha se livrado do sentimento. — West questionou, pensativo.


 


De repente, West deu-se conta de que acabara de cometer um deslize imperdoável, envolvendo-se em fofocas. Assim, fechou o jornal com ar autoritário.


 


De longe, o magro e apático filho de Victor tinha ouvido tudo. Para ele, pareceu que seu pai é que queria ser o pai daquela menina. O que será que ela tinha de tão especial?


 


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Em uma família um pouco anormal para se dizer o mínimo e muito pouco conhecida “de verdade” por quase todos, um menininho de 9 anos estava em seu quarto sentado no chão ao lado da cama. Havia desrespeitado as quatro regras mais importantes que tinha inventado. Havia ficado mais tempo na presença do pai. Não que essa tenha sido a sua intenção. Longe disso! Só queria passar mais tempo com a sua mãe.


 


Ninguém podia culpá-lo – nem por querer distância do pai, nem por querer passar mais tempo perto da mãe. Em geral, ele conseguia conciliar bem esses dois objetivos. Por quê o dia de hoje foi diferente? Foi diferente porque seu pai, que era medi-bruxo havia decidido passar o dia em casa. Marco (nome do menino) pensou que era só esperar um tempo – suportar a presença de seu pai por um tempo – que poderia ficar tranqüilo com sua mãe. Ledo engano o seu. Sem avisar – seria muito esperar que Stefano Salvatore avisasse alguém de seus planos – seu pai havia ficado em casa.


 


A simples presença de Marco na sala, pois não queria deixar a mãe sozinha, foi motivo para confusão. Stefano podia ser bem maldoso quando queria. Essa sua característica era de conhecimento restrito.


 


Considerando a sua relação com pai e a sua particular emissão de veneno e de maldade, Marco criou quatro princípios pelos quais ele regia a sua relação com o pai a fim de manter seu bom humor, sua integridade (física e psíquica), sua prudência e a paz para sua mãe:


1º) não conversar com ele a menos que fosse absolutamente necessário;


2º) fazer o mais breves possíves todas as conversas absolutamente necessárias;


3º) no caso de que fosse necessário dizer algo mais do que uma simples saudação, sempre era melhor que houvesse outra pessoa presente (sem ser a sua mãe); e


4º) com o fim de tornar realidade dos três primeiros princípios, Marco devia conduzir-se de maneira que pudesse receber todos os convites que fosse possível para passar as férias e feriados com amigos ou com os avós. Vale dizer: não em casa. Longe de seu pai.


 


Apesar de tentar seguir o 4º princípio, Marco via um grande problema nele: afastar-se de sua mãe. Esse mesmo problema existia quando o assunto era a escola de magia. Marco estava animado em ir para Hogwarts. O problema era deixar a sua mãe sozinha com o pai e ficar longe dela. Queria iria protegê-la se ele não estivesse por perto.


 


Muitos se perguntariam como um menino de 9 anos pode proteger a mãe. A resposta para essa pergunta é simples. Marco sempre que possível tenta se afastar do pai. Contudo, quando percebe que pode haver uma briga entre seus pais, Marco atrai a raiva do pai para si. Esse estratégia tem funcionado bem. Não se pode negar, que a responsabilidade de evitar brigas entre os pais é muito grande para uma criança.


 


Não pense que por conta de tudo isso Marco é uma criança introvertida e triste. Ele é extrovertido. Tem facilidade para encontrar amigos e encontra refúgio na música. Como diz Anna Salvatore, a música é a “terra do nunca” do seu filho – seu lugar especial.


 


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Luc Krum tinha muito poucas lembranças de sua avó, que tinha morrido quando ele tinha cinco anos, embora recordasse quando lhe revolvia o cabelo e ria porque ele nunca estava sério.


 


"É meu diabinho - lhe dizia, e depois lhe sussurrava -  Não perca isso. Faça o que fizer, não perca isso." – Ela não dizia isso porque era dado a aprontar ou a fazer artes, mas sim porque se esforçava para irritar o pai sempre que tinha oportunidade.


 


Com certeza, sua avó tinha gostado de Luc como ele era e não tentando mudá-lo, assim como o pai tenta a cada oportunidade. Era ela e ainda é, mesmo depois de morta, o pilar que sustenta a educação e o caráter de Luc Krum. Disso não resta dúvida.


 


Não o tinha perdido. Definitivamente, não era uma robô pré-programado como seu pai e os que o rodeavam. Tinha certeza que seu pai odiava isso. Podia-se dizer que Luc era uma obra em construção que destoava do ambiente da casa do embaixador.


 


- Senhor Luc.


 


Luc levantou a vista ao ouvir a voz do mordomo. Como sempre, West lhe falou em tom monótono, sem a entonação de pergunta ou pedido. Era essa uma característica bem marcante dele. Não demonstrava nunca emoção. Parecia entalhado em pedra. Essa característica, afinal, é um pré-requisito para trabalhar com o seu pai.


 


- Seu pai deseja falar com o senhor imediatamente - entoou West - Está em seu escritório.


 


Luc, com uma educação que lhe é inata, agradeceu ao velho mordomo com um gesto de assentimento, e pôs-se a andar em direção ao escritório de seu pai, que sempre tinha sido para ele a sala  menos predileta da casa. Ali era onde seu pai lhe exortava, onde lhe dizia que jamais serviria para nada, que não tinha ambição, onde comentava glacialmente que não deveria ter tido um filho, que só desperdiçava o esforço que ele fazia em educá-lo, etc.


 


Não, pensou quando golpeou a porta, não tinha nenhuma lembrança feliz dessa sala.


 


- Entre!


 


Luc abriu a velha porta de carvalho maciço e entrou. Seu pai estava sentado atrás de sua escrivaninha escrevendo algo em um papel. Parecia bem, pensou ociosamente.


 


Tudo lhe seria mais fácil para Luc se pai se convertesse em uma caricatura corada de homem (engordasse, envelhecesse), mas não, Victor Krum estava em boa forma, forte, e aparentava uns vinte anos menos que os quarenta e tantos que tinha.


 


Tinha o aspecto do tipo de homem ao que um jovem como ele deveria respeitar. Não só isso. Tinha o aspecto de homem que todos deveriam respeitar. Exalava imponência.


 


E isso tornava mais dolorosa ainda sua rejeição. Pacientemente esperou que seu pai levantasse a vista. Passado um momento, pigarreou para lhe chamar a atenção.


 


Não houve reação.


 


Então tossiu.


 


Nada.


 


Luc lutou com bravura contra o desejo de ralhar os dentes. Esse era o costume de seu pai, fazer caso omisso dele durante um bom tempo para lhe recordar que não o achava digno de atenção.


 


Pensou na possibilidade de dizer "Senhor". Inclusive lhe ocorreu que poderia dizer "Pai", mas no final simplesmente se apoiou no batente da porta e começou a assobiar.


 


Imediatamente seu pai levantou a vista.


 


- Pare.


 


Luc arqueou uma sobrancelha e deixou de assobiar.


 


- E se endireite. Raios, quantas vezes tenho que lhe dizer que assobiar é de má educação? - disse o embaixador, irritado.


 


Luc  deixou passar um instante e perguntou:


 


- Devo responder a isso ou só foi uma pergunta retórica?


 


O rosto do Victor avermelhou.


 


Luc engoliu em seco. Não deveria ter dito isso. Sabia que seu tom jocoso enfureceria ao barão, mas às vezes lhe custava muitíssimo manter a boca fechada. Tinha passado anos tentando conquistar o favor de seu pai até que finalmente se deu por vencido e deixou de tentar.


 


E se de tanto em tanto se dava a satisfação de amargurar a vida ao velho tanto como este a amargurava a sua. Tinha que se procurar o prazer onde se pode.


 


- Surpreende-me que tenha vindo diante de tanta impertinência. - disse seu pai.


 


Luc pestanejou, desconcertado.


 


- Pediu-me. Estou aqui. - disse.


 


E a penosa verdade era que jamais desafiava a seu pai. Nunca. Cravava, chateava, acrescentava um toque de insolência a suas palavras e atos, mas nunca se comportava com franco desafio. Desprezível covarde que era. Sua avó discordaria dessa conclusão se estivesse viva. Ela sempre dizia que ele era muito corajoso.


 


Em seus sonhos lutava. Em seus sonhos dizia a seu pai tudo o que pensava dele, mas na vida real seus desafios se limitavam a assobios e expressões ásperas.


 


-Sim - disse seu pai, reclinando-se ligeiramente no espaldar da poltrona. - De qualquer modo, nunca lhe dou uma ordem que vai obedecer corretamente. Nunca o faz.


 


Luc guardou silêncio.


 


- Sabe, estava pensando e decidi que você vai para Hogwarts e não para Drumstrang. -Então o olhou nos olhos pela primeira vez. – Vai ficar mais perto. Assim posso tomar contra de você melhor.


 


- Pai? - balbuciou Luc, quase engasgando. Agarrou-se ao espaldar da cadeira mais próxima, para não cair. Luc se sentiu abafado. Isso não podia estar ocorrendo. Não era possível que pudesse obrigá-lo a ir para essa escola de magia. Queria ir para Drumstrang, escola em que sua avó tinha estudado e da qual sempre lhe falou com carinho. - Não posso. Eu e a vovó decidimos que eu iria para Drumstrang.


 


Victor arqueou uma de suas espessas sobrancelhas.


 


- Pode e o fará.


 


- Mas, pai, é... é...


 


Luc não disse nada. Tampouco fez nada. Conseguia continuar respirando com dificuldade.


 


Limitou-se a olhar fixamente a seu pai, sem encontrar nenhuma palavra que lhe dizer. Pela primeira vez em sua vida não encontrava nenhuma resposta fácil, nenhuma réplica frívola ou atrevida.


 


Não lhe ocorreu nenhuma palavra. Simplesmente não havia palavras para um momento como esse.


 


- Vejo que nos entendemos. - disse o embaixador, sorrindo ante seu silêncio.


 


- Não! - exclamou, e essa única sílaba pareceu lhe rasgar a garganta. - Não! Não posso!


 


Seu pai entrecerrou os olhos.


 


- Irá para Hogwarts nem que eu tenha que levá-lo amarrado.


 


- Não! - Abafava  o nó que tinha na garganta, mas conseguiu fazer sair as palavras. - Pai, foi em Drumstrang que a vovó estudou...


 


Luc não se moveu, tratando de inspirar ar e normalizar mesmo que fosse um pouco, a respiração. Seu pai sabia o muito que significava para ele ir estudar em Drumstrang.


 


Essa era a única coisa  em que os dois sempre tinham estado de acordo: ele iria estudar em Drumstrang. Isso tinham decidido fazia anos.


 


Mas ao que parece o embaixador tinha mudado de ideia.


 


Assim é que tanto o odiava seu pai? Em tão baixa estima o tinha? Olhou-o, olhou esse rosto que tanta infelicidade lhe tinha causado. Jamais tinha visto um sorriso, jamais tinha recebido uma palavra de ânimo. Jamais um...


 


- Por quê? - ouviu-se perguntar, e a palavra lhe pareceu o gemido de um animal ferido, patético, penoso. - Por quê?


 


Victor guardou silêncio, simplesmente inclinado sobre a escrivaninha com as mãos tão obstinadas à borda que os nós ficaram brancos. E Luc não pôde fazer outra coisa que lhe olhar as mãos, como se estivesse paralisado pela vista dessas mãos normais e comuns.


 


- Sou seu filho. - disse, sem conseguir levantar a vista das mãos ao rosto de seu pai - Seu filho. Como pode fazer isto a seu filho? Você prometeu que iria para Drumstrang.


 


Então o embaixador, que era um professor da réplica hiriente, cuja raiva sempre vinha revestida de gelo, que não de fogo, explodiu. Levantou as mãos e sua voz trovejou na sala como o rugido de um demônio:


 


- Por Deus, como é possível que ainda não tenha descoberto? Não quero que me envergonhe em Drumstrang. Pouco me importo com Hogwarts.


 


A raiva saiu como uma corrente, como algo ardente, irrefreável, algo que já não pode continuar contido nem reprimido. Essa fúria golpeou ao Luc como uma onda de mar, envolvendo-o, rodeando-o e afogando-o, até que mal pôde respirar.


 


- Não - disse, negando com a cabeça, desesperado.


 


Não havia nem considerado que o motivo era esse. Por vezes achava que o pai se envergonhava dele, mas logo afastava esse mal pensamento se fixando no anjo que era a sua avó.


 


Luc se sentia diferente. Isso era o fim, compreendia. O final de sua inocência, e o começo de... Só Deus sabia do que era o começo.


 


-Terminei com você. - vaiou seu pai.


 


- Eu também terminei com você - disse ele.


 


E dito isso partiu.


 


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Olá, caros leitores. Espero que estejam com saudades.


 


Com faz um tempo que não escrevo sobre os Potter’s e como sei que a vida deles os intriga, hoje dedicarei-me à Victoria Potter.


 


Sabe a filha do meio do menino-que-sobreviveu é vagamente divertida e vagamente irritante. Não se pode deixar, contudo, de admirar o seu engenho, a sua sagacidade.


 


Victoria Potter tem uma reputação interessante e única entre as jovens de sua idade. Era filha do meio dos Potter’s. É considerada, ao menos em teoria e por aquelas pessoas que davam importância a essas coisas, bom partido para se relacionar (fazer amizade). Sua família e conexões eram incomparáveis. É bastante bonita, em um  sentido saudável e exótico, com seu abundante cabelo vermelho e uns olhos verdes que não ocultavam nada seu engenho. E talvez o mais importante, pensou, com um toque de cinismo, era que seu pai, Harry Potter, era o herói do mundo bruxo mais badalado de todos os tempos. Diante disso, era de se esperar que fizessem uso dela para se aproximar de seu pai.


 


Mas quando se faz perguntas a respeito, todos estremecem.


 


"Victoria Potter? Para se aproximar dela tem que ser louco."


 


Com isso não se quer dizer que ela seja intragável ou que desgostem dela. Em realidade ninguém desgostava dela, havia nela um certo encanto que ganhava a simpatia e boa vontade de todo o mundo, mas o consenso era que era melhor em dose pequenas.


 


"Ninguém gosta de pessoas mais inteligentes por perto. - comentou uma pessoa cujo nome não será revelado -, e Victoria Potter não é o tipo que finja estupidez."


 


É importante esclarecer que Victoria sabe ser dissimulada e ardilosa. O que acontece é que não é nada sutil.


 


Victoria era uma versão jovem de sua avó Lilian Potter e da professora Minerva. E embora eu deva admitir que gostava de Lilian e gosto de Minerva, pelo que se refere a mim, o mundo não precisa de duas Lilian ou duas Minervas, quanto mais uma combinação de ambas.


 


Espero que gostem da minha descrição da Srta. Potter. Em breve divulgarei novos fatos importantes e farei mais descrições. Aguardem.


 


REDE (revista eletrônica) da alta sociedade lonfrina (bruxa, claro) de  Lady Paparazzi.


 


Victoria nem se dignou a se abalar com a reportagem. Estava acostumada ao assédio da imprensa. Para Harry, a história era diferente. Não se importava que fizessem dele assunto diário de jornais e revistas. O que o desgostava sobremaneira era que envolvessem seus filhos. Isso ele não conseguia aceitar.


 


 


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Caros leitores,


Nesse capítulo encerramos um ciclo. No próximo capítulo, as histórias se desenvolverão em um novo ano, que prometo será cheio de novidades. A história de agora em diante se desenvolverá, na maioria das vezes, em Hogwarts.


Contudo, antes de virar essa página, quero ressaltar que Sam e Luc tem que desde cedo aprender lições difíceis. Lições que também seriam difíceis para adultos. Que lições são essas? Acho que elas podem ser melhor expressadas nas palavras de Willian Shakespeare e Clarice Lispector.


Espero que gostem dos textos que colacionei abaixo. Espero, ainda, opiniões sobre os capítulos e daqueles que leram a fic antes das alterações espero que me digam se entenderam que tais alterações foram produtivas.


Quero muito mesmo saber se estou escrevendo de forma agradável e se tem algum erro de grafia, gramática, etc. Afinal, sempre podemos fazer melhor.


Bjos para todos.


 


 


TEXTO 1:


Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...



Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...



E ter paciência para que a vida faça o resto...


William Shakespeare


 


.......................


TEXTO 2:


Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada.


Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição.


Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés.


Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer.


Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.


Clarice Lispector


 

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Comentários (2)

  • Leti

    Comecei a ler sua fic hoje e adorei os capitulos já lançados! Eu gostei muito de você ter colocado eles como adultos e já estabelecidos, acho que isso trás uma originalidade para a narrativa. Acho que todos os personagens estão muito bem caracterizados, e amei o fato de você envolver a Pansy! Na verdade, meu par preferido com ela é o Harry (se você gostar também vai no fórum 6 vassoura que tem uma seção só deles) mas to adorando ela na fic!Espero que você poste logo. beijos

    2012-02-03
  • Luana Marques

    OII! Quanto tempo heinn. Me deixou morrendo de saudades da fic. Por favor, nao demora para postar, se nao vou ter um treco. Eu gostei bastannte da primeira versão, mas to gostando dessa tb. Quero ver eles mais velhos. Me emocionei na parte da Sam com o Draco, acho q a relação deles pode melhorar e muito, assim como na versão anterior. Vou estar esperando ansiosa. Bjs :D

    2011-04-04
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